30.8.11

Saladinha show

Primeira vez que coloco uma receita aqui no blogue -- até porque não sei cozinhar.
Acontece que: na (vã?) tentativa de perder três quilos muito obstinados que parecem ter se apaixonado por mim e não querem me deixar por nada desse mundo, tenho tentado comer menos pão e arroz, e concentrar os almoços em carnes com salada. Por isso, compartilho aqui a saladinha show que tem me feito um pouco mais feliz nessa dureza que é a vida de dieta.


O básico: 

  • alface (crespa, roxa e verde)
  • rúcula
  • tomate em rodelas ou tomatinho cereja
  • cebola crua em rodelas
  • pepino em rodelas

O molho:

  • azeite extra virgem
  • molho shoyu
  • ervas finas

misture tudo numa molheira e sirva com a colher. (Em tempo: esse molho é um coringa, fica bom no arroz, peixe etc.)


Os frufrus que fazem a diferença:

  • mostarda à moda antiga ("à l'ancienne"), aquela que vem com as sementinhas
  • queijo branco (melhor opção: de cabra; se não estiver com essa grana toda: cottage - mas eu só gosto da marca St Martins, as demais acho cremosas e enjoativas demais; ou então queijo Minas)

O crème de la crème:

  • amêndoas em lascas tostadinhas no forno elétrico, ainda quentinhas
Pode não ser a salada mais diet do mundo, mas pelo menos é muito gostosa!

28.8.11

A decadência do sabor-chocolate

É hora do lanche, que hora tão feliz, queremos biscoitos São Luiz!

Não adianta. Por mais que tentemos levar a cabo uma alimentação consciente, saudável, orgânica e o escambau, ainda somos todos fãs da boa e velha gordura vegetal hidrogenada, presente em dez entre dez bobagens comestíveis. Simplesmente não é possível viver incólume aos produtos industrializados que conquistam pela praticidade, preço, acessibilidade e doses cavalares de açúcar.
Meu primo F. já me havia convencido de sua teoria sobre o sabor-morango. Segundo essa teoria, o sabor-morango é o que encontramos em biscoitos, danoninhos, bolinhos Ana Maria, balas e picolés. Não tem absolutamente nenhuma relação com a fruta morango, daí a pertinência do hífen em sabor-morango: é um terceiro vocábulo cujo significado em nada se relaciona com as duas palavras que o compõem (sabor e morango). Então você pode ter, por exemplo, uma torta feita com a fruta, e será uma torta de morango. Ou você pode usar as essências e a massa pronta, sem usar a fruta, e terá um bolo de sabor-morango. Coisas muito distintas.
Recentemente me dei conta que o mesmo acontece com o chocolate. Existe também o sabor-chocolate, encontrado nos mesmo produtos (biscoitos, bolos etc.). E é neste caso que temos percebido uma forte decadência em relação a uns vinte anos atrás.
Não é questão de nostalgia ou de coisas que achávamos incríveis quando éramos crianças e simplesmente crescemos para parar de idolatrar, como desenhos do He-Man e Caverna do Dragão. Não. As coisas realmente pioraram muito. Marido foi o primeiro a acusar o golpe. Reparou, com muita propriedade, como o Biscoito Bono de chocolate é hoje em dia muito, mas muito inferior ao então chamado Biscoito São Luiz de chocolate. Teoricamente deveria ser a mesma coisa, que só mudou de nome -- e de peso líquido, pois o que mais se vê hoje em dia são os avisos nas embalagens: redução de peso de 20%, redução de quantidade de 15% (isso em pacotes de biscoito, fralda, pão de queijo, qualquer coisa). Mas enfim, tergiverso. O importante é que o gosto do biscoito sabor-chocolate piorou muito. É um biscoito recheado, pois não. Os biscoitos que circundam o recheio têm hoje um gosto indefinido, fraco, esfarelento, rarefeito. É praticamente uma bolacha qualquer, não tem mais o, como direi?, o punch do chocolate.
Além do Biscoito Bono, outra vítima foi o Nescau. O que aconteceu com o Nescau?! Ficou ruim. Ruim mesmo! E fraco também. Parece uma tática para obrigar e colocar 200 colheres de Nescau num copo de leite para torná-lo ligeiramente amarronzado. E o pior é a insipidez: coloco 200 colheres e o leite fica com gosto de... leite!
A verdade é que tem sido uma luta não me tornar uma pessoa do tipo no-meu-tempo-tudo-era-melhor.

