18.7.12

DietAndroid

Fazer dieta nos dias de hoje tem lá sua graça.
Descobri um aplicativo que conta calorias, o MyFitnessPal. Mas o mais legal é que você pode fotografar o código de barras da embalagem de uma comida (um pacote de biscoito, por exemplo), que o danado do app identifica e diz quantas calorias tem numa porção. E aí você clica e adiciona à lista das coisas que comeu no dia.
Quando me contaram não acreditei. Mas quando fiz o teste com um pacote de pão de forma não é que ele acertou direitinho?
Um dia chegaremos no estágio abaixo, e aí vai ser realmente bacana.


16.7.12

Minha avó


Hoje fez aquela friaca carioca: 17ºC. Enquanto andava na rua, tiritando, vi uma senhorinha esperando para atravessar o sinal, usando saia um pouco abaixo dos joelhos, sem meia calça.

Foi o que bastou para eu me lembrar da minha avó materna, que se fosse viva estaria com 99 anos. Ela só usava saia e vestido, não importava o tempo. Tinha muitas meias de lã, para o tempo frio. Não há registro de minha avó de calça comprida. Old fashioned? Bem, mesmo com quatro filhos, vovó sempre trabalhou fora (era secretária), dirigia bravamente seu fusca bege ("Pata de Elefante") e tinha o hábito (para não dizer vício) de jogar pôquer com as amigas, uma ou duas vezes por semana, depois que se aposentou. Para alguém nascido em 1913, esses são traços que impressionam, e podem levar a crer que era uma mulher "à frente se seu tempo". Mas não. Ela não valorizava nenhuma dessas coisas, agia tão naturalmente que a gente entendia tudo isso (dirigir, trabalhar fora, jogar pôquer) como coisas corriqueiras da vida.

E tinha senso de humor, minha avó. Era daquelas que não perdem a piada. E se prestava às maiores brincadeiras dos filhos, já adultos. Como se fantasiar à moda da filha caçula (minha mãe), quando esta morava nos EUA, colocar peruca, minissaia e botas, só para tirar uma foto e mandar pelo correio. Pura galhofa. Ou quando meu tio morava na Alemanha, os demais irmãos fizeram uma produção para fantasiá-la de beata e tirar uma foto dela na frente da igreja Santa Mônica, logo ela, a maior ateia da paróquia. Como ninguém tinha bíblia, ela segurava um dicionário enrolado em xales e terços. Mandaram a foto pelo correio, dizendo a meu tio que não se preocupasse, que ela tinha encontrado a religião tardiamente na vida e estava até muito feliz. Tudo isso vovó fazia, só por diversão.

Tem dias que uma coisa à toa provoca a maior saudade.

9.7.12

Praça Paris

Foto O Globo

Tem sido nosso programa das manhãs de domingo há várias semanas: vamos de carro até a Glória, caminhamos até a Praça Paris, que tem estado um luxo, super bem cuidada, com guardas gentis e educados, gramados bem aparados e sem aquela chatice de não-pode-isso-não-pode-aquilo. Ali as crianças correm no gramadão, jogam bola, pintam e bordam até cansar. Tem ainda o espaço dos chafarizes (funcionando) onde as pessoas caminham e fazem cooper.

Quando eles cansam, voltamos andando pela Feira da Glória, uma feira livre toda-toda, frequentada por gente chyk e elegante, compramos frutas e verduras, e paramos para um obrigatório pastel com caldo de cana, antes de pegar o carro e voltar pra casa.

Como por muitos anos a Praça Paris foi sinônimo de abandono, as pessoas se surpreendem ao ouvir que ela voltou a ser uma opção de lazer bacana, com crianças ou não. Enfim, fica a dica, como se diz hoje em dia.

(Fico até meio assim de recomendar qualquer coisa aqui no blogue, porque minhas recomendações anteriores todas degringolaram: a Estante Virtual que funcionava tão bem para qualquer um vender seus livros diretamente agora só aceita pagamento por PayPal - antes da mudança eu vendia em média uns 3 livros por mês. Depois da mudança, que ocorreu em janeiro, só vendi um. E em mais de 60 transações com os compradores depositando o dinheiro na minha conta diretamente, nunca tive problema. O Trocando Livros mudou o design e ficou ainda mais difícil de encontrar qualquer coisa, também nunca mais usei e meus livros nunca mais foram solicitados. O programa de reciclagem da Light que dá desconto na conta de luz, mudou o esquema, eles passaram a ser excessivamente criteriosos na triagem, os horários ficaram mais restritos e os preços caíram tanto que passou a não valer mais o trabalho.)

7.7.12

Tira tudo

Fui fazer depilação hoje no lugar de sempre, e enquanto esperava para ser atendida, uma moça no balcão pagava pelos serviços recebidos a nada módica quantia de 180 reais. Como o máximo que jamais paguei ali foi menos de 80 reais para perna inteira, virilha, axila, buço e sobrancelha, não consegui evitar olhar a moça de alto a baixo para tentar adivinhar o que tanto ela tinha depilado. (Continuei sem saber.)


4.7.12

O melhor do verão carioca


O melhor do verão carioca acontece em junho-julho, quando o calendário insiste em afirmar categoricamente que é inverno.

O melhor do verão carioca é esse céu absurdamente azul, essa temperatura que chega fácil aos 32º por volta do meio-dia, mas que cai no fim da tarde e te permite dormir de cobertor.

O melhor do verão carioca é o mar cristalino e calmo como uma piscina, é aquele primeiro mergulho ao chegar à praia, quando tudo é silêncio embaixo da água, e quando se emerge o primeiro som é o das ondas quebrando na areia.

O melhor do verão carioca é ficar deitada na canga olhando para o céu incomensuravelmente azul, não aquele azul esturricado de janeiro, que de tanto sol chega a desbotar, mas esse azul mais consistente, mais denso, azul-dia-de-sol-de-inverno, olhar para cima e ter seu campo de visão totalmente tomado por esse azul, até ser invadido por umas gaivotas que planam, calmas, sábias, porque sabem que bater as asas é supervalorizado, o que conta mesmo é planar aproveitando o vento, e quando as gaivotas chegam, planam, e vão, você acha que está vivendo dentro de um filme francês nouvelle vague.

O melhor do verão carioca é ficar sozinha na sua canga para praia do Leme, lendo a edição pocket da maravilhosa biografia de Clarice Lispector (que inclusive morou no Leme), mas de vez em quando parar para ouvir as conversas das outras pessoas, pessoas que, vejam, vão à praia numa quarta-feira!, e lamentar, de coração, que Nelson Rodrigues não tenha vivido para escrever sobre os relacionamentos na era da internet.

O melhor do verão carioca é tirar férias na primeira semana de julho.