tag:blogger.com,1999:blog-302068022024-03-17T23:58:34.198-03:00Terapia ZeroPorque nem todo mundo é tão analisadoanna v.http://www.blogger.com/profile/08025397092420764301noreply@blogger.comBlogger728125tag:blogger.com,1999:blog-30206802.post-36729389658316064072023-06-28T14:23:00.000-03:002023-06-28T14:23:15.437-03:00O Brasil do qual me orgulho<p> Nas últimas semanas...</p><p><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjf5zxUpNi9NSj4ktF2lQYv_geLaYYz9XHujaqXk4AZdRCo0O2GIrK9T-emNvMtVasyokMYhD3DMaiwEQ39wVZsXBIhNyPwE8-QV59RcHWhqxqTbXJb5CYYbUzBUuRV9phreipVuKtuOFekJbzZPeAzZOvo20cmLslGfp1_ILkTufTNX2IR4VPniw/s4000/20230617_214002.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2250" data-original-width="4000" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjf5zxUpNi9NSj4ktF2lQYv_geLaYYz9XHujaqXk4AZdRCo0O2GIrK9T-emNvMtVasyokMYhD3DMaiwEQ39wVZsXBIhNyPwE8-QV59RcHWhqxqTbXJb5CYYbUzBUuRV9phreipVuKtuOFekJbzZPeAzZOvo20cmLslGfp1_ILkTufTNX2IR4VPniw/s320/20230617_214002.jpg" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">Paulinho da Viola</div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGTA22qKddB8D1CkuVlRLncxeomh3z0HNpBmRJ2IKmqPmMTr8GtHqBHeYZRZbaRrOeORzdq3E8R5k265AmEHM0wSz3IzDwl91qh2T41TMOVBwPMUiDlaRfNzbd0OWbD_UIIb1nnJvHBmnCP9gGwxjSPxxTH_OXdoWalZrfI3ErTyMPAf4BmGJeWg/s4000/20230620_205612.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1800" data-original-width="4000" height="144" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGTA22qKddB8D1CkuVlRLncxeomh3z0HNpBmRJ2IKmqPmMTr8GtHqBHeYZRZbaRrOeORzdq3E8R5k265AmEHM0wSz3IzDwl91qh2T41TMOVBwPMUiDlaRfNzbd0OWbD_UIIb1nnJvHBmnCP9gGwxjSPxxTH_OXdoWalZrfI3ErTyMPAf4BmGJeWg/s320/20230620_205612.jpg" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">Tributo a Elizeth Cardoso</div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgIxZfRsobqdn27UajH-r_aOW9A8e_R4UPzG4CkZzLHvgE5-59viosEuI2yphU1fzZpLQnF86JQrT9UbKG76kF1JoqcNfEyzL53PP1BwdbCyN0lZZbhcRmfJOshf4nijOhk2VeufBD9nMDnrq4XIOaMCAacTpfve9Wi4ZtgpZRLa6fSGy8PsTNlQ/s4000/20230621_202153.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2250" data-original-width="4000" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgIxZfRsobqdn27UajH-r_aOW9A8e_R4UPzG4CkZzLHvgE5-59viosEuI2yphU1fzZpLQnF86JQrT9UbKG76kF1JoqcNfEyzL53PP1BwdbCyN0lZZbhcRmfJOshf4nijOhk2VeufBD9nMDnrq4XIOaMCAacTpfve9Wi4ZtgpZRLa6fSGy8PsTNlQ/s320/20230621_202153.jpg" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">Outro tributo (!) a Elizeth</div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqj4_DC1o9H9gYAmKUQi4YLYFkDCNdmBnyxWrvYDGu0heFU9-tQOtCiGH-0mEKDYVZ8Y1MpKu7yHmj2bGYI5FURnR_GPk7-9Qdi6uHmwZgm_9Hnug03JYhHpauzG80yT6LNHu3iSd7zt3x3OBSLafi5UphuCIhheTBJ6dZwp40ZNnURnCSV_B3kw/s4000/20230627_202638.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2250" data-original-width="4000" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqj4_DC1o9H9gYAmKUQi4YLYFkDCNdmBnyxWrvYDGu0heFU9-tQOtCiGH-0mEKDYVZ8Y1MpKu7yHmj2bGYI5FURnR_GPk7-9Qdi6uHmwZgm_9Hnug03JYhHpauzG80yT6LNHu3iSd7zt3x3OBSLafi5UphuCIhheTBJ6dZwp40ZNnURnCSV_B3kw/s320/20230627_202638.jpg" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">Homenagem a Milton Nascimento</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">Poucas coisas me deixam tão felizes quanto a música popular brasileira.</div><br /><p><br /></p>anna v.http://www.blogger.com/profile/08025397092420764301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-30206802.post-85818225435378973672023-06-15T16:49:00.003-03:002023-06-15T16:49:46.657-03:00Mosquitos<p> </p>Eles lutaram com todas as armas de que dispunham.<br /><br />Telas.<br />Repelentes.<br />Armadilhas elétricas.<br />Raquetes eletrificadas.<br />Odores repelentes.<br />Ventiladores.<br /><br />Eles perderam. O sono. O ânimo. A paciência.<br /><br />No fim de tudo, sobraram apenas os mosquitos.<div><br /></div>anna v.http://www.blogger.com/profile/08025397092420764301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-30206802.post-47163970162999215312023-06-10T13:32:00.006-03:002023-06-10T13:32:55.093-03:00A bolha hereditária<br />Descobri ontem, totalmente por acaso, que vai ter um show da Taylor Swift no Rio. Meus colegas de trabalho estavam empenhados na compra dos ingressos - aparentemente um feito dificílimo, tudo esgotado em 2 minutos etc. - para si próprios ou para seus filhos.<br /><br /><br />Eu não tinha ideia. O que, a princípio, ok. Mas: moro com 2 adolescentes. <br /><br /><br />Por um lado, acho fantástico, motivo de felicidade e até orgulho. Por outro, me preocupo um pouco.<br /><br /><br />A bolha parece que protege, mas na verdade não.anna v.http://www.blogger.com/profile/08025397092420764301noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-30206802.post-10792417152274157552023-06-08T16:24:00.002-03:002023-06-08T16:24:34.109-03:00Dez anosJunho de 2013.<div><br /></div><div>7 x 1.<br /><br />Impeachment.<br /><br />Olimpíadas do Rio.<br /><br />Refugiados.<br /><br />Trump.<br /><br />Brexit.<br /><br />Bozo.<br /><br />Pandemia.<br /><br />Esperança.</div><div><br /></div><div>Junho de 2023.<br /><br /><br /><br />Será que consigo encarar um retorno?</div>anna v.http://www.blogger.com/profile/08025397092420764301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-30206802.post-41028913042511517542013-06-08T22:57:00.001-03:002013-06-08T22:57:55.205-03:00DoppelgängerMais um sábado passado integralmente com as crianças, e é impressionante o quanto fico exaurida ao fim do dia. O dia hoje foi ótimo, fizemos um monte de coisas legais, eles brincaram com outras crianças, viram gente diferente, passearam etc. Mas mesmo assim o nível de apego é tão grande, é tanto <i>mamãe, mamãe, mamãe, mamãe</i> o dia inteiro, que só depois que eles dormem é que eu solto o ar que nem percebi que estava prendendo.<br /><br /> Não sei se é uma carência especial dos fins de semana, ou se tem a ver com o fato de eu trabalhar fora -- pode ser, ou talvez não tenha nada a ver. Atualmente, com nossos horários, e com a espantosa sorte que tenho de morar tão perto do trabalho, tenho feito as três principais refeições do dia na ilustre companhia deles, então não é exatamente como se nos víssemos muito pouco. <br /><br /> Ser assim tão absolutamente protagonista na vida afetiva de criaturas tão especiais quanto esses dois é, logicamente, uma delícia e um privilégio - e sei que é uma situação que está com os dias contados, muito em breve eles não vão mais querer fazer nada comigo, vão morrer de vergonha de coisas que não vou nem entender, etc. Então, eu sei que vou sentir saudade dessa época que eles me querem pra tudo, lembrarei esses dias com nostalgia, tenho certeza. <br /><br /> Mas ao mesmo tempo não posso deixar de registrar, para não esquecer, o quanto isso exige, emocional, física e psicologicamente. O quanto tenho de sacrificar, em tantas facetas da minha vida, para estar mais presente na vida deles.<br /><br />Hoje minha filha me disse, meio aflita com minha incapacidade de atender a tantas demandas:<i> Mamãe, eu queria que você fosse duas.</i><br /><br />E me fez lembrar Fernando Pessoa...<br /><br /><span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">Tenho pena e não respondo. </span><div>
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">Mas não tenho culpa enfim </span></div>
<div>
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">De que em mim não correspondo </span></div>
<div>
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">Ao outro que amaste em mim. </span></div>
<div>
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">Cada um é muita gente. </span></div>
<div>
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">Para mim sou quem me penso, </span></div>
<div>
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">Para outros --- cada um sente </span></div>
<div>
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">O que julga, e é um erro imenso. </span></div>
<div>
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">Ah, deixem-me sossegar. </span></div>
<div>
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">Não me sonhem nem me outrem. </span></div>
<div>
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">Se eu não me quero encontrar, </span></div>
<div>
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">Quererei que outros me encontrem?</span></div>
<div>
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><br /></span></div>
anna v.http://www.blogger.com/profile/08025397092420764301noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-30206802.post-37818858159650153482013-06-04T22:18:00.002-03:002013-06-04T22:18:37.802-03:00Felicidade é...<div style="text-align: center;">
Sair por aí na sua bicicleta...</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEEXYg4sAnweZLSD3MZm73hyIzCtZGN_xZE11IkilHTk7nj6bC-YkeGpO-RWaroFIqLAepsoyW2E7XBVjzaW8ZNjlAiS-aAEauVS-R8Sm7fi9e8ZH2epbwjVRF9HoGh3by26bbUQ/s1600/20130602_095654.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEEXYg4sAnweZLSD3MZm73hyIzCtZGN_xZE11IkilHTk7nj6bC-YkeGpO-RWaroFIqLAepsoyW2E7XBVjzaW8ZNjlAiS-aAEauVS-R8Sm7fi9e8ZH2epbwjVRF9HoGh3by26bbUQ/s400/20130602_095654.jpg" width="300" /></a></div>
<br />anna v.http://www.blogger.com/profile/08025397092420764301noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-30206802.post-30953769498122751782013-06-01T10:41:00.000-03:002013-06-01T10:44:34.976-03:00A função random e o conceito de álbumEstive pensando que os primeiros CD players que ofereceram a função "random", pela qual as músicas tocam em ordem aleatória, contribuíram para a mudança radical no paradigma da apreciação musical que se consolidou nos últimos vinte anos.<br />
<br />
Essa teoria me veio à mente enquanto ouvia, pela milionésima vez, os discos dos Beatles que passei para MP3 e joguei dentro do celular - fico escutando nas idas e vindas do trabalho para casa, no caminho de/para o almoço, e em qualquer outro deslocamento*. Tenho em casa quase todos os CDs dos Beatles, mas só passei para o celular alguns dos meus favoritos: <a href="http://www.thebeatles.com/#/albums/Abbey_Road" target="_blank">Abbey Road</a>, <a href="http://www.thebeatles.com/#/albums/Rubber_Soul" target="_blank">Rubber Soul</a>, <a href="http://www.thebeatles.com/#/albums/Revolver2" target="_blank">Revolver </a>e <a href="http://www.thebeatles.com/#/albums/Help2" target="_blank">Help!</a><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.oesquema.com.br/trabalhosujo/wp-content/uploads/2010/12/beatles-revolver.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://www.oesquema.com.br/trabalhosujo/wp-content/uploads/2010/12/beatles-revolver.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
Ouvindo esses álbuns, não há como não lamentar a perda da concepção do álbum como obra de arte <i>per se</i>. A relação entre as músicas, a ordenação, o tempo de intervalo entre uma faixa e a seguinte, tudo isso tem um significado e contribui muito para passar a mensagem do artista para o ouvinte.<br />
<br />
Minha relação com os Beatles começou através de minha mãe, beatlemaníaca de primeira hora, que me emprestou suas fitas Basf com as gravações dos LPs. Como esses LPs não estavam nas melhores condições, nas fitas havia alguns pulos e chiados que eu até hoje busco inconscientemente quando escuto os álbuns. No meu aniversário de 12 anos, meus pais me deram um lindo livro para piano, "The Complete Beatles Songbook", com partituras para piano e melodia, uma raridade importada na época, que muito prezo e tenho até hoje, encapado com plástico.<br />
<br />
Então escuto a sequência absurdamente arrasadora que é <i>Help!-The Night Before-You've Got to Hide Your Love Way</i>, e de como esse disco é uma espécie de transição entre os roquinhos tolos e inocentes porém gostosinhos (<i>You're Gonna Lose That Girl</i>) e uma mensagem mais relevante - musical e extra-musical (<i>Yesterday</i>), como o álbum faz um arco, por assim dizer, que você só percebe se ouvi-lo do início ao fim, na ordem. Ou <i>Revolver</i>, disco de radicaliza ainda mais essa transição do grupo ao incorporar tantas outras influências, cuja fantástica faixa de encerramento, <i>Tomorrow Never Knows</i>, de tão "mind-blowing" aparece no final de um episódio da quinta temporada de <i>Mad Men</i>, quando o personagem principal, Don Draper, percebe que já não está mais dominando o espírito do seu tempo, que os anos 60 são diferentes demais dos 50, e então sua jovem segunda esposa traz esse disco para casa, recém-lançado, e recomenda expressamente: ouça a última faixa - e é um dos melhores encerramentos de episódio ever, justamente porque é um dos melhores encerramentos de álbum ever. (Mas mesmo adorando <i>Revolver</i>, ainda não consigo compreender o que uma música tão boba quanto <i>I'm Only Sleeping</i> faz depois do choque de <i>Eleanor Rigby</i>, simplesmente não entendo e acho um anticlímax tremendo.) E ainda, em <i>Abbey Road</i>, e a maestria com que <i>Golden Slumbers</i> e <i>Carry That Weight</i> se fundem, e como isso se perde se as faixas forem tocadas fora da sequência.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://trueslant.com/michelecatalano/files/2010/03/mixtape.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="203" src="http://trueslant.com/michelecatalano/files/2010/03/mixtape.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
Mesmo as famosas "mix tapes" tão populares nos anos 80 e 90, nas quais amigos gravavam e davam de presente entre si uma fita K7 com sua seleção preferida de faixas de vários álbuns, não deixavam de ser também um todo mais extenso, uma história com começo, meio e fim.<br />
<br />
Como a unidade deixou de ser o álbum e passou a ser a faixa, o "single", todo um <i>discurso</i> musical mais extenso ficou fragmentado, corroendo nossa capacidade de ouvir e prestar atenção em algo que dure mais de três minutos. Aliás, minha impressão é que hoje em dia ninguém mais escuta música simplesmente por escutar. Escutamos música dirigindo, trabalhando, conversando com os amigos, andando na rua, fazendo ginástica, correndo maratonas, mas ninguém pára a diz: agora vou sentar ali e ouvir um disco. Acabou a apreciação musical, e mesmo num show, se não houver uma grande performance incluída no programa (efeitos visuais, gente voando em cima da plateia, 3-D e sei lá mais o quê), o pessoal não vê graça -- restando o último reduto, o concerto de música clássica, em que não há mais nada além da música em que se prestar atenção.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://blog.vostu.com/vostupoker/files/2011/09/ipod.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="221" src="http://blog.vostu.com/vostupoker/files/2011/09/ipod.png" width="320" /></a></div>
<br />
Em tempos de iPod Shuffle, cujo conceito fundamental é tocar as músicas em ordem aleatória, não quero ser uma espécie de Don Draper nostálgico. Mas não posso esquecer de mencionar o quanto era boa a sensação de comprar um disco novo, depois de muita expectativa, e colocar para tocar enquanto deitava no chão, olhando para o teto, esperando para usufruir dos sons que viriam dos alto-falantes. E isso era o bastante.<br />
<br />
<span style="font-size: x-small;"><i>*Tenho ouvido também muitos audiolivros, mas este é assunto para outro post.</i></span>anna v.http://www.blogger.com/profile/08025397092420764301noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-30206802.post-16011534717197873502013-05-27T19:08:00.001-03:002013-05-27T19:08:33.199-03:00Deuses do constrangimentoNão sei o que é pior.<br />
Ter um prefeito que <a href="http://oglobo.globo.com/rio/paes-se-envolve-em-confusao-na-saida-de-restaurante-no-horto-8506115" target="_blank">sai no tapa com cidadãos</a>.<br />
Ou, conhecendo o cidadão em questão há muitos anos, achar que o prefeito deve ter tido ótimos motivos.<br />
Meu Deus...anna v.http://www.blogger.com/profile/08025397092420764301noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-30206802.post-65852533102613529332013-05-15T01:55:00.000-03:002013-05-15T01:55:08.537-03:00Que Beleza! (Natural)<br />
<div style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;">
</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;">
</div>
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;">
</div>
<br />
<br />
E eis que depois da minha <a href="http://terapiazero.blogspot.com.br/2012/06/mulheres-uni-vos-e-cortai-vos-os.html" target="_blank">conclamação às mulheres para cortar os cabelos</a>, eu mesma passei quase um ano sem cortar os meus. Contradições à parte, o que houve foi que o salão que eu frequentava fechou e a cabeleireira não migrou para nenhum outro, de modos que fiquei órfã capilar.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://belezanatural.com.br/wp-content/uploads/2012/08/longo20a.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://belezanatural.com.br/wp-content/uploads/2012/08/longo20a.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
