31.10.06

Rápidas de terça

Ingresso mais barato pro show do New Order no Rio: R$ 230. Preço do mesmo show em Buenos Aires, uma semana depois: 75 pesos. Faz-me rir.

*

Agora que acabou a eleição, quem sabe o Balneário não volta a ter um prefeito, e não mais um blogueiro-analista-político-coordenador-de-campanha-de-juíza? É uma idéia, né, quem sabe?

*

Este ano não vi as pichações do pessoal do Halloween é o cacete – Viva a cultura nacional. Acho genial. Por onde andam eles?

Pesquisa taximétrica

Foto por jando, via flickr
Não sei se sou só eu, mas tenho achado surrealmente caro andar de táxi no Rio de Janeiro. Eu combato o quanto posso o transporte individual no ambiente urbano (pegar o carro e ir sozinho até algum lugar acessível por transporte público), mas acho que os taxistas estão dando um tiro no pé ao cobrar tão caro. Uma corrida de Botafogo ao Leblon (uns 13km), à noite, está custando R$ 20. Ou seja, R$ 40 para ir e voltar. E eu tenho pena de dar 40 paus em alguns livros! Acaba valendo mais a pena pagar um estacionamento ladrão. Tudo errado, né? Eu converso com os taxistas, mas surpreendentemente ainda não consegui convencer nenhum de que eles estão errados!
Então eu quero saber: quanto custa a bandeirada do táxi na sua cidade, e de quanto em quanto o preço aumenta? Aqui no Rio é R$ 4,30 para entrar no carro, e vai aumentando de R$ 0,15 em R$ 0,15.
E tome ônibus.

30.10.06

Votar pra presidente - III

Sol, calor e engarrafamento. Fui votar, como sempre, ao lado das madames decadentes da Selva da Pedra e dos pretos e pobres da Cruzada. É sempre assim, isso aqui ô-ô, é um pouquinho de Brasil, iaiá, etc. O mesário deve ter uns 17 anos, e não parece entusiasmado com a festa da democracia. O voto leva uns dez segundos, e desta vez não me emociono. No fim da tarde passamos no Rio Sul e ficamos vinte e cinco minutos para encontrar uma vaga. Quando saímos, menos de uma hora depois, sobravam tantas vagas que poderíamos escolher, se fosse o caso. À noite, cervejinha e a resenha eleitoral com M. e P. Comemoramos a derrota da Roseana Sarney, mas só até lembrar que, como prêmio de consolação pela derrota, talvez ela vire ministra ou coisa parecida, e os nossos sorrisos ficam amarelos. Ouvimos o discurso do presidente reeleito no rádio enquanto comemos biscoitos de polvilho. Lembrar esse mesmo momento, quatro anos atrás, é estranho e meio triste. Ontem, éramos todos eleitores do Lula, e no entanto preferíamos discutir o que vai ser no réveillon.

26.10.06

Te cuida, Chitãozinho

Antonio Carlos & Jocafi (vivos ou mortos?)
Papos nonsense no lançamento literário-musical de ontem:
S.: Aquele ali não é o Antonio Carlos ou o Jocafi? Eu nunca sei qual é qual.
Eu: Não tenho idéia, não lembro a cara deles.
A.: Mas um deles não morreu?
Eu: Morreu??
S.: Se morreu algum, foi o Antonio Carlos.
Eu: Por quê?!
S.: Porque nessas duplas sempre morre o primeiro.
A.: ?
Eu: ?
S: É, ué. É só ver. Leandro & Leonardo, quem morreu?
Eu: Leandro.
S.: E Leonardo taí, fazendo o maior sucesso até hoje. João Paulo & Daniel?
A.: Morreu o João Paulo.
S.: E o Daniel? Firme e forte, pop star total. Claudinho & Buchecha?
Eu: ...
A.: Lennon & McCartney!
S.: Pra você ver. O cara acha que é melhor, o nome dele vai primeiro, e tal. Taí. Não sobra um pra contar história.

História Sexual da MPB

Não reparem o momento Querido Diário. Mas ontem vi, num mesmo evento, Ney Matogrosso, Beth Carvalho, Joyce, João Roberto Kelly e Ademilde Fonseca. Pois é, foi no lançamento deste livro incrível, dessa pessoa mais adorável. Além da abordagem inédita do assunto, o livro traz dois cadernos de foto absolutamente imperdíveis, com as capas dos discos mais surreais da nossa música. Não deixe de pelo menos folhear, da próxima vez que for à livraria, é diversão garantida.* Ah, e eu estou nos agradecimentos... ui, que emoção!

*Acabo de saber que o livro só chega às livrarias de todo o país no dia 7/11. Antes, só tem aqui no Rio. Por isso é que não achei a capinha para colocar aqui. Enfim, fica dado o recado.

Virtude do mês: paciência

De todas as virtudes socialmente estabelecidas (temperança, lealdade, coragem, compaixão, honestidade, responsabilidade etc.) a que eu mais admiro é a paciência. Porque essas outras todas que estão aí entre parênteses são moleza, é só ser minimamente bom caráter. Não tem muito esforço envolvido. Mas a paciência não. Como é difícil ter paciência. Taí a minha virtude-meta.
Paciência é um exercício, e como tal exige disciplina. É preciso trabalhar, moldar a sua paciência. Principalmente com pessoas hopeless. E mais ainda com pessoas hopeless por quem você tem carinho e afeição. Sabe aquela pessoa que faz tudo errado? Que quer te ajudar e atrapalha muito mais? E que você não sabe mais como tentar ajudar? E com a constância da situação, a coisa vai te irritando, dando aflição, vontade de sumir... Aí que entra ela, a paciência. Quando você percebe que, sim, trata-se de um ser hopeless, e a sua paciência terá de ser eterna. E-ter-na. Muito esforço, viu? Mas olha, me sinto um ser humano muito melhor.

24.10.06

Lost na estação Finlândia

Ontem, sem motivo aparente, sem mais nem por quê, resolvi ver TV à noite e vi um capítulo de Lost. Pela primeira vez.
Achei um saco, não entendi porra nenhuma, e nem fiquei com a menor vontade de entender.

Hoje, sem motivo aparente, sem mais nem por quê, recebi pelo correio a nova edição, pocket, de Rumo à estação Finlândia, do Edmund Wilson (que foi o primeiro livro publicado pela Cia. das Letras, que agora completa 20 anos e relança o título).

Ótimo. Um problema a menos. Eu adoro quando as escolhas se fazem sozinhas.

