31.5.08

Sábado de manhã

Então, como eu ia dizendo, a criança não dormiu muito bem esta noite, acordou mais do que o normal. Fiz aquela clássica nota mental: durante o dia, quando ela dormir, eu durmo também. Fiquei de fazer uns favores pro marido, que trabalha nas manhãs de sábado: ir ao correio e achar uma lojinha de eletrônica que faça, na hora, um cabo P2-P2 de meio metro (é cada tarefa por aqui que eu nem lhes conto). Meu plano era sair umas 9h, entendendo que hoje às coisas ficam abertas de 9 a 13h. Mas às 9h ela mamou e dormiu. E eu, claro, não dormi junto, porque não estou com sono. E agora são 11, ela ferradona no sono, eu sem querer acordá-la, daqui a pouco o comércio fecha e eu estou aqui vagando pela internet sem nada melhor pra fazer.
Parafraseando: shoot me.

28.5.08

Ciclos que não fecham

Há coisa de dois meses caiu da pára-quedas na minha caixa postal uma mensagem perguntando se eu não queria conversar sobre um possível novo emprego. Por acaso na mesma semana eu tinha tido notícias bens ruins sobre o meu trabalho atual - que tem os seus problemas, mas tem grandes vantagens, sendo uma delas o fato de eu ter um horário muito flexível e poder trabalhar de casa. Então aceitei conversar com um cara que até então eu não conhecia pessoalmente. A conversa foi legal, apesar de não ser o trabalho dos meus sonhos, poderia ser interessante. E eu impus um monte de condições, entre elas só começar a dar expediente diariamente a partir de julho, quando minha filha completa seis meses e sai da amamentação exclusiva. (O bom de conversar sobre emprego estando empregada é isso: dá para fazer umas exigências meio chiques.) De todo modo, é sempre bom para o ego saber que o mercado continua pensando na gente. Voltei da conversa muito dividida sobre o que eu queria pra mim profissionalmente, em especial este ano, o primeiro ano de vida da minha primeira filha. Retornar ao mercado editorial é algo que quero e ao mesmo tempo não quero. O cara ficou de me ligar novamente depois. De fato, na semana seguinte ele ligou, e eu marquei de voltar lá dali a alguns dias. No dia marcado, eu estava febril e de peito dolorido, com a minha segunda mastite. Chovia e eu peguei o maior trânsito. Era segunda-feira. Pra completar, na hora de estacionar, bati num carro estacionado na rua. Não se notou nada no outro carro (só o meu arranhou), mas mesmo assim chamei o dono do carro, um garotão que morava em frente, dei o meu cartão e falei para ele fazer o orçamento e me ligar. Nesse dia fatídico, a conversa sobre o emprego foi menos estimulante, apesar de o cara ter dito que queria muito que eu fosse trabalhar com ele, que tinha me adorado e tal e coisa. Ofereceu uma carga horária menor para mim, o que foi um gesto bacana, mas o salário não era muito bom. Eu falei que por aquele salário não ia rolar. Ele ficou um pouco desapontado, mas ficou de pensar e voltar a me falar depois. Alguns dias depois ligou, e pediu mais um tempo, porque estava indo viajar e com a cabeça só nos compromissos da viagem. Eu não tinha pressa mesmo, disse que tudo bem. Enquanto isso, passou um tempo e ligou o garotão do carro batido, dizendo que tinha feito um orçamento de 250 reais. Achei caríssimo para uma batida que nem se via, e pedi, com jeitinho, se ele não poderia fazer um segundo orçamento, para confirmar. Ele foi gentil e disse que sim, tudo bem.
Passaram-se muitas semenas e nunca mais ouvi falar. Nem do garotão, nem do emprego.
Hoje chegou um e-mail do garotão. Disse que fez outros orçamentos, nenhum por menos de 200 reais. Pedi o número da conta dele e fiz logo uma transferência de 200 mangos. Fim do assunto. Sem pendências.
Falta agora voltar a ouvir falar sobre aquele emprego. Para fechar o ciclo daquela segunda-feira.
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Frases que se tornaram comuns no meu dia-a-dia

