Trinta e três semanas.
Mais uma ultra. Com doppler.
Tudo normal.
Vimos o rostinho dela. Mãos, pés, dedinhos.
Já está de cabeça pra baixo, como uma boa menina.
Nada de cordão enrolado. Muito bem.
Continua me chutando incrivelmente.
Pesa algo entre 2kg e 2,3kg.
Carrinho √
Mochila da DadGear.com √
Pintura do quarto (branco) √
Ar condicionado e ventilador de teto √
Berço √
Cômoda √
Consulta com a pediatra que vai fazer o parto √
Não vou fazer a lista de coisas ainda por fazer porque... vou te contar. Não, a gente jamais estará preparada para tudo.
Semana passada almocei com T., sinônimo de papos longos e ótimos, sempre sobre assuntos os mais diversos, passando por livros, cinema, psicanálise, nossas vidas, e quase sempre terminando no assunto Flamengo.
Mas antes disso tudo ele me fez a pergunta, sem rodeios: o que você está aprendendo com a gravidez? Eu nunca tinha pensado nesses termos, mas a resposta veio automática e de chofre: Limites. Estou aprendendo a aceitar os novos limites que me surgem quase todos os dias. Porque somos educados (especialmente "educadas") para definirmos nossos próprios limites e fazemos nossas próprias opções, sem depender de ninguém. Quer largar a faculdade e fazer outra coisa? Pode. Quer enveredar pela carreira acadêmica? Pode. Quer largar o emprego e viajar pelo mundo? Pode. Quer treinar para daqui a um ano correr uma maratona? Pode. Quer escalar o Morro da Urca? Pode. Quer pular de pára-pente? Pode. Quer mudar de opção sexual? Pode. Quer fazer uma tatuagem? Pode. Quer casar? Separar? Pode. Basta ser capaz -- e, claro, basta arcar com as conseqüências.*
E agora já não. Quero andar até ali, e não posso. Se for sair na chuva, muito cuidado para não escorregar. Vai subir aqui? Dá a mão, deixa que eu ajudo. Vai subir na escada para pegar um livro na estante? Tá louca? Deixa que eu pego. Isso é muito pesado. Isso é muito grande. Isso é muito longe.
Sim, são todas limitações físicas, e as limitações que vêm depois que o filho nasce são de outra natureza -- e muita maiores. Mas essa relação de controle que achamos que temos com nosso corpo, e de repente perdemos, é um tremendo aperitivo para o que vem por aí. Então agora dependo das pessoas para coisas básicas, e o desafio é não achar que isso seja uma derrota. É lembrar que isso é temporário, plenamente justificável e, mais difícil, que eu devo até mesmo achar meios para sentir prazer com isso, aproveitar a mordomia, diriam alguns mais descansados.
E enquanto escrevia isso, li o que a Cam postou sobre a mesma coisa, e a vontade é de pegar um avião até Bras-ilha, abraçá-la e dizer que ela não está só. Mas, hélas, não posso mais pegar avião.
*Não, claro que não vivemos na sociedade perfeita e liberal, claro que somos socialmente constrangidos a muitos padrões de comportamento, claro que é restrição em cima de restrição interiorizada, et caetera. Comme même.
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6 comentários:
Anna, botei umas fotinhos de US lá. Dá umoiada.
Hélas. ;D
E você está certa, isso tudo é pura preparação. Preparação hardcore, mas só pode ser isso.
Um abraço carinhoso em você e na Cam.Deus dê um parto às duas.
Espera só mais umas 2 semanas. hohoho Que animador, né? É algo que, depois do parto, não podemos comentar com ninguém. Tem uma regra velada e tal. Pra evitar que a humanidade acabe por falta de mulheres dispostas a enfrentar as últimas semanas da gravidez. Porque, menina, vou te contar: as últimas semanas não acabam JAMAIS. Tudo que você precisava saber sobre relatividade do tempo você aprenderá nessas semanas. ;-)
beijos
Camilo, lindas as fotos.
Cam, sim, vamos crer nisso. Wishful thinking funciona - dizem.
Anunciação, Deus, ou quem quer se seja, te ouça.
Angélica, oito semanas e um século, como postou a Cam. Já estou acreditando...
Eu posso pegar o avião! Esta gravidez de vocês duas me deixou uma tia grávida também... ao menos no coração. Fico aqui curtindo tanto que vocês nem imaginam. Bom parto, Anna!!! Desejo que ela chegue muiiiiiiiito bem!
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