23.9.06

Não chore por mim


Vou ali dançar um tango e tomar um vinho.
Volto na semana que vem.

21.9.06

Grupo Corpo



Mas hein?
Eles são bons meeeesmo.
E este número aqui, é tããão bonito e impressionante! Aff...

20.9.06

Variações sobre o mesmo tema

J.W. Waterhouse, "Eco e Narciso", 1903
Homens são todos imaturos, egoístas, ou as duas coisas.
Ou talvez não seja isso, e sim: tenho estado mais próxima das minhas amigas mulheres.
E esta é a fase das separações. E como gosto de ouvi-las, elas me contam. A ladainha é sempre a mesma: imaturos, egoístas, ou as duas coisas. Gosto de lembrá-las de que elas também faziam parte dos seus finados relacionamentos. Portanto, olhai para dentro de si, amigas queridas.
No feriado de 7 de setembro levei um tombo na escada do meu prédio. Estava sozinha, saindo de casa. O tombo não foi feio, mas foi assustador -- no sentido estrito: fiquei mesmo assustada. Eu caía, caía, não vinha o chão, eu não sabia que parte do meu corpo ia bater onde, com que força, com que dor. No final, nada de grave. Apoiei meio mal com o braço, meu ombro doeu, e fiquei com o coração aos pulos. (Como era de se esperar, me vi pensando nessas coisas, de como um dia sem mais nem menos você cai da escada que desce todo santo dia, bate a cabeça, e sua vida muda pra sempre, bla bla bla. Além do mais, como não tem porteiro, ninguém viu o tombo -- se tivesse sido grave eu ficaria ali sabe lá por quanto tempo.)
Mas enfim. Depois que o ombro passou uns três doendo e eu curei com o bom e velho chá de pouco-caso, começou a doer o dedo do pé. Mais e mais doendo. E incomodando para andar. Comecei a meio que mancar. Então fui à clínica ortopédica, "bater uma chapa". Chapei, e não é nada no osso, só uma inflamação. (O doutor me passou um antiinflamatório porque achou que eu era daquelas pessoas que não admitem sair do médico sem uma receita de remédio. Mas é claro que nem comprei.) Recomendou que eu use tênis, nada de salto etc. Na volta pra casa, já umas 8 da noite, no meio da rua encontrei T., amiga querida que mora bem pertinho, na rua ao lado.
Chope urgente. (Esses assim inesperados são os melhores.)
E pra minha surpresa, T. se separou, e eu nem sabia. E como todo mundo (segundo ela me disse), eu também fiz "oooh". Porque eles eram o casal conto-de-fadas. (Eram vizinhos, se conheceram um batendo na porta do outro para pedir açúcar. Você acredita? Nem eu. Mas foi assim mesmo.) Mas depois de um certo tempo aconteceram coisas, coisas da categoria das que precisam ser discutidas, mas ele nem, nem. E como não queria tocar no assunto, agia como se estivesse tudo bem. Mais ou menos forçando para que as coisas permanecessem não-ditas, e desta forma se resolvessem sozinhas, magicamente. Uma maneira estranha de se relacionar. Mas o pior é que ele não é o único. E tampouco isso é exclusivo dos homens. O medo, o medo. E sempre o eu, o eu, ego, ego ego. Sempre variações dessa mesma história.

Eleições

Recebo agora todo dia um spam do Alckmin, com o subject "Assunto de seu interesse". Era só o que me faltava.

Por quanto tempo vamos ficar ouvindo piadinhas variantes de "Nem Freud explica"?

Não estou acompanhando de perto o mais novo escândalo, esse da tal compra do dossiê por R$ 1,7 milhão. Não consigo evitar o sentimento de que compra de dossiê contra o adversário seja uma prática soooo last century.

19.9.06

Na próxima semana

Foto: AFP
Casal moderno que se preza é assim. Ele vai para a Alemanha, eu vou para a Argentina.
Dicas portenhas? Alguém?

