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Paul no Maraca, 1990: eu fui |
Em 1990, eu tinha 13 anos e fui ao show do Paul McCartney no Maracanã. Fui com a minha prima M., que é 20 anos mais velha do que eu e se ofereceu para me levar, junto do grupo de amigos dela. Fiquei ao mesmo tempo grata e fascinada, porque claramente ela estava me tratando como uma verdadeira adulta, ao me levar para aquele programa, com pessoas que eram todas 20 anos mais velhas do que eu, e todo mundo me tratando de igual pra igual (pensando bem, ela tinha, na época, a idade que eu tenho hoje). Eu me senti o máximo, e amei aquela experiência de ouvir
Hey Jude e
Fool on the Hill ao vivo, com alguns milhares de pessoas cantando no coro. Aquela época talvez tenha sido o auge da minha beatlemania, que tem até hoje ótimas reverberações.
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A-ha na Apoteose, 1989: eu fui |
Não foi o meu primeiro mega show. Pouco antes (1989) eu tinha ido à Praça da Apoteose assistir ao A-ha, então no ápice da popularidade no Brasil (
Stay ooooon this roooooad). Nesse mesmo ano ou no seguinte, não lembro bem, fui também ver o Oingo Boingo (quem não se lembra?
Go, don't you go, Stay with me one more daaay) no estádio do Flamengo na Gávea, um local meio bizarro para esse tipo de evento.
Ainda em 1990 assisti a um histórico show do Legião Urbana no Jóquei, justo no dia da morte do Cazuza, o que causou grande comoção. Minhas lembranças são esparsas, mas muito boas.
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Legião no Jockey, 1990: eu fui |
Em 1991 fui a pelo menos dois dias do Rock in Rio 2, que eram os dois dias do Guns N Roses. Lembro que um dos dias era mais "pop", com Faith No More (de quem, aliás, fui a outro show, sei lá em que ano, no Maracanãzinho) e, acho, Titãs, e o outro dia era o "dia do metal", com Sepultura, Megadeth e Judas Priest - este último, bem me recordo, foi um suplício, porque era o penúltimo show, foi longuíssimo, e foi um saco, todo mundo já exausto, com fome e sede, sentado no chão, e no palco aqueles metaleiros velhos acorrentados, gritando qualquer coisa por cima de uma bateria enlouquecida. Enfim, heavy metal. Neste dia teve o famoso show em que o Lobão foi vaiadíssimo, porque entrou com a bateria da Mangueira num show logo depois do Sepultura. (Faltou briefing, eu diria.)
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Guns N' Roses no Rock in Rio 2, 1991: eu fui |
Fui a uma porção de Hollywood Rocks nos anos 1990. Vi de novo Faith No More, vi Red Hot Chilli Pepers - mais de uma vez. Vi Bon Jovi, que eu adorava, Skid Row, Living Colour, Paralamas do Sucesso. Assisti ao auge do grunge, tendo Nirvana como grande nome da noite, antecedido por Alice in Chains (até comprei um CD dessa banda, meu deus!), L7, Poison e sei lá mais quem.
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Nirvana no Hollywood Rock, 1993: eu fui |
Em janeiro de 2001 eu trabalhava num site de música, e fui vários dias ao Rock in Rio 3, para escrever matérias. Foi a primeira e única vez que vi um show de Cássia Eller, que foi muito melhor do que eu jamais esperara. (Foi também, graças a deus, a primeira e única vez que vi um show do Supla, espero que para sempre.) Vi o show do REM, que foi incrível. E, talvez retribuindo ao que minha prima fez comigo em 1990, levei minha prima C., que é mais jovem do que eu e mora em Assunção, Paraguai, para assistir ao Red Hot Chili Peppers numa das noites em que eu só precisava cobrir os shows nacionais, portanto poderia ter voltado para casa às 22h, e não às 4h. De ônibus.
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Cássia Eller no Rock in Rio 3, 2001: eu fui |
Todo esse nariz-de-cera é pra esclarecer que já fui a muito mega-show em minha vida. Já passei muitas horas em filas, já enfrentei muito empurra-empurra, já passei fome, sede, frio e vontade de fazer xixi em condições desfavoráveis. Já cantei a plenos pulmões, acendi isqueiros que não tinha só pra compor o clima da música lenta, já subi no ombro de amigos para poder ver melhor e fui devidamente xingada por quem estava atrás (com toda razão, diga-se de passagem). Já peguei chuva, já tive que voltar andando por muitos e muitos quilômetros até encontrar algum tipo de transporte na madrugada, já tive que correr de confusão, já me perdi dos amigos no meio da multidão. E tudo sempre valeu a pena. Sempre eu chegava em casa muito feliz.