- Não é ele, é ela. Sim, sim, é menina.
- Olha o neném, filha! Oi, amiguinho/a! Tchau, neném!
- Não. Não! AI! Não pode puxar o cabelo da mamãe!!
- Fome de novo? Já??!!
- Vamos dar bom-dia aos passarinhos? [anda até a janela] Bom dia, passarinhos!
- E 1, e 2, e 3, e... jáááá! [e coloca na banheirinha]
- Vem com a mamãe!
- Vai com o papai!
- Vai com a vovó!
- Vai com o titio!
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25.5.08

Grandes progressos na vida do bebê

Mathilde com sua touca "amish", posando de garota-propaganda da Aveia Quaker.


Que rufem os tambores 1:
Fizemos o upgrade para fraldas tamanho M.
Que rufem os tambores 2:
A menina já fica sentada sozinha. Salve-se quem puder.


4 centos

O Blogspot me avisa que este é o post de número 400 deste blogue.
Quatrocentos posts em menos de dois anos, não sei vocês, mas pra mim é coisa à beça.

Um lugarzinho na internet que começou da forma menos despretensiosa possível, durante a Copa do Mundo da Alemanha, comentando alguns jogos, e depois se tornou um canto ideal para escrever as maiores bobagens assim como as maiores angústias. Um espacinho para desenferrujar o hábito da escrita, sem limite de caracteres, sem compromisso de tempo ou de prazo, mas com uma porção de "editores" tecendo os comentários mais inesperados. Um monte de gente que eu nunca vi ao vivo, mas que compartilha comigo momentos desimportantes e importantes, tempos de insanidade ou de grande lucidez.
Apesar de eu nunca ter trocado o layout, o nome ou o domínio, este blogue já foi muitos. Assim como eu - que, sim, já troquei de layout, por assim dizer, mas não de nome nem domínio, e, como qualquer um, já fui muitas.

Outro dia achei uns bookmarks antigos, que incluía uma pastinha "Blogs". É de 2006, da época em que eu comecei a entrar no fascinante mundinho dos blogs, quando acabei criando este. Achei muito interessante desencavar essa lista, e ver o que eu estava achando interessante naquela época. Blogs que parei de visitar há muito tempo, mas que, para minha surpresa, continuam ativos e até interessantes. Blogs que não têm mais nada a ver, como aqueles grandes amigos da infância com quem você perde o contato e, quando reencontra, que decepção, os interesses foram para lados tão distintos. Blogs que foram abandonados, e que visitamos como se fossem casas mal-assombradas. Endereços que não existem mais, como casas que foram demolidas, e no lugar hoje há só um terreno baldio.

Não tenho idéia de como será isso daqui a dez anos. É muito provável que eu não tenha mais um blogue. Minha filha será uma pré-adolescente, dominará tecnologias que eu não compreenderei, e, quando eu lhe mostrar os velhos arquivos do Terapia Zero, lerá os textos com curiosidade semelhante à que, já adultos, lemos o nosso livro do bebê. Terá a curiosidade que todos temos sobre a vida dos nossos pais, ou achará tudo uma grande perda de tempo?

Enquanto isso, eu me preparo para os próximos 400.

