17.3.10

O menino que era boneca

Mathilde está numa fase super bonecas. O que é bom, porque ela tem tantas... Então todo dia de noite é um tal de "mamãe, a gente pode brincar?", "pode. você quer brincar de quê?" "de... comidinha!" Que consiste em colocar bonecas em torno de uma mesinha, ou apenas no chão, em círculo, dispor pratinhos, copinhos, talheres e panelinhas, servi-las, etc. Tem uma colher especial que ela usa só para dar remédio. E aí é o caso de enfileirar uma penca de bonecas e ir de uma em uma dando remedinho. Enfim, está curtindo esse lance de brincar de boneca.
Um dia eu propus que batizássemos as bonecas, porque ficava muito confuso com todas elas se chamando "boneca" ou "bonequinha". Nesse dia estávamos dando comidinha para 3 bonecas. Uma foi fácil: ela tem o nome Sara bordado na roupa. Então essa é a Sara. Para as outras duas, sugeri usar nomes das amiguinhas da escola. Uma ficou sendo a Gabrielle. A outra, eu propus que fosse Juju, mas ela recusou imediatamente: "Não, mamãe, essa é o Gabriel". "Mas filha, a boneca é uma menina, como ela vai se chamar Gabriel?". Não adiantou chamá-la à razão. "É o Gabriel. Gabriel Salazar", insistiu com aquela certeza absoluta que só as meninas de dois anos podem ter. Eu achei melhor não contrariar. Se ela entrou numas que o Gabriel (Salazar, atenção para o sobrenome) pode ser representado de roupa de lacinho, touquinha lilás e cabelinho louro, quem sou eu para dizer que não. E a coisa ficou mesmo definitiva. Ela leva o Gabriel para andar de carrinho pela casa, coloca ele para dormir, e o que é mais engraçado, dá broncas homéricas nele, e o deixa de castigo. Pelo que entendi, uma vez esse Gabriel empurrou Mathilde na escola - ela caiu, chorou, e ele ganhou uma bronca da tia. Ela fixou essa cena, e até hoje reproduz com extrema verossimilhança (acho eu) a bronca no Gabriel. "Fica aqui, de castigo!! Não pode empurrar os amigos! É muuuuito feio." Eu já assimilei totalmente o fato de que aquela boneca se chama Gabriel Salazar. Se hoje já tem tanto menino por aí se vestindo de boneca, como é que não será quando ela for um pouco maior? Melhor se acostumar, e ser feliz.

7.3.10

Me Gusta Leer!



Achei este vídeo maravilhoso, e serve com perfeição para ilustrar o post que quero copiar descaradamente de Carrie, que por sua vez se inspirou n'O Revisor. É sobre hábitos e manias de leitura.

- Antigamente eu colocava meu nome nos livros assim que os comprava. Hoje em dia não faço mais isso, com raras exceções. Estou cada vez mais desapegada, achando que são muito poucos os livros que vale a pena conservar.

- Empresto meus livros sem problemas. Fico felicíssima em fazê-los circular, em propiciar o prazer da leitura a outras pessoas. Os livros não são meus, as leituras, sim. Nem fico tão chateada se não me devolvem ou demoram a devolver. Eu mesmo às vezes pego emprestado um livro e esqueço de devolver, então sei que não é por mal (atire a primeira pedra, etc.).

- Leio em tudo quanto é lugar. No banheiro, sempre. Na mesa durante as refeições, sempre que estou comendo sozinha. Tenho até mesmo um segurador-de-livro-aberto que é muito legal. No ônibus, metrô, trem, avião, procuro sempre ter um livro à mão.

- Não tenho nenhum problema em ler na tela do computador. Por força do trabalho, é o que eu mais faço, na verdade. Leio livros inteiros, em word ou pdf. O que faço, para ficar mais confortável, é aumentar bastante a visualização para o tamanho da letra ficar grande. Já fiz várias experiências, mas realmente a fonte mais confortável para ler é mesmo a Times New Roman. Pode não ser a mais bonita, mas é de fato a campeã em legibilidade.

- Sou usuária de um e-reader, que pertence à editora mas que tem ficado direto comigo, para continuar a leitura dos originais que estamos avaliando em casa e nos finais de semana. Tenho gostado bastante. É um Sony Reader, que tem uma grande vantagem em relação ao Kindle: ele funciona como um drive, que você pluga no computador e joga os arquivos para dentro (nos formatos .rtf ou .pdf). Então é bem mais rápido e simples. Já no Kindle, que só lê seu próprio formato, para ler algo que não tenha sido comprado na Amazon, você precisa enviar o arquivo para sua conta na Amazon, e lá eles fazem a conversão para o formato Kindle e mandam para o seu aparelho, cobrando aí uma taxa de alguns centavos. Estou fã dos leitores eletrônicos, e acho super prático e bastante confortável a leitura no Sony. Mas claro que não acho que os livros vão simplesmente acabar - e não entendo como alguém pode colocar esse tipo de questão. Acho sim, que quando o e-book deslanchar muita coisa vai mudar na indústria, mas isso é outro papo.

- Leio vários livros ao mesmo tempo. Claro, meu trabalho inclui avaliar livros para pubicação, então o que mais faço é começar, não gostar muito e deixar pela metade. Dependendo do meu estado de confusão mental, pode ser complicado. Mas essa Amy aqui não era filha daquele Ralph? Ah não, este era outro livro. Bem, essa família não morava em Washington? Ou seria daquela outra saga, no Kentucky? Quem é mesmo essa Mary Jo?

- Gosto de ler em voz alta. Às vezes (quando estou sozinha, é claro) leio em voz alta para ouvir o som das palavras. Já li para os cegos durante uma época, quando estava na faculdade.

- Já chorei lendo alguns livros, mas foram poucos. Grande Sertão: Veredas, por exemplo.

- Sou evangelista de certos livros muito queridos. Fico contando a história para as pessoas, tentando convencê-las a ler, empresto meu exemplar, dou de presente. Entro mesmo na campanha. Já perdi a conta de quantos exemplares de Equador ou Dois Irmãos já passei adiante. E agora o livro da vez é, claro, Os Pilares da Terra.

- Gosto tanto de ficção quanto de não-ficção. Adoro dicionários.

- Tenho muitos livros que nunca li. Na verdade, alguém não tem?