26.7.10

Uma semana na vida de anna v.

A semana foi punk, a bem da verdade. Por mais ajuda que eu tenha (em condições normal, já é muita; grávida então, mais ainda; e com marido viajando, nem se fala), é sempre uma função desgastante e cansativa.

E Mathilde está incomumente agarrada comigo esses dias. Marido e eu custamos um pouco a crer que seja uma coisa psicológica, que ela esteja "sentindo" que Oliver está para chegar (apesar de ainda faltar 3 meses) e por isso já tente compensar a exclusividade que não terá mais. Ela só tem 2 anos e meio, será possível? Mas sei lá, pode ser que seja isso mesmo. Se tem uma coisa que aprendi é que tendemos a subestimar demais as crianças.

Poderia escrever mais sobre todas as coisas engraçadas/fantásticas/inacreditáveis que ela tem feito. Ou sobre os livros que ando lendo. Ou sobre o sucesso do Sebinho (já viu? Aqui do lado). Ou sobre qualquer daqueles outros assuntos de interesse mundial e planetário a que vocês todos já estão tão habituados. Mas depois de uma noite passada quase em claro, porque a pequena está com uma febrinha intermitente e uma tosse desgraçada que não dá descanso durante a noite, vejo-me a obrigada e me recolher. Olha aí, já está tossindo de novo, tadinha.

Diarinho mode on por mais um tempinho.

19.7.10

Um dia na vida de anna v.


Despertador tocou às 6h10, lembrando que é segunda, e tem hidro. O snooze vai até as 6h15, e eu sei que se molengar mais do que isso não chego a tempo para a aula.

Nhé.

Levanto e tenho a casa só pra mim. Marido viajou e Mathilde dormiu na casa da bisavó. É uma sensação especialmente boa, a de estar sozinha em casa desde ontem à noite. Visto o maiô e o roupão, pego a touca, a toalhinha, uma banana e dois cream crackers de gergelim, e saio na rua, quase escura, ainda. Faz frio. Na aula, minhas colegas estão especialmente chatas, e engatam um papo sobre eleições que deus-me-livre-e-guarde. Como sempre, entro muda e saio calada. A arte do guerreiro zen.

Ommmm.

Compro o pão fresquinho no Mercadinho B., e volto para casa, pra tomar café e ler jornal. So-zi-nha. Adoro, adoro. Na ida para o trabalho, passo na feira livre que tem no caminho e compro alecrim, tomilho e manjericão, tudo fresco. Chegando no silviço, guardo os temperos dentro de um armário, que fica impregnado com um cheiro maravilhoso. Às 10h30 tenho uma reunião com meu chefe e mais um monte de mulheres que falam sem parar, todas ao mesmo tempo. Na verdade, não foi ruim. Demos todos ótimas risadas.

Haha, hehe, hihi.

Volto pra casa com os temperos e passo para S. as instruções das novas receitas que quero que ela faça hoje à tarde. Almoço e volto logo para o escritório.

A woman's work is never done.

Tudo bem que eu tinha avisado há uma semana que ia sair mais cedo hoje (16h20) por causa da consulta mensal do obstetra (16h45). Tudo bem que depois do almoço (14h30) eu lembrei, mais uma vez, que ia sair mais cedo. Mas mesmo assim, reunião com über-chefes convocada às... 16h!

Oh, glorious day!

Paciência, saí às 16h35 naquele clima atrasadíssima que não faz bem a ninguém. Consegui chegar ao consultório às 16h50, com a secretária (que também está grávida) dando graças a deus, porque dali a pouco o doutor ia fazer um parto, e eu seria a última a ser atendida. Confesso que, ciente disso, fiquei um pouco desconfortável durante toda a consulta, com uma pressa solidária à parturiente que nem conheço. Mas o doutor é sempre calmo e tranquilo, e a pressa foi toda minha e nada dele. Oliver está super bem, muito ativo e bonitinho.

Hurray!

E eu engordei 2 quilos este mês.

Crap!