A trilha sonora é do Chico, é claro: "O nosso amor é tão bom, o horário é que nunca combina..."

17.9.06

As boas notícias da semana

(Via Síndrome de Estocolmo) Que a prefeitura de Madri proibiu, no Fashion Week de lá, o desfile de modelos com índice de massa corporal menor do que o considerado saudável. Palmas, palmas! Juro que não é desforra de quem vive brigando com a balança. Mas esse modelo anoréxico de beleza -- 1,78m, 43 kg -- já passou do ridículo há muito tempo. Não teve um estilista em São Paulo que num desfile, em vez de modelos, usou cabides? Então. Eu vejo que está tudo muito errado quando vou a uma loja e quero comprar uma blusinha tamanho G. Nunca tem. Todas já acabaram. Quando dou sorte consigo uma M, que serve. E as P estão tooooodas lá. Sempre. Conclusão: ou as pessoas tamanho P são muito pobres e não podem comprar roupas, ou simplesmente não tem tanta gente P no mundo, ou então o tamanho P deveria ser M, e por aí vai.

(Via Biscoito Fino e a Massa) Que a Cristina Almeida, candidata ao Senado pelo Amapá, subiu onze pontos nas pesquisas, segundo o Ibope, e se aproxima de Sarney. Ah, que bela notícia. Seria realmente lindo se ela ganhasse. E o mais maneiro é esse sentimento "O Amapá é aqui" que rola. Ah, a internet me deixa com lágrimas nos olhos, eu sempre choro com essas coisas sentimentais do Brasil...

(Via Blowg) A entrevista da Jandira Feghali no site do Sidney Rezende, falando da sua luta pela legalização do aborto no Brasil. A boa notícia nisso tudo (expressa nos posts da Marina e nos comentários no site do Sidney) é que finalmente o tema é abordado com mais inteligência: ninguém é "a favor do aborto", óbvio que não. As pessoas (inclusive eu, claro) são a favor da legalização do aborto. Porque quem quer fazer um aborto vai fazer de qualquer maneira. É meio difícil defender a vida "dos fetos", eles vão morrer de um jeito ou de outro. A luta é pela vida das mães, para que elas tenham mais chance de sobreviver depois dessa cirurugia que -- de novo -- ninguém faz feliz e contente. Eu ia votar na Jandira para o Senado só como voto útil (contra o inominável Dornelles -- que eu, ignorante, achava até que já tinha morrido), agora estou mais contentinha.

Jerry Garcia & Cia

Queimei a língua. Os fãs brasileiros do Grateful Dead não só existem como saíram das tocas onde se escondiam para comentar o post que falava da banda (abaixo). Eu só ouvi falar do Dead quando passei um tempo nos Estados Unidos. E de volta ao Brasil, as únicas pessoas que tinham ouvido falar eram aquelas que tinham morado lá também. A lembrança que eu tinha era de uma coisa mais rock'n'roll, um pouco mais pesada. Mas baixei umas faixas e era tudo assim bem country rock. Não curti não. Imagina ficar, como a minha amiga, seguindo intermináveis turnês ouvindo esse chacundum! Bom, taí o link, tirem suas próprias conclusões...

http://www.goear.com/listen.php?v=131b906

15.9.06

Rápidas de sexta

Você sabe que o frio já é passado quando tem 15 mulheres na sua frente para fazer depilação. Ah, a vida no balneário.

Tive que ir ao Centro da cidade na hora do almoço, e o calor era tanto que me dismilingüi pela Av. Rio Branco. Minhas faculdades mentais caíram pela metade – talvez tenham derretido. Fui salva por um suco de manga gelado. Ah, a vida nos trópicos.

Fiz operações financeiras pelo bankfone de um orelhão na Almirante Barroso. Tão inusitado, tão moderno.

Comprei ingressos para ver o Arnaldo Cohen no domingo à tarde. Concerto de Mozart, oba. Cinco reais, oba duplo.