Mas na semana passada não deu mais para aguentar aquele cabelo temperamental, que só funcionava quando queria, e estava dando trabalho demais. Então resolvi arriscar e fui ao <a href="http://belezanatural.com.br/" target="_blank">Beleza Natural</a>, uma rede de salões voltada para cabelos crespos e cacheados, que existe há alguns anos e eu sempre tive curiosidade de conhecer, ainda mais depois que fiquei conhecendo a inspiradora <a href="http://belezanatural.com.br/categoria/empresa/" target="_blank">história de empreendedorismo</a> por trás da marca.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://belezanatural.com.br/wp-content/uploads/2012/08/longo23a.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://belezanatural.com.br/wp-content/uploads/2012/08/longo23a.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
Estive num sábado na unidade Ipanema, e fiquei impressionada com o tamanho - pela fachada não se imagina o quanto é grande. Lá dentro, lotação máxima (há inclusive caravanas vindas de outros estados!), e mulheres em vários estágios do tratamento do cabelo espalhadas por salas e ambientes diversos. Vários aparelhos de TV reproduziam vídeos institucionais sobre o tratamento e corte dos cabelos cacheados, e para onde se olhasse havia informações sobre como cuidar dos seus cachos, e fotos de lindos cabelos crespos e cacheados -- mas todas as modelos com cara de brasileiras normais, bem entendido.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://belezanatural.com.br/wp-content/uploads/2012/08/curto3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://belezanatural.com.br/wp-content/uploads/2012/08/curto3.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
Fiquei deslumbrada como esse novo mundo. Até então, acho que nunca tinha percebido quão oprimida eu me sentia nos salões ditos normais. Não só pela onipresença das escovas e dos cabelos com reflexo e outros processos de loureamento, não só porque todo mundo quer alisar o seu cabelo <i>sempre</i>, mas também pela onipresença das velhas. Essa representação de alteridade radical me incomodava e eu nem sabia. Eu não tinha me dado conta até então, mas minha vida em salão de cabeleireiro foi sempre rodeada por essas senhoras. Sabe o tipo? Senhorinha que vai ao salão, sei lá, toda semana, cortar um pouco, pintar aqui e ali, fazer um penteado bacana para o almoço de sábado e passar laquê? Sempre assumi a presença dessas velhinhas como algo natural, mas de repente, no Beleza Natural, elas não estavam mais. As pessoas ali pareciam todas muito mais reais.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://belezanatural.com.br/wp-content/uploads/2012/08/medio12a.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://belezanatural.com.br/wp-content/uploads/2012/08/medio12a.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
Além disso, fiquei maravilhada com as muitas funcionárias. Quase todas negras e todas, sem exceção, com seus cabelos soltos e lindamente bem cuidados - fossem curtos, médios ou longos. Um orgulho cacheado que deu o maior gosto de ver. Tem também uma lojinha que vende diversos produtos para cabelo da marca Beleza Natural. Eu comprei o creme para pentear infantil, porque meus fios são muito finos (dica da moça que pintou meu cabelo), e estou achando muito bom.<br />
<br />
Longa vida às iniciativas empreendedoras, e aos cachos da mulher brasileira!<br />
<br />
<i>Todas as fotos foram tiradas do book de cortes do Beleza - com 30 opções.</i>anna v.http://www.blogger.com/profile/08025397092420764301noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-30206802.post-75284703246598836532013-05-01T11:51:00.001-03:002013-05-01T11:51:55.499-03:00Ninguém disse que seria fácilOutro dia fui visitar minha prima P. e seu filho recém-nascido, então com 12 dias de vida. Gosto demais dessa prima, que é uns 5 ou 6 anos mais nova do que eu, e tem uma irmã mais velha e um irmão mais novo. Todo mundo sempre dizia que, por ser a filha do meio, ela fazia questão de chamar mais atenção. E tanto fez que, diferente da irmã (que é pilota de avião) e do irmão (que é biólogo), P. enveredou para uma carreira artística: é atriz e até pouco tempo estava em cartaz em teatros alternativos com um monólogo escrito, produzido e estrelado por ela -- muito bom, por sinal. E também diferente dos irmãos, que se casaram/juntaram com namorados de longa data, P. teve alguns relacionamentos mais estáveis, mas no ano passado engravidou de um cara que eu mesma só vim a conhecer no Natal -- ou seja, caso recente. Felizmente, um cara nota dez, daqueles de quem a gente gosta logo de cara, e acha que foi uma bela aquisição para a família, por assim dizer, proprietariamente.<br />
<br />
Vinda a gravidez, P. e seu parceiro foram os mais alternativos: não queriam fazer ultra, não queriam saber o sexo, se mudaram para um apartamento muito charmoso mas com não mais de 30 metros quadrados, num lugar afastado de São Conrado, rodeados de muita natureza, canto de passarinhos etc. Fizeram um chá de fralda mas que não era para levar fralda, e sim contribuições em dinheiro, porque estavam convencidos a usar fralda de pano. E o parto seria em casa (no apartamento minúsculo), natural, humanizado, com doula e sem anestesia.<br />
<br />
No meio da minha viagem a Londres, sonhei com o parto do filho de P., e escrevi para ela contando do sonho. Ela adorou, me respondeu feliz, dizendo que o bebê ainda não tinha nascido, mas que seria a qualquer momento. E de fato naquele mesmo dia em que me respondeu, o dia seguinte ao sonho, começaram as contrações. Fiquei sabendo depois que o trabalho de parto durou mais de 24 horas, e que, às páginas tantas, ela acabou sendo transferida para a maternidade, onde tomou anestesia e hormônios para acelerar a dilatação, e finalmente conseguiu parir a criança, de parto normal. Um bebezão de 3,9kg e 51cm, lindo e saudável.<br />
<br />
O parto foi tão extenuante que P. acusou o golpe e ficou meio deprimida nos dias seguintes. Para completar, a criança chorava loucamente e queria mamar de hora em hora nos primeiros dias. P. não conseguia dormir nunca, o leite desceu em grande estilo, ela teve a "febre do leite", mastite, precisou ir para o hospital e tomar soro e antibióticos -- e o que é pior, morrendo de culpa por isso. Logo depois o casal desistiu de tentar dar conta de tudo isso em seu conjugado no meio do mato e se mudou para a casa da sogra de P., um confortável 3 quartos no Leblon, onde têm ajuda permanente, conforto, mais infraestrutura -- e fraldas descartáveis.<br />
<br />
Quando fui visitá-la (domingo), as coisas estavam mais estabilizadas, mas ainda muito longe de tranquilas. P. leu tudo o que podia durante a gravidez, foi instruída por especialistas, se informou. Mas nada a preparou para todo o perrengue que está passando. As coisas não saíram bem como ela esperava, não foi um processo tão natural e intuitivo como diziam os livros e as doulas. A dor das contrações foi muito além do que ela poderia imaginar (ela me disse que teve vontade de esganar a doula quando ela lhe dizia para "se entregar para a dor") e as dificuldades da amamentação parecem insuperáveis.<br />
<br />
Eu disse a ela que acho uma balela esse papo de que a maternidade vem naturalmente e que tudo é muito intuitivo e natural. O processo exige muito esforço, de todo mundo (mãe, pai, bebê). Sim, é certo que algumas coisas podem vir de forma intuitiva (como segurar o bebê, como interpretar choros), mas a maioria não. E certamente com variações de mulher para mulher. E mais: não conheço nenhuma mãe que não tenha pensado, em algum momento: não vou conseguir, não nasci para isso, não sou capaz. Quando falei isso, os olhos de P. marejaram, ela me agradeceu e perguntou por que ninguém nunca tinha dito isso a ela.<br />
<br />
Ninguém disse que seria fácil, mas ninguém pode detalhar o grau de dificuldade com precisão. Os desafios são tantos e tão monumentais, principalmente nessas primeiras semanas de vida do seu primeiro filho, que podem parecer intransponíveis. E um grande desserviço que se presta é fazer crer que sozinha a mulher pode dar conta de tudo. Quanto tempo ainda vamos ficar nos enganando, querendo ser super-mulheres-maravilhas que não dependem de ninguém, não precisam de ninguém para resolver suas questões, que têm vergonha de pedir ajuda? Até quando, essa insanidade?anna v.http://www.blogger.com/profile/08025397092420764301noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-30206802.post-22580898012621986792013-04-21T17:33:00.000-03:002013-04-21T17:33:31.105-03:00London callingVoltei de Londres encantada com a cidade. A cada visita cresce a minha simpatia e admiração por este lugar fascinante. É tão grande e diversa, tão naturalmente multicultural, tão organizada mas não de uma forma autoritária como os germânicos, tão cultural mas não blasé como os franceses, tão cheia de encantos e novidades.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.tonelly.nl/cellokunst/curiosa/man-ray.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://www.tonelly.nl/cellokunst/curiosa/man-ray.jpg" width="245" /></a></div>
<br />
Fui a uma exposição do <a href="http://www.npg.org.uk//whatson/man-ray-portraits/exhibition.php" target="_blank">Man Ray na National Portrait Gallery</a>, que foi bem melhor do que eu esperava. Afinal, este foi o Plano B, pois pretendíamos ir ver a mostra do <a href="http://www.tate.org.uk/whats-on/tate-modern/exhibition/lichtenstein" target="_blank">Lichtenstein na Tate Modern</a>, mas os ingressos estavam esgotados (quer dizer, os ingressos não esgotam exatamente, apenas para aquele horários -- só vendem para você entrar a partir de uma certa hora, que não era conveniente para mim). E o Man Ray, que eu conhecia como participante do grupo dos surrealistas, amigo do Duchamp e autor de fotos famosas como a de Kiki de Montparnasse/violino (<i>Le violon d'Ingres</i>, acima), é na verdade autor de muitas outras fotos célebres que eu não sabia serem dele.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://25.media.tumblr.com/dd6be3c77334efb6a3e5ce68f3de62b1/tumblr_mkwpv9k4R21qb7cp4o1_500.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://25.media.tumblr.com/dd6be3c77334efb6a3e5ce68f3de62b1/tumblr_mkwpv9k4R21qb7cp4o1_500.jpg" width="259" /></a></div>
<br />
O cara realmente conheceu <i>todo mundo</i> naqueles anos 20-30. Picasso, Coco Chanel, Stravinsky, Schönberg, Le Corbusier, Antonin Artaud, Virginia Woolf, James Joyce, Aldous Huxley e outros. Além disso, ele fez diversas experiências com efeitos e montagens fotográficas, experiências essas que de fato significam algo a mais do que o mero experimentalismo. Uma excelente surpresa, essa exposição.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://suzannealexander.com/wp-content/uploads/2013/01/ManRay-Les-Larmes-1932.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="239" src="http://suzannealexander.com/wp-content/uploads/2013/01/ManRay-Les-Larmes-1932.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
E na minha última noite na cidade, fui a um circo. Isso mesmo, circo. Mas um circo contemporâneo, bem moderno e com toques teatrais. Foi simplesmente bárbaro, nunca vi nada assim antes. O espetáculo se chama <i>Bianco</i>, e a companhia é a <a href="http://www.nofitstate.org/" target="_blank">Nofit State Circus</a>, do País de Gales.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.thisiscabaret.com/wp-content/uploads/2013/04/20130406NoFitState15_800x533.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="265" src="http://www.thisiscabaret.com/wp-content/uploads/2013/04/20130406NoFitState15_800x533.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
Tem trapézio, malabaristas, corda bamba, contorcionistas e tudo o mais, mas é tão não-tradicional que causa um impacto enorme. Tinha gente de todas as idades assistindo.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://fbcdn-sphotos-a-a.akamaihd.net/hphotos-ak-prn1/524188_10151586107016180_1775688707_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="https://fbcdn-sphotos-a-a.akamaihd.net/hphotos-ak-prn1/524188_10151586107016180_1775688707_n.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
Eu me emocionei e me senti como uma criança, aplaudindo boaquiaberta. Vejam a foto acima, isso é um <i>vestido</i>! A plateia fica em pé durante todo o tempo (mais de 2 horas, com intervalo), se movimentando e andando de acordo com a disposição dos imensos módulos, que muda a cada número.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.edenproject.com/bianco-circus-cornwall/sites/default/files/styles/standard_page_secondary_image/public/circus-beaded-chamber-2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://www.edenproject.com/bianco-circus-cornwall/sites/default/files/styles/standard_page_secondary_image/public/circus-beaded-chamber-2.jpg" width="266" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://fbcdn-sphotos-b-a.akamaihd.net/hphotos-ak-prn1/5552_10151584441171180_578835352_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="285" src="https://fbcdn-sphotos-b-a.akamaihd.net/hphotos-ak-prn1/5552_10151584441171180_578835352_n.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://dramaanddance.britishcouncil.org/assets/Uploads/artists-2/NoFIt-State-Circus/_resampled/croppedimage254254-PROFILE-Labyrinth-no-fit-state-circue-CREDIT-UNKNOWN.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://dramaanddance.britishcouncil.org/assets/Uploads/artists-2/NoFIt-State-Circus/_resampled/croppedimage254254-PROFILE-Labyrinth-no-fit-state-circue-CREDIT-UNKNOWN.jpg" /></a></div>
<br />
O bacana é que toda essa agitação cultural -- exposições diversas, circo contemporâneo e muito mais -- não fazem parte da programação "hipster" e moderninha da cidade, ou pelo menos assim me pareceu. É parte do dia-a-dia, assim como um cinema ou jantar.<br />
<br />
Às vezes me policio para não ficar parecendo pernóstica, olha-só-como-sou-cool, falando que fui a Londres, vi Man Ray etc. Mas não, isso não pode parecer afetação, tem que fazer parte do nosso cotidiano, para o nosso próprio bem.<br />
<br />anna v.http://www.blogger.com/profile/08025397092420764301noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-30206802.post-51337942499980153862013-04-14T16:51:00.000-03:002013-04-14T16:51:12.935-03:00Thatcher e as mulheres no poderEstou em Londres - afinal, não poderia deixar de perder, in loco, o funeral de Margaret Thatcher!<br /> As muitas reportagens sobre a morte dela trouxeram à tona uma porção de lembranças da minha infância. De assistir ao Jornal Nacional à noite e ver o Cid Moreira falando de vários assuntos marcantes dos anos 80, como "A Guerra Irã-Iraque", "A Seca no Nordeste" e, claro, "A Guerra das Malvinas".<br /> Não apenas no contexto das Malvinas, mas durante todo o tempo em que ela esteve no poder, eu me habituei a ouvir a expressão "a primeira-ministra britânica Margaret Thatcher", que para mim era uma variação de "o presidente americano Ronald Reagan" ou "o presidente francês François Miterrand". E de alguma forma inconsciente, eu passei a achar normal que uma mulher - não apenas uma mulher, mas uma senhorinha que muito se parecia com a minha avó - fosse chefe de estado.<br /> Aqui na Inglaterra só encontro gente que a detestava e quer mais que ela apodreça no inferno. Há também muitas críticas a respeito dos custos milionários do funeral. Mesmo sem conhecer o assunto a fundo, tendo a me colocar ao lado dos que acham que seus onze anos de governo tiveram mais malefícios do que benefícios. Ao mesmo tempo, fico grata a ela por ter inculcado na criança que eu fui a noção de que uma mulher podia chegar ao topo do poder.<br />
*<br />
Claro que vim para Londres por outro motivo (a London Book Fair, que começa segunda). Pude passear no fim de semana, e andei bastante de ônibus. Confesso que tenho vontade de chorar de emoção quando chego no ponto e vejo um letreiro eletrônico dizendo o número e destino dos próximos 3 ônibus que vão parar naquele ponto, e em quantos minutos eles estarão ali. E funciona perfeitamente. As pessoas daqui não entendem muito bem por que não ando mais de taxi, já que posso apresentar o recibo e a empresa paga. Eu respondo que, enquanto entusiasta do transporte público, considero um prazer andar de ônibus e metrô em Londres, mas ninguém parece entender muito bem.anna v.http://www.blogger.com/profile/08025397092420764301noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-30206802.post-6192053444099247962013-04-10T06:26:00.001-03:002013-04-10T06:26:27.735-03:00Futebolistas<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0UyfJAN3x_QFn2JVUz7Pfuxhz7TyHQs2m8YDRehuhUxXqVSVTy1-f0b7Y2qKHhdZrrRPt-8CSoSx5ezky1L4KJ95bOQrJx-7E0Yau-R_2XVYpgqnA_BpS0-h97Kl4vhjG1LgRog/s1600/100_0229.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0UyfJAN3x_QFn2JVUz7Pfuxhz7TyHQs2m8YDRehuhUxXqVSVTy1-f0b7Y2qKHhdZrrRPt-8CSoSx5ezky1L4KJ95bOQrJx-7E0Yau-R_2XVYpgqnA_BpS0-h97Kl4vhjG1LgRog/s400/100_0229.JPG" width="300" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
