13.7.11
Decepção helvética (e o lide no pé)
Sexta-feira convidei meus grandes amigos e compadres G. e S. para jantar fora. Queria aproveitar que agora temos a folguista que dorme às sextas, e ao mesmo tempo devia um presente de aniversário a S. Como durante a semana inteira fez um frio polar na muy heroica e leal cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro (15ºC), pensamos em comer fondue. E quem mora aqui sabe que fondue, no Rio, é sinônimo de Casa da Suíça.
Chegamos cedo, e como não tínhamos reserva, nos mandaram para uma mesa num lugar esquecido por deus, lá no fundo da sala mais distante (o restaurante é bem grande, tem vários ambientes). Pedimos vinho, água, e aceitamos o oferecimento de couvert. Primeiro erro. Consistia numa cesta de pães sortidos frios e sem graça, uma travessinha com manteiga e patê, e uns palitos de aipo e cenoura. Fraco. E caro.
Pedimos fondue de carne, de queijo, e batatas rosti. As batatas estavam ok. O fondue de queijo não era, em nada, melhor do que eu poderia fazer em casa -- o queijo era absolutamente normal, e acompanhava uma cestinha de pães ainda mais ordinária que a do couvert. O fondue de carne, apesar da porção modesta, estava bem gostoso -- isso porque G. teve a sacada de pedir o fondue "chinês" em vez do tradicional. No chinês, em vez de óleo, o panelinha vem com um consomê (ou bouquet de garni, segundo me contaram depois), e a carne então fica cozida e temperada, e não frita. Infelizmente todo mundo no restaurante pediu fondue também, e pouca gente conhece a malandragem de pedir o chinês. Resultado é que, como o restaurante é todo fechado, saímos de lá defumados com a fumaça dos fondues alheios.
A Casa da Suíça é um restaurante antigo, que grita tradição em todos os cantos. Mas a impressão que me passou foi de decadência. O espetinho do meu fondue, tive de pedir ao garçom para trocar, de tão enferrujado que estava. O banheiro feminino em nada condizia com a empáfia do ambiente - era feio, sujo, escuro, abandonado. O serviço não foi uma tragédia, mas esteve longe de merecer um comentário favorável -- até porque esteve longe da nossa mesa, de um modo geral. Tudo muito aquém do esperado, para uma conta de mais de meio salário mínimo.
A noite foi ótima, porque esses amigos são tão especiais (e a noite acabou aqui em casa mesmo, tomando mais vinho), mas no próximo inverno eu lá não volto.
E desde quando este blogue faz crítica gastronômica? Ora, desde que completou 5 anos de vida em junho e eu me esqueci completamente!
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7 comentários:
Você já comentou restaurantes em buenos aires, anna, e falar sobre a casa da suiça foi bem útil pq ainda não conheço e tinha planos de lá ir, que acabam de fenecer depois de seu relato. Caro e sem graça? Nem pensar.
abraço,
clara
Parabéns à Anna!
Parabéns ao Terapia Zero!
Suas críticas gastronômicas são tão saborosas quanto as literárias!
mil beijocas
Uau, cinco anos? Que venham mais cinco!
Fiquei com vontade de comer fondue, mas não o da Casa da Suíça. :P
a gente já saía respingada de lá há uns 15, 20 anos... é como ir ao Garota do Flamengo e pedir uma picanha na chapa...
Clara> que responsabilidade! incrível o poder do boca-a-boca, não é?
Meg> obrigada, querida!
Isabella> obrigada! e afinal, comeu fondue? tem uma House of Switzerland por onde você vive? :-)
Osvjor> pois é, eu é que não tinha essa lembrança. mas agora aprendi.
Se eu tivesse a caminho de casa.justo na hora que vc estivesse saindo do restaurante, até o jantar iria parecer melhor. eheheheheh
Nunca fui, mas pelo circular na porta me cheira a decadência mesmo.
Cláudio Luiz> por que não me avisou, ora?
:-)
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