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20.5.08

Nhé

Pra vocês que não me conhecem é importante salientar que eu sou uma pessoa chata. Chata mesmo, na acepção cricri do termo. Cricri também poderia ser crítica-crítica. Comezinha. Detalhista. No mau sentido.
Minha comadre G. uma vez comentou, cheia de razão, enquanto eu praguejava porque o meu armário dos tuppewares vivia bagunçado pela cozinheira, que nunca acertava casar os potinhos com as tampas correspondentes: "sabe, você teria uma certa dificuldade se tivesse que dividir apartamento com um roommate". Teria mesmo. A minha mesa pode ser uma bagunça eterna, mas dentro desse caos sou muito organizada. Meu computador, então, é um brinco, graças à possibilidade de se criar infinitas pastas. Tudo meu é guardado no lugar certo, e todos os arquivos têm nomes bem claros e facilmente identificáveis. Isso, a meu ver, facilita o trabalho em equipe, pois ajuda na busca por informações.
Mas como eu sou cricri, fiquei arrasada outro dia, quando voltei ao escritório onde até o ano passado trabalhava todos os dias (agora só vou de vez em quando e fico trabalhando mais em casa) e vi que o computador que eu chamava de meu estava com o Desktop lotado de ícones de documentos vários. Sabe quando você recebe um anexo por e-mail, abre e tem que "salvar como" imediatamente num lugar conhecido, caso contrário o Windows acha por bem salvá-lo numa pasta chamada C:\Documents and Settings\Configurações locais\Temporary Internet Files\Content.IE5\QSN6PST0 e você nunca mais consegue recuperar as alterações que fez? Então, as pessoas que agora usam o "meu" computador salvaram tudo no Desktop, com nomes estranhos cheios de [1], [2] etc.
Eu não queria que isso me abalasse, mas fico mal, com ânsias de sair arrumando tudo.
E as minhas dificuldades de trabalhar com pessoas não pára por aí. Fico pra baixo quando não respondem os meus emails (se eu tenho uma filha de 4 meses e consigo responder todo mundo, porque os outros não me respondem, se os assuntos são importantes para todos? É, eu sei, pareço uma criança choramingando). Fico muito puta quando rolam reuniões, eu não fico sabendo ou então não posso ir, e depois ninguém me fala o que foi discutido, e eu acabo fazendo papel de idiota por não saber das coisas. E fico ainda mais possessa quando "está todo mundo atrás de mim!" querendo saber uma informação idiota que já foi enviada por e-mail um bilhão de vezes. Ora, se estivessem atrás de mim para pedir uma opinião, sugestão, para decidir alguma coisa, eu ia adorar. Mas para perguntar uma coisa banal! Aí às vezes acabo sendo grossa com quem não merece. Porque seria muito mais fácil se todo mundo fosse como eu, ora. Quer dizer, acho que não.
Tem dias que não dá.
E esse post não merece ser publicado.
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19.5.08

The Ultimate Sitcom


Tem 4 séries americanas que eu não digo que acompanho, mas posso dizer que sei quem é quem.
Seinfeld - G. me viciou, ao me emprestar os DVDs de OITO temporadas. Estou terminando de assistir à oitava.
House - graças a Mathilde, que me fez (e faz) passar dias sem sair de casa
Law & Order SVU - porque passa às 19h, logo antes de House
Sex and the City - porque uma vez passei um fim de semana prolongado em SP na casa de uma amiga, e ela ficou meio doente e choveu, e ela tinha os DVDs e eu passei um dia quase inteiro assistindo. Depois não vi mais porque passa no Multishow, que é um canal completamente chato.

Aí tem um episódio de Seinfeld em que o George arranja uma namorada que é simplesmente... a dra. Lisa Cuddy! Depois tem outro em que o Jerry namora a Charlotte!

Eu penso nisso há muito tempo: por que não fazem um episódio especial misturando os personagens de todas as séries? Tipo, Kramer tem um piripaque e vira paciente do House, enquanto Carrie Bradshaw se apaixona pelo detetive Eliot Stabler, que por sua vez poderia ser primo da dra. Cameron, que seria amiga de Miranda, que poderia ser chefe em um novo emprego de George Constanza?

Como é que nunca fizeram isso?!
Eu deveria estar rica com as minhas idéias.

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17.5.08

Estranho, muito estranho


Essa é para os clientes (melhor dizendo: vítimas) da Oi/Telemar/Seja-lá-qual-for-o-nome-desta-empresa-cretina:
Puxe pela memória e lembre-se se algum dia, há alguns anos, você recebeu um kit todo metido a chique e um cartão, dizendo que estava automaticamente associado a um "Programa de Relacionamento", que creditava pontos conforme você gastava mais na sua conta, e que esses pontos seriam trocados por prêmios, esse yada yada todo.
Bom, eu fui uma das agraciadas, e obviamente esqueci do assunto logo depois. Mas eis que agora, X anos depois, a Oi/Telemar/Whatever resolveu "descontinuar" o programa de relacionamento no dia 30/4, e os participantes têm até 31/5 para trocar os prêmios. Liguei para lá e consegui descobrir minha pontuação, graças a uma atendente surpreendentemente sagaz. Com ela ainda na linha (não, a ligação não caiu!), vi no site os prêmios que poderia escolher (basicamente celulares ou telefones fixos), e escolhi um telefone sem fio. Esse aí da foto. Isso foi ontem à tarde. E aí hoje de manhã (menos de 24 horas depois) me toca aqui uma entrega do Submarino (?). Era o tal telefone. Só vendo mesmo pra crer. (Quer dizer, ainda não instalei. Tudo é possível.)
Então se você acha que pode ter sido compulsoriamente inscrito no tal programa, vá no site www.programaderelacionamento.com.br para escolher um prêmio. Eu descobri a pontuação ligando para 0800-284-3131 e (importante) continuando na linha depois de ouvir a gravação dizendo que o programa terminou. Foi então que falei com a atendente esperta.
Que coisa.
Enfim, fica a dica.

14.5.08

O filho da Sophia

Alegrou o meu fim de semana a notícia da publicação no Brasil de Rio das Flores, novo livro do Miguel Sousa Tavares. Não nego, sou fã de MST, apesar de ele ser figura pra lá de polêmica em Portugal. Cheguei a conhecê-lo pessoalmente numa Flip (2004? 2005? já não lembro mais), num jantar, e o achei divertidíssimo em uma noitada que terminou em roda de fados ao lado da Fafá de Belém (!) tomando vinho e cachacinhas de parati. (O que fazia Fafá na Flip também não me recordo. Amnésia está braba. Ainda bem que tenho fotos para que acreditem em mim.)

Fafá e Miguel. Como vocês podem imaginar, foi uma longa noite

A primeira vez que ouvi falar de MST foi como sendo "o filho da Sophia de Mello Breyner Andresen" (Miguel Sousa Tavares x Sophia de Mello Breyner Andresen: 5 sobrenomes, nenhum deles em comum.) Melhor credencial impossível. Depois falaram que ele era "uma espécie de Diogo Mainardi de Portugal". Pior impossível. E foi assim a construção ambivalente da imagem do autor para mim.

Aí veio Equador. Quando me deram Equador para ler, confesso que torci o nariz. Quinhentas páginas de um romance ambientado em São Tomé e Príncipe não me pareceram muito entusiasmantes. Mas li. Li, li, li e não parei. Fim de semana de imersão até chegar à página final. De lá pra cá, Equador se tornou meu romance: dou de presente/empresto a todo mundo. E olha, com 100% de aprovação.

Eu poderia ficar aqui divagando sobre por que Equador prende tanto os leitores. Não tem nada de excepcional, afinal. É um romanção histórico convencional, com trama de romance, sexo, traição e intriga política, e é cair no lugar mais comum remeter a Eça de Queirós pelo estilo. Fica muito claro que no fim de cada capítulo o autor joga uma isca para fisgar os leitores, isca que se abocanha com prazer - a menos que você seja um crítico literário chato mais preocupado em destrinchar as armadilhas de um autor do que em fruir pelo texto e sentir prazer com isso.

Enfim, acho que quem acompanhou as venturas e os infortúnios de Luís Bernardo Valença* pela linha média do planeta vai querer saber o que vem agora, nesse novo romance, ambientado no Brasil. Eu pelo menos quero. Porque de vez em me faz falta o conforto da literatura que flui.

*"Tinha 37 de idade, era solteiro e tão mal comportado quanto as circunstâncias e o berço lho permitiam — algumas coristas e bailarinas de fama equivalente a todas as suspeitas, ocasionais empregadas de balcão da Baixa, duas ou três virtuosas senhoras casadas de sociedade e uma muito falada e disputada soprano alemã que estagiara três meses em S. Carlos e de que constava não ter sido o único frequentador. Era, pois, um homem dado a aventuras de saias mas também a melancolias."


(Equador, p. 19. Uma das "aventuras de saias" de Luís Bernardo se chama Matilde, ora ora.)
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12.5.08

O melhor disco do ano

Atenção para o jabá.

Lançamento do novo CD do Quarteto Maogani de violões.
Sexta, 16/5, 20h30, Sala Baden Powell (Av N Sra de Copacabana, 360)
Ingressos a R$ 10 e R$ 5
Mais informações em http://www.maogani.com.br/

Eu vou!
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11.5.08

Dia-a-dia das mães

Sou contra dia das mães. Contra dia dos pais, dos namorados, da mulher, da sogra e da avó. Sou contra Páscoa e contra Natal. Não é que eu desgoste das situações e das reuniões que elas provocam. Apenas acho um absurdo a efusão de sentimentos com data marcada. Então sou contra.

Minha máxima é: presente só no aniversário. Porque é a data individual de cada um, e ninguém precisa aturar campanha publicitária da Casa & Video, da Vivo e do Ponto Frio. (E, claro, muito a favor dos presentes fora de hora: sempre. São os melhores.)

Além do quê, tem a desagradável concorrência entre os eventos familiares. Almoço com a família de um, lanche com a família do outro. Noite de Natal aqui, almoço do dia 25 e enterro dos ossos acolá. Uma chatice, uma comilança, um consumismo que me caaaansa (rimou!).

Acho que cada família deveria escolher sua própria data para comemorar, se reunir e trocar presentes. Não é difícil, basta pegar um aniversário de algum avô ou bisavó querido já falecido, e pronto. Já tivemos conversas assim na família v., um dia havemos de conseguir.

Marido e eu desde há muito concordamos quanto a essa coisa de presente com data marcada pelo comércio. Então, como este foi o ano debutante, avisei logo: não quero presente de dia das mães -- mas um café da manhã na cama é sempre bem-vindo. (Falei com itálicos.) Acabou não surtindo nenhum efeito: acordei super gripada e teria ficado em jejum se não tivesse pego uma banana quando estávamos saindo para a casa da mãe dele. Marido é um pouco, digamos, econômico com esses pequenos gestos. Tudo bem.

Sei que hoje estou baqueada com gripe. Nem contei aqui que na semana passada Mathilde pegou seu primeiro resfriado. Era um (micro)nariz entupido de um lado, e um coração partido em mil pedacinhos de outro. Ai.

A temperatura esfriou bastante (deve estar pelos 20ºC, temperatura polar no Rio), e ela está toda cheia de lãs, mantinhas e gorrinhos. Mais fofolete do que nunca. Esses sapatinhos de lã é que eu vou te contar, hein? Existe alguma prova documentada de que algum sapatinho desses tenha ficado mais de 30 segundos no pé de um bebê acordado? Pode me chamar de Sísifo.

Mas são essas pequenas coisas do dia-a-dia das mães que me fazem achar o Dia das Mães do comércio uma imensa forçação.

Feliz Vida das Mães para todas.

Esse aqui é o meu presente diário.

8.5.08

À espera do messias



A semana passada foi prenhe (ha) de notícias gravidíticas. Em três dias, três notícias, três gravidezes*.

Uma delas me deixou especialmente feliz, por se tratar do padrinho de Mathilde, naturalmente pessoa muito próxima e querida. E um dos últimos "da turma" a se aventurar no incrível universo dos filhos. (Pois, coitado, já estava começando a ficar sem assunto para ele quando saía com os amigos - "programa homenzinho" - e começava o papo de fralda, cadeirinha de comer, amamentação etc. Sim, sim, moças, eles também falam sobre isso, apesar de fingirem que tudo se resume a futebol, política e mulheres gostosas.)

Numa madrugada insone, encontrei a namorada dele online, e ficamos de papo. Ela estava sem sono (no primeiro trimestre, quem diria!), preocupada com a gravidez, estava com cólica e tal. Não sem razão. Ela tem problemas de saúde e mais de um médico lhe disse que ela não deveria nem tentar engravidar. Então já tem esse peso de ser uma gravidez de risco, o que deve ser f*oda. Além disso, tanto ela quanto ele têm 32 anos. Naturalmente já rola a famosa pressão social. O que seria contornável, não fosse a família dele tão sufocantemente participativa. (A família dela eu não sei, mas parece que não havia constrangimentos no exercimento da pressão pura e simples.) Conheço os pais dele há aaanos (16 anos, precisamente), são pessoas ótimas, mas completamente invasivas no que diz respeito à vida dele.

Lá pelas tantas ela me confessa, "eu vejo que, na casa dele, esse bebê era uma das coisas mais esperadas".

Oh-oh. Houston, we have...

Péssimo começo para uma gravidez. Ainda mais de risco. Porque é claro que todas nós ficamos apreensivas tanto quanto felizes quando levamos aquela larvinha na barriga. Você pode ser zen, tranqüila, bem resolvida, mas que dá medo, é claro que dá. A responsabilidade (a nossa, porque a do homem se resume a ir ali, mirar certinho, e partir pro abraço). Tudo depende de você, da sua conduta, da sua alimentação, da sua movimentação, do seu estado de espírito, dos seus cuidados. E olha, não fica muito nervosa não, porque pode ser ruim para a criança. Ai meu saquinho. Então é muito difícil manter a leveza com tantas cobranças. Mas é fundamental fazer tudo para tentar ficar com um pouquinho que seja dessa leveza. Não se deixar levar pela enxurrada de expectativas alheias, colocar um limite para a participação da família e lembrar sempre que a gravidez é, acima de tudo, uma decisão e uma questão do casal. A família participa, claro, mas em outro nível. Há uma hierarquia, sim. Numa família como a desse amigo tão querido, tenho a impressão que, se deixarem, vão transformar a criança num messias salvador da humanidade. O mais esperado. O mais importante. O delfim.

Isso acontece mesmo. Quem não conhece um caso?

*(depois de me deparar com um texto que fala das "diferentes frigidezes das mulheres", não há impedimento estilístico ou ortográfico que impeça o uso de "gravidezes").

Editor's picks

Outros discos que temos ouvido sem parar:



Mais aqui




Mais aqui


(Eu gostaria muito de colocar aqui players de modo que todo mundo pudesse ouvir um pouco. Mas até hoje não descobri uma boa ferramenta, simples, descomplicada e eficiente, para isso. Alguém?)

7.5.08

Por que NÃO me ufano de meu país

Agora sou oficialmente uma empregadora. Assinei a carteira de S., que desde o início de abril trabalha aqui em casa três vezes por semana, ajudando com as lides domésticas e mathildescas. Tem sido uma ajuda e tanto.

S. é sobrinha de M., que trabalha na casa de minha mãe há 31 anos. M. foi para ser minha babá, e está lá desde então (e sim, continua sendo minha babá, no fundo...). S. tem a minha idade. E por ser sobrinha de M., nós nos conhecemos desde pequenas. Brincávamos juntas quando crianças. Na praça, na praia, lá em casa. Depois, crescemos e não nos vimos mais, e eu ficava sabendo de sua vida pelo que M. me contava. Que ela casou. Que teve 3 filhas. Que foi morar em Pernambuco. Que voltou de Pernambuco e veio morar perto da mãe.

Por acaso, S. estava aqui em casa no dia em que Mathilde nasceu. Viera fazer faxina, cobrir férias de J., a faxineira oficial, então em férias. Um sinal, talvez. Até fevereiro ela estava trabalhando com uma van de transporte escolar, tomando conta das crianças em fúria indo e vindo das aulas. Nós fizemos uma proposta de trabalhar aqui segunda, quarta e sexta, com carteira assinada, e ela topou.

Então é assim: Quando pequenas, nós brincávamos juntas. Agora, ela é minha empregada.

Tremendo desânimo me dá este tal Brasil.

