18.8.06
Roots, bloody roots
E mais uma vez tenho que me render e remeter a um post muy bueno do blogue da Ella (sorry, não tem permalink). Assim como Ella, eu também "me escondo um pouco, porque a exposição real me inibiria mais ainda". Uma maneira linda de dizer que ninguém que eu conheço sabe desse blogue aqui. Ninguém mesmo. Ainda não.
Seguindo: assim como Ella (esse é um trocadalho do carilho, putz), também eu tenho tantos amigos que moram em outras cidades e países. Essas pessoas que, e vou citar de novo, "transformam os laços em alguma coisa mais forte apesar da distância". É isso mesmo. Mas eu não consigo me imaginar emigrando -- assim, definitivamente. Já passei temporadas morando fora, mas sempre sabendo que dali a tanto tempo ia voltar para a minha cidade. Porque a coisa do pertencimento é muito forte por aqui. Isso de ser reconhecido. De ir a qualquer lugar e encontrar alguém, um amigo querido, ou um amigo de um amigo, ou um parente, ou qualquer um com quem role uma troca, uma identificação mútua. Essas raízes. Tão entranhadas. Que fazem a gente estranhar tanto a condição de estrangeiro. Porque tudo são essas raízes: as pessoas, as coisas, os climas, os cheiros, as ruas, as manias da cidade. São mesmo bloody roots.
Mas o que me balançou mesmo no texto dElla foi quando contou de uma amiga de infância que passou pela cidade dela, e parou para encontrá-la, dizendo "po, eu te amo tanto que eu tive medo de morrer e não te ver de novo". Nessa hora eu gelei. Porque eu fiz isso não tem nem dois meses. Quer dizer, não cheguei a viajar. Mas me deu a louca e eu liguei para uma amiga muito querida, de supetão, e disse isso: "se eu soubesse que você morreu e eu fiquei tanto tempo sem te ver e sem te dizer que te adoro, nunca me perdoaria. Não quero mais correr esse risco." E aí fomos ao cinema, e jantar, e colocar o papo dos últimos dez anos em dia, e a vida foi mais feliz.
PS: Esse título vocês sabem, né? Era uma música do Sepultura, que dava nome a um disco. E eu comprei uma vez um disco do Sepultura, não o Roots, mas o Arise. Num daqueles incríveis anos da adolescência que a gente não tem pudor de experimentar de tudo. O CD já se foi, num dos expurgos periódicos da discoteca doméstica. E se não me engano o Sepultura ainda existe, mas com outros integrantes. Nem sei se ainda são brasileiros. Mas eu seria uma idiota se tentasse fingir que não houve essa época da minha vida. Em que eu ouvia Sepultura. E coisas piores.
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10 comentários:
Anna, certamente qdo vc muda definitivamente de pais, acaba perdendo um pouco aquela conexao com o passado. nao tem jeito, mas isso acontece inevitavelmente, mudando ou ficando, porque o passado passou! mas as raizes, acho que essa s voce carrega sempre com voce. pelo menos eh assim que eu me sinto. nunca pensei um dia que acabaria sendo uma estrangeira para sempre, mas quem disse que as coisas acontecem da maneira que prevemos? :-) beijao,
Fer, imagino que sim. Mas me diga uma coisa: quando vc vem passar uma temporada no Brasil, na sua cidade, qual é a sensação? Vc sente essa coisa do "pertencimento", que é tão difícil explicar? Não estou falando, claro, o que vc sente quando entra na sua casa, no seu lar. Mas a relação com a cidade, as ruas, esquinas, pessoas. Eu acho uma coisa muito única, essa ligação meio visceral com um espaço físico.
Nem me fale, uma amiga antiga perdeu a irmã, faz anos que não nos falamos e cheguei a sonhar com ela, com a irmã e tudo. Como diz a Fer aí em cima, a gente acaba perdendo o contato, a gente acaba acostumando, mas nem sempre queria que fosse assim. Beijos.
Oi Anna,
Te visitei! E, de cara, curti muito! Vou garimpar teu blog durante a semana. Beijos!
Li muitos posts teus. E gostei bastante. Principalmente por essa relação de música e literatura que, assim como eu, tu também tens. Tentei desvender um pouco de ti. Não consegui, é claro. Acabei com uma pontinha de inveja do teu anonimato criativo - hehehe. Beijos!
Muito legal seu blog! Principalmente esse post, fiz algo parecido no sábado também. A capa do disco disse tudo.. Raízes... Raízes... Raízes...
Beijão! Virei frequentador a partir de hoje!
Beijão!
1. Não sei por qu ea gente tem que ficar explicando os gostos idiotas da gente. Acredita que eu ouvia Latino? Rá.
2. Eu tenho uma mania contrária: adoro ser anônima porque o tempo todo todo mundo me conhece. Eu já tive mais de 5000 alunos nesta província de Salvador da Bahia. Sou fiel aos lugares e sempre vou aos mesmo. Ou seja, as pessoas me vêem. Freqüentei turmas diferentíssimas: de carnavalescos a motociclistas...
3. Aqui, estou precisando criar o blog anônimo já... kkkk. Todo mundo sabe do A Vida em Palavras. Só que agora tenho uns alunos ainda imaturos que não entenderam os limites que eles devem ter para entrar na minha vida. Quem dá o espaço sou eu. Ou não. Mas danem-se eles!
forças alheias a nossa vontade, sempre faz com que retornemos ao ponto de partida, às nossas raízes.
No começo ninguém sabia do meu blogue, até que alguém e mais alguém, algumas pessoas pediram que eu desse uma olhada no meu blogue e como a pessoa que lá postava tinha o nome e se parecia tanto comigo!
Boa semana! Beijus
A Ella é demais!
E tem sempre alguma colocação que mexe no fundinho da gente.
Essa coisa dos amigos que se amam e desperdiçam tanto tempo sem se curtir, eu aprendi, há anos, a não mais deixar acontecer. Se um some, eu chamo na regulagem. MInha última perda de tempo desse tipo foi irreversível...tão doído...que eu não gosto nem de imaginar acontecendo de novo.
E, Yes, eu tb já escutei Sepultura e outros trashes alike...hahahahaha
Thanks God!
beijos, Anna
Uau, vários comentários!
Lu: valeu pela visita. O anonimato tem muitas vantagens, mas às vezes é difícil de manter. Vira quase uma vida dupla, apesar de não ser. Só lamento não ter tido a sacada de um nome genial como Anânima! É perfeito!
Bode: que bom, obrigada, volte sempre.
Alena: Latino, é? Só drogas pesadas, hehe. Mas tb acho que quando vc convive com muita gente (alunos, por ex) nao é muito bacana que todos tenham tanto acesso às coisas íntimas que a gente posta nos blogues. Pra mim é um pouco invasivo.
Luma: eu fico me policiando para isso não acontecer comigo, de "descobrirem" o blogue.
Bela: que bom, adote sempre essa política, é a melhor mesmo. E obrigada pela solidariedade no Sepultura. :-)
Beijos!
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