La Femme Enceinte, Patrick Ciranna
Passamos do sétimo mês.
Não sei se é assim com todas, mas não me sinto mãe, ainda. Sinto-me grávida, o que é diferente. A gravidez fica no registro do provisório, enquanto a maternidade se inscreve sob o signo da permanência. Não à toa, ninguém é grávida ou está mãe; é sempre o contrário. Mas o estar grávida é sem dúvida um momento especial. A convivência privilegiada que temos com essa outra pessoa durante os meses da gestação é muito marcante. O mudo espanto diante do fato de verificar que meu corpo comporta um outro corpo humano, esse eu acho que não vai passar nunca. Mas como tenho que seguir vivendo apesar desse surrealismo mais-velho-que-a-terra, aproveito para explorar a intimidade entre os corpos, o meu e o dela. E entre as almas também. Não existe, de fato, intimidade maior do que essa. Mathilde e eu estamos juntas o tempo inteiro, 24/7. Conversamos, nos tocamos mutuamente, interagimos. Nem um segundo de separação. O que ajuda a entender por que o parto é um trauma tão profundo, e não somente para quem está nascendo. A intimidade é muito gostosa, acaba por criar esse vínculo afetivo ancestral sem paralelo nas demais relações humanas. E para não deixar dúvidas, carregamos no umbigo esse vínculo pelo resto da vida ("o umbigo, a marca indelével de nossa antiga conexão com a mãe" -- dá-lhe, Sigmund!). Por isso tudo não tenho, até agora, pressa para passar à próxima fase deste jogo. A próxima fase vai chegar, de qualquer jeito, e vai durar para sempre. Esta fase agora, eu não sei se nem quando vai voltar.
Voltando ao mundo real, a infecção urinária sumiu, e eu continuo me sentindo muito bem, fazendo todas as ginásticas. Mathilde está ótima. Até meu peso está ok, a despeito dos litros de sorvete que tomei neste último mês. (As voltas que o mundo dá: mês passado recebi efusivos parabéns por ter engordado apenas 900g em 30 dias. Este mês o ganho de 1,2kg também foi considerado bom. Entenderam? Viu, Carrie? 2,1kg a mais em 60 dias, e isto é bom. O mundo das grávidas é um universo totalmente paralelo.)
De umas semanas para cá parece que Mathilde tomou Biotônico Fontoura ou algo assim. Passou a se mexer com muito mais força. Deve estar crescendo muito -- a outra opção é eu carregar no ventre uma matricida em potencial.
De umas semanas para cá parece que Mathilde tomou Biotônico Fontoura ou algo assim. Passou a se mexer com muito mais força. Deve estar crescendo muito -- a outra opção é eu carregar no ventre uma matricida em potencial.
O quarto dela começa a acontecer. Passou de escritório a depósito de tralhas, mas tenho fé de que vai ficar muito bom.
Abaixo, a decoração da parede, feita especialmente para ela.
13 comentários:
Lindo post!
Mas te digo que o trauma do parto é rapidamente assimilado. O que vem depois é tão mais intenso, tão forte e tão bom, que supera a gravidez facilmente. Por incrível que pareça, a ligação com a criança eu acho que fica até mais forte, porque a gente sente que é uma via de mão dupla... tipo amamentar enquando a criança faz carinho na gente, sabe? Não sei se consegui me explicar meu ponto.
Lindo post e linda decoração!!!
O quartinho vai ficar fofo!
Lindo post.
Puxa, eu que nunca engravidei fiquei quase sentindo o que você narra, você foi muito verdadeira e sensível e delicada, e escreve muito bem, com humor etc, etc.
O quarto vai ficar lindo e a Mathilde será muito feliz, com certeza. Que os bons deuses os protejam sempre.
um abraço,
clara lopez
Mathilde já está praticamente pronta;agora é só amadurecer(pulmões principalmente)e crescer.Esse post seu está um primor,lindo,lindo.e a decoração do quarto é uma graça.Um graaande abraço.
anna, teu marido tá em mz? onde, maputo? me conte! e beijo grande procê e pra essa menininha tão bem vinda :)
Que postagem linda e sensível! Li e reli algumas vezes.
A gravidez fica no registro do provisório, enquanto a maternidade se inscreve sob o signo da permanência. Não à toa, ninguém é grávida ou está mãe; é sempre o contrário.
Não teria dito melhor.
Agorinha mesmo, em um momento emotivo, pensava na força do elo entre mãe e filho e no quanto eu ainda dependo desse elo (silêncio).
A decoração é de uma delicadeza ... muito bom gosto.
Que lindinha a decoração! Amei!
Delícia esta coisa linda de carregar outro ser humano. Vou mandar seu post para minha irmã que está gravidíssima também.
um beijo.
Lindo, lindo, lindo texto!!!
Penso que neste momento eu deveria estar pensando em Minha Querida e nosso bebê em seu (dela - rs...)ventre. Mas me peguei pensando na minha Querida Mãe.
Eita, que chique, todos os comentários contendo a palavra "lindo"...
Angélica, conseguiu sim, e imagino que você tenha razão. Mas essa preparação da gravidez vem bem a calhar.
Liliane, também adorei! Minha prima artista é um talento!
Marcus, foi simples mas foi de coração, viu? ;-)
Anunciação, é, ela agora está no período da engorda. E como!
Kellen, sim, ele foi pra Maputo, mas super rápido, 2 dias só, já está de volta.
Isabella, no fundo a gente nunca se liberta totalmente desse elo. E isso até que pode ser bom.
Alena, é muito louco mesmo. Beijos para sua irmã.
Camilo, eu também pensei (e penso cada vez mais) muito na minha mãe enquanto escrevia...
Clara, que bom que deu para transmitir algo desse momento tão único. Obrigada pelas suas palavras.
Vou repetir o óbvio: lindo. Muito lindo. Singelo. Eu tenho muito medo e vontade de engravidar. Assim, ao mesmo tempo os dois e na mesma intensidade. Acho q vc resumiu bem o parto. Claro q deve ser traumático no sentido de q vc se separa de alguém com quem compartilhou 9 meses de uma maneira q ninguém mais vai compartilhar - a não ser outro filho. Mas as pessoas ficam endeusando o parto. Q tb deve ter a sua beleza, mas tb tem a sua dor - literal e metaforicamente.
Acho que Mathilde vai nascer junto com Marco Antônio, filho de Primo Poeta - lá pelo Natal?
Desejo toda a sorte de mundo para vc e seu bebê.
Bjs
Não poderia ter escrito melhor, anna. Post perfeito.
Muito Biotônico (hahaha!) por aqui também.
E eu adorei a decoração da parede, vai ficar lindo esse quartinho!
Carrie, dá medo mesmo. Tenha medo! Mas a curiosidade é maior que o medo. Isso de endeusar o parto deve ser coisa de maluco. Eu pelo menos tenho pânico, mesmo.
Cam, tenho muita fé que vai ficar lindinho o quarto, porque por enquanto está um caos. Tive meus dias de Gravidzilla por aqui também...
Postar um comentário