Acredito que seja em virtude de toda essa, digamos, quilometragem, que eu não me imagino mais indo a nenhum show desse tipo, na vida. Simplesmente não cogito mais a hipótese de, pra começo de conversa, assistir a um show em pé. Não dá. Não consigo imaginar nenhum artista que me faça passar de novo por essa situação.
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Queen no Rock in Rio 1, 1985: ok, a este eu não fui |
Não sei em que momento exato se deu essa transformação, de frequentadora habitual e não-cogitante. Achei que era, sei lá, uma coisa da idade. Afinal, né. Não estamos ficando exatamente mais jovens, filhos, etc., aquela situação ladeira-abaixo que todos conhecemos. Mas não. Não só metade dos meus amigos foi ao show do Paul McCartney hoje (a outra metade foi ao show dele ano passado em SP) como todos reagem com certo espanto quando eu falo, como se fosse um fato dado, que ir a show em pé não dá mais etc. (E nesse etc. entra o fato de cada ingresso custar uns 800 reais, ordem de grandeza que eu não me lembro de corresponder à realidade nos meus tempos de Hollywood Rocks da vida.) Talvez tenha sido uma certa mudança nas minha preferências musicais - ou, mais ainda, na forma como eu escuto música. O evento não me fascina mais, a energia da multidão, que me era tão cara, hoje me dia me parece exaustiva. Mas acima de tudo, não posso mais ir ao show de música para não ouvir a música direito. Parece simples, mas não é.
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Paul no Engenhão, 2011: nem pensar |
Seja como for. Espero que todos que tenham ido ao show hoje no Engenhão (no Engenhão!) ou que vão no show extra de amanhã se divirtam tanto quanto eu me divertia nessas priscas eras. Enquanto isso, vou ver o que restou da temporada de concertos no Teatro Municipal (hehe, mentira, nem orquestra tem mais nesta cidade...).
10 comentários:
Uau, vc foi a vários shows legais. Adorei o texto, vc falou sobre bandas que marcaram certas épocas da minha vida, como A-ha e Oingo Boingo (acho que essa música que vc cita tocou em alguma novela). Assisti a alguns shows do Rock in Rio 2, na (TV da) praia, lembro que estava de férias :D.
Já tive fase de ir a muitos shows, gosto muito do som ao vivo (mas detesto multidão, passo meio mal). Agora passei da fase e da idade. Me contento em assistir de casa, se for o caso.
O show de hj parece que foi muito bom; vi um pedaço pela internet.
Priscas eras...
Voce é mesmo impagável... Sinto um pouco como vc...Aqui tenho amigos se refestelando em shows de Pearl Jam e U2, e sério eu não animo mais ir embora ame muito. Talvez eu animasse se fosse Morrissey, talvez...
Minha paixão pela música ao vivo continua intacta, e eu não sinto desconforto nenhum em ver shows em pé e apertado com outras pessoas. O meu problema no show do Radiohead no Rio foi que eu tinha dormido pouco na noite anterior, e andado o dia inteiro, e por isso estava muito cansado e com os pés doendo. Só por causa disso me permiti a ir para a arquibancada, e mesmo assim quase já chegando no bis.
Pra mim a questão é física. Se eu saio à noite e está tocando música boa, eu vou para a pista dançar, mas já percebi que às vezes o corpo não tem energia suficiente para responder aos estímulos mentais.
Um megashow inesquecível foi quando estávamos aflitos pra ver o Cure, e os Smashing Pumpkins, fazendo show de abertura, botaram a platéia no bolso. Uma hora inteira em que ninguém ficou parado.
Jussara> ah que bom, uma companhia para eu me sentir menos vovozinha. hehe. Também sou assim, vejo um trecho na internet, e olhe lá.
Liliane> adoro a expressão "priscas eras", até porque não sei o que significa "priscas"...
Marcus> você se alinha com os jovens, então. se bem que esse papo de que o corpo não responde aos estímulos mentais tá chegando mais pro meu time. Eu tb vi um show do Cure, esqueci de colocar este no post. Em 1992, nos EUA, lançamento do Wish. Foi maravilhoso!
megashow é definitivamente programa de índio. e não tem nada a ver com música, embora possa até ter música.
osvjor, estou caminhando a passos largos para alcançar o seu nível de, digamos, desprendimento.
;-)
acho q vc quis dizer rabugice... e estaria com toda a razão. :)
Seu currirculum de shows é invejável!
Leandro> de fato. É por isso que me aposentei.
Ana, meu nome é Cristina Boeckel e sou jornalista. Estou coletando depoimentos de pessoas que compareceram ao Rock in Rio e acho que você deve ter umas boas histórias para contar. Vou deixar o meu e-mail pessoal, que é o cristina.boeckel@gmail.com. Por favor, me envie uma mensagem que te dou mais detalhes.
Abraços,
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