As eleições estão quase aí, e nada acontece. Ô pleitozinho sem graça, esse.

14.9.06

Montreal

Inverno em Montreal

2005. Então combinamos de eu visitá-la nas minhas férias. Ela já morando nos EUA há dois anos, vindo sempre ao Brasil, mas eu ainda não tinha ido para lá conhecer a casinha de doutoranda dela. E não tem jeito, melhores amigas têm mesmo que fazer essas coisas, gastar os tubos só pra passar uns diazinhos juntas.
Então fui. Era novembro. Cheguei no aeroporto de Boston e ficamos uns cinco minutos abraçadas ali no desembarque, quase chorando de alegria. Um exagero, nem tinha tanto tempo assim que ela tinha vindo ao Brasil pela última vez, mas e daí?, é assim mesmo.
E ali mesmo no aeroporto fomos na Herz para alugar um carro. Queríamos o modelo mais simples de todos, mas quando perguntamos se teria algum problema cruzar a fronteira do Canadá com o carro alugado o atendente ficou morrendo de pena e nos deu um upgrade de categoria, sem cobrar mais nada por isso. Disse que era muito perigoso fazer uma viagem dessas com o modelo mais simples. Quando vimos, tinha um Hyundai Sonata nos esperando, e ficamos assim como índios em frente ao espelho, sem acreditar que íamos circular com aquele carrão totalmente desproporcional aos nossos tamanhos (1,50 e 1,59 de altura).

A viagem
Partimos no dia seguinte com destino a Montreal – pois o objetivo era “sair dos Estados Unidos”. Além do fato, claro, de termos uma amiga em Montreal. Saímos de Boston debaixo de chuva. Seis horas de viagem, o plano era chegar no mesmo dia. No meio do caminho, uma parada prevista, em New Hampshire, para encontrar uma amiga minha, americana, que eu não via desde 1992.
Google Maps rules. Uma coisa incrível de precisão, vou te contar, esses americanos têm a vida fácil. 30 miles nessa estrada, vira à esquerda, 2 miles nessa rua, vira a direita etc. Tudo certinho. Só nos demos mal uma vez, pegamos uma entrada errada num balão, aquela coisa que em inglês tem o nome genial de roundabout. E chuva o tempo todo.

Grateful Dead
Chegamos no ponto de encontro, um café em Keene, NH. Pouco depois chegou minha amiga, que para meu alívio, 13 anos depois continuava uma pessoa adorável. Fomos até a casa dela. Que era -- como explicar? -- uma comunidade alternativa. É. Hippie, praticamente. Ela mora com o marido e os três filhos numa espécie de sótão em cima de uma marcenaria. Um lugar precário. Só tem umas poucas casas no local, uma escolinha, e eles criam porcos, vacas, e plantam coisas. Os Estados Unidos são um lugar assim meio sei lá. Muito... interessante. Ela, a amiga americana, tinha umas fotos minhas de 13 anos atrás simplesmente fantásticas. E me contou que nem chegou a completar a high school, porque se apaixonou por um cara e foi com ele seguindo as turnês do Grateful Dead. Que é uma banda que nem nunca fez muito sucesso aqui no Brasil. Então se já é muito difícil entender por que alguém abandona a vida que leva para seguir uma banda, mais difícil ainda é entender por que se faz isso pelo Grateful Dead. Mas ela fez. E passou dois anos seguindo as turnês da banda, e fazendo artesanato para sobreviver. Ela e o namorado, e mais gente que integrava essa comitiva de adoradores do Grateful Dead. Então, amigos, eu vou repetir. D-o-i-s a-n-o-s. (Este nem era o assunto que eu queria falar, mas acabei caindo nele, e essa história é tão inacreditável que eu não resisto.) E nesse tempo ela engravidou e teve um filho, que é o mais velho dos três filhos dela. E só depois que o filho nasceu é que ela parou de achar tanta graça em ficar pra lá e pra cá pelos Estados Unidos com um neném de colo, morando em barracas de camping, e largou o cara e voltou pra casa da mãe.
Isso tudo ela contou pra gente assim, de supetão, e as duas brasileiras só “oh!”, de boca aberta e queixo caído. Depois ela nos serviu abóbora e arroz plantados ali na comunidade, e nós comemos. E nessa hora começou a nevar, então nós fomos embora. Logo logo começou a nevar muito, e se não fosse o (atual) marido dela nos conduzir até a estrada principal, nós estaríamos lá até hoje, possivelmente.

