27.2.08

A canção infantil em debate (III)

Uma breve análise sobre o cancioneiro que embala nossas crianças

Estudo de caso: Pai Francisco entrou na roda

Pai Francisco entrou na roda
Tocando seu violão
Tá-ram-ram-tam-tão
E vem de lá seu delegado
Pai Francisco foi pra prisão

Como ele vem
Todo requebrado
Parece um boneco
Desengonçado

Um retrato da intolerância institucional e da violência policial em nosso país transmitida, sem censuras, às crianças.
Para começar, o personagem é "Pai" Francisco. É razoável, portanto, imaginar que se trata de um pai-de-santo, afinal, não sei de muitos outros casos em que as pessoas chamem as outras de "Pai" fulano. Depois, a única ação de Pai Francisco de que temos notícia é que ele entrou na roda tocando seu violão. E nada mais fez Pai Francisco para despertar a ira do delegado que, sem outro motivo, meteu-lhe na prisão. Foi porque ele era "Pai"? Porque ele tocava violão? Um caso clássico da associação do violão (e da música popular) com a vadiagem, a malandragem e, em última instância, o crime. Sim, senhores, o crime de Pai Francisco foi tocar seu violão! Tá-ram-ram-tam-tão!
Passemos à segunda estrofe, quando o ritmo da música se altera, ficando mais agitado. Nesse momento, Pai Francisco volta da prisão, e para nosso mudo espanto, volta todo requebrado, como um "boneco desengonçado". Pai Francisco apanhou, e muito, na prisão! Teve seus ossos quebrados, múltiplas fraturas, escoriações, e nós estamos cantando e dançando essa ode à violência aos nossos filhos!

Basta de clamares inocência, Free Pai Francisco Now!

O pai de Mathilde também toca violão para ela. Felizmente, até o momento, ainda não foi preso por causa disso.

30 comentários:

  1. Em tempos de Tropa de Elite, temos que ensinar às nossas crianças as questões da violência através de obras de arte neutras e imparciais sobre o assunto, como esta canção e o filme já citado.

    Ora, nós não as fazemos acreditar em curupira, duendes e Papai Noel? Por que não podemos falar da imparcialidade dessa obra prima da nossa cultura?

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    1. Atribuir a canção aos governos militares e uma dupla ignorancia criminosa.Eu tenho 79 anos e brinquei de roda inclusive cantavamos esta canção.Isto foi nos anos 40 quando eu tinha 4 5 6 7 8 9 anos.Portanto o questionamento não procede apenas revela uma ideia tendenciosa criminosa propria da esquerda e total desconhecimento da historia do país.Em 1964 inicio do periodo militar que terminou em 1985, tempo em que a segurança era primorosa havia liberdade segurança trabalho e outros beneficios para a população com garantias ilimitadas.Desse modo aconselho se informar com quem viveu plenamente o periodo.Tempo que faz falta a quem conheceu plenamente o estado de direito.Somente os comunistas guerrilheiros e baderneiros foram exemplarmente combatidos.A violencia, os roubos, os astronomicos desvios do dinheiro publico, propina? e o trafico de drogas NAO EXISTIAM DE MODO NENHUM.Portanto converse com as pessoas do bem que viveram no periodo que as informações retratam o que REALMENTE ACONTECEU sem tendenciosidade nem MENTIRAS.

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    2. Tá bom, senta lá Cláudia!
      Vai viver seu mundo maravilhoso da ditadura militar. Onde tudo é bom e lindo, pensamento raso e burro.

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  2. Chorei de rir,mas,pensando bem e prestando atenção,você está coberta de razão.Essa foto ficou uma graça;ela parece ter colocado a cabecinha de lado pra escutar melhor.

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  3. Ótima análise. Vou continuar acompanhando ...
    Ela está super à vontade no sofá e com os bracinhos para cima que, segundo a minha avó, quer dizer que a criança é feliz e saudável.
    Coisas de vó. =)

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  4. Do "tam-ram-ram-tam-tão" do inocente Pai Francisco, migramos para o "Ra-pá-pá-pá-pá" do Rap das Armas. Que de inocente não tem nada. A Mathilda está linda, Anna.

    Bjs,

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  5. Eu sempre pensei que Pai Francisco estava bêbado, daí o boneco desengonçado! :) No mais, vc disse tudo que sempre pensei sobre a cantiga! Estou adorando o blog, parabéns!

