Como vocês sabem, aproveitei minhas duas semanas de férias para fazer coisas excitantes, como ir ao dentista e fazer a vistoria do carro. No caso, a vistoria de transferência de propriedade, já que compramos o carro que era da minha mãe. Agendei em maio a vistoria em agosto. E no dia e hora marcados, fui para o posto no Catete munida de um arsenal de meditações zen e coisas para fazer, ler e a determinação de não me aborrecer.
A vistoria em si é rápida e acontece inclusive na hora marcada, o que demora é a emissão do novo documento. Como as pessoas estavam ali esperando havia horas (literalmente) sentadas numas cadeiras desconfortáveis, em um local praticamente ao ar livre (que não gosto nem de pensar como será no verão), resolvi dar uma volta pelo Largo do Machado, que sempre tem coisas interessantes para se ver (ou pelo menos mais interessantes do que o posto do Detran), e além do mais precisava apanhar uma radiografia periapical completa (ui!) numa clínica dentária, para a consulta odontológica do dia seguinte.
Quando voltei, munida de água mineral gelada sabor limão e o último número da Piauí (o da queda do Jobim), já tinham gritado meu nome (sim, os funcionários ficam dentro de uns trailers com janelinhas deslizantes, e de quando em quando gritam o nome da pessoa em questão, um luxo só). Então fui até a janelinha, me identifiquei e apresentei todos os meus documentos. A mocinha que me atendeu era nova (incrível como sempre pego os novatos nessas situações), e ficou tirando dúvidas com a funcionária veterana ao lado. Depois de alguns percalços e digitações erradas, finalmente saiu o documento em meu nome. Mas com o ano de 2010.
-- Vem cá, meu bem, por que está escrito 2010 aqui?
-- Porque falta pagar o IPVA.
-- Eu sei, não pude pagar antes porque a antiga proprietária (minha mãe) é isenta de IPVA. Posso pagar aqui agora?
-- Não. A senhora tem que pagar e então agendar a vistoria anual?
-- Como assim? Eu acabei de fazer a vistoria anual há... 1 hora atrás.
-- Pois é.
-- Não posso apena pagar o IPVA? Tenho que fazer nova vistoria?
-- (risinho amarelo)
Cumpri à risca minha determinação de não me aborrecer. Até poderia tentar ligar para o Detran e explicar o absurdo da situação, na esperança de não precisar fazer essa surreal segunda vistoria, apenas pagar o IPVA devido (o que até já fizemos). Mas sinceramente, qual a minha chance de sucesso?
O curioso é que, enquanto esperava a emissão do documento, observei que alguns funcionários do Detran usam uma camiseta institucional, sobre emplacamento, onde se lê: Detran-RJ - Emplacando Vidas. Só que o "Emplacando" é escrito em letra bastão, e o "Vidas" vem na linha de baixo, em letra cursiva meio na diagonal, e o traço do V passa bem por cima do "L" do "Emplacando". O que muito me lembrou a teoria freudiana sobre as motivações psicanalíticas dos atos falhos.
Um comentário:
Manda esse post pra Ouvidoria do Detran,anna,já está escrito, está ótimo e quem sabe adianta alguma coisa,
bjo, clara
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