Maus momentos
Seguimos sempre para o norte, para o alto e avante, rumo ao Canadá, e ficava cada vez mais frio, e caía mais e mais neve. Foi ficando tudo branco... branco... branco... Até que escureceu. Eram três da tarde, estava um breu, nevava furiosamente e nós ainda estávamos longe da fronteira. Quem dirigia era eu. E como aquela foi a primeira nevasca do ano, a estrada não estava preparada (ou seja, não haviam passado caminhões como os da foto ao lado, que removem a neve e jogam sal na estrada). Onde não tinha neve, tinha gelo. Então todos os carros passaram a andar muito devagar, um atrás do outro, sem perder a trilha deixada pelos pneus do carro da frente, caso contrário, derrapagem certa. Não foram bons momentos. E conseguimos manter alguma serenidade nem sei bem como, porque não sabíamos dirigir na neve.
Claro que resolvemos parar na primeira cidade que aparecesse, mas naquela velocidade e com a adrenalina àquelas alturas, a primeira cidade demorou muito para aparecer. Mais perdidas do que achadas, saímos da highway na primeira Exit que surgiu e depois de rodar por uns lugares ermos topamos com uma placa que dizia Main Street, e resolvemos que ficaríamos ali aquela noite, nem que aquilo fosse a Baixada Fluminense do estado de Vermont. Haha. Era Montpellier, capital do estado e possível cidade-cenário de todos os filmes natalinos-família-feliz norte-americanos. Mais à frente, The Montpellier Inn. Vacancy. E nessas horas não tem jeito, o que você diz é mesmo Thank you, Lord.

Quebec
No dia seguinte chegamos em Montreal. E que cidade bacana. E que pessoas fantásticas. E como é tão diferente dos EUA. Não sei na parte anglófona do país, mas ali no Quebec é mesmo um outro lance. E essa é a primeira lição. Nunca dizer canadense se você pode dizer quebequense. E quem me ensinou que o termo correto em português era quebequense foi uma nativa, que participa de um programa de pós-graduação em biologia feito em parceria com a Universidade Federal... do Pará. Então essa fofa quebequense fala português perfeito, mas com sotaque do Pará. E não é Belém. O trabalho de campo que ela faz é numa cidade que eu nunca tinha ouvido falar e nem lembro mais o nome, perto de Santarém. Ela levou de lembrança um CD da Banda Calypso. Pois é.

Passamos dias ótimos em Montreal, e se não fosse pelo frio absurdo teríamos aproveitado mais. Em Montreal descobri como é bom tomar um grog, uma das bebidas favoritas do comissário Maigret – e que até então eu só tinha ouvido falar nos livros dele mesmo (receitas aqui).

Montreal. A cidade velha. O porto. O museu da cidade. Os mercados de comidas naturais. Os pinheiros de natal à venda junto das outras plantas. Os cafés. Os parques, muitos parques. A neve, muita neve. Maple syroup ou sirop d’erable. O metrô, estação Jean-Talon. As comunidades de imigrantes. As lojas descoladíssimas. A loja do Exército da Salvação onde comprei minhas botas-barbarella por 7 dólares canadenses.
Tanta coisa boa pra se falar de Montreal.