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  6. Sua análise é interessante e poderia fazer sentido, porém o verdadeiro motivo do pai Francisco ter sido preso é porque ele tem nariz. Veja o desenho e observe, ele é o único ser com nariz,o que deve ser proibido daí o mesmo foi preso..... coitado!!

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  7. Esse "requebrado" não seria o que é um "adj.
    masc. sing. part. pass. de requebrar"?

    "adj. Que tem requebros no gesto ou na voz; amoroso, lânguido."

    "Em um programa de televisão local, Paddy mostrou o requebrado que lhe valeu o recorde. Veja: Folha de São Paulo, 20/02/2011"

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  8. A sua análise faz muito sentido! A anos eu procuro um sentido para essa música realmente eu nunca gostei que meu filho ouvisse essas "músicas folclóricas" sem sentido! Muito grata por esclarecer pra mim isso! Linda essa bebê e parabéns pelo blog!

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  9. Leaim o poema inteiro. A música é apenas uma versão reduzida... http://licalia.blogspot.com.br/2012/04/verdadeira-historia-de-pai-francisco.html

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  10. Gente! Pai Francisco é um personagem da Lenda de Bumba meu boi que fala sobre conflito social. A cantiga é nada mais do que um brevíssimo resumo de parte da lenda! E preciso pesquisar antes de julgar. Fica a dica!

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  11. Eu concordo com Iriarte Cia Teatral. E digo mais, no mínimo tal cantiga, assim como letras de Chico Buarque, pode ser um meio de estimular crítica e discussão com seu/sua pequeno/a. Não devemos concluir que, por ouvir tais cantigas, nossas crianças passivamente aceitarão sua discriminação e intolerância - para evitar isso, nós pais, existimos.

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  12. Para você como são as coisas! Tive um insite agora a pouco a partir de um pensamento. .de uma outra canção de "ninar" postada no face por uma irmã ( capelinha de melão wue é de São João. ..lembram?) Que me veio a memória sabe lá Deus porquê. .e daí que em seguida...me veio essa outra na mente ( pai Francisco) que mentalmente também me jogou para uma situação imaginária onde radialistas de fm perguntariam para os ouvites afinal que seria esse pai francisco dessa canção. ..e particularmente fiquei a me questionar. ...se não seria um pai de santo. Aí vim pesquisar na Internet. ..Adoreiiiiiiiiii!!!!

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  13. Penso que ele era um pedofolo O.o

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  14. Esse Pai Francisco Não É Nada Mais Nada Menos Do Que O Zé Pelintra . Pesquisem E Vejam As Fotos Como Tem Semelhanças .
    ( Esse Ze Pelintra é Um Espírito Ou Entidade , E A Baratinha Que Aparece No Vídeo Como Se Fosse O Pai Francisco , A Roupa É Exatamente Igual A Desse Tal De Zé ...

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  15. Minha mãe diz que ouvia esta cantiga desde menina e so agora o povo que se diz cristãos estão procurando diabos onde não existe. Isso é que chamo de invocar o mal. O mundo tem outros absurdos para reivindicar e fica se prendendo com fatos improváveis.

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  16. Boa noite! Trabalho com crianças, e escuto esta musica... Fico ali ouvindo varias vezes para tentar entender... Em um dvd "Os Pequerruchos", onde ha varias musicas infantis esta musica do pai francisco tem a sonoplatia semelhante a de atabaques, pode ser coisa da minha cabeça, mas tambem tenho a mesma impressão de que pai foi um "pai de santo", estava em uma roda, fazendo algum tipo de trabalho com outras pessoas, em tempos em que haviam tolerancias culturais assim como a capoeira... Só não entendo bem a parte do "requebrado", na qual não entendo se ele esta MACHUCADO ou INCORPORADO.... Por favor , quem ler este comenterio pode entrar em contato comigo, por e-mail... Tudo oque escrevi não é uma critica sobre a musica, é apenas uma uma curiosidade sobre, acho interessante querer saber de onde vem, afinal, tudo tem uma historia e é baseado em algo... Repito, gostaria de receber contatos de você's para conversarmos mais a respeito, acho muito interessante este tema... A todos, uma otima noite, parabens ao blog. Caiophyllip@gmail.com

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  17. Cantam por aí que:
    "Pai Francisco entrou na roda
    Tocando seu violão
    De lá vem seu delegado
    E Pai Francisco foi pra prisão
    Como ele vem todo requebrado,
    parece um boneco desengonçado"

    Mas não foi bem assim que a coisa toda aconteceu. A bem da sinceridade...
    Pisou no terreiro, todo faceiro
    depois de tomar banho de cheiro
    Nego Chico, o tocador do lugar
    os dedos ágeis a correr
    nas rijas cordas do violão
    e era lindo de ver como ele trazia
    o corpo elástico em frenético bailar
    e do dedilhar fazia surgir
    vibrantes fagulhas que iam cair certeiras
    em femininos corações

    Seu som que era mágico
    tirou as mocinhas
    dos seus costumeiros bordados
    diariamente criados
    e as atraiu para o terreiro iluminado
    por estrelas do céu cravejado
    e as atraiu para o Chico
    o tocador encantado

    A zelosa cozinheira largou o mugunzá
    lá se foi muito ligeira com o Chico dançar
    a costureira deixou seus tecidos
    esqueceu a máquina, esqueceu a linha
    e da porta de casa, com os olhos a acompanhar
    a festa que o Chico dera início, ao luar

    Da costumeira janela
    a velha comadre
    deixou de ser sentinela
    passou batom
    ajeitou os cabelos
    e foi requebrar sem mais rodeios

    O cheiroso jantar
    Que Ana estava a preparar
    ficou, dali em diante esquecido no fogão
    Ana foi para o quarto
    foi trocar o vestidão
    por um outro colorido,
    por um outro mais rodado
    e ousadamente decotado.
    E assim, toda bonita
    foi ao grupo se juntar

    Inté vó Dida
    sempre, sempre tão calada
    o cachimbo a pitar
    não teve como fugir
    dos sons que a estavam a seduzir
    e se lembrou dos tempos de mocinha
    em que dançava umbigada

    de suas cadeiras
    os antigos passos da dança há muitos esquecidos
    ela fez ressurgir
    e tudo era ginga
    e tudo era quizomba.

    E todas formaram
    uma roda animada
    em torno do Chico
    que alegre bailava.
    Ele se contorcia
    ele rodopiava
    teve vez que saltava
    teve vez que encolhia
    sobre o corpo encurvado
    só pra depois se abrir feito sol iluminado
    os braços estendidos
    o canto maneiro
    a chamar para girar
    os leves vestidos
    as saias em flor
    pés descalços no chão


    Os homens indignados
    de vergonha avermelhados
    foram tirar as mulheres
    da dança despropositada
    mas se viram em aperto
    recuaram avexados
    pois não houve quem não fosse pelas mulheres ignorado

    E deste modo, espantados
    sentiram tolhido
    o poder que há muito
    sobre elas exerciam
    correram ao delegado
    pedindo providência
    era grave a situação, pois que o moço encantado
    despertava as mulheres, acendia paixões

    O seu delegado não deu importância
    "Que é que tem se as mulheres
    ensaiem suas danças?"
    foi dar uma espiada
    assim sem vontade
    mas chegando no terreiro
    viu Chico pura labareda
    que as mulheres enlouquecia
    com o seu violão a tocar
    e quase que cai de costas
    o pobre do seu delegado
    pois sua esposa, antes beata
    agora qual cigana bailava
    rosa vermelha entre os lábios
    o pano da saia
    seguro pelas mãos
    na altura da cintura
    as pernas a mostrar
    todo mundo que quisesse via...

    Ninguém imaginava que a respeitável senhora
    era capaz de sacudir
    os quadris daquele jeito
    ela era toda alegria
    as palmas das outras acendia...

    E foi assim que Pai Francisco
    Foi parar na prisão
    o seu crime? despertar
    as mulheres do sertão...

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  18. Cantam por aí que:
    "Pai Francisco entrou na roda
    Tocando seu violão
    De lá vem seu delegado
    E Pai Francisco foi pra prisão
    Como ele vem todo requebrado,
    parece um boneco desengonçado"

    Mas não foi bem assim que a coisa toda aconteceu. A bem da sinceridade...
    Pisou no terreiro, todo faceiro
    depois de tomar banho de cheiro
    Nego Chico, o tocador do lugar
    os dedos ágeis a correr
    nas rijas cordas do violão
    e era lindo de ver como ele trazia
    o corpo elástico em frenético bailar
    e do dedilhar fazia surgir
    vibrantes fagulhas que iam cair certeiras
    em femininos corações

