27.11.11

Um krill gay no filme do pinguim

Os krills Will e Bill

Domingão de chuva, levei Mathilde ao cinema. Fomo ver um filme sobre pinguins, chamado Happy Feet 2, mais um título inexplicavelmente em inglês (o que há de errado com Pés Felizes, Pés Dançarinos eu não sei).

O filme não é realmente nada de mais, e a ação é até mais arrastada e sem ritmo do que costuma ser nesse tipo de produção. Tem o drama principal, dos pinguins imperadores que ficam presos num buraco gigante de gelo, tem muitos números musicais, tem a moral da história (ajude o próximo, a união faz a força etc.), e, como em todos esses filmes, tem os, digamos, núcleos cômicos. Neste caso, um dos núcleos cômicos são dois krills. Vocês sabem, krill é aquele bichinho que vive na água em gigantescos cardumes, se alimenta de plâncton e serve de comida para todos os peixes e seres do mar. Parece um camarãozinho e fica no final da cadeia alimentar.

Os krills do filme se chamam Will e Bill e... são gays. Pois é. São dois krills machos que ao longo do filme descobrem que se amam. Eu fiquei boquiaberta, mas não posso negar que gostei da surpresa. Porque vejam,Will e Bill não são bichas loucas, e nem mesmo são um casal. Muito ao contrário. Um deles (não sei qual) se rebela e quer ascender na cadeia alimentar. Então resolve ser um predador, "comer alguma coisa que tenha rosto". E o outro vai atrás, tentando demovê-lo da ideia descabida, mas sem abandoná-lo, por lealdade e porque não suporta a perspectiva de ficar longe. Então eles saem do cardume, saem da água, e vão viver suas aventuras. E, em meio a músicas que eles cantam do Queen e do George Michael (sério), rolam as DRs dos krills. O conformista da dupla quer viver uma vida pacata, ter filhos. Ao que o outro observa que ambos são machos. E ouve como resposta que isso não importa, "podemos adotar". Eles acabam se separando e depois se reencontrando, quando descobrem que de fato não podem viver um sem o outro. 

Nos EUA os krills foram dublados por Matt Demon e Brad Pitt, nomes que parecem querer reforçar a importância dos personagens, porque na verdade a parte deles é absolutamente dispensável para o desenvolvimento da trama dos pinguins. É como se os krills só estivessem ali, e dublados por dois dos maiores galãs de Hollywood, para tornar natural, num filme infantil, um relacionamento afetivo entre dois seres do mesmo sexo.

Só faltou cantar For the times, they are a-changing...

25.11.11

Umberto Eco


Agora que já tenho o novo Umberto Eco, o romance O cemitério de Praga, na fila das leituras da minha mesinha de cabeceira, concluí que era chegada a hora de me desfazer dos livros dele que me acompanharam durante a faculdade. Não pego neles há mais de dez anos e não tenho qualquer perspectiva de precisar recorrer novamente a seus ensinamentos.

Então é com renovada esperança de que um estudante de comunicação, semiótica, linguística, filosofia, sociologia ou outra ciência humana vá se interessar, que coloco no Mini Sebo Terapia Zero aqui ao lado meus exemplares surradíssimos e rabiscados de A obra aberta, A estrutura ausente, Apocalípticos e integrados e As formas do conteúdo.

Ficam aqui comigo ainda, por tempo indeterminado, O nome da rosa, O pêndulo de Foucault e o maravilhoso Quase a mesma coisa, sobre tradução.

Que escritor fantástico é o Eco. Escreve tão bem sobre tanta coisa. E dá títulos realmente ótimos para seus livros. A obra aberta, o título que virou conceito. Apocalípticos e integrados, que achado! A ilha do dia anterior, outro título perfeito. Pensando bem, até Umberto Eco é um nome muito bom, um verdadeiro "nome de escritor", seja lá isso o que for.