11.9.06

Beethoven e o vassoureiro

E quando a gente tenta colocar um pouco de poesia na nossa vida, vem a realidade com sua pata enorme e esmaga.
Sábado em casa, e você lutando contra um freela que já há muito se arrependeu de ter pego, porque é enorme, porque é chato, porque não termina nunca (a velha teoria do papel-macho + papel-fêmea, que quando se juntam se reproduzem), porque o prazo está chegando. Etcétera. Você se sente assim como a Lu, procurando pretextos para, toda hora, fazer uma pausa. Hmm, acho que vou tomar um café com leite. Vou ligar para minha mãe. Vou checar os e-mails. Vou regar as plantas. Vou ler aquela parte do jornal. Vou fazer um chá. Só quando você cogita a possibilidade "vou tirar as roupas do varal" é que você se dá conta de que isso está ridículo. Nenhum freela chato pode ser pior do que tirar as roupas do varal. (Isto é um dogma.)
E o freela avança mais um pouco. E você lê, lê, mas quase não registra o que está lendo. E agora faltam só trezentas páginas.
Até que finalmente você se dá a pausa que realmente merece: vou tocar um pouquinho. Ah, agora sim. Dá pra passar uma hora fácil ali. E sempre com a sensação de que está fazendo algo de produtivo, e não perdendo tempo. Então você começa a se envolver com a música, finalmente consegue parar de pensar nas trezentas páginas que faltam, consegue parar de sentir culpa por não estar lá sentada avançando mais algumas laudas.
E oh, você chega no segundo movimento, aquela coisa espetacular, em que sua maior preocupação é cantar bem a melodia da mão direita

depois de ter passado pela pirambeira que é primeiro movimento, depois daquela canseira, você está finalmente em transe, a mente vazia -- ou melhor, cheia, mas só de coisas boas, quando de repente vem da rua (até aquele momento completamente silenciosa, como em geral é a sua rua) um som inequívoco.
-- Vassoureeeeiro! Vassoureeeeiro!
Você desperta do transe. O som vai ficando mais alto.
-- Vassoureeeeiro! Vassoureeeeiro!
Você não pode acreditar. Não, não tem um vendedor de vassouras passando na rua justo agora.
-- Vassoureeeeiro! Vassoureeeeiro!
Mais alto e mais alto. Você não consegue mais ignorá-lo. Você mal consegue se ouvir agora. Pára de tocar. Levanta e vai até a janela. Lá está o rapaz, carregado de vassouras. Ele te vê na janela, seu olhar se enche de esperança.
-- Vassoura, madame?
Você sorri.
-- Não, obrigada.
E de volta para o freela.

(A história é verídica, mas no fundo foi só um pretexto para experimentar esse GoEar, uma espécie de YouTube só de música. Se não der certo clicando no player, tem o link: http://www.goear.com/listen.php?v=931f36d)

9.9.06

Agora vocês me expliquem uma coisa

Como é que se diz Eu Te Amo através de um blog?