    Seu som que era mágico
    tirou as mocinhas
    dos seus costumeiros bordados
    diariamente criados
    e as atraiu para o terreiro iluminado
    por estrelas do céu cravejado
    e as atraiu para o Chico
    o tocador encantado

    A zelosa cozinheira largou o mugunzá
    lá se foi muito ligeira com o Chico dançar
    a costureira deixou seus tecidos
    esqueceu a máquina, esqueceu a linha
    e da porta de casa, com os olhos a acompanhar
    a festa que o Chico dera início, ao luar

    Da costumeira janela
    a velha comadre
    deixou de ser sentinela
    passou batom
    ajeitou os cabelos
    e foi requebrar sem mais rodeios

    O cheiroso jantar
    Que Ana estava a preparar
    ficou, dali em diante esquecido no fogão
    Ana foi para o quarto
    foi trocar o vestidão
    por um outro colorido,
    por um outro mais rodado
    e ousadamente decotado.
    E assim, toda bonita
    foi ao grupo se juntar

    Inté vó Dida
    sempre, sempre tão calada
    o cachimbo a pitar
    não teve como fugir
    dos sons que a estavam a seduzir
    e se lembrou dos tempos de mocinha
    em que dançava umbigada

    de suas cadeiras
    os antigos passos da dança há muitos esquecidos
    ela fez ressurgir
    e tudo era ginga
    e tudo era quizomba.

    E todas formaram
    uma roda animada
    em torno do Chico
    que alegre bailava.
    Ele se contorcia
    ele rodopiava
    teve vez que saltava
    teve vez que encolhia
    sobre o corpo encurvado
    só pra depois se abrir feito sol iluminado
    os braços estendidos
    o canto maneiro
    a chamar para girar
    os leves vestidos
    as saias em flor
    pés descalços no chão


    Os homens indignados
    de vergonha avermelhados
    foram tirar as mulheres
    da dança despropositada
    mas se viram em aperto
    recuaram avexados
    pois não houve quem não fosse pelas mulheres ignorado

    E deste modo, espantados
    sentiram tolhido
    o poder que há muito
    sobre elas exerciam
    correram ao delegado
    pedindo providência
    era grave a situação, pois que o moço encantado
    despertava as mulheres, acendia paixões

    O seu delegado não deu importância
    "Que é que tem se as mulheres
    ensaiem suas danças?"
    foi dar uma espiada
    assim sem vontade
    mas chegando no terreiro
    viu Chico pura labareda
    que as mulheres enlouquecia
    com o seu violão a tocar
    e quase que cai de costas
    o pobre do seu delegado
    pois sua esposa, antes beata
    agora qual cigana bailava
    rosa vermelha entre os lábios
    o pano da saia
    seguro pelas mãos
    na altura da cintura
    as pernas a mostrar
    todo mundo que quisesse via...

    Ninguém imaginava que a respeitável senhora
    era capaz de sacudir
    os quadris daquele jeito
    ela era toda alegria
    as palmas das outras acendia...

    E foi assim que Pai Francisco
    Foi parar na prisão
    o seu crime? despertar
    as mulheres do sertão...

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  19. É comum vermos pessoas postando coisas que n conhecem e outras a comentar sabendo menos ainda ...
    Esta historia da musica vem de um poema onde pai francisco em seu terreiro meio que enfeitisava as mulheres de um viarejo ao tocar seu violao , onde o delegado o prendeu por tal ato , procurem por : a verdadeira historia de pai francisco ...
    Sem mais ,
    Abraços ...

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  20. Respostas
    1. Agora todo mundo ê esquerdista.

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    2. Maluco do kct, deve ser velho bolsonarista burro

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  21. Um material legal sobre esta cantiga está no livro " Sete cordéis para sete cantigas"
    O novo livro de Cris Gouveia apresenta histórias escritas em formato de cordel, inspiradas em cantigas tradicionais. Quer saber por que o cravo brigou com a rosa debaixo de uma sacada? Ou por que o sapo não lava o pé? Então mergulhe nestes cordéis e descubra! Livro contemplado pelo Edital PROAC 2019 de Literatura Infantil.

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  22. Luviana Mendes8/8/21 11:18

    Eu entendo a canção de outro modo. Como se o "Pai Fco" quisesse importunar as crianças.

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  23. Pra mim o pai Francisco da galinha pitadinha era um pedófilo, por isso ele foi preso. Rsrsr

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