24.11.11

Da série: Fofices infantis

Poucas coisas são mais fofas do que quando uma criança, ou ainda um bebê, no meio de uma conversa de adultos, começa a rir só porque os adultos estão rindo também. Assim, para não ficar de fora.
Ou melhor ainda, quando eles fazem alguma coisa e percebem que todo mundo riu, e aí ficam fazendo de novo, de novo, de novo, para continuar agradando.
Vontadedeapertarmuito.


22.11.11

Desenvolvendo Belo Monte

Deixando de lado o mimimi de estou-sem-tempo-e-peguei-conjuntivite, escrevo rapidinho para desenvolver só mais um pouco o assunto do post abaixo, que tem rendido tanta discussão.
O que me deixa animada é isso: está rendendo, levando o tema para a pauta da vida cotidiana. Este, o maior mérito do vídeo, que tenho visto ser tão atacado tão somente por ser estrelado por globais. Parece preconceito. E é.

Meg: você tem toda razão na sua argumentação sobre as falhas do movimento. Mas acho que a mensagem principal, "Informe-se", é válida e importante. Acho que concordamos aí.

Hugo, meu leitor silencioso: li o texto que você recomendou (mas não os 177 comentários), mas acho que ali está-se fugindo do ponto. Uma coisa é um projeto que leva desenvolvimento a uma região atrasada. Outra coisa é esse projeto ter mais desvantagens ambientais do que vantagens socioeconômicas. Nesse texto não encontrei muita referência ao mérito da usina em sim, mas encontrei muito mais críticas a quem critica, como se estes fossem antidesenvolvimentistas, usurpadores da Amazônia Legal ou interessados na perpetuação do atraso. Ou seja, grosso modo, exagerando e distorcendo um pouco, o texto parece sugerir que qualquer projeto naquela região seria válido, para tirar a região do século XIX, como ele coloca.

No mais, confesso que não tenho me informado tanto quanto gostaria. Mas não paro de pensar na minha amiga R., que está há pelo menos 2 anos morando no Pará, lutando contra essa usina, e nunca, jamais, em nenhum movimento que ela organizou ou de que participou, conseguiu metade da divulgação que esse vídeo obteve em uma semana de circulação.

16.11.11

Belo Monte

Gostei e repasso.
É incrível como um vídeo bem produzido e editado faz toda a diferença.

14.11.11

Lilica e o alter ego infantil

Essa foi (mais uma) criação genial do meu marido. Começou despretensiosamente, como uma história com lição de moral - nada de extraordinário. Mathilde queria, sei lá, tomar o quinto copo de suco, ou então cismou de não comer verdinho, qualquer coisa dessas. Então ele começou a contar "A História da Lilica Que Só Queria Tomar Suco", na qual a personagem Lilica toma tanto suco que alguma coisa terrível acontece, e então a Lilica entende que não se pode tomar só suco na vida, e fim da história. Fez sucesso, e ele repetiu a dose. A Lilica Que Não Queria Sair do Banho ficou tão enrugada que não conseguia mais fazer nada. A Lilica Que Faz Pirraça Por Causa de Biscoito ficou com uma barriga tão grande de biscoito que as roupas não cabiam mais e ninguém queria brincar com ela. Enfim, já deu pra ter uma ideia de como funciona o sistema da Lilica.

Mas o que não esperávamos é que o sucesso fosse ser tão grande que Mathilde começasse a pedir que contássemos histórias da Lilica. E o que é mais incrível: ela pede para contar a história da Lilica que fez justamente a(s) coisa(s) errada(s) que ela fez naquele dia. Então se nós vamos a piscina e é aquele drama na hora de ir embora, de noite tem: "Mamãe, conta A História da Lilica Que Não Queria Sair da Piscina?".

Chegou a tal ponto que ela já pede três histórias da Lilica de uma vez! A História da Lilica Que Não Queria Ir Ao Dentista, A História da Lilica Que Não Queria Parar de Jogar no Computador e A História da Lilica Que Queria Tomar Picolé Todo Dia.

