16.8.06
Ui!
Não sei onde foi parar a minha [fiquei um tempão procurando na cabeça o substantivo para o adjetivo "destemido" e não achei. alguém? alguém? destemência, talvez?] do passado. Acho que agora estou demasiado sensível. Mulherzinha. Nunca tive problemas com filmes violentos. Muito menos livros. Agora não mais.
Outro dia passou Oldboy na televisão, me animei porque quis muito ver quando passou no cinema, mas não deu. Já na chamada para o filme aparecia uma cena em que o Oldboy arrancava o dente de um sujeito com um alicate. Assim, bem meigo. Mesmo assim comecei a ver o filme. Mas aí quando o cara começou a fazer nele mesmo uma tatuagem caseira, com uma tinta fajuta e agulha, urrando de dor, mudei de canal. E aí vez por outra zapeava de volta, pra tentar acompanhar um pouco a história. Enfim não deu, fiquei sem o Oldboy no meu currículo. Este fim de semana foi o Kill Bill 2. Porque eu gosto tanto do Tarantino. Que vi o Kill Bill 1 no cinema. E achei um porre. Tão cansativas, aquelas cenas todas de luta. Sem graça mesmo. Aí desisti de ver o 2. E todo mundo me disse que o 2 era o tal, que era muuuito melhor, que era quando a história fazia sentido. Aí liguei a TV e vi que estava passando. Bacana, vou ver. Mas aí começou uma seqüência de tanta porrada da Uma Thurman com a Kim Basinger, naquele clima ossos quebrados e olhos furados, que eu fui pra outro canal. Desencanei, como dizem os paulistas. Por acaso depois passei de novo pelo canal, e estava no fim do filme, bem na hora que tudo se explica. Que é um final calmo, vê que coisa. E pronto, entendi o filme. Kill Bill está no meu currículo.
Então. Depois do Bom dia camaradas minha empolgação literária africana aumentou e comecei a ler Feras de lugar nenhum, do nigeriano que foi pra Flip também (Uzodinma Iweala -- gente, que nome é esse?!). E não consegui passar da página 30. Porque já começa com uma criança (o narrador) virando soldado de uma guerra na África, num lugar não localizado, e tendo que matar um coitado que teve o azar de cruzar o caminho do bando de bárbaros que cooptou esse menino-narrador. Com um facão. Assim, é, partindo a cabeça do cara com um facão. E depois, meio em transe com todo o sangue que jorrava, retalhando o corpo do homem. Era o rito de iniciação do menino.
Aí pensei "ainda bem que não comprei este livro", e recoloquei na estante. Tenho sentimentos ambíguos quanto a isso. Não é que eu não queira saber que isso existe (não na África, mas aqui na minha esquina). Mas não tem cabimento eu me forçar a ler essas coisas como obras de ficção, se me fazem mal. Eu não preciso ficar culpada por não sentir nenhum prazer com uma leitura dessas. Ignorance is NOT a bliss, ok, leio os relatos, as reportagens, os relatórios, os livros de não-ficção, whatever. Mas a mão desse Iweala pesou demais.
(Bom, teve outras coisas também, o estilo não me agradou. Frases como "uma voz que corta o meu corpo como uma faca" (logo na página 1!), que me dão vontade de dizer "ah, puh-leeease")
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3 comentários:
Oi, Anna!
Eu ando apaixonada por africanos idem idem! Mia Couto fez uma zoeira no meu terreiro, fiota! Aquele jeitão Rosaguimarãeziano do rapaz me pegou de calças curtas! E os poetas??? Ai ai...vou catar aqui e ja te passo o link de uns ótemos!
E não se force mesmo, não. Eu, se fosse vc, tinha parado até antes!
hahahaha
beijos, querida
Bela querida, já tive minha fase Mia Couto, até conheci o homem em 98, quando ele veio ao Brasil lançar Cada Homem É uma Raça, tenho um exemplar autografado. E ele é um gaaato. Depois enjoei, achei pastiche demais do Rosa, não vi nada de novo nos outros livros. Mas me passe os links, sim, please.
Beijos
minha querida o substantivo pra destemido é destemidez... rs
Descobri pq tive a mesma dúvida, fiz uma busca no google, na qual a encontrei, procurei mais a fundo e descobri a DESTEMIDEZ... rs
Beijos
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