26.8.11

Segunda chance

Uma das 850 vantagens de morar perto do trabalho e poder almoçar em casa é que com isso você tem uma segunda chance de acertar a roupa do dia. Quem é que nunca subestimou a frente fria e saiu só de blusinha sem marga para chegar à esquina tiritando, ou ao contrário, olhou pela janela, viu umas nuvens, meteu um casaco de lã e uma echarpe à guisa de cachecol só para descobrir, na hora do almoço, que a temperatura está na casa dos 35 graus? Pior ainda é ser enganado pelo sapato pseudoconfortável que te faz chorar de arrependimento o resto do dia.
Indo para casa na hora do almoço é possível corrigir essas distorções - isso para não falar da delícia que é, no auge do verão, poder tomar um banho no meio do dia para encarar a tarde.

Então pronto ok, já matei todos de inveja, posso dar a semana por encerrada.
Tchaubeijomeliga.

25.8.11

Empacando vidas

Como vocês sabem, aproveitei minhas duas semanas de férias para fazer coisas excitantes, como ir ao dentista e fazer a vistoria do carro. No caso, a vistoria de transferência de propriedade, já que compramos o carro que era da minha mãe. Agendei em maio a vistoria em agosto. E no dia e hora marcados, fui para o posto no Catete munida de um arsenal de meditações zen e coisas para fazer, ler e a determinação de não me aborrecer.
A vistoria em si é rápida e acontece inclusive na hora marcada, o que demora é a emissão do novo documento. Como as pessoas estavam ali esperando havia horas (literalmente) sentadas numas cadeiras desconfortáveis, em um local praticamente ao ar livre (que não gosto nem de pensar como será no verão), resolvi dar uma volta pelo Largo do Machado, que sempre tem coisas interessantes para se ver (ou pelo menos mais interessantes do que o posto do Detran), e além do mais precisava apanhar uma radiografia periapical completa (ui!) numa clínica dentária, para a consulta odontológica do dia seguinte.
Quando voltei, munida de água mineral gelada sabor limão e o último número da Piauí (o da queda do Jobim), já tinham gritado meu nome (sim, os funcionários ficam dentro de uns trailers com janelinhas deslizantes, e de quando em quando gritam o nome da pessoa em questão, um luxo só). Então fui até a janelinha, me identifiquei e apresentei todos os meus documentos. A mocinha que me atendeu era nova (incrível como sempre pego os novatos nessas situações), e ficou tirando dúvidas com a funcionária veterana ao lado. Depois de alguns percalços e digitações erradas, finalmente saiu o documento em meu nome. Mas com o ano de 2010.
-- Vem cá, meu bem, por que está escrito 2010 aqui?
-- Porque falta pagar o IPVA.
-- Eu sei, não pude pagar antes porque a antiga proprietária (minha mãe) é isenta de IPVA. Posso pagar aqui agora?
-- Não. A senhora tem que pagar e então agendar a vistoria anual?
-- Como assim? Eu acabei de fazer a vistoria anual há... 1 hora atrás.
-- Pois é.
-- Não posso apena pagar o IPVA? Tenho que fazer nova vistoria?
-- (risinho amarelo)
Cumpri à risca minha determinação de não me aborrecer. Até poderia tentar ligar para o Detran e explicar o absurdo da situação, na esperança de não precisar fazer essa surreal segunda vistoria, apenas pagar o IPVA devido (o que até já fizemos). Mas sinceramente, qual a minha chance de sucesso?

O curioso é que, enquanto esperava a emissão do documento, observei que alguns funcionários do Detran usam uma camiseta institucional, sobre emplacamento, onde se lê: Detran-RJ - Emplacando Vidas. Só que o "Emplacando" é escrito em letra bastão, e o "Vidas" vem na linha de baixo, em letra cursiva meio na diagonal, e o traço do V passa bem por cima do "L" do "Emplacando". O que muito me lembrou a teoria freudiana sobre as motivações psicanalíticas dos atos falhos.

23.8.11

Fogo de Chão carioca ainda meio tépido

A vista é a melhor iguaria
Há pouco tempo foi inaugurada a primeira filial carioca da famosa churrascaria paulista Fogo de Chão. A localização é espetacular: na enseada de Botafogo, caindo praticamente sobre a baía de Guanabara. Como meu trabalho tem vista justamente para este lado, eu e meus colegas de sala acompanhamos ansiosamente o andamento das obras. Por fim na semana passada fomos, em caravana, conhecer o famoso churrasco gaúcho que faz a fama da casa em suas diversas filiais mundo afora.
Como o escritório é bem perto, fomos a pé, e passamos pelo primeiro percalço. É que a entrada é praticamente só para carros. Quem vai a pé tem de subir uma rampa -- a mesma dos carros, dividindo o espaço com eles. Não é muito agradável.
Mas depois que se entra tudo melhora. O ambiente lá dentro é bonito e moderno, conseguimos uma mesa junto aos imensos janelões de vidro, que dão para um deck, e o resto é mar. Os garçons usam um figurino gaúcho típico que acho meio caricato, mas não chega a incomodar e deve ser marca registrada da rede. E vale dizer que os garçons são um dos pontos altos: simpaticíssimos, super presentes e solícitos.
O bufê das saladas é apenas correto (gostei mais, por exemplo, das saladas do Da Silva do Centro, que merece um post dentro desta nova tag restaurantes). As variedades de praxes, belas folhas, queijos e poucas opções de molho.
Os acompanhamentos para as carnes me pareceram um pouco estranhos: farofa de ovo, pão de queijo, queijo na brasa, banana frita, cebola frita. Mas tudo bem, estava lá mesmo era para provar as famosas carnes! Mas oh, foi justo aí a maior decepção. Salvaram-se a picanha e um outro corte cujo nome não me lembro, mas no geral ficou léguas abaixo da minha expectativa (e dos R$92 que custam o rodízio!). Duas das carnes que mais gosto, linguiça e paleta de cordeiro, estavam incrivelmente duras. E ainda por cima, eu e T. fomos brindadas com facas cegas, o que tornava o ato de cortar a carne um empreendimento e tanto (verdade que assim que comunicamos o fato ao garçom ele trocou na mesma horas, mas mesmo assim, facas cegas? francamente!). As carnes vêm numa velocidade espantosa, e se você estiver com o cartãozinho verde virado para cima ("Sim, por favor!"), nem dá pra conversar, tantos são os gaúchos surgindo de todos os lados com espetos imensos.
Não sei se eles ainda estão se adaptando, se os fornecedores não são os melhores, mas eu fiquei decepcionada e não pretendo voltar tão cedo. Continuo achando a Porcão e a Marius opções bem melhores na categoria churrascaria rodízio.
E pelo visto, não sou só eu: outras críticas pouco lisonjeiras aqui e aqui.