23.10.06

O mistério da Fórmula 1 (ou: a divisão social do esporte)

Alonso e Massa no GP do Brasil. Foto: EFE
Foge à minha compreensão a popularidade da Fórmula 1 no Brasil. Eu acho que é o único esporte de grande público que os entusiastas não podem praticar. E na minha mente binária, um esporte é tão mais popular quanto mais pessoas podem vivenciá-lo.
É como se houvesse um divisão social do esporte. Na base, os esportes de todas as classes, como futebol, atletismo. Em seguida, os esportes, digamos, classe média, como vôlei, basquete, que são coletivos e exigem uma infra um pouco maior. No topo, esportes de elite, tais como tênis, golfe, pólo. E acima de todos esses, a F1, que me parece ser só para milionários.
Eu considero corrida de carro um esporte absolutamente tedioso, mas isso sou só eu, é claro, está aí o resto do mundo para me desmentir. Basta ver como os ingressos para a corrida de domingo se esgotaram rapidamente, e a cobertura maciça da imprensa.*
De todo jeito, me intriga que as pessoas achem tão emocionante um esporte que dura horas e em que você vê uns carros coloridos dando dezenas de voltas em uma pista toda torta, de propósito. (Haha, estou me sentindo como aquelas pessoas que dizem não gostar de futebol porque não vêem graça em ficar olhando "22 homens correndo atrás de uma bola".) Mas na F1 não dá nem para enxergar quem está dentro do carro. Além disso, para uma pessoa leiga (e de má-vontade) como eu, o fator humano conta pouco, não dá para saber até onde vai a perícia do piloto, e até onde vai a engenharia das equipes mecânicas. Que aliás não devem ser muito competentes, porque esses carros vivem dando problema, vivem quebrando, furando pneu, vivem deixando todo mundo na mão.
E por cima de todas essas coisas, ainda tem a própria razão de ser do esporte: ver quem corre mais de carro -- além de ser uma coisa besta, nada poderia ser menos recomendado, vide a quantidade de mortes no trânsito por excesso de velocidade. (Eu aliás não consigo entender por que se fabricam carros de passeio que chegam a 250km/h, se em nenhuma estrada do país é permitido ultrapassar 110km/h. Na minha santa inocência, deveria haver um dispositivo que impedisse o carro de passar de 110. Mas isso é uma idéia estapafúrdia, só pode ser. Ou então é influência maligna da F1.)
Então eu fico pensando por que será que o público se identifica tanto com a Fórmula 1. Não posso acreditar que seja, como diz aquela propaganda, só porque "brasileiro é louco por carro". Isso é balela. Poderia ser pela presença histórica de pilotos brasileiros campeões, desde Fittipaldi, passando pelo Piquet e o Senna. Ou justamente por conseguirmos entrar numa elite tão elite. Mas se fosse isso, depois do fracasso Rubinho-mala-sem-alça era pra todo mundo ter limado esse esporte pra sempre. Ainda mais que sempre os brasileiros estão defendendo montadoras estrangeiras (também, claro, queria o quê, uma equipe Gurgel?! Ha).
Bom enfim, este post acaba em cadência suspensiva, não tem conclusão. Você aí que é fã desse estranho esporte, me explica qual é a magia da coisa, que eu até hoje não captei.

*A melhor eu ouvi na rádio CBN, no domingo, algumas horas antes da corrida. Repórter, em Interlagos: "Uma certa confusão aqui nos bastidores, com a passagem de Michael Schumacher. Ele chegou com sua camiseta, calça jeans apertadinha e botas de vaqueiro. Mas na verdade não foi nada de mais, ele estava apenas voltando do banheiro. Enquanto o alemão foi se aliviar, os mecânicos da Ferrari só ficarão aliviados depois da corrida, é claro". Juro.

22.10.06

Última de Buenos Aires

Li o post sobre Buenos Aires no ótimo blogue Nada após um dia comer o outro, e me dei conta que não falei sobre outra coisa que me chamou atenção: a segurança. Como já disse, economicamente eles parecem estar ferrados como nós, com muita gente pedindo dinheiro e dormindo nas praças. E no entanto todos os bairros que eu fui de dia ou de noite eram bem policiados. Todo mundo anda de madrugada pela rua, sem grilos. Dizem as más línguas que é grande o número de furtos, principalmente, claro, nas áreas mais turísticas. (Deixou sua câmera de bobeira, ela pode sumir.) Mas essa nóia que a gente vive aqui, na eterna iminência de ouvir o "perdeu, perdeu", respirar e não reagir, isso não vi por lá, nada parecido.

Um belo dia em Palermo, sentada na mesa de um pub, do lado de fora, no meio da tarde, um guarda uniformizado, que parecia recém-saído de uma tira da Mafalda, me abordou (vou traduzir do portunhol):
- Bom dia, senhorita, me compreende?
- Compreendo sim, seu guarda.
- Bom, é o seguinte, tome cuidado com essa sua filmadora que está sobre a mesa, porque num momento de descuido, pode vir alguém e pegar.
- Ahn, claro. Mas sabe, seu guarda, eu venho do Rio de Janeiro...
- (risos)
- ... e estou achando Buenos Aires muito segura, policiada por todos os lados.
- Mas mesmo assim, senhorita...
- Bem, se o senhor acha, tudo bem, vou guardar a filmadora agora mesmo.
- Não, senhorita, agora não precisa, afinal eu estou por aqui!

Mi Buenos Aires Querido - parte 6 (final)

Manifestações
Pelo visto, as passeatas podem ser consideradas um programa turístico de Buenos Aires. Ainda mais para nós brasileiros, que temos tão pouco esse hábito. Estive lá por uma semana e vi duas manifestações populares. Uma, a favor da legalização do aborto. Um dos gritos de ordem era "Nosotras parimos, nosotras decidimos". Haha. Essa era em parte da Av. 9 de Julho, e tinha aparato policial controlando e organizando, mas não chegava nem perto da outra manifestação que eu vi. Estávamos M. e eu saindo do Café Tortoni (o da foto do pão de miga abaixo), onde nos esbaldamos de Quilmes Imperial. Quando saímos, em plena Avenida de Mayo (que liga o Congresso à Casa Rosada) nos deparamos com uma passeata imensa, com muita, muita gente, mesmo.
Eram umas 7 da noite, e todos marchavam barulhenta porém organizadamente em direção à Casa Rosada. O motivo: o ex-chefe de polícia Miguel Etchecolatz, do tempo da ditadura militar, havia sido julgado e condenado à prisão perpétua por conta de seus atos naquela época (crimes contra a humanidade), dez dias antes. No mesmo dia que saiu a condenação, uma das principais testemunhas do processo, o pedreiro Julio López, cujo depoimento foi fundamental para a sentença, desapareceu. Então a manifestação era exigindo o reaparecimento do López, com vida, e a punição dos culpados. Ele passou a ser considerado "o primeiro desaparecido da democracia". A manifestação era enorme, tinha bandeiras de partidos, sindicatos, entidades estudantis, tudo. Gente saindo pelo ladrão. E no entanto não vi nenhum ambulante com seu isoporzinho de cerveja. Nada que pudesse desviar o propósito daquele evento. Tudo isso somado me pareceu uma coisa do outro mundo. Não era pra ser, era? Se nós somos hermanos e temos muito mais semelhanças do que diferenças. Já ouvi dizer que a ditadura militar na Argentina foi mais barra-pesada do que no Brasil, no que diz respeito aos desaparecidos políticos. Eu não saberia dizer, nunca estudei o assunto muito a fundo. O que percebo é que eles são muito mais eficientes do que nós na rememoração desse passado. As Mães e Avós da Praça de Mayo são uma força política muito respeitada, e pela sua comovente e inquestionável batalha, há mais de trinta anos, são conhecidas em todo o mundo. Elas estava lá nesse dia, com as fotos dos seus filhos e netos desaparecidos. Aquelas fotos de trinta anos atrás, sabe como é. Dá vontade de chorar, mesmo. Numa das milhares de livrarias da cidade, eu vi, na seção de livros infantis, um título, algo como "La Ditadura Militar Explicada a los Niños". Era publicado pelas Mães da Praça de Mayo. Folheei o livro, e meu deus, era horrível. Era um livro ilustrado, e lá pelas tantas tinha desenhos de mulheres grávidas sendo torturadas. Entre outras coisas. Não sei, a idéia me pareceu interessante, mas a realização era punk demais. Parece que houve uma anistia na Argentina, para todos os lados, como aqui. Mas que depois essa anistia foi (ou está sendo, não sei ao certo) revogada, porque principalmente esses parentes de mortos e desaparecidos não admitem um perdão aos repressores. Vi esta semana no Clarín a notícia de outra manifestação, quando se conta um mês do desparecimento do López. Eu não sei o que nos moveria dessa maneira. O esporte, talvez?Se o Flamengo fosse rebaixado acho que haveria chances de uma revolta popular. Mas por motivos políticos? Duvido. Ainda mais com o poder isolado naquela Bras-ilha, como diz a Cam. Porque não temos nenhuma educação política. No fundo não sabemos bem o que é política. Só temos a experiência dos políticos. Mas a teoria, o conceito, é zero.
Ficamos ignorantes ou ficamos cínicos? Posted by Picasa

Mesas porteñas - Pizzaria Güerrín


Enorme e muito tradicional, a Pizzaria Güerrín (Av. Corrientes, perto da rua Uruguay) vive lotada de argentinos. Se você chegar num sábado às 22h, não vai ter lugar, e nenhum garçom vai lhe dar a menor atenção, mesmo que você peça. Então a boa pode ser ir à tarde, ou na hora do almoço. A pizza é com muito queijo, e feita na pedra. Uma delícia. Os detalhes da foto são o jornal Clarín com a manchete sobre o desastre do avião da Gol, e um ser humano esquisito com camiseta do Fluminense. Posted by Picasa

21.10.06

Avalanche

20.10.06

Da série E-mails surreais #6

Ele me deixa aqui, sozinha e morrendo de saudades, e vai confraternizar com as misses na Shakiralândia...

Chegamos hoje em Barranquilla, cidade costeira no norte da Colombia. Pelo que vi até agora, a cidade é uma grande esculhambaçao. Trata-se da "cidade da Shakira" e essa desgraça está por toda a parte. Hoje faremos o primeiro concerto da turne, e estou correndo agora para a passagem de som. Amanha vamos para Medellin, que todos dizem que é uma bonita cidade.

Estamos em hotel bonzinho mas muito antigo. Está acontecendo um concurso de Misses (!), acho que é miss mundo (!!) e todas as misses estao aqui no hotel (hahaha!).

19.10.06

Santo, santo, santo


Inspirada por Carrie, a estranha , eis um post sobre Rodrigo Santoro. Porque desde que ultrapassei a barreira dos 13 anos de idade e parei de colecionar fotos do Tom Cruise e do Rob Lowe na agenda, acho que só o Santoro me fez, assim, como dizer, tremer nas bases. Claro, mil homens lindos por aí, outros tantos não tão lindos mas charmosos, mas assim juntando tudo e um pouco mais, só ele. Tipo, uma vez comprei uma revista Vogue só porque tinha um ensaio fotográfico com ele. E gente, eu não costumo fazer isso, juro. Tenho apreço suficiente ao meu suado dinheirinho para ficar comprando essas revistas tão caras quanto inúteis.
Então tenho uma história para contar, sobre ele, que se passou com minha querida amiga B., alguns anos atrás.
B. morou nos EUA durante anos, e quando voltou, antes de arranjar um emprego, fez uns bicos dando aula particular de inglês. Um dia ligou para ela uma moça, por indicação de sei-lá-quem, para tratar de aula de inglês. Combinaram preços, horários, objetivos. Só no fim da conversa B. entendeu que as aulas não seriam para a moça, e sim para "um jovem ator" para quem ela trabalhava. "Ah, tá. E qual o nome dele?", perguntou. "Rodrigo. Rodrigo Santoro. Você conhece, não?". B. nunca tinha ouvido falar. "Er, sabe como é, passei muitos anos morando nos EUA, estou um pouco por fora...". A outra ficou meio sem graça, mas ficaram assim combinadas. B. desligou o telefone e perguntou para suas duas irmãs mais novas, que estavam em casa, se já tinham ouvido falar de um tal Rodrigo Santoro. Aaaaaaaaaaahhhhhhh!!!!!! foi a resposta. (E as aulas duraram algum tempo, e ela adorou o Santoro, diz que ele é uma simpatia, um doce, um simples, um fofo, tudo, tudo, tudo de bom!)

Âp-deite: Leila diz que no episódio de estréia ele aparece "só no finalzinho, por uns três segundos, com uma cara de panaca, perguntando Who is "they"?, com forte sotaque brasileiro." Vamos lá, o sotaque é parte da interpretação, né? Otherwise, B. vai ficar ar-ra-sa-da.

O eu profundo e outros eus


Relendo o post anterior, a parte em que meu corpo me agradece a atenção dispensada, lembrei de uma passagem de um dos meus filmes favoritos de todos os tempos, "O Inquilino", do Polanski. A cena é com ele e a Isabelle Adjani, os dois bêbados, na casa dele, ela louca pra dar para ele, e lá pelas tantas ele se joga na cama e começa a filosofar:

Se eu cortasse o meu braço, não teria dúvidas: estaria eu aqui, e meu braço lá.
Se cortasse minhas pernas, seríamos: eu e minhas pernas.
Mas se eu cortasse a minha cabeça, seria eu e minha cabeça, ou eu e meu corpo? Quem tem, na verdade, o direito de se chamar de "eu"? A cabeça? Ou o corpo?


A cena exata é essa da foto, tirada de www.festival-larochelle.org/html/visuels.asp

Auto-negligência

Ontem na aula de pilates, entre uma inspiração e outra expiração, entre um alongamento e outro, pensava o quanto estava gostando daquilo, e o quanto meu corpitcho estava me dizendo "aah, obrigada, obrigada!". E pensei que passei praticamente este ano inteiro, até agora, querendo fazer alguma atividade física, mas não fazendo nenhuma a não ser caminhadas pra lá de esporádicas no Aterro às 7 da manhã (por aí entende-se o porquê de serem tão esporádicas). Mas sempre me cobrando, no fundo sabendo que deveria fazer alguma coisa, que era importante e tal. A verdade é que nós temos uma capacidade tão grande de nos auto-negligenciarmos que beira o masoquismo. De uma forma ou de outra, acabamos colocando lá no final das nossas prioridades o cuidado mínimo com o corpo, em detrimento de coisas bem mais bestas, como... trabalho e afins.

18.10.06

No Mundial da Voluntários

Só há uma forma de ser feliz ao ir ao supermercado mais chinfrim do bairro numa terça chuvosa à noite, cheio de gente maleducada e neurótica, com fila até para parar no estacionamento: tênis super confortáveis, MP3 player e uma playlist bem animada. Assim meio que dançando pelo corredor dos biscoitos. Aumenta o som.

http://www.goear.com/listen.php?v=3463918

17.10.06

Votar pra presidente - II

Eu queria escrever sobre as eleições, sobre essa súbita pseudo-esquentada no segundo turno da campanha eleitorial presidencial. Sobre como eu estou ao mesmo tempo convicta no meu voto no Lula e compreensiva com todos os que não vão votar nele. Mas eu tento escrever, e não sai nada que preste. Os (bons) críticos têm razão em muita coisa, eu concordo com muitos pontos, porque não foram poucas as minhas decepções nos últimos quatro anos. Mas afinal, coloquei na balança -- e não é tão difícil assim olhar menos para o próprio umbigo.

Sobre livros e leituras

O Biajoni fez uma enquete sobre o livro que nos fez gostar de ler, aquele, na infância, inesquecível. Respondi lá, e poderia falar de uma porção de livros marcantes antes dos meus dez anos, como vários do Monteiro Lobato, uma coleção de que ninguém que eu conheço jamais ouviu falar, mas que eu amava muito, chamada A Turma dos Sete, da Enid Blyton (sobre um grupo de crianças inglesas dos anos 50/60 que tinha um clube secreto e acabava resolvendo crimes de verdade, veja só!), ou o maravilhoso Tesouro da Juventude com a incrível seção O Livro dos Porquês, de longe a minha favorita. Lá falei do Flicts, que tenho até hoje na minha estante e sempre me deixa os olhos rasos d'água, mas também li e reli trocentas vezes O Menino Maluquinho (que tinha o olho maior que a barriga, fogo no rabo e macaquinhos no sótão). Poderia citar mais uma montoeira de livros, mas parando pra pensar, o que me fez gostar de ler não foi um ou outro livro, foram principalmente três coisas:
- ser filha única
- não ter TV em casa até os 7 anos
- revistas em quadrinhos
Sobre ser filha única, isso nunca me fez mais introvertida ou tímida, eu acho. Pelo contrário, tenho uma teoria de que os filhos únicos "se defendem" melhor do que os que têm irmãos, no quesito desinibição. Por um motivo simples: se ficar ensebando muito na hora de chegar na praia ou na pracinha e perguntar "quer brincar comigo?" para o remelento ao lado, vai acabar tendo que brincar sozinho. Já comprovei, vários filhos únicos que conheço são como eu, têm facilidade de fazer novas amizades, e gostam de conhecer sempre gente nova. Mas de qualquer forma, não ter um irmão, ou seja, um amigo de plantão em casa, faz com que ler (atividade solitária por excelência) se torne uma opção fácil e viável.
Sobre não ter TV, claro que isso era decisão consciente dos meus pais meio hippies. E que francamente, hoje em dia acho que foi super acertada. Comecei a ler mais cedo que o normal, até pulei um ano na escolinha, por causa disso. Realmente até hoje não tenho muito hábito de ver TV, e vivo tranqüila sem. Só tivemos TV lá em casa depois que a diretora do meu colégio disse para a minha mãe que eu ficava deslocada nas conversas sobre desenhos e programas infantis, então para meu próprio bem era recomendável arranjar uma televisão (e arranjaram sei lá onde uma TV imensa, preta-e-branca, que ficava guardada dentro do armário (!) da minha mãe - tinha um "respiradouro" na porta do armário, e por ali passava o fio para ligar na tomada). Depois, quando eu estava na faculdade, teve um assalto na minha casa, roubaram a TV, e resolvemos não comprar outra. Aí passamos mais uma temporada de alheamento às novelas e telejornais - ou seja, de alívio e silêncio.
Já as revistas em quadrinhos foram uma das minhas paixões infantis. Eu até hoje tenho orgulho da minha coleção, que está guardada na casa da minha mãe. Não podia viver sem, e tinha todas elas arrumadinhas nas minhas estantes, por título. Mônica, Cebolinha, Cascão, Chico Bento (nessa turma, pulava sempre as histórias do Astronauta, que era um chato - pensando bem, talvez venha daí toda a minha implicância com aquele chatola astronauta brasileiro), Zé Carioca, Pato Donald (esses dois eram os melhores, com destaque para o surtado primo Peninha), Almanaque Disney (não sei por que, nunca gostei das revistinhas do Mickey, ele é um personagem tão chato, tão careta), Luluzinha, Bolinha. O Superalmanaque Disney de Férias, que era grosso pacas, era um delírio quando aparecia na banca do Seu Pedro, bem na minha esquina. (Ainda era daquelas bancas em que não se entrava, só o jornaleiro ficava lá dentro. Acho que não existe mais esse tipo de banca.) Depois eu passei a ser assinante de revistinhas, que chegavam lá em casa no meu nome e era um luxo só. Bem ou mal, acho que foram as revistinhas que me deram o hábito e o gosto da leitura diária, o que não é pouca coisa. Hoje em dia eu tenho uma parte da minha estante que comporta todos os livros do Calvin e Haroldo, a Mafalda Completa, e vários Asterix.

16.10.06

Mesas porteñas - empanadas


No Café Homero não servem jantares propriamente ditos. Mas pedir essas empanadas, uma de cada sabor (frango, carne, queijo c/ cebola), serve por uma refeição. Empanadas existem de todos os tipos, formatos e sabores. Assim como no Brasil tem Casa da Empada, Empada Brasil, Empada X etc., lá tem Solo Empanadas, Palacio de las Empanadas etc. Ah, e o vinho Malbec, oficórse. Posted by Picasa

Blasé

Ser blasé é...
... ir a uma festinha de aniversário e sentar ao lado do Yamandu Costa, ficar ouvindo ele quebrar tudo tocando choros, sambas, tangos, milongas, chamamés e o que mais viver, assim, só de farra, e não esboçar nenhuma reação além do fleumático levantar de sobrancelhas acompanhado de um "ã-rrã" meio entediado -- que é para não dar muita pinta de fã.

15.10.06

Mesas porteñas - sanduíche de pão de miga


Na foto, nas versões tostado e não tostado, do Café Tortoni. Repare na generosidade da porção. Custam entre 6 e 7 pesos (aprox. R$4,50). Também vê-se minha cerveja argentina favorita, a Quilmes Imperial de garrafa, e os inevitáveis tira-gostos de cortesia que acompanham. Posted by Picasa

Arte contemporânea

v., anna (1976- )
Minha mesa (ou: o caos), 2006
Instalação de madeira, papéis, material plástico, tecido, metal, couro, computador e outros elementos.
Coleção particular Posted by Picasa

14.10.06

Barreira da Orla Marítima Carioca

Ipanema por bossa67, via flickr
"De onde dá para se ir, no Arpoador, (...) até a subida para a Niemeyer, é uma jaula só. Pobres ricos, pobres elites, pobres classes dominantes: tudo vivendo atrás de grades, guardadas por nordestinos incompetentes com calça azul-marinho e camisa branca puídas. Visualizo as classes abastecidas, à noite, uivando em seu cativeiro. Os porteiros fingindo não ouvir, afiando suas peixeiras.
*
Teve o muro de Berlim, há a menos divulgada muralha erguida por Israel e a ainda mais invisível Barreira da Orla Marítima Carioca. À noitinha, camionetas (chamadas agora de "van") passam pela Vieira Souto e Delfim Moreira e gritam nomes, para mim cabalísticos, que serão amanhã documentários e filmes premiados com palmas, leões de ouro e oscars: "Cunhataí, Serependi, Nove Cabeças, Xerebendim" e por aí afora. Tem gente, ou quase gente, entrando e indo. Parece que é a outra parte da vida deles. Parecem palestinos com sua trabalheira para -- inevitável a construção verbal -- irem trabalhar."

Ivan Lessa, voltando ao Rio de Janeiro depois de 28 anos, 6 meses e 7 dias, em texto escrito para o nº 1 da revista piauí (nas bancas).

13.10.06

Mesas porteñas - bife de chorizo


O clássico dos clássicos da culinária argentina, aqui na ma-ra-vi-lho-sa e recomendadíssima receita do Centro Cultural Torquato Tasso, onde há também shows de tango. O vinho Uxmal foi uma ótima dica de A. e J. Como se vê pela foto, o bife de chorizo do Tasso vem em duas versões: a hipócrita, com salada (escolhida por M.), e a fueda-se, com papas fritas (escolhida por mim, claro). Posted by Picasa

Mesas porteñas - submarino


Em homenagem à Fer, que gostou da idéia do submarino (à direita). Reparem na apresentação -- era para ser um café corriqueiro, mas vem nessa tacinha estilosa, o leite alvíssimo, com as barras de chocolate artisticamente dispostas. Além do sub, temos na mesa um café com creme, e os biscoitinhos e agüinha com gás que vêm sempre como cortesia.

(A-há, agora que descobri como é fácil subir fotos com o Picasa, ninguém me segura! Vamos aproveitar as facilidades de um mundo dominado pela Google, Inc.) Posted by Picasa

Mi Buenos Aires Querido - parte 5

Buenos Aires é a sua cidade se você...
... é fumante -- pode-se fumar em qualquer lugar, inclusive os espaços reservados para não fumantes. (A bem da verdade, li no jornal do dia 30/9 que a partir de 1/10 entrava em vigor a lei que proibia fumar em ambientes fechados. Mas como voltei no dia 30/9, a impressão que fiquei é que são todos chaminés ambulantes.)
... é um cachorro -- passeador de cachorros é "a" profissão em voga na capital argentina. Difícil de entender por que tanta gente resolve ter cachorro se não consegue nem mesmo passear com eles. E são muitos os parques, pela cidade toda. Alguns com áreas de lazer para cães (!).
... gosta de flores -- quando encontrar um prédio residencial que não tenha varandas, fotografe e me mande. Eu acho que só vi um -- e olha que procurei. Como bons europeus misplaced*, os argentinos amam varandas com flores. E os quiosques com flores maravilhosas pipocam por todas as avenidas. Ainda mais nessa época que eu fui, início da primavera. Super bonito mesmo. (As fotos deste post são as que eu tirei lá.)

(*alguma sugestão de tradução para "misplaced"? eu às vezes peno com palavras sem tradução exata. "fora de lugar" não me parece a melhor opção, porque não tem esse caráter de "por engano" que vem no prefixo "mis". algum leitor tradutor pra me ajudar?)


Comes e bebes - alfajores
Eu não gostava muito de alfajores. Sei lá por que, associava a pão-de-mel, que é um troço que eu não gosto mesmo. Até que A. e J. me apresentaram aos alfajores Jorgito, um dos mais tradicionais da Argentina. Mudei completamente de idéia a respeito dessa iguaria que, tanto quanto sei, só existe lá. O Jorgito é um espetáculo, e custa a bagatela de 0,60 peso. A novidade é que agora existe o Jorgelín, um "maxi-alfajor de 3 tapas", ou seja, três andares. Uma espécie de Big Mac dos alfajores -- chocolate, doce de leite, mais chocolate, mais doce de leite, e mais um andar de chocolate. Uma refeição, em termos de calorias. O Jorgelín sai por 1,50 peso, mas procurando encontra-se até por 1,00. Nem precisa dizer que foi o meu presente para todo mundo. Comprei mais de 20. Para os mais sofisticados, a sugestão para um "alfajor de autor" é o Abuela Goye -- tem uma lojinha no shopping Alto Palermo.


Comes e bebes - helado
Amantes de sorvetes, bem-vindos a Buenos Aires. As sorveterias (heladerias) abundam, e pagam tributo mais uma vez à influência carcamana. Pra quem gosta daquele maravilhoso sorvete italiano, é um paraíso. Em especial, a sorveteria Volta, chiquésima, na Avenida del Libertador, perto do Jardín Japonés. O Freddo, uma rede muito tradicional ("um clássico argentino" é o slogan) que tem filiais em todos os cantos, achei meio caído. E me falaram bem do Munchie's, mas não consegui experimentar.


Transportes - ônibus
Evite. É uma droga. São ônibus velhos caindo aos pedaços, via de regra lotados. Pra completar, o sistema de pagamento é idiota. Tem uma máquina que emite um tíquete (o valor pode variar dependendo da distância que você irá percorrer -- entre 70 e 80 centavos de peso) e só aceita moedas. É óbvio que da única vez que eu tive que pegar um ônibus (porque deu um problema no metrô) não tinha as moedas todas, estava na hora do rush, o motorista era um grosso, e eu tive que ficar pedindo a cada passageiro pra trocar pra mim uma nota de 2 pesos por moedas.
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Da série E-mails surreais #5

Recebido hoje de uma pessoa que não sei quem é, mas que trabalha por aqui. (o grifo é meu)

Hoje (13/10) estou me desligando da *** e dando mais um passo na minha vida. Bom, nestes apenas 5 meses de empresa convivi com pessoas maravilhosas, as quais vou guardar pra sempre sinceras admirações e valiosas lembranças. Foram pessoas que me acrescentaram muito, tanto no profissional, como no pessoal. Desta forma, nada mais justo que deixar meus sinceros agradecimentos. Pois sei que nada se constrói sozinho e sem ajuda de pessoas como vocês - vou sentir saudades!!!
Desejo a todos, grandes conquistas em suas vidas! Lutem e façam a diferença. Sejam humildes sempre... e nunca se esqueçam de mim.
Beijos e abraços... e saibam que nunca esquecerei os momentos que passei aqui e que trabalhamos juntos.
E mais uma vez fica o meu muito obrigada a cada um de vocês.


Ok, querida, vou fazer o meu melhor.

12.10.06

Nevermind x Never Mind the Bollocks

E ontem na minha festa favorita, que só toca músicas dos anos 90, ou seja, da época em que eu ia a festas regularmente, lá pelas tantas toca uma música do Nirvana, e eu comento com F., Cara, essa música foi lançada quando a gente tinha 15 anos, ou seja, passamos metade das nossas vidas cantando essa música! E A., ao lado, observando o imenso público na faixa dos 20-e-pouquinhos, comenta que Nirvana é para essa turma como Sex Pistols foi para nós: muito bom, muito importante, mas decididamente de uma geração passada.
Nessa hora, antes que o peso da idade caia como uma bigorna, eu imagino que um dia meus filhos imaginários, lá pelos 12 anos, vão gastar a maior onda na escola, porque vão poder dizer pros amiguinhos Qualé, mermão, a minha mãe foi ao show do Nirvana!
Ha.

Minha vida animada

Terça-feira, a noite é na gafieira Estudantina, lançamento deste CD aqui. Uma multidão presente, um super baile dançante e a convicção de que ninguém trabalha neste país. O prossiga é no Lamas, com peito de frango e guarnição à francesa (um clássico inconteste), e uma montoeira de amigos. Voltamos pra casa nem sei bem quando nem como, só sei que as horas de sono foram muito poucas e eu me arrasto o dia inteiro de quarta no trabalho, e para cúmulo dos azares tudo acontece na quarta no trabalho, e eu tenho pouca ou nenhuma condição de responder aos estímulos elétricos gerados pela café e pela vitamina C. Chego em casa para almoçar, e em vez de só nós dois, como de costume, deparo com a necessidade de inventar almoço para seis pessoas, sendo 3 adolescentes (ou quase), vulgos talagões ainda em fase de crescimento. *suspiro* e a arte da improvisação. À noite aula de pilates ajuda a manter o espírito keep-going, e de lá direto pra Lapa, ver show dos amigos, e de quebra ciceronear o grupo de holandeses-figuraças que por aqui aportou. Por sorte tudo agora se concentra na Lapa, e dá pra emendar um programa no outro, andando por meio à multidão que se aglomera em frente ao Asa Branca, para ir a essa festa aqui, comemorar aniversários de outros librianos queridos dançando roquenrol e tomando cerveja, até a hora em que a cerveja vira água, e a próxima coisa que vem à mente é um táxi, são quatro horas, cataplof.

E você, teve um bom feriado?

10.10.06

Paquetá (4)

Paquetá por Thomaz e Deborah Moore, via Flickr

As celebridades de Paquetá são o romance A Moreninha, de Joaquim Manoel de Macedo (em Paquetá, visite a Praia da Moreninha e a Pedra da Moreninha, bien sur) e o maestro Anacleto de Medeiros, cujo centenário de morte se completa no ano que vem. Nascido e criado na ilha, Anacleto fundou a Sociedade Recreio Musical Paquetaense lá pelos idos de 1886 (!), mas sua maior importância foi à frente da Banda do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, com quem gravou alguns dos primeiros discos da história fonográfica do Brasil, na primeira década do séc XX (este blogue também é cultura!). Anacleto tem uma porção de músicas bonitas, mas a minha favorita é o schottisch "Iara", também conhecido como "Rasga Coração". A melodia é citada por Villa-Lobos no genial "Choros nº 10", que por sua vez deve ter sido a fonte inspiradora de Tom Jobim para aquela música bonita a não mais poder que é "Chora Coração". Daí vocês vêem a importância do Anacleto. E de Paquetá!

Paquetá (3)

Paquetá por Miriam Poppe, via Flickr
Você sabe que rompeu a barreira dos trinta anos quando seus presentes passam a ser
  • Uma écharpe
  • Uma cestinha com cremes e produtos de beleza, esponjinhas, escovinhas etc.
  • Outra cestinha com outros cremes e hidratante sabor "pêssego vanilado" (não sei o certo nesses casos é "sabor", mas mesmo que não seja, é!)
  • Um roupão chiquerésimo, do tipo vestiu, virou Rita Hayworth e saiu perguntando "onde está minha piteira?"

Para minha felicidade ainda tenho amigos que me acham jovem o suficiente para ganhar um CD de rock. Aliás, onde eu estava que ainda não conhecia o Wilco? Assim, adorei.

Paquetá (2)

Paquetá por JucaFii, via Flickr
Recomendo a todos que vivem neste Balneário o passeio a Paquetá, o simpático bairro insular do Rio também conhecido como Ilha dos Amores. Como se sabe, lá não circulam carros -- só bicicletas, charretes e o incrível EcoTáxi, um riquixá de bicicleta com 2 lugares puxado sempre por um ciclista fortão. O banho de mar não é mais o mesmo dos meus tempos de criança (oh! nostalgia!), mas as paisagens são bonitas, o ambiente é bucólico, as casas são umas gracinhas, todas de muro bem baixinho, uma diliça. (Mais ou menos metade das pessoas saiu de lá interessada em ver quanto custaria alugar uma casa ali por temporada, para o verão.) Vale a visita à Casa das Artes, com sua arquitetura peculiar, mistura de casa-de-doces de João e Maria e projeto de um Gaudí tropical (aqui, fotos ótimas), ao Solar d'El Rey, onde se hospedava D João VI quando ia a Paquetá, e que hoje abriga a Biblioteca Pública (pequena, arrumadinha, fofa), e não se pode deixar de ver a Maria Gorda, um baobá centenário bem na praia dos Tamoios, perto das barcas.

Paquetá (1)

Paquetá por Maria Castro, via Flickr
Ter um blogue anônimo tem suas desvantagens. Uma delas é que às vezes você quer dizer algo a todos os seus amigos, em público, em alto e bom som, e com um blogue escondidinho como este isso fica mais difícil. Hoje por exemplo, eu adoraria poder, mais uma vez, dizer o quanto eu amo todos os meus 60 (isso mesmo, sessenta) amigos que se dispuseram a enfrentar o frio e a chuva do fim de semana, pegaram a barca e cruzaram a Baía de Guanabara até Paquetá, onde eu inventei de comemorar o meu aniversário. E foi tão bom, tão divertido, tão alto astral, que eu até me emociono, porque a verdade é que eu tenho muita sorte no quesito amigos.

9.10.06

A arte de não falar sobre certos assuntos

Quem já leu os Discursos Parlamentares do Carlos Lacerda deve ter reparado que umas das técnicas de oratória que ele usava com mais habilidade era a de falar sobre as coisas a respeito das quais ele não ia falar. Era mais ou menos assim: "Não vou falar sobre como o meu adversário usou essas políticas para explorar os setores da sociedade etc. etc. etc.". Ou: "Eu poderia atacar Fulano de Tal dizendo que ele na verdade fez tal coisa e mais aquilo outro com todos os detalhes, mas não vou me rebaixar a tal ponto". Simples assim. Começava com "Não vou falar" e falava tudo.
Pois justamente eu me senti com vontade de "não falar" sobre o tal texto da Ivana Bentes, que já recebi várias vezes por e-mail, escrito por ela por encomenda do caderno Mais! da Folha de SP e depois rejeitado pelo jornal (leia aqui). Depois comecei a ver vários blogs republicando o texto, e fazendo um grosso coro de apoio à pesquisadora da UFRJ. Estou perplexa. Porque achei o texto ruim demais. Patético, primariamente panfletário, mal escrito toda vida, caricato, debochado. Francamente, parece coisa de aluno de primeiro período de comunicação. Alguém achou de verdade que a Folha (ou qualquer outro jornal grande) publicaria esse texto? Eu hein. Não entendi nada. Só sei que eu não publicaria, nem se eu editasse um jornalzinho do Centro Acadêmico.

Outra coisa sobre a qual eu gostaria de "não falar" lacerdianamente é sobre a eleição do Clodovil com uma quantidade imensa de votos. O que eu depreendo deste fato é que teve essa parte do eleitorado que tentou dar uma resposta de repúdio à classe política, elegendo uma espécie de Macaco Tião, um voto de protesto, um voto cacareco, de sacanagem, de brincadeira. Mas o senso de humor desses eleitores está sendo desviado (com trocadilho, hoho) num momento inoportuno. Esse voto de protesto, de sacanagem, tem uma conseqüência concreta, a de colocar Clodovil no congresso nacional e desmoralizar ainda mais a instituição.
Por outro lado, o deputado-mais-votado-do-Brasil Paulo Maluf está aí para mostrar que nãããão, não há um consenso nessa história de repúdio à classe política. 700 e tal mil pessoas clicaram em Paulo Maluf, amigos. E por que motivos? Será porque ele é um político "profissional" e "experiente" (o que quer que isso possa ser)? Será porque as pessoas o julgam... competente?! Para um cargo legislativo??!! Será porque ele faz conchavos com prefeitos que induzem massas a votar num candidato indicado? Mas nada disso me convence, porque 700 e tal mil é muita gente.
E sobre Fernando Collor de Mello sendo eleito para o Senado, na vaga de Heloisa Helena... Sobre isso realmente "não vou falar" nada, a não ser: ainda bem que não acredito na existência de uma "força superior" regendo o universo. Porque se eu acreditasse, teria que concluir que essa tal força tem um senso de humor muito peculiar.

6.10.06

Mi Buenos Aires Querido - parte 4


Comes e bebes - cerveza (cerbêssa)
A Quilmes domina o ambiente. Eu sou do time que prefere quase sempre uma boa cerveja de garrafa, e nesse quesito a Imperial (da Quilmes também) me pareceu imbatível. Vi muito anúncio da Brahma por lá também. Nos pubs de Palermo acha-se fácil chopes Warsteiner e até Guiness tirada na hora -- aquela cerveja preta que não se bebe, se come. Outra coisa interessante é que toda bebida vem com um tira-gosto de cortesia. Para cerveja, geralmente amendoins ou biscoitinhos Torcida-alike. Para cafés, sempre um bolinho, brownie, biscoito...

Crise econômica
Nossos hermanos estão bem ferrados, como nosotros aqui. A quantidade de gente pedindo dinheiro na rua, dormindo nas praças, vendendo bugigangas no metrô, é de espantar até carioca. E é meio pungente reparar que, num ambiente fechado como o metrô, os argentinos se constrangem muito com essa situação. Passa uma velhinha doente pedindo dinheiro para comprar remédio, e a cara dos argentinos é de um sofrimento atroz, uma humilhação por ver o país passando por isso.

Transportes - el subte
O subte (de subterraneo) é o metrô, que atende parte da cidade. Tem cinco linhas que não me pareceam muito inteligentes, pois correm praticamente paralelas umas às outras, sem uma linha que corte na perpendicular. A mais antiga é a linha A, e os trens são estilo vintage. Vale passar pela estação Peru, que é toda bonita.

Transportes - a pé
Buenos Aires é ótima para se caminhar muito. Não tem muitas ladeiras, e na maior parte da cidade é tudo quadrado e fácil de se achar. Além disso, eles têm um sistema de numeração de casas que, quando eu for ditadora do mundo, será adotado em todo o planeta. Cada quadra tem sempre 100 números. Ou seja, uma vai de 100 a 200, a outra de 200 a 300, e assim sucessivamente. Como as ruas e avenidas são longuíssimas, este sistema é muito útil. Porque se você está numa rua no número 1652 e tem que ir para a mesma rua no número 2288, sabe que precisa andar exatamente 5 quadras. Tão simples quanto genial.

5.10.06

3.0


Fazer trinta anos
É saber que você não está chegando na metade da sua vida – um terço, e olhe lá
É já ter amizades que duram vinte anos
É já ter tido um namorado “há mais de quinze anos”
É saber que, se quiser, pode começar tudo de novo
É observar que seus pais estão envelhecendo
É não fechar portas
É saber que não dá para ser a mulher-maravilha em tempo integral
É perceber que não vale a pena se desgastar por questiúnculas
É ter uma lembrança já tão remota da sua primeira transa – que dizer então do primeiro beijo – que não se sabe mais onde acaba a lembrança e começa a ficção
É saber que ainda há muito tempo para tudo
É saber que não precisa comprar TODOS os discos e nem TODOS os livros que tem vontade
É simplesmente não ter mais nenhum interesse por novos videogames
É passar a olhar com mais interesse para a prateleira dos cremes nas drogarias
É ter noção que não dá para acompanhar todas as novas tecnologias
É poder dizer, sem medo, que não entende nada sobre certos assuntos
É poder dizer, com segurança, que entende muito sobre certos assuntos
É poder jogar tudo pro alto
É ser libérrima e exata

4.10.06

Da série E-mails surreais #4

Episódio de hoje: o triste fim de um grande pianista.

Out of Office Auto Reply:
I am out of the office until Tuesday, 10th October 2006. If you have an urgent enquiry, please contact my assistant Keith Jarrett at keith@... .

Best wishes
Kate

3.10.06

Mi Buenos Aires Querido - parte 3

Moda - peluquería 2
Lembram daquelas piranhas para cabelo que vinham com uma flor imensa como adereço? Assim, um look Viúva Porcina? Parece ser o último grito (aaaaahh!!) da moda portenha. É assim, eu diria, increíble. Se eu não tivesse visto, não acreditava mesmo.

Invasão brasileira 2
Postos Petrobras, agências do Itaú e cerveja Brahma. Por todo canto.

Tango
Fomos a dois lugares muito bacanas de tango, fora do circuitão turístico (pelo menos eu acho). Café Homero (José A. Cabrera 4946, Palermo) e Centro Cultural Torcuato Tasso (Defensa 1575, Santelmo). No Homero chegamos com fome e nos demos mal (em termos, as empanadas eram ótimas, mas não tinha comida-comida). Mas o show foi bem legal. Já o Tasso, além de casa de show, também é restaurante e lá foi onde comi "o" bife de chorizo da viagem. Notem bem: eu não sou das carnes. Nunca como bife, hamburger, picanha, esses troços. Não dou valor. E aí descobri o motivo: é porque aqui nunca vou achar uma carne tão maravilhosa quando o chorizo do Tasso, então pra que insistir nessa frustração?
Também gostei de ver uma orquestra de tango tocando na rua, perto da feira de Santelmo, no domingo à tarde. Eram uns malucos, levaram um piano (!), tinha 3 bandoneons, violinos, um violoncelo, contrabaixo... Enfim, eles estão lá todos os domingos.
Mas o tango, a música. Eu gosto muito. Mas gostaria de saber mais sobre o que acontece no tango "contemporâneo", o que se faz na Argentina, hoje em dia, de tango. Não me refiro, claro, a presepadas como tecnotango ou afins, mas sim aos verdadeiros seguidores da tradição tanguera e milonguera que certamente deve ter desembocado numa música mais moderna e atual (além do Piazolla, claro). Isso ainda não descobri. Ouvindo o que eu ouvi lá, era como se alguém viesse ao Brasil e ouvisse Ary Barroso, Geraldo Pereira e Noel Rosa. Incontestavelmente maravilhoso, mas tem muita coisa boa que aconteceu depois. E as letras, ah, as letras. Realmente não tem nada mais para baixo do que letra de tango. Os temas são sempre coisas como a mulher que morreu, o cara que perdeu tudo no jogo, o infeliz que pára em frente à loja de brinquedos mas não tem grana pra comprar um presente para o filho. Só tragédia. E tudo acompanhado pelo bandoneon, piano, violino, instrumentos igualmente trágicos. Fico comparando com a música brasileira e vejo como são engraçados e curiosos muitos dos nossos sambas, mesmo quando as letras são trágicas, as músicas são pra cima ("Taí, eu fiz tudo pra você gostar de mim, ah meu bem, não faz assim comigo não", "Eu perguntei ao mal-me-quer, se o meu bem ainda me quer, e ele então me respondeu... que não", "Lata d'água na cabeça, lá vai Maria", "Sorria, a nossa pátria mãe tão distraída, sem perceber que era subtraída em tenebrosas transações"). Ainda vou, um dia, me debruçar mais sobre esse tema que acho fascinante, de como as músicas populares no Brasil e na Argentina tiveram origens parecidas mas diferentes, e desenvolvimentos semelhantes mas diversos -- e ambas conseguiram um gigantesco reconhecimento no mundo todo (já contei que uma vez fui parar num clube de tango em Roterdam? pois é.).
*
Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.

Mandou chamar o médico:

— Diga trinta e três.
— Trinta e três . . . trinta e três . . . trinta e três . . .
— Respire

..................................................................................

— O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
— Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
— Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.

(M.B., "Pneumotórax")


http://www.goear.com/listen.php?v=fb6c525

2.10.06

Salut, Balzac

Quinta-feira completo a trigésima volta ao redor do sol.
Tempos de mudanças.
Hmmmm.

Mi Buenos Aires Querido - parte 2

Comes e bebes - el té
A influência inglesa cobra seu tributo. Os argentinos tomam muito chá. Obviamente o mais popular é aquele horroroso chá de erva mate que nossos gaúchos também gostam, para ficar pitando naquelas caçambinhas horrendas o dia inteiro. Bleargh. Mas além disso, na Argentina encontra-se uma variedade enorme de chás deliciosos. Eu me esbaldei numa lojinha da Av Santa Fé comprando caixinhas de chá Twinnings de sabores exquisitos que valem muuito a pena. Outra dica: um restaurante fofo chamado Cabernet (Borges, 1757, Palermo - http://www.cabernet-restaurant.com.ar/) onde se pode tomar chá com torta, à tarde, por 10 pesos (esse é o preço da "selección exquisita de tés", simplesmente divina). Faça como os portenhos, sente lá e fiquei uma hora batendo papo, comendo a torta e bebericando o chazinho.

Comes e bebes - pizza
A colonização italiana também cobra seu tributo. As pizzas têm muuuuito queijo. Diz a história que os imigrantes italianos quando chegaram à Argentina ficaram deslumbrados com a fartura de comida, e por isso desceram a mão nas quantidades. A melhor que comi foi na Pizzaria Güerrín (Corrientes quase esquina com Uruguay), um restaurante tradicional, bem clima Lamas, mas com uns garçons que devem ser primos dos do Bar Lagoa (para quem não é do Rio: restaurante nada "descolado" e garçons de mal com a vida), graças às dicas de uns amigos argentinos.

Livrarias
Por muito tempo ouvi dizer que só na cidade de Buenos Aires tinha mais livrarias que no Brasil inteiro. Depois desmentiu-se essa história, como sendo uma lenda. Pois eu estou aqui para desmentir o desmentido. É absurda a quantidade de livrarias de Buenos Aires. Nas grandes avenidas, como Corrientes, Santa Fe, ou Calle Florida, é uma atrás da outra. Mas mesmo nos bairros residenciais, nas ruas tranqüilas, há sempre uma livraria perto de você. As grandes redes (Cuspide Libros, El Ateneo) dão um banho nas nossas redes como Siciliano e Saraiva. Elas têm tudo, tudo mesmo. Imperdível é visitar a Ateneo da Santa Fe (entre Callao e Riobamba), construída onde era um teatro. O restaurante é onde ficava o palco, os CDs ficam abaixo, na platéia, e os livros em todas as galerias e na parte central. Simplesmente espetacular.

1.10.06

Tende misericórdia

Como assim?
O Dornelles foi eleito senador?
Pára esse estado, que eu quero descer!

Votar pra presidente

Eu sempre me emociono quando tenho que votar pra presidente. No momento da urna. O que mais ouvi durante esse período pré-eleitoral era que essa eleição estava desanimada (é verdade -- mas acho que tanto quanto a reeleição do FH, se vocês pararem pra lembrar), e que o Brasil estaria "amadurecendo enquanto democracia" uma vez que eleição se tornava um evento corriqueiro e até monótono. É, pode ser. Mas para mim é sempre um grande acontecimento. Meu olhos marejam. Fico pensando quanto trabalho deu para que hoje em dia todo mundo possa votar pra presidente (e meu alerta para texto piegas começa a acender a luz amarela).
O fato é que esta foi a primeira eleição presidencial em que eu não votei no Lula. E foi meio estranho. Porque era como se eu estivesse mesmo habituada a digitar o 13 naquela hora. Quase uma traição -- seria uma revanche, uma espécie de vingança pela traição que eu julguei sofrer neste último ano, por parte do governo Lula? Um troco por eu ter me despencado para passar uma porcaria de réveillon em Brasília em 2002 só pra assistir à posse do presidente com que tanto sonhei, e depois ter que admitir, morrendo de vergonha, que não era bem aquilo? Será? Analistas e analisados, help!
Enfim, eu quero que o Lula ganhe essa eleição. Quero mesmo. Mas tenho sentimentos ambíguos o tempo todo sobre como deveria ser essa vitória. Ao mesmo tempo em que acho que a vitória de lavada no primeiro turno daria ao governo uma moral que ele não deve ter, temo pelas alianças que serão feitas num segundo turno.
Aí eu vejo que entre os mais pobres o Lula tem uns, sei lá, 70% dos votos. E fico pensando sobre o que isso pode significar. Leio mil coisas boas e lúcidas contra e favor as políticas públicas sociais do governo. Como não entendo nada desse assunto, não trabalho com isso, não estudo esse tema, fico dando tratos à bola para chegar a uma conclusão -- que nunca é muito definitiva (e nossa, como eu invejo as pessoas que têm certezas absolutas quanto a isso). Mas aí toda hora me toca um alarme contra a arrogância. A arrogância de achar que a elite intelectual (na qual nos incluímos eu e você) é que sabe o que é melhor para quem é pobre, sem estudo, e com fome. E que um voto é uma maneira, sim, de todo mundo ter voz (luz vermelha para texto piegas!).
Nessa hora penso de novo no Lula e na história dele, tão incrível e tal. E em como é importante ele ser presidente do Brasil. Depois corta pras imagens dele, outro dia mesmo, conversando pra fazer aliança com o Orestes Quércia. E com o Sarney. E com o Newton Cardoso.
Estou assim, esquizofrenizando.

Mi Buenos Aires Querido - parte 1


A invasão de magnatas brasileiros
Com o câmbio favorável (aprox. 1,40 peso cada real) e os pacotes e passagens muito baratos, os brasileiros invadimos mesmo a Argentina. Um motorista me disse que chamam a estação de esqui de Brasiloche. Em Buenos Aires ouve-se português em qualquer lugar, turístico ou não. Reparei que isso mexe com os brios desse povo quase nada orgulhoso que é o argentino. Brasileiros compramos tudo, damos gorjetas (propinas, haha) milionárias, gastamos sem dó nem pena. E, para além do câmbio favorável, as coisas são mais baratas mesmo. Principalmente comida e transporte (seja táxi, ônibus ou metrô). Mas atenção: não vale a pena levar reais para trocar lá (como eles não querem dar o braço a torcer, usam um câmbio péssimo de 1,25), e sim dólares (3,08 pesos nas casas de câmbio).

Comes e bebes - cafés
Sim, em Buenos Aires rola aquela clima de ficar no café batendo papo durante horas, ou lendo um livro ou jornal, sem que os garçons te encham o saco para vc consumir mais. Tem café de tudo quanto é tipo, sempre. E tem aquela coisa genial, que é o Submarino (leite quente com uma barra de chocolate dentro, que derrete aos poucos). Aliás, o que é a tara por chocolate que esse povo tem?! Um progama bem típico indicado por argentinos, e que eu fui conferir, é comer churros com chocolate no La Giralda (Corrientes 1453) (o lugar tem o clima do Nova Capela, mas não tão trash). Reparem na dieta: a porção vem com quatro (!) churros (daqueles que vendem nas barraquinhas no Brasil, só que mais sequinhos e gostosos) recheados com chocolate e polvilhados com açúcar, e acompanha uma xícara imensa de chocolate quente. Hoho. Na linha "É turístico sim, mas não perca": o Café Tortoni, uma confeitaria antiga no estilo da Colombo. Fica na Av. de Mayo 825 (http://www.cafetortoni.com.ar/). Peça tostados de pão de miga, um clássico.

Moda - peluquería
Sabe o clássico corte de cabelo repicado, em camadas, dos anos 80? Pois é. Voltou com força total em Buenos Aires. Todas --eu disse todas-- as mulheres têm agora cabelo repicado. E nenhuma delas é a Farrah Fawcett. Que essa moda não chegue por aqui para provocar novas vítimas.

E eu voltei num avião da Gol

Imaginem o clima que foi...
Mas fora essa notícia trágica, a viagem foi óootema e relatos bonairenses seguirão em breve.