6.9.06

Sobre bolas, pés e corações


Então eu vejo alguns jogos do campeonato brasileiro. Porque gosto tanto de futebol que, se estiver de bobeira, assisto a qualquer jogo. E em casos especiais, desmarco qualquer programa -- como foi nas duas finais da Libertadores, Inter x São Paulo, dois jogaços.
Bem. Eu torço pelo Flamengo. Como vou dizer?, eu torço muito pelo Flamengo. Mais do que a maioria das "mocinhas" costuma torcer. Torcer, quero dizer, se envolver. Eu gosto de ir ao estádio (gosto não, eu adoro -- no nível: eu já fui sozinha ao Maracanã), eu tenho várias camisas, eu tenho livros sobre o Flamengo, eu tenho aquelas faixas cafonérrimas de Campeão que vendem na porta do estádio. E, como não podia deixar de ser, eu participo de uma lista de discussão sobre Flamengo. Não é uma dessas listas monstruosas, de 2047525 participantes fanáticos. Não, eu não teria saco. É só dos meus amigos, tem umas 15 pessoas no máximo. E muitos deles são jornalistas esportivos. O tipo de gente que acompanha mesmo, de perto, toda a movimentação dos clubes. E o Flamengo está, como aliás todos os últimos anos, ladeira abaixo no campeonato brasileiro. E mais uma vez tenho certeza que vamos passar o final do ano lutando para não sermos rebaixados para a segundona (até o ano em que isso finalmente ocorrer -- porque é inevitável).
Eles, os meus amigos flamenguistas, sofrem muito cada vez que o time perde, cada vez que tem um vexame em pleno Maracanã, cada vez que um jogador é vendido numa negociação tacanha, cada vez que chega um reforço bisonho, fruto de negociatas com esses empresários mafiosos. Eles ficam putos, de verdade. Eu não. Eu não acompanho esses jogos. Mais: eu me recuso a acompanhar. Porque eu nunca consigo saber quem são os jogadores que estão em campo. Porque é impossível registrar todas as idas e vindas. Impossível. A menos que você não faça outra coisa da vida.
Deixa ver se eu consigo explicar de outra forma. Houve um tempo em que, além de torcer pelo "símbolo" Flamengo, eu torcia pelos indivíduos. O Zico. O Júnior. O Adílio. Aquela geração, vocês sabem. Era mais fácil -- ou melhor, era mais concreto. Hoje em dia não dá para confiar num jogador a ponto de torcer por ele (ele como "pessoa física"). Todos eles estão constantemente em trânsito, estão jogando aqui pensando em chamar atenção para jogar lá (e lá = qualquer lugar fora do Brasil). Ou para mudar de clube aqui mesmo. O Petkovic, por exemplo, já passou pelo menos por Flamengo, Fluminense e Vasco. O Luizão, que andou fazendo gols importantes pro Flamengo, pra mim vai ser sempre um vascaíno. Talvez a única exceção de jogador identificado com clube no Brasil hoje seja o Rogério Ceni (a.k.a. Luciano Huck) e o SPFC.
Na semana passada parece que se encerrou um prazo qualquer para a comercialização dos jogadores de futebol para o exterior. Então foi um deus-nos-acuda nos clubes, empresários como operadores de bolsa de valores, compra, vende, negocia. Vendem uns jogadores de dezoito anos para a Rússia. Vendem goleiros para a Turquia. Vendem os Robinhos para a Espanha por uma quantidade de dinheiro que me constrange.
De forma que não restou nada além do símbolo. Torcer hoje é vibrar por conta de uma abstração. Claro, isso sempre ocorreu. Só que antes a gente podia materializar essa paixão abstrata em uma dúzia de homens correndo. Hoje não. Por isso eu não ligo a mínima para os jogos que o Flamengo faz nesse falido campeonato. Guardo tudo para quando ele estiver disputando algum título, alguma coisa que me dê motivo para torcer de verdade, e aí sim vou gritar Mengo! da janela até perder a voz.

PS: Ainda futebol:
Ele me disse essa semana: "Quero te mostrar uma coisa no jornal que me deixou emocionado". Eu com cara de ponto-de-interrogação. Chegou na página do Obituário e mostrou o anúncio fúnebre que não tinha os convencionais símbolos da cruz católica ou da estrela-de-davi. Tinha uma estrela solitária, o símbolo do Botafogo. E depois das informações sobre os familiares, e sobre a missa, na última linha, em negrito: "Tua estrela solitária nos conduz". Ele me olhou com os olhos rasos d'água: "Quando eu morrer, promete que faz um assim pra mim". Eu ainda incrédula. Ele feliz: "Estou até pensando em ir na missa desse cara".

E essa foto não é linda? Reflete bem esse amor, às vezes solitário, mas sempre fiel, por uma abstração. (Ainda por cima porque o Zico jogou no Udinese.)