A caminho de uma pelada</div>
anna v.http://www.blogger.com/profile/08025397092420764301noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-30206802.post-57938402347229278462013-04-04T20:40:00.000-03:002013-04-04T20:40:30.315-03:00Emocionante<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" mozallowfullscreen="" scrolling="no" src="http://embed.ted.com/talks/lang/pt-br/brene_brown_on_vulnerability.html" webkitallowfullscreen="" width="560"></iframe><br />
<br />
Vergonha, culpa, vulnerabilidade. Temas sobre os quais ninguém quer falar -- e quanto menos se fala, mais fortes esses sentimentos se tornam.<br />
É fascinante o que esta mulher consegue fazer, quanta verdade consegue transmitir em vinte minutos, que é a duração deste vídeo. Vale a pena reservar um tempinho em que você não esteja multitasking loucamente para assistir com atenção.<br />
Eu li <a href="http://www.amazon.com/Daring-Greatly-Courage-Vulnerable-Transforms/dp/1592407331/ref=sr_1_1?s=books&ie=UTF8&qid=1365118658&sr=1-1&keywords=daring+greatly" target="_blank">o livro dela</a> e me emocionei. E se emocionar com esse tipo de não-ficção... é raro, raríssimo.<br />
Enfim. Minha contribuição de hoje para um mundo melhor.anna v.http://www.blogger.com/profile/08025397092420764301noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-30206802.post-17892805458137123812013-04-01T21:57:00.001-03:002013-04-01T21:57:45.893-03:00O Coletivo de Mães -- ou Por que tantas mulheres são tão chatas?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.sebodomessias.com.br/loja/imagens/produtos/produtos/1/18961_256.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://www.sebodomessias.com.br/loja/imagens/produtos/produtos/1/18961_256.jpg" width="230" /></a></div>
<br />
Viajamos no feriado da Páscoa, fomos a um hotel-fazenda não muito longe do Rio.<br />
Minhas amigas zombam de mim porque eu vivo indo a hotel-fazenda com as crianças, mas é verdade que acho um ótimo programa, e principalmente me lembro de adorar essas viagens quando eu era criança. Andar a cavalo, dar comida a galinhas, tomar banho no lago, correr pela grama, ver formiga, minhoca, borboleta e lagarta. Acho bom.<br />
Como era um feriado prolongado, o lugar estava lotado de famílias. Oportunidade perfeita para o surgimento do Coletivo de Mães, uma associação quase imediata que se forma quando as crianças começam a brincar juntas e as mulheres perdem a capacidade de encontrar mais o que fazer além de ficar, digamos, confraternizando com outras mulheres, celebrando o exercício da maternidade, ou coisa que o valha. Pracinhas e pátios de creches na hora da saída das crianças são outras habitats naturais do Coletivo.<br />
Via de regra, é insuportável.<br />
Porque é assim: fala-se apenas sobre criança, marido e criadagem. Não necessariamente nessa ordem. E o tom que impera é o que chamo de "competição de martírio". As mães estão sempre reclamando ou se vangloriando do sacrifício que fazem em nome do tal exercício da maternidade. O filho já pode ter 9 anos de idade, mas a mãe-mártir está ali para te contar que dos zero aos dois anos aquela criança não dormiu mais de quatro horas seguidas, ou que tem alergia a quase tudo, além de intolerância a lactose, fotofobia ou transtorno de déficit de atenção. Se uma diz que os dentes de sua criança estão nascendo e incomodando, a mãe ao lado se apressa em contar como os dentes do filho dela nasceram tão mais cedo que foi uma dificuldade ainda maior. Gostam ainda de brandir aos quatro ventos o quão chatinho o filho é para comer, e como isso exige dela tantas peripécias, idas ao pediatra e complementos alimentares caros. Ao que outra vai responder com alguma coisa ainda mais fantástica, como Meu filho não gosta de beber água, ou sei lá mais o quê. Há sempre também uma história sobre uma doença rara, operação de emergência numa localidade remota, ou picada de bicho peçonhento. E fatalmente, o desfecho sacrificado, mas com final feliz.<br />
A mãe/mulher-mártir pode ter te conhecido há menos de dez minutos, mas não hesita em contar que o marido nunca lembra de pegar as coisas, ou é incapaz de saber onde guardar pomada, chapéu, par de meias extra, protetor solar, descongestionante nasal ou repelente. Gosta também de deixar todo mundo a par que foi ela quem fez as reservas para o hotel, porque esses maridos jamais sabem fazer esse tipo de coisa -- se fizerem, claro que fazem do jeito errado. Esses horríveis pais tampouco acordam à noite quando os filhos choram, vão ao pediatra ou às reuniões da escola -- a menos que seja para falar alguma bobagem ou comentário fora de lugar.<br />
E nessa ladainha o tempo passa, com esses discursos de superação de dificuldades inventadas se autovalidando reciprocamente, numa mistura de grupo de apoio e redenção pela identificação. No fundo ninguém se escuta, apenas registra-se brevemente o assunto para logo em seguida contrapor seu próprio e mais extremo exemplo.<br />
Pode-se dizer, claro, que essa não é minha turma e que preciso frequentar lugares e pessoas com quem possa desenvolver afinidade. É um ponto válido. O que me intriga, sinceramente, é o compartilhamento desse tipo de informação com quem nem se conhece. É a assunção de que os pormenores da saúde e desenvolvimento do seu rebento vão interessar a qualquer um. O que aconteceu com falar mal do governo e comentar sobre filmes e livros? Não sei não. Tudo isso me parece amostra de um egocentrismo exacerbado e inconsciente, que naturalmente se reflete na forma de ser dessas crianças.<br />
Dito isto, registre-se que a viagem foi ótima.<br />
<br />anna v.http://www.blogger.com/profile/08025397092420764301noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-30206802.post-62957990914466605252013-03-28T05:02:00.000-03:002013-03-28T05:02:08.562-03:00Agoniza mas não morre<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTcnpEG_kuVHd83SWSlwP62AeFSWUWV5CZnkdXB6RfzgyBTWMOaW4jSlCEN9L7-8_gKxuDoDHXkB61IRCnD-Sjy_PZh6v7CWT7a0LCiQhpmFGSYvlbHZNHcI4PL0Jw3losqPN-BQ/s1600/20130327_072757.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTcnpEG_kuVHd83SWSlwP62AeFSWUWV5CZnkdXB6RfzgyBTWMOaW4jSlCEN9L7-8_gKxuDoDHXkB61IRCnD-Sjy_PZh6v7CWT7a0LCiQhpmFGSYvlbHZNHcI4PL0Jw3losqPN-BQ/s400/20130327_072757.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
Sim, este blogue é como o Samba.<br />
Ao contrário do que possa pensar, ele não morreu. Uma mistura de falta de tempo, assunto e disposição foi a responsável pelo intervalo que teve mais ou menos a duração do verão.<br />
Então tá, para os que ainda ficaram por aqui, voltaremos à nossa programação normal.<br />
Vamos viajar no feriado da Páscoa, agora. Mas como meu lado obsessivo-organizado adora meses que começam numa segunda-feira, em abril prometo voltar a escrever aqui. Já tenho um monte de posts na cabeça.<br />
Até lá, deixo os amigos com essa foto muy artística tirada ontem de manhã na Praia de Botafogo (tenho tentado correr no Aterro para me exercitar). Achei curioso os pombos todos enfileiradinhos.anna v.http://www.blogger.com/profile/08025397092420764301noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-30206802.post-83329030807195753122012-11-04T15:51:00.000-02:002012-11-04T15:51:05.664-02:00Uma vida em rascunhosBem cedo aprendi a ter muito amor pelo objeto papel. Meu pai e minha mãe jamais permitiram que se jogasse fora uma folha de papel que não fosse usada em ambos os lados. E aquela clássica cena de cinema em que um personagem começa a escrever uma carta (ou um livro), e depois de uma frase amassa o papel para jogar fora até hoje me provoca calafrios. Papel tem de ser usado em sua totalidade. Por isso, ao longo de muitas faxinas em casa, acumulei quantidades absurdas de papel de rascunho, por falta de coragem de jogar fora. Era tanto papel que eu achava que nem em duas vidas inteiras teria oportunidade de usar.<br />
<br />
Até que meus filhos aprenderam a rabiscar, desenhar, escrever. É impressionante como eles amam essa atividade - e mais impressionante ainda o quanto gastam de papel para todos os seus desenhos e rabiscos.<br />
<br />
Hoje, fazendo uma arrumação na casa, peguei quilos de papel usado por eles, desenhos deixados pelos cantos da casa, e fui separando o que já estava rabiscado (para o lixo) e o que ainda não estava (para recolocar no lugar). E nessa lida passei minha vida em revista observando o que estava no verso dos desenhos.<br />
<br />
Tinha ali o <i>Discurso do Método</i> de Descartes, textos clássicos da Escola de Frankfurt, como Adorno sobre a indústria cultural e <i>A obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica </i>de Benjamin (com comentários meus na margem da página!), partituras quatro vozes de uma <i>Aleluia</i> e de motetos medievais, prestações de contas de projetos de Lei Rouanet, boletos bancários, cópias xerox de um capítulo intitulado <i>Psychoanalisys and Feminism</i>, páginas em formato A3 (mais valorizadas!) de um livro ilustrado sobre carros.<br />
<br />
Vai que eles estão absorvendo um pouco disso tudo. Nunca se sabe.anna v.http://www.blogger.com/profile/08025397092420764301noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-30206802.post-30535756381325405782012-10-30T20:55:00.000-02:002012-10-30T20:55:23.766-02:00Oliver 2.0<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Meu pequeno, 2 anos hoje.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0Xe4kK1kAkSszJhxK7T3LfKRYbQdrrYlV-oQE1vtz5BtIDpHFkeaFMbl-5mzvgqbc-PtBFFk7ULmtbPK_CK0O9RpVm7r_2Bf9IhwcP2eBzKbNQKhYZSqEsaIdMA7HiitDJqDaJA/s1600/100_0125.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0Xe4kK1kAkSszJhxK7T3LfKRYbQdrrYlV-oQE1vtz5BtIDpHFkeaFMbl-5mzvgqbc-PtBFFk7ULmtbPK_CK0O9RpVm7r_2Bf9IhwcP2eBzKbNQKhYZSqEsaIdMA7HiitDJqDaJA/s400/100_0125.JPG" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZnuCYsLaszJ8EoYxXdxAX5yUjI9hRAaC5lsflWuc3nsk0XnIRyCrJmQ5Y9ZVi2i3yPescXquCqfF1V4zRCIGVVOtgdArZGk08hvwQTMDJB_T9gviLsgUS6kRdtQl9Y496dI-q8A/s1600/100_0126.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZnuCYsLaszJ8EoYxXdxAX5yUjI9hRAaC5lsflWuc3nsk0XnIRyCrJmQ5Y9ZVi2i3yPescXquCqfF1V4zRCIGVVOtgdArZGk08hvwQTMDJB_T9gviLsgUS6kRdtQl9Y496dI-q8A/s400/100_0126.JPG" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEir5diN1LCyTwhWKpo5BE1lVhXyd2OKI94xRkWKxecHbc2Sk_PHrqO8kh5E2okM6f1hdBopwy0KE44YVfO7_lesDAFjGL_twab68UHU3tDVyWWmKN8678iEk7VSPkzcYE5kzk8Iag/s1600/100_0129.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEir5diN1LCyTwhWKpo5BE1lVhXyd2OKI94xRkWKxecHbc2Sk_PHrqO8kh5E2okM6f1hdBopwy0KE44YVfO7_lesDAFjGL_twab68UHU3tDVyWWmKN8678iEk7VSPkzcYE5kzk8Iag/s400/100_0129.JPG" width="400" /></a></div>
<br />anna v.http://www.blogger.com/profile/08025397092420764301noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-30206802.post-89042206627314283502012-10-24T22:05:00.000-02:002012-10-24T22:05:14.065-02:00Berries<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.blogger.com/video.g?token=AD6v5dw7ZU3Rjt7j5ZAAb8X2wSgIq15ZZVOjzn4NnXRTZzOI09EsB-82ccA6CKGe-CXcvVzhTYBh1IiGrow' class='b-hbp-video b-uploaded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />
Ainda sobre Frankfurt: além da maravilhosa cerveja, desfrutei muito das frutas mais adoráveis dos climas temperados: amoras, framboesas e mirtilos (em inglês, o trio de berries: blackberry, raspberry and blueberry). Como meu hotel era muito phyno, o café da manhã era todo cheio de guéri-guéri. De modos que todo dia de manhã eu começava o dia com essa linda cumbuca acima: melões cantaloupe, melancia, morangos e as três berries, encimadas por um iogurte todo orgânico que vinha em pote de vidro retornável (como tudo lá) e um mel direto do favo. Chyk no último. Tão lindo que tirei essa foto, que na verdade virou um vídeo (fruto da minha incompetência iPhônica).anna v.http://www.blogger.com/profile/08025397092420764301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-30206802.post-74484175304220749892012-10-22T23:49:00.002-02:002012-10-22T23:49:24.508-02:00De Frankfurt<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-OY9WJwkqMDSHsnvGhLb-p6EEhgytBmZAkLXFHphWXBloKuU64DlrXf1eaf96z4xdtQpVwALhaHdmEspLjy0ooXyzmni3OsaqMhrga58yMf0JEv5mqiDu4woW_-o7rofgNUIX1w/s1600/frankfurt3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-OY9WJwkqMDSHsnvGhLb-p6EEhgytBmZAkLXFHphWXBloKuU64DlrXf1eaf96z4xdtQpVwALhaHdmEspLjy0ooXyzmni3OsaqMhrga58yMf0JEv5mqiDu4woW_-o7rofgNUIX1w/s400/frankfurt3.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
Estive em Frankfurt no início de outubro para <a href="http://www.buchmesse.de/en/fbf/" target="_blank">a maior e mais tradicional feira do mercado editorial</a>. Como percebi que nem mesmo minha mãe entende muito bem o que eu faço (minha madrinha achou que eu voltaria da viagem com uma porção de livros na mala), e porque sei que os posts sobre mercado editorial costumam dar ibope neste abandonado espaço, eis aqui um curso relâmpago sobre a Feira de Frankfurt.<br />
<br />
Diferente das nossas Bienais, Frankfurt é uma feira de negócios, voltada para profissionais, e não para o público. Nos diferentes halls estão os estandes das editoras e o espaço reservado aos agentes literários -- estes não têm estandes, apenas mesas para conduzir as reuniões. Mesmo nos estandes das editoras, que lembram fisicamente os estandes das nossas bienais, o espaço é ocupado por mesas para encontros, pois não há venda de livros (exceto no último fim de semana).<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipGS9rKWqG7fcQy57G6fybM5ZAFdW_gFAIDTOs7niMNibViypVC1AKZl60KsusJzyLzzc58GbjCmNUYdg2uAzY8X0JahbPcjpk8v9qha7DG6bUPxcoE-BOItL7hxl60mxAaM_8lA/s1600/frankfurt2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="274" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipGS9rKWqG7fcQy57G6fybM5ZAFdW_gFAIDTOs7niMNibViypVC1AKZl60KsusJzyLzzc58GbjCmNUYdg2uAzY8X0JahbPcjpk8v9qha7DG6bUPxcoE-BOItL7hxl60mxAaM_8lA/s400/frankfurt2.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
Por ser um evento tão tradicional, a agenda de encontros de Frankfurt é marcada com bastante antecedência. A feira é sempre em outubro, e já em junho começa o frenético agendamento dos encontros a cada meia hora, das 9h às 18h. Oficialmente, a feira funciona de quarta a sábado, e quatro dias de trabalho intenso já estariam de bom tamanho, mas com o crescimento do evento passou a ser praxe marcar encontros também na terça e mesmo na segunda, no lobby de um hotel tradicional no centro da cidade, o Frankfurterhof, que fica apinhado de gente e já é uma tarefa hercúlea você conseguir apenas achar a pessoa com quem marcou, que dirá negociar alguma coisa de interessante. Mas enfim, tradições.<br />
<br />
E afinal, de que consistem esses encontros a cada meia hora? Normalmente, os editores de aquisições marcam com os agentes e editores (profissionais de "foreign rights", ou direitos estrangeiros) com quem costumam negociar, ou que porventura tenham interesse em conhecer. Grosso modo, estão ali frente a frente um vendedor de direitos de tradução de diversos títulos, e um comprador, responsável por uma editora que costuma comprar títulos estrangeiros para seu catálogo. O comprador chega e diz o que está procurando e o vendedor então sugere alguns títulos de sua lista, que serão então enviados para análise.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaHzZRIdOxBS7lDxKuPg1cygFtTuTdGAoPPbyedD7sPaM7JA07EbUMKrQB0xASc808xJqQIkR-Cb8jZu3L8IcquDM9poIHVie7q62HkrKxi_xtj8PGqlBP0J9PUTbRtsuUu4ys1w/s1600/frankfurt4.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="215" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaHzZRIdOxBS7lDxKuPg1cygFtTuTdGAoPPbyedD7sPaM7JA07EbUMKrQB0xASc808xJqQIkR-Cb8jZu3L8IcquDM9poIHVie7q62HkrKxi_xtj8PGqlBP0J9PUTbRtsuUu4ys1w/s400/frankfurt4.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
Mas ora, essas listas de títulos disponíveis já são mandadas previamente, e quem faz bem seu dever de casa inclusive já seleciona os títulos que lhe parecem mais interessantes (com base numa sinopse sumária) e durante o encontro já diz o que quer ver. Tudo isso é feito por e-mail, então francamente, qual a necessidade de todo esse deslocamento?<br />
<br />
É aí que mora a arte do encontro ("apesar de haver tanto desencontro nessa vida", etc.). Porque no geral, quem trabalha no mercado de livro não foi parar ali para ficar rico. Praticamente todo mundo está ali porque gosta de ler. E naquela meia hora, a conversa pode tomar rumos maravilhosamente inesperados. Um comentário despretensioso pode gerar uma associação de ideias que leva a um negócio inusitado. Ou ainda melhor, a conversa pode migrar para o mais genérico, para o assunto "livros", independente de quem tem os direitos, e descobrem-se afinidades comuns, dicas preciosas são dadas.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicKn-6C666j92ygYyGvsHqKNSOpE8ooeRfKXPc9MkqvUXX6UxjV75jwlh811Tf0jijR4VRkpNkAw9ywtf1Owj-y0LoSn2a11gLZ0IUEopoOVnAEISLoVyXqrX7f6YmQw8McrmYVQ/s1600/frankfurt5.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicKn-6C666j92ygYyGvsHqKNSOpE8ooeRfKXPc9MkqvUXX6UxjV75jwlh811Tf0jijR4VRkpNkAw9ywtf1Owj-y0LoSn2a11gLZ0IUEopoOVnAEISLoVyXqrX7f6YmQw8McrmYVQ/s400/frankfurt5.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
Além do funcionamento nos horários comerciais, Frankfurt também se estende pela noite, com uma série de jantares e festas, algumas oficiais e já tradicionais das editoras, outras mais <i>indie</i>, com bandas formadas por profissionais do mercado e outras gracinhas. Ou seja, é uma semana exaustiva, mas muito produtiva, e é sensacional sair da rotina para entrar de corpo e alma no mundo dos livros. Ainda mais na Alemanha, um país tão bacana, onde se bebe uma cerveja de trigo inigualável.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgeFvNZCAl7_IPfxNk4Dz0VRW3vBenElWd9c_zMR5NF2chFVj-fh1Z-iJyeR3uLkPQTDF1G51nzyGJPBlhSFYeLtyJQFuKmy874GzkJrwQY8xVm2TX0wrifalxBocKnT4nNZirfwA/s1600/frankfurt6.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="299" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgeFvNZCAl7_IPfxNk4Dz0VRW3vBenElWd9c_zMR5NF2chFVj-fh1Z-iJyeR3uLkPQTDF1G51nzyGJPBlhSFYeLtyJQFuKmy874GzkJrwQY8xVm2TX0wrifalxBocKnT4nNZirfwA/s400/frankfurt6.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
Por outro lado, é bom voltar logo e tomar aquele choque de realidade, com os números ingratos do nosso mercado brasileiro (tantos títulos novos lançados por tantas editoras <i>versus</i> tão poucas livrarias). Com a prolongada crise da Europa, o Brasil continua sendo bola da vez, todo mundo quer vender para os editores brasileiros, e a maior competitividade só faz inflacionar os preços tremendamente. E se a gente se deixa levar demais pela agenda alheia, acaba por pagar muito e esquecer como as coisas funcionam por aqui -- e a notícia de que a <a href="http://www.bloomberg.com/news/2012-10-17/amazon-said-to-be-in-talks-to-acquire-brazil-s-saraiva-bookstore.html" target="_blank">Amazon pode vir a comprar a Saraiva</a> logicamente não ajuda em nada, muito ao contrário.<br />
<br />
E você, já foi a alguma feira de negócios em outro país? Tenho curiosidade para saber como funciona nas outras indústrias.<br />
<br />anna v.http://www.blogger.com/profile/08025397092420764301noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-30206802.post-81002364974324031022012-09-26T22:49:00.001-03:002012-09-26T22:49:31.516-03:00Divagações sob cera quentePor algum motivo, sempre que estou fazendo depilação me pego filosofando sobre assuntos de relevância intercontinental e planetária. Por exemplo, sempre penso o que aconteceria se, bem naquela hora em que estou com consideráveis partes do corpo cobertas de cera pelando, disparasse um alarme de incêndio ou houvesse uma tsunami na Baía de Guanabara. Sei lá, qualquer situação de pânico que exigisse uma correria do tipo run for your life. Será que a depiladora arrancaria a cera de qualquer jeito, ou eu teria que sair correndo com a cera grudada? Que droga, hein.<br />
<br />
Ou então penso que tortuosos caminhos da estética feminina e da busca pelo belo ideal nos levaram a passar cera quente milímetros acima dos olhos para ter sobrancelhas meticulosamente aparadas, modeladas e "perfeitas". Mais grave ainda: como chegamos ao ponto de ficar incomodadas se as sobrancelhas não estiverem em ordem, ou se o esmalte descascar bem no dia em que fizemos as unhas. O que aconteceu para que essas miudezas se tornassem parte relevante do nosso tão atarefado cotidiano? Fico me perguntando se essa super-atarefação não é uma fuga, se nos ocupamos demasiadamente dessas e outras questões no fundo irrelevantes para não nos defrontarmos com aquilo que realmente importa - e que não queremos confrontar.anna v.http://www.blogger.com/profile/08025397092420764301noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-30206802.post-61930873945785438032012-09-24T21:46:00.000-03:002012-09-24T21:46:32.912-03:00Cinquenta Tons de Espanto<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEielF5ksvedlnxkmObBHepuEVxlkNMks9eWG5SIsnOOm7H7C-P_fKJDJhGKt_b1LNutiUlSPfaAGoiYt_VIQ8NxPwYErlNB4K7qQVjP-rh1p4FWJlo9fSWzr0E8Qn6NcmG-FHANwQ/s1600/cinquenta_tons_de_cinza1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="186" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEielF5ksvedlnxkmObBHepuEVxlkNMks9eWG5SIsnOOm7H7C-P_fKJDJhGKt_b1LNutiUlSPfaAGoiYt_VIQ8NxPwYErlNB4K7qQVjP-rh1p4FWJlo9fSWzr0E8Qn6NcmG-FHANwQ/s400/cinquenta_tons_de_cinza1.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
A menos que você tenha chegado ontem de um planeta distante, há de saber que o mais recente megafenômeno do mercado editorial é a trilogia <i>Cinquenta Tons de Cinza</i>, da inglesa E.L. James, um romance erótico protagonizado por um homem dominador e uma mulher submissa, vendido como "pornô para mães" e autoproclamado salvador de casamentos.<br />
<br />
Antes de prosseguir, o <i>disclaimer</i>. Este assunto me assombra e provoca imensa dor-de-cotovelo, porque este projeto passou por mim, tive oportunidade de participar do leilão e declinei (porque achei uma porcaria). Ou seja, faltou-me enxergar o fenômeno, quando meu trabalho é justamente identificar e adquirir best-sellers. Haja assombração, com sei-lá-quantos milhões de livros vendidos mundo afora.<br />
<br />
Eu fico verdadeira assombrada com a proporção que estes livros tomaram. Primeiro, por ser literariamente tão ruim. A escrita é um horror; os personagens, um pesadelo; o enredo, uma abominação. Não por acaso, a história começou como <i>fan-fic</i> do Crepúsculo. (<i>Fan-fic</i> é a ficção feitas pelos fãs, quando os próprios leitores começam a escrever continuações para as séries de que gostam.) Na sua origem, a trilogia foi autopublicada, sem trabalho de editor, o que certamente quer dizer alguma coisa a respeito do papel dos editores neste mundo. Então, ok, a questão não é o texto nem a qualidade literária.<br />
<br />
E segundo, o que me causa mais espanto, por as pessoas ficarem entusiasmadas sexualmente com o que o livro traz. Por acharem o protagonista, um megaempresário milionário de 27 anos, tão incrivelmente sedutor. Por se identificarem, em proporções tão avassaladoras, com esse fetiche de algemas e chicotes - o nome correto do que existe no livro é BDSM, que qualquer um pode recorrer à Wikipedia para entender do que trata. Por acharem a protagonista feminina alguém digno de empatia ou quiçá identificação.<br />
<br />
Já li muito a respeito e conversei com várias pessoas que leram os 3 livros e gostaram, mas nenhuma conseguiu me explicar convincentemente por que gostou ou ao menos como conseguiu vencer as mais de mil páginas.<br />
<br />
Eu continuo assombrada.<br />
<br />
<br />
<br />anna v.http://www.blogger.com/profile/08025397092420764301noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-30206802.post-27144459755622252732012-09-12T21:28:00.000-03:002012-09-26T23:17:10.267-03:00Abismo de geraçõesNão sei bem como isso foi acontecer. Mas o caso é que, no trabalho, me tornei, sem perceber, a pessoa mais velha do departamento. Bom, ok, nós somos apenas 4 pessoas, mas enfim. Como dizia aquele desenho, em todos esses anos nessa indústria vital, essa é a primeira vez que isso me acontece.<br />
<br />
Essa questão da idade naturalmente não nos afeta no dia-a-dia, ela se faz presente é nos pequenos detalhes. Outro dia fiz referência a uma (para mim) clássica propaganda da American Express em que um feliz proprietário do cartão, frente a uma circunstância por certo alvissareira, dizia "Paris hoje? ... Ok!", dando a entender que com American Express essas coisas são possíveis e não precisa hesitar mais de dois segundos. Ninguém conhecia.<br />
<br />
Ontem, 11 de setembro, de novo aconteceu. De alguma forma surgiu o papo o-que-você-estava-fazendo-quando-soube-dos-atentados. A minha resposta foi: estava dançando num clube de salsa em Havana, Cuba. As respostas dos meus colegas: "Meu pai foi me buscar no colégio e me contou"; e a pior: "Estava assistindo TV Globinho quando entrou um Plantão da Globo".<br />
<br />
Ai ai.anna v.http://www.blogger.com/profile/08025397092420764301noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-30206802.post-2541560300002675222012-08-20T22:06:00.000-03:002012-08-20T22:06:27.245-03:00O samba não pode pararFoi o fim de semana mais animado, em termos de eventos, dos últimos anos.<br />
<br />
Numa performance pra <a href="http://www.sul21.com.br/blogs/miltonribeiro/" target="_blank">Milton Ribeiro</a> nenhum botar defeito, fomos a <i>quatro </i>concertos em <i>três </i>dias, no Theatro Municipal.<br />
<br />
Na quinta, comemoração de aniversário da rádio JBFM. Teve a <a href="http://www.osb.com.br/" target="_blank">Orquestra Sinfônica Brasileira</a> acompanhando Zélia Duncan, Djavan e Caetano Veloso, três músicos que admiro bastante. Mas apesar do elenco estelar, não achei o concerto brilhante. Não rolou muito entrosamento e o único que parecia estar um pouco mais à vontade, Caetano (que completou 70 anos este mês), foi surpreendido por um <i>Parabéns pra Você</i> constrangedor da orquestra, logo seguido por um coro de toda a platéia, quase morri de vergonha alheia.<br />
<br />
Na sexta juntamo-nos à horda de violonistas que acorreu ao Municipal para ver o <a href="http://www.barrueco.com/" target="_blank">Manuel Barrueco</a> tocar o <i>Concerto de Aranjuez</i> com a mesma OSB. Para quem não tem o prazer de conhecer, este é "o" concerto clássico e consagrado para violão e orquestra. Foi um bom programa, mas melhor ainda foi sair para jantar depois com G. e S., tomar uns vinhos e falar sobre assuntos de variadas gamas, desde as fofices das crianças até as malices da greve das universidades federais. Enfim, o bom e velho exercício da amizade.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/r2Xdlgii-Rc?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: xx-small;"><i>Aqui temos John Williams tocando</i> Aranjuez</span></div>
<br />
No sábado teve dose dupla. Às 16h encontramos todos os mesmos violonistas da véspera para ver o <a href="http://www.assadbrothers.com/" target="_blank">Duo Assad</a> tocando uma peça (<i>Phases</i>) do Sergio Assad com a <a href="http://www.petrobrasinfonica.com.br/" target="_blank">Orquestra Petrobras Sinfônica</a>. O regente convidado era um polonês, que abriu a noite com uma peça de seu conterrâneo Lutoslawski e encerrou com <i>Quadros de uma exposição</i> de Mussorgski. Às 20h30 fomos conhecer a <a href="http://www.filarmonica.art.br/" target="_blank">Filarmônica de Minas Gerais</a>, orquestra jovem e promissora, que tocou danças do Ginastera, o <i>Concerto para mão esquerda</i> de Ravel (e os dois concertos para piano e orquestra de Ravel estão entre as minhas peças favoritas de todo o repertório clássico) com um solista americano que eu não conhecia, Leon Fleisher, e depois do intervalo a <i>Sinfonia Fantástica</i> de Berlioz, que achei chata e infindável (55 minutos!).<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/avj8Uau1kVk?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<div style="text-align: center;">
<i><span style="font-size: xx-small;">Eis aqui uma outra interpretação do concerto para mão esquerda de Ravel, composto, se não me engano, para o pianista Paul Wittgenstein (irmão do filósofo Ludwig), que perdeu o braço direito lutando na Primeira Guerra Mundial</span></i></div>
<br />
Mas tudo isso é para contar-lhes que no sábado, entre o programa das 16h e o das 20h30, marido levou-me para conhecer o <i>Samba do Ouvidor</i>, do qual eu até então só ouvira falar. É uma tremenda roda de samba que acontece em alguns sábados (a periodicidade é incerta, ao que parece) na rua do Ouvidor, perto da Praça Quinze. Fui acometida de uma tremenda nostalgia, uma enorme saudade do tempo em que frequentávamos tantas rodas de samba por aí, sem hora para voltar, e sem ligar para o fato de ficar horas em pé tomando cerveja sem um banheiro decente por perto, achando tudo ótimo. Adorei ali aquele samba, em que vi tantas caras conhecidas -- literal e figurativamente, desde pessoas que realmente conheço até tanta gente que não sei quem é, mas cujos rostos anônimos remetem a tantos outros frequentadores de rodas de samba desde os tempos imemoriais, gente que gosta mesmo dessa música, conhece e canta junto, mesmo que não seja carnaval, nem verão, nem esteja sol nem calor.<br />
<br />
No meio de tanta sinfonia, foi aquele samba que me deu mais alegria.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/rGJN35WolzI?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />anna v.http://www.blogger.com/profile/08025397092420764301noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-30206802.post-58791684308529917252012-08-18T12:30:00.000-03:002012-08-19T14:10:19.169-03:00St. Patrick's<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkbHUe27GaHisw70Ax6bCQwDi0876SeuSftetpnNdyn3-TqeVuneMnKDtWDW1SzBlcsr_tpuLSB0YIs9iQmhAwcPj90EEN5iyErh7hRjDs0KmoiJ6ritYGpZmOha9-GkNKulumHg/s1600/St+Patricks.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkbHUe27GaHisw70Ax6bCQwDi0876SeuSftetpnNdyn3-TqeVuneMnKDtWDW1SzBlcsr_tpuLSB0YIs9iQmhAwcPj90EEN5iyErh7hRjDs0KmoiJ6ritYGpZmOha9-GkNKulumHg/s320/St+Patricks.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
Não pude evitar a tristeza com a notícia do fechamento do Colégio St Patrick's do Leblon, onde estudei dos 6 aos 13 anos. Tenho ótimas lembranças de lá: aprender frações com barras de chocolate, campeonato de tabuada, jogo de queimado no recreio, aulas de flauta doce e de teatro. Foi lá minha primeira e única experiência de sair na porrada (rolando pelos corredores), com uma colega de sala, por causa de um jogo numa das olimpíadas do colégio. Lembro muito da professora de inglês, inesquecível Teacher Teresinha, com quem devo ter convivido por sete anos ininterruptos, pois que ela dava aula para todas as séries. Não me lembro de gostar particularmente dela, mas hoje sou-lhe imensamente grata, porque no St Patrick's, por ser um colégio irlandês (a dona, Miss Maureen, era irlandesa legítima, falava com aquele sotaque de quem chegou ontem ao Brasil), tinha um ensino de inglês reforçadíssimo: cinco aulas por semana, desde a primeira série. Com isso nunca precisei frequentar cursos de inglês, e o que aprendi lá é a base do inglês que falo. (Até hoje, sempre que algum anglófono me pergunta onde aprendi a falar inglês tão bem, encho a boca para dizer: St Patrick's School.) E claro, a professora de música, Maria José, já então uma senhorinha, que na época eu achava que tinha cem anos, e que nos fazia cantar maracatus, cantos folclóricos, e Villa-Lobos. Um professor de Geografia na quinta série, que me apresentou ao conceito de divisão entre países capitalistas e socialistas (era 1987 e isso existia). Acho que esse professor se chamava Pedro Paulo, e um dia ele levou uma vitrola para a sala de aula e nos pôs a ouvir "Índios" do Legião Urbana, e colocou um cocar na cabeça (!). E foi ainda esse sujeito que me ensinou o que eram "corporações multinacionais" quando passou um trabalho em que precisávamos colar numa cartolina embalagens de produtos de multinacionais, como Nestlé e Coca-cola. Fiquei tão impressionada.<br />
<br />
Foi lá também que, em 1988, todos os alunos foram convocados para a sala da televisão para assistir ao Aurélio Miguel recebendo a medalha de ouro na Olimpíada de Seul.<br />
<br />
E naturalmente, foi nesse colégio que fiz meus primeiros amigos (e primeiros desafetos), que percebi que as pessoas se dividem em grupinhos, que valoriza-se quem é bonito, que tem gente mais rica que outros, que aprendi sobre lealdade e traição.<br />
<br />
Desde que mudei de escola, nunca mais voltei a entrar naquela casa verde do Leblon. Mesmo assim, lembro do Colégio St Patrick's pelo menos uma vez por ano, no dia 17 de março. É o dia de São Patrício, o padroeiro da Irlanda e da escola. E nesse dia, eu sempre procuro vestir uma peça de roupa verde, como manda a tradição.<br />
<br />
<i>Hoorray, Hoorray, Hoorray, It's Saint Patrick's Day!</i>anna v.http://www.blogger.com/profile/08025397092420764301noreply@blogger.com158