6.5.08

Outra zarabatana

Hoje é dia!
Vou mirar uma zarabatana também nos comerciantes que promovem a maluquice dos preços.
Seguinte:
Estou fazendo pesquisa sobre cadeirinha de dar de comer a bebê. Marcas, modelo, etc. Aí uma amiga me diz que tem e adora uma que se acopla a uma cadeira normal. Segundo ela, para evitar trambolhices. (Depoimentos? Alguém?)
Hmm, interessante, pensei.
Google.
Aí descobri coisas interessantes na Amazon, tipo isto aqui:



Que inclusive é portátil:


Price: $17.99 & eligible for FREE Super Saver Shipping on orders over $25.

Oquei.

Aí fui ver se tem pra vender no brasil-varonil.
Achei um modelo mais simples, na Americanas:
Americanas.com: R$ 189,90 Parcele: 9x de R$ 21,10 sem juros no cartão

Deixa ver se entendi: se eu comprar um modelo hoc-plus-ultra na Amazon, mandar vir de lá pra cá, pagando um frete super caro, pagar todo o imposto que tenho direito, usando uma taxa de conversão muito desfavorável, mesmo assim vai sair mais ou menos pela metade do preço?

Zarabatana neles!
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Mais zarabatana!

Continuando a campanha "Zarabatana neles!"

Zarabatana nos inúteis disfarçados de agentes de trânsito que ficam soprando um apito alto pra caraleo embaixo do sinal de trânsito, fazendo pi pi pi pi pi e mandando você seguir em frente quando o sinal está verde e fazendo piiiiiii e mandando você parar quando o sinal fica vermelho. Mas se não são uns gênios! E aí quando todo mundo segue o comando e o cruzamento fecha, e ninguém mais anda pra lado nenhum e começam a buzinar loucamente, o imbecil fica olhando com cara de ué...
Zarabatana neles!

4.5.08

Se meu PDF falasse

Copiando o título da Bel Seslaf: "Da série Entusiasmos que ninguém mais compartilha"
O Adobe PDF tem um comando chamado "Read Out Loud" que é isso mesmo: uma voz masculina lê o texto. Claro, só lê direito se for em inglês. Então é muito bom para quando você precisa revisar um texto que precisou escrever em inglês, por exemplo. Na minha santa ignorância sobre esses assuntos, acho a ferramenta super elaborada. Você escreve 1985, ele não diz one nine eight five, e sim nineteen eighty-five. Você escreve pp., ele lê pages. Você escreve Vol. ele lê Volume. Mas aí, você ecreve Volume III, ele lê volume ai ai ai.

Ai ai ai, estou rindo de qualquer coisa, que meu time é campeão...

3.5.08

4 meses

Quatro meses hoje, e a primeira ida a um restaurante. Comportou-se exemplarmente, ficou sentada nessa cadeirinha hilariante, chamada Bumbo, que é emprestada da prima recém-nascida que ainda é muito pequenina para sentar. Para bares e restaurantes quebra um galho.
Ah, reparem: fita no cabelo, vestido, sapato! Sabem, quando eu era criança nunca fui muito ligada em bonecas. Achava meio chato aquilo de brincar de casinha. Tive uma Barbie, sim, mas totalmente por pressão do grupo. E agora fica óbvio que o desejo de brincar de boneca estava recalcado no meu subconsciente.

E ainda: muitíssimo obrigada por todos os comentários do post abaixo. Adorei. Mais trinta vivas para a internet, que me fez conhecer pessoas tão bacanas. Mas faltou dizer uma coisa: que devo boa parte da sanidade que me resta ao pai de Mathilde, que me ajuda tanto que nem é bom falar. Basta dizer que ele trabalha em casa, e isso faz toda a diferença do mundo. Ainda que as demandas dela sejam diferentes para mim e para ele (e digo isso sem fazer uso do "discurso biologizante", como diz minha comadre G.), principalmente nesses primeiros meses, a força que ele me dá é fora de série. Física, mental, emocional. E eu não poderia escrever nada a respeito da dificuldade de lidar com bebê sem fazer essa ressalva.
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