Inverno -- parte 2

O inverno acabou. Hoje.
Eu me arrumando de manhã: "Abriu o tempo ou ainda está nublado?". Ele, entreabrindo a janela: "Ainda está nublado". Eu decido então: meia-calça, saia de lã, blusa de manga comprida, suéter de gola rulê, botas (não botas quaisquer: botas-barbarella até o joelho, forradas de pêlos, compradas no Canadá!). Figurino estilo Tundra. Saio de casa, dobro a esquina: céu azulíssimo e um tremendo sol.
Ai, é triste pagar esses micos assim.

5.9.06

O inverno este ano caiu em setembro

Inverno no RJ

Cariocas são ridículos.
Na rua, um desfile de sobretudos.
Eu saí de casa de cachecol.
Lavei louça com água quente.
Pera aí que eu vou ali pegar minhas luvas.

(Hoho, me vê meio quilo de noção, fazfavô)

4.9.06

A melhor parte de uma segunda de chuva

E se não fosse por nada toda essa história de blogue, mesmo que eu parasse agora e nunca mais escrevesse por aqui, já teria valido a pena, só por ter conhecido, num dia chuvento como hoje, essa pessoa tão querida aqui. Afinal, uma amizade tem que começar bem quando você é obrigada a responder "Não te interessa, ora!" pro teu chefe indiscreto que te pergunta "Mas de onde vocês se conhecem?!".

A publicidade passou, e eu fiquei

Com essa coisa de não ter hábito de ver TV, em algum momento sinto que perdi o bonde da publicidade. Eu simplesmente não entendo mais vários anúncios. Domingo estava vendo futebol na TV, na Globo, e volta e meia aparecem no canto da tela logos dos anunciantes, com uma voz em off dizendo qualquer coisa como "Itaú: feito pra você", etc. Bem. Pois um dos patrocinadores era: "Fanta: fique bambucha". [Como é o emoticon para "hã?!"]
Em seguida passou um anúncio que falava sobre mãos. Apareciam imagens de mãos, e uma voz em off, com um sotaque estrangeiro indefinido, dizendo: mãos. mãos tem X ossos, metacarpo, falanges, falangetas. mãos servem para tudo. mão boba, mão de vaca e sei lá que outras locuções com mão, cada uma acompanhada de uma imagem relacionada. Depois de vários segundos o estranho estrangeiro diz alguma coisa como: você tem duas mãos, ponha-as no Fiat Tryon Adventure. Ou seja, era um anúncio de carro, que não tinha nenhuma relação especial com "mãos", nem qualquer motivo para um locutor com sotaque estrangeiro! Ou, se tinha, eu não consegui captar.
Só posso concluir que estou fora do público-alvo dessas campanhas. E isso só pode ser bom.

2.9.06

Sobre gatos e rosas


Na minha curta vida bloguística, já detectei duas preferências: gatos e Guimarães Rosa. Refiro-me, claro, aos blogues que costumo visitar. Ao que parece, todo mundo cita JGR, todo mundo posta fotos e conta causos dos seus felinos.
Bem, eu não tenho nada contra gatos. Tampouco tenho qualquer coisa a favor. No fundo acho meio sacal, porque eles destroem sofás e poltronas, e às vezes arranham as pessoas. (Pronto, acabei de perder metade dos meus seis leitores.) Moro numa rua cheia de gatos vira-latas, que fazem a maior arruaça em algumas noites. Anteontem de madrugada, enquanto dois gatos provavelmente se divertiam embaixo da minha janela, lembrei de uma frase ótima atribuída ao Perón, que me foi contada por um amigo argentino: "Peronistas são como gatos: quando você pensa que eles estão se matando, na verdade estão se reproduzindo". Quem já ouviu dois gatos cruzando entende a frase.
Mas não era sobre gatos que eu queria falar, e sim sobre o Guimarães. É que fui na abertura da exposição "O Sertão É o Mundo", no Sesc, e assisti a uma apresentação do Grupo Miguilins de contadores de história. É um grupo de adolescentes de Cordisburgo, MG (cidade natal do Rosa) que recita trechos dos livros dele, interpretando. Que incrível esse trabalho. Porque como a gente não tem o hábito de ouvir o texto sendo falado, cada leitor tende a imaginar o seu próprio falar, com um ritmo e uma cadência peculiares. E esses miguilins falam com a naturalidade de quem já convive com aquela prosa desde sempre. De quem já mais que se habitou a dizer que se deslembrou de alguma coisa, ou de quem às vezes tem, sem tal nem razão, uma moleza no diário, coisa que até parece ser parente da preguiça. Eles já nasceram sabendo que um sentir é do sentente, mas o outro é do sentidor. E ali, assistindo e ouvindo os Miguilins, eu, sentente, sentidora... descarecia, mas fiquei com uma vontade de chorar...

1.9.06

A luta continua -- no Amapá

Fui checar como estava a história da censura ao blog da Alcinea -- pelo motivo ridículo de reproduzir a foto da pintura no muro (veja abaixo), e recebi na cara um "Acesso Proibido". Já imaginei logo uns brucutus entrando na casa dela, no Amapá, e levando para uma salinha escura de tortura. Mas não, ela agora está no http://alcinea.blig.ig.com.br/, porque o Uol tirou o site dela do ar! E diz lá que vai hospedar daqui a pouco no http://alcinea.blog.com.

Gente! Quê isso, hein?

Desescondendo

Foto: Eric Wallace, via Flickr
Eu aqui fazendo o maior esforço pra ficar na minha, despistar, ocultar, confundir e desinformar, e vem a Bela, a Belíssima, a quem nada se pode negar, pedir que eu falei seis coisas sobre mim, para me ver mais de perto. SEIS?! Logo eu, que não saio da conchinha. E depois passar para seis pessoas. SEIS?! Logo eu, o Elesbão da blogosfera. Podia começar com: 1. Não sei dizer "não"...
Olha, não sou muito fã dessas coisas, simplesmente porque acho que... Mas vamos lá.
Terapia, terapia...

1. Meu remédio mais eficaz para qualquer mal é um mergulho no mar.
2. Nunca tive cartão de crédito, não gosto de Coca-Cola, quase não vejo televisão, sempre peço nota fiscal.
3. Se você viveu no Brasil nos últimos 20 anos, já ouviu minha voz. Participei de muitos, muitos coros infantis dos anos 80. Sou uma das crianças histéricas cantando nos discos da Xuxa, Balão Mágico, Os Trapalhões, Trem da Alegria e muitos etcéteras.
4. Nunca fiz unha na manicure, jamais tive coragem de fazer a sobrancelha. Não entendo como alguém consegue usar sapato de bico finíssimo.
5. Escrevo diários secretos.
6. Nos últimos anos me acabei no carnaval de rua.

Passando a bola para:
Bloggete (já vale por 3!)
Alena
Alba
Rodrigo

Tamos aí -- na luta


Blogosfera bombando na data que aprendi hoje ser o Blog Day (ontem aliás, 31/8).

Primeiro foi o caso totalmente chocante e lamentável que aconteceu no Amapá, onde um blog foi censurado por mostrar a imagem abaixo, o Xô Sarney. Como já era de se esperar, a comunidade toda faz questão de reproduzir a imagem censurada, e eu me incluo na mesma hora. Acho essas iniciativas do caralho, porque mostram o quanto o meio é a mensagem.

Depois foi a decisão da justiça, mais chocante ainda, de condenar o site Imprensa Marrom a pagar uma indenização por danos morais por conta de um comentário obscuro feito por um leitor anônimo. Eu, que nunca nem tinha ouvido falar do Imprensa Marrom, presto aqui a minha total solidariedade.

Tamos aí na luta, fazendo o trabalho de formiguinha.

Os "companheiros" que explicam melhor os casos:
http://www.sindromedeestocolmo.com
http://www.idelberavelar.com

Os sites envolvidos:
http://alcinea.zip.net
http://www.imprensamarrom.com.br