21.8.11

Maternidade, cemitério de ilusões

Cinco anos de blogue, e esta foi a primeira vez que passei um mês sem postar nada. Como dizia aquele antigo desenho do Pica-pau, em todos esses anos nessa indústria vital, esta é a primeira vez que isso me acontece. Não teve muito motivo para a ausência além daqueles de sempre. A correria, as crianças, etc. Some-se a isso tudo meus 15 dias de férias, e o fato de que fiquei escrevendo um post enorme sobre a falência da Borders, segunda maior cadeia de livrarias dos EUA, ocorrida em julho depois de lenta agonia, mas o post ficou tão grande e complexo, cheio de números e análises, que desisti de publicar. O que me interessa mesmo é falar sobre o futuro do mercado editorial, dentro do qual a ponta que corre mais perigo imediato é, naturalmente, a das livrarias, com o advento e a popularização do e-book, que nos EUA já tomou uma proporção com que o mercado brasileiro ainda nem sonha. E dizer também que eu acho o e-book uma coisa ótima e que faz todo sentido em muitos aspectos, ainda que não vá, é claro, fazer o livro impresso desaparecer.

Mas enfim, o título deste post. Com as férias e a maior convivência (forçada) com as crianças, algumas coisas se tornam mais perceptíveis. Por mais que a gente assuma e reconheça o mito da maternidade, ainda é muito difícil aceitar certas situações. Como a de que você fica de saco cheio dos seus filhos com uma frequência enorme. Principalmente se tem de passar o dia inteiro com eles. É difícil pacas aceitar o fato de que eles também têm dias ruins, e que isso não tem necessariamente a ver com você, a mãe. Não é pessoal, saca? A gente sabe que lá pelos 4 anos a criança começa a perceber que não é o centro do universo, mas que tal a mãe também se dar conta de que nem sempre é o centro do universo dos filhos.

E tem mais: não adianta, que não seremos sempre a mãe que tem ideias geniais para um fim de semana de chuva, nem a mãe que leva os filhos ao parque num fim de semana de sol e brinca incansavelmente. Isso acontece, é claro, e ainda bem. Mas no mais das vezes, não acontece. Como diz a ScaryMommy, não adianta querer competir com a mãe que cria sensacionais e deliciosas receitas orgânicas com a ajuda dos filhos, ou com aquela outra que tem um talento ímpar para inventar fantasias e acessórios de origami que deixam os pequenos mesmerizados. Porque essa mãe tampouco é infalível, e deve ter uma lista ainda maior de coisas que faz pessimamente.

O desafio é tentar encontrar o equilíbrio entre concentrar e aprimorar os pontos fortes (no meu caso, ajudar a fazer cartões de agradecimento com cola e purpurina, e depois mandar pelo correio em lindos envelopes customizados; ajudar no dever de casa; andar de bicicleta com criança; brincar de "cadê?/achou!" 750 vezes seguidas) e melhorar os pontos fracos (basicamente, não me comportar como outra criança de 3 anos e meio nos momentos de crise aguda; gerenciar melhor a frustração e a impaciência quando o bebê de quase 10 meses não quer comer a papinha que você teve o maior trabalho pra fazer, ou quando o bebê não faz qualquer coisa que você quer muito que ele faça, como dormir, por exemplo).

É, a gente se cobra muito, e não tem como ser diferente. Tem que se cobrar e sempre procurar melhorar, sim. Mas temos que ser mais realistas do que achamos que já somos. Lemos tanto sobre os desafios e dificuldades de ser mãe, que achamos já estar mais ou menos preparadas. Mas não estamos. Todas temos problemas para encontrar o limite entre a necessidade e o desejo de ter um tempo para si -- e quase escrevi "real necessidade" e "simples desejo", o que já é uma forma de diminuir a importância do desejo, uma perspectiva por demais apolínea.

Parece que a vida está sempre nos pregando peças, criando pequenas armadilhas para testar a nossa capacidade de crescer e multiplicar.

Pra terminar: hoje foi um daqueles dias em que a inspiração vem e tudo ajuda. Minha avó está com muita saudade de Mathilde, mas ela não queria ir para a casa da Bisa. Então propus que ela se fantasiasse de Chapeuzinho Vermelho, com cestinha e tudo, e fosse levar uns doces para a vovozinha. Sucesso absoluto.

Pela estrada afora, eu vou bem sozinha...