E o mais sensacional é o ar de profunda reprovação que ela assume quando escuta as desventuras da Lilica.
-- Imagina, filha, que a Lilica, coitada, era meio nenenzinha, ela fazia pirraça na hora de ir ao dentista!
-- Tsk, tsk tsk.
-- A Lilica não sabe que quem escova o dente todo dia não precisa ter medo do dentista, porque não dói, o dentista só olha os dentes e fica tudo bem.
-- É, mamãe, ela não sabe, coitada.
(Isso depois de um vexame terrível no consultório da odontopediatra.)

Enfim, fica a dica aí para os colegas que estão nessa ralação de buscar métodos alternativos para domar as crianças...

9.11.11

Teoria da conspiração

Meu e-mail do Yahoo, que eu uso para listas de e-mail e para cadastros comerciais, mandou uma mensagem-spam para todos os meus contatos, daquele tipo sem nada no assunto e só com um link obviamente spam no corpo da mensagem. Reparei quando surgiram, de uma hora pra outra, 138 mensagens não lidas na minha caixa de entrada, todas de erro, de endereços de e-mail que não existem mais. Foi a primeira vez que isso me aconteceu, e fiquei morrendo de vergonha, claro. Menos de dez minutos depois, chega um e-mail da McAfee, o antivírus que veio instalado no meu laptop Dell e cuja licença expira em breve. Era uma mensagem "Economize 33% para renovar agora a proteção feita para seu computador Dell"
Não está muito na cara que foram eles os responsáveis pelo spam enviado em meu nome para todos os meus contatos?!

7.11.11

Chico (2011)


Num mundo em que ninguém mais compra discos, comprei e estou viciada no novo CD do Chico. Fora a primeira música, de que não gostei muito, as outras nove são tão boas que dá vontade de ouvir de novo, de novo e de novo, assim para aprender a cantar de cor.

Tem o dueto com a Thais Gulin (Se eu soubesse), em que eles cantam "mas acontece que eu saí por aí, e aí, la-ra-ri..." (eu não conhecia essa cantora, mas achei ótima). Tem a incrível "valsa russa" Nina, linda de doer. Tem sambas muito bons: Sou eu, com participação especial do Wilson das Neves, sempre uma atração à parte, e Barafunda, que me conquistou de cara com o trocadilho "antes que o uísque... o esquecimento... jogue seu manto cinzento" (sacaram? hein, hein? uísque/uísquecimento? a-há!). Tem a última faixa, Sinhá, que é parceria com o João Bosco mas tem a maior cara de Paulo César Pinheiro, e é outra que tenho vontade de tascar direto na função "repetir".

Enfim, é um grande disco, e realmente lamento que o lançamento de um disco novo do Chico Buarque não cause mais a comoção que causava em outros tempos. E se o novo disco do Chico não provoca comoção, é porque hoje em dia disco nenhum da música brasileira pode causar comoção. É pena. Ouvir um disco com atenção, sem estar fazendo outra coisa, é uma atividade muito rara hoje em dia. Ninguém consegue se dar 30 minutos para ficar sentado ouvindo música, apesar de ficarmos muito mais tempo que isso de bobeira em frente à TV ou ao computador.

Os links acima são para os clipes das músicas, que estão todos disponíveis no site Chico Bastidores. Se tiver curiosidade, vá lá e ouça as músicas. E se gostar, não deixe de praticar essa ação tão século XX: compre o disco. Eu vou continuar ouvindo para saber cantar tudo de cor no show!

PS: Toda a genialidade do disco ficou restrita à música. O título é sem graça, a capa idem, e o projeto gráfico simplesmente é inexistente. Horrível mesmo.


A TURNÊ

BELO HORIZONTE
Palácio das Artes
De 5 a 8 de novembro

PORTO ALEGRE
Teatro do Sesi
Dias 28 e 29 de novembro

CURITIBA
Teatro Guaíra
De 15 a 18 de dezembro

RIO DE JANEIRO
Vivo Rio
De 5 a 29 de janeiro

SÃO PAULO
HSBC Brasil
De 1 a 25 de março