Voltei pra casa calmamente, pois S., a babá, ia dormir conosco hoje (marido viajando esta semana), e foi buscar Mathilde na creche. Mathilde chegou calada e ensimesmada, dizendo estar com sono. Mas aí foi só eu vestir o pijama para, do nada, ela ligar na tomada. Não sei bem como, mas acabamos engatando numa brincadeira frenética de pega-pega pela casa antes do jantar. Terminada a comida, a correria foi devida e histericamente resgatada por mãe e filha, enquanto S. falava ao telefone. Aconteceu que a filha mais velha de S. sentiu-se muito mal e estava a caminho do hospital. Liga pra um e pra outro, e S. sem conseguir entender o que estava acontecendo. Claro, mandei ela para o hospital, ficar com a filha, que eu me viro aqui sozinha com Mathilde (e Oliver, né?). Fiquei tranquila aqui com Mathilde, fofa a boazinha. Vimos um DVD até que o telefone tocou, era minha Prima, com quem fiquei mais ou menos uma hora falando, e Mathilde dormiu.

Sweet dreams.

E do hospital S. ligou, às 22h30, para dizer que a coisa estava ruim, a menina está pálida, com febre, sem conseguir se mexer direito, e tem 30 pessoas na frente dela na fila. De modos que. S. não vem trabalhar amanhã. Sendo que também não vem depois de amanhã, porque é o dia da audiência judicial com o ex-marido, para definir o pagamento de pensão para as 3 filhas que ele abandonou depois de quinze anos de casamento (simples assim, ele se mandou para Pernambuco, onde já arranjou outra mulher e está prestes a ter um novo filho, e nunca mandou um tostão para as 3 filhas com quem ele tinha vivido durante toda a vida delas -- nem ao menos telefonou no aniversário das meninas).

Holy shit.

Então cá estou eu -- porque quando marido viaja, tudo acontece -- sem saber muito bem como-será-o-amanhã-responda-quem-puder. Porque 22h30 já é muito tarde para ligar para minha sogra ou minha mãe, então apelei para a cunhada, que mora aqui do lado e sempre se oferece para ajudar. Ela vem de manhã cedo (yay!), mas só pode ficar até umas 11h. Entonces, lá pelas 8h já estarei ao telefone, naquele network familiar básico -- e que sorte poder contar com tanta gente, francamente.

That's all, folks.
.

16.7.10

Dicionário analógico da língua portuguesa, de Francisco Ferreira dos Santos Azevedo

.Nem sei há quantos anos ouvia falar deste livro. Era uma espécie de mito lexicográfico, graal dos apaixonados pela língua. Acho que tinha visto um exemplar, uma vez, mas assim de relance, sem poder folhear. Sempre ouvia dizer que iam relançar. Depois de tantas promessas, fiquei cética em relação à veracidade dos boatos.

Finalmente deparei no jornal com a notícia do lançamento da segunda edição, atualizada e revista, do Dicionário Analógico da Língua Portuguesa. Dei aquela pesquisada básica de preços e comprei na Fnac (R$57,90).

Para quem ainda não atinou para o que seja um dicionário analógico, eu explico. Como está escrito na capa, é um dicionário de "ideias afins". Ou seja, ele não traz definições, significados e exemplos de uso dos vocábulos, como um dicionário comum. Ele traz analogias. É mais ou menos um dicionário de brain storming.

Eu confesso que o método de organização ainda me foge à compreensão. São 6 grandes "Classes" (Relações abstratas, Espaço, Matéria, Entendimento, Vontade e Afeições) que se dividem e subdividem ad infinitum em "grupos analógicos". Mas o importante é que cada verbete agrega uma série de vocábulos que começam mais ou menos com sinônimos e vão se distanciando gradativamente na associação de ideias até chegar num lugar que só muito remotamente pode ser remetido à palavra original. E o mais legal: esses vocábulos vêm divididos em substantivos, adjetivos, verbos etc.

Abrindo páginas ao acaso e pinçando exemplos (os verbetes são muito maiores do que isso):

Furto - roubo, assalto, apropriação, plágio, saque, pirataria, gatunice, trambique, cleptomania, mensalão, propina, desfalque, estelionato, gazua, pé-de-cabra, caverna de Ali-Babá. Verbos: furtar, roubar, saltear, deitar a mão, surrupiar, usurpar, abiscoitar, enfiar a mão, depredar, receptar, cair no conto do vigário. Adjetivos: ladravaz, gatuno, malversador, desonesto, sub-reptício.

Resposta - réplica, troco, objeção, desmentido, aparte, divergência, oposição, confirmação, aplauso, aceitação, ovação, vaia, correção, censura, Édipo, oráculo. Verbos: responder, solucionar, solver, ponderar, retorquir, objetar, retorquir, emendar, desconstruir, acudir, ecoar, interromper. Adjetivos: responsivo, replicador, conclusivo, reativo, objetável, desconforme, censurável. Advérbios: porque (causa), contestatoriamente. Interjeições: Protesto! Não apoiado!

Acho que já deu para entender o clima, não? Isso é de fato um tesouro para quem gosta de escrever e se preocupa em escrever bem. Aquela história: a língua portuguesa tem mais de 50 palavras; use-as. Um dos grandes diferenciais dessa edição, segundo li em algum lugar, é a presença do índice geral no final do volume. É realmente imprenscindível, caso contrário encontrar uma palavra específica vira mesmo um trabalho de maluco.

Vale a pena visitar o site oficial do dicionário, onde há vários outros exemplos de verbetes, além do ótimo prefácio do Chico Buarque (que curiosamente assina "Francisco Buarque de Hollanda", como se o ambiente lexicográfico obrigasse a tais formalidades), apresentação, prólogo, dados técnicos etc.
.

15.7.10

Serenity NOW!

.Hormônios da gravidez. Taí uma coisa que nunca, jamais deve ser menosprezada. Impressionante como a gente fica descompensada, 8 ou 80, nessa fase. Os mais engraçadinhos podem querer sugerir que somos assim sempre e simplesmente agora temos uma boa desculpa. Boa tentativa, mas não é verdade.
Veja outro dia, quando resolvi fazer compras no supermercado porque não tinha nada em casa. Foi duas semanas atrás, dia 1º. Eu não me toquei que era dia 1º, caso contrário não teria ido (banco e supermercado, de preferência só depois do dia 10). Marido estava viajando, e M. dormiu aqui em casa para eu poder ir à hidro na sexta às 6h40 (sim, eu persevero!). M. foi buscar Mathilde na creche e eu fui direto do trabalho para o mercado (os mercados, aliás -- o HortiFruti para as coisas frescas, e o Mundial para as coisas industrializadas, que é como normalmente faço). Para isso, naquele dia excepcionalmente tinha ido de carro para o trabalho, por causa das compras.
Saí do trabalho umas 18h50, por aí, rumo ao HortiFruti, pois o mais urgente mesmo era comprar frutas, legumes e verduras. Para tanto, peguei a rua Mena Barreto. Que, sabemos todos, é uma rua engarrafada a qualquer hora, mais ainda no horário do rush. Mas seriam só uns 3 quarteirões nela, e para evitá-la a opção seria dar uma volta muito grande pela também congestionada rua São Clemente. Mas aí, veja. A rua não estava engarrafada. Estava parada. Mesmo. Entrei numas de não me perturbar. Como não estou acostumada a pegar carro na hora do rush, acho que estou sempre over-reacting, que o trânsito vai devagar mas acaba andando.
Coloquei Memórias Cantando do Paulinho da Viola e fui cantando junto Nova Ilusão, que é aquele primor de música de Claudionor Cruz e Pedro Caetano. É dos teus olhos a luz/ Que ilumina e conduz/ Minha nova ilusão. A música terminou e acho que não tinha avançado nem um metro. Veio a segunda faixa, a terceira, a quarta, e não estava nem no meio do quarteirão. Quando começou O Velório do Heitor, que é a oitava faixa (Havia um certo respeito/ No velório do Heitor/ Muita gente concordava/ Que apesar de catimbeiro/ Era bom trabalhador), eu já desconfiava que aquilo ali não estava normal. Acabei virando na primeira esquina possível e resolvi ir antes no Mundial, e no HortiFruti depois.
Para estacionar no Mundial, fila de carros parados em plena Voluntários da Pátria. A essa altura já estava ouvindo Nova Ilusão de novo. Se um beija-flor descobrisse/ A docura e a meiguice/ Que os teus lábios têm/ Jamais roçaria as asas brejeiras/ Por entre roseiras/ Em jardins de ninguém. Finalmente estacionei e cheguei a um supermercado totalmente lotado. Respirei fundo, fundíssimo, fundérrimo, comprei o que tinha de comprar, e encarei uma fila grande para passar no caixa, com direito, é claro, à mulher que estava na minha frente e esqueceu de pesar uma carne qualquer, então teve de voltar lá na seção de carnes enquanto a caixa ficava ociosa e a fila bufava.
Paguei, pus as compras no carrinho e desci até a garagem, guardei tudo na mala do carro (alguém aí ajudou a grávida? não? pois é). Não me arrisquei a tentar a Mena Barreto de novo. Dei a volta pela São Clemente mesmo, peguei a 19 de Fevereiro até a General Polidoro, cheguei no estacionamento do HortiFurti às 20h45 ouvindo Coisas do Mundo, Minha Nega e tentando manter a sanidade enquanto pensava 'Que disco bom, este, que se pode ouvir tantas vezes seguidas sem cansar'. Hoje eu vim, minha nega/ Querendo aquele sorriso/ Que tu entregas pro céu/ Quando te aperto em meus braços/ Guarda bem minha viola/ Meu amor e meu cansaço.
Subi a rampa do estacionamento apenas para encontrar um funcionário balançando a cabeça para mim, fazendo que não. Abri a janela. "Senhora, o HortiFurti já fechou".
Eu, em meu estado normal, teria voltado pra casa p. da vida, soltado os cachorros e xingado quem me aparecesse pela frente. Mas eu, em meu estado gravídico, o que faço? Chego em casa, Mathilde vem me dar um abraço apertado e amorosíssimo e eu... caio em prantos! M. vem assustada me perguntar o que houve, e tudo o que eu consigo dizer é "Não consegui ir ao HortiFruti! Buááááá!!". M. me olha com cara de ponto de interrogação, Mathilde não entende nada ("Não chora, mamãe!"), e eu balbucio coisas desconexas, mais ou menos algo como "tenho tão pouco tempo para passar com minha filha, mas acabo perdendo duas horas preciosas presa no trânsito, e nem ao menos consigo trazer para casa as frutas e verduras que estavam faltando, e tanto esforço para nada, e sou um fracasso doméstico", etc. etc.
Isso, meus amigos, são os hormônios em ação.
Os hormônios da gravidez não nos deixam apenas supersensíveis. Ficamos também incrivelmente pilhadas para fazer coisas, consertar, resolver pendências, tocar as coisas para a frente. Em tudo há um senso de urgência -- e por conseguinte uma imensa frustração quando não conseguimos fazer as coisas caminharem (como as obras paradas do meu prédio, que eu sinceramente tenho tido vontade de terminar com minhas próprias mãos - Me segura, se não eu subo nesse andaime). Nada mais compreensível que essa urgência: há um prazo, há a inevitabilidade do curso da natureza, bem aqui, dentro do nosso corpo. E é terrível notar que quem não está grávido simplesmente não está acompanhando essa sua pilha absurda.
Coisas do mundo, minha nega.
***
Serenity Now é um episódio de Seinfeld, e é o que eu tenho me esforçado muito, muito para conseguir.
.

11.7.10

O blogue enquanto reflexo da vida

Vamos começar a fazer algumas obras em casa, pequenas reformas para acolher Oliver.
Então resolvi fazer pequenas reformas aqui também.
Ano novo, vida nova.

1.7.10

Capitalismo tabajara

.Detesto esse capitalismo pela metade em que a gente vive aqui. Onde as pessoas não têm capacidade de desviar da burrice para ganhar mais dinheiro.

Como hoje. Quando resolvi comprar fraldas.

História nº 1

Eu não sou daquelas pessoas cricri com marcas, grifes etc. Todos os meus relógios são sempre de camelô. A maioria dos óculos escuros também. Compro roupas em lojas de departamentos, se me agradam. Realmente não estou nem aí.

Mas tem certas coisas que não. Papel higiênico, por exemplo. Só compro do mais caro, que acho que realmente é melhor. A mesma coisa para as fraldas da Mathilde. Depois de passar por todas as marcas disponíveis no mercado (graças ao fantástico chá de fraldas que fizemos, e que rendeu por um ano), considero 3 delas as melhores: Huggies Natural Care, Pampers Total Comfort e Turma da Mