A foto perfeita para ilustrar este post veio daqui |
E como sempre nessas horas, fico meio atormentada com minha própria falta de saco com as crianças, meio que colocando em dúvida meus talentos para esse papel de mãe (sempre passa, mas que rola, isso rola). Então fui ver minha avó, que é uma espécie de lenda viva do amor incondicional, ícone da mulher que se entrega de corpo e alma à família, da mãe/avó/bisavó que ama sem freios e sem limites -- o que nem é tão bom, haja visto as pessoas estranhas que são os dois filhos dela, meu pai e minha tia.
Mas enfim, lá fui eu, na tarde chuvosa de domingo, fazer essa visita. E contei que viajamos no feriado, mas que na viagem de ida pegamos tanta chuva na estrada à noite, subindo a serra, que tivemos de fazer uma parada na Casa do Alemão, e não conseguimos saltar do carro tamanho era o dilúvio, então paramos na Pavelka, que fica ao lado e tem um meio telhado para o estacionamento dos carros, onde deu para saltar sem ficarmos ensopados.
Aí veio a história da minha vó.
Houve uma época em que seu avô quis comprar um apartamento em Petrópolis, ali no Quitandinha. Então, quando estava fazendo o negócio, nós costumávamos subir a serra aos domingos e passar o dia lá. E sempre parávamos na Casa do Alemão para comprar uns biscoitos amanteigados. Pois bem. Um belo dia, eu cheguei em casa do trabalho e quando abri a porta vi que estava uma discussão tremenda -- seu avô com seu pai, que devia ter uns 14 anos, sua tia, com uns 7 anos, se metendo no meio, e ainda a Hélia [a empregada da família durante décadas] gritando alguma coisa relacionada à discussão. Todos brigando com todos. Deveria ser perto das 6 horas da tarde, porque eu largava o trabalho às 5. Mas só sei que não pude com aquilo. Abri a porta, vi a cena, e disse: "Não vou nem entrar. Vocês se acalmem que mais tarde, quando tiverem terminado de brigar, eu volto." Então fui-me embora, entrei no carro e comecei a dirigir, dirigir, dirigir e quando vi estava quase chegando em Petrópolis! Então parei no Alemão, e a essa altura já estava arrependidíssima, pensando "Meu Deus, o que eu vim fazer aqui?!". Então comprei uns biscoitos amanteigados e voltei, já à noite. Quando cheguei a discussão estava terminada, todos conversavam como se nada houvesse acontecido. Eu entrei com a cara mais altiva que pude, e disse apenas "Que bom que estão mais calmos. Olhem, trouxe uns biscoitos amanteigados para vocês." E pus em cima da mesa. Seu pai e seu avô nunca acreditaram que eu tivesse mesmo ido até o Alemão. Achavam que eu tinha comprado os biscoitos em algum lugar da cidade.
Se até Dona R., mãe e esposa dedicada, chefe de família exemplar e exemplo máximo de devoção, perdia a paciência a esse ponto, fico bem mais tranquila.
4 comentários:
Boa a história da avó, mas fiquei curiosa quanto ao domingo das moças - foi legal? deu pra curtir os dois extremos das gerações? E acho que vc não deve grilar com esses cansaços de ser mãe, anna, mesmo não sendo mãe (e sendo, acho), sei que isso é natural, esperado e não deve ser reprimido, como pecado ou culpa. Criança torra mesmo, às vezes, e é pura magia, outras muitas tantas, enfim.
beijo,
clara
Olá! Acompanho o seu blog há tempos. Volta e meia dou uma passadinha por aqui. Acho que descobri o Terapia Zero na época do nascimento da sua filha - o assunto "maternidade' sempre me enche de grandes emoções, mesmo a minha pequena com seus quase 15 anos. Vim, conheci e gostei. E, aí, fui descobrindo ótimas dicas de livros e, assim, tenho mais motivos para retornar. Bom, por sua causa comprei os livros do Stieg Larsson e adorei! Depois veio Equador, que também adorei! Agora, a Travessa acabou de me entregar minha última encomenda, quase todos dicas que peguei por aqui. Aí, resolvi entrar em contato e agradecer! Os livros são: Liberdade, AS correções, um dia, Identidade Roubada e O Hipnotista (esse último não tenho certeza se foi daqui...). Engraçado, fico mais constrangida em aparecer do que em somente me manter como voyeur. Prazer te conhecer! :)
Clara, deu sim, curtimos de montão, como sempre. Mathilde e a Bisa se dão super bem.
Flavita, que mensagem legal! Muito obrigada pelas suas palavras tão gentis.
Anna,
Como já tinha dito...todas nós ficamos de saco cheio!
Mas a sua avó ficou de saco cheio com estilo e elegância! Rs... bela saída! Adorei a história.
Beijos,
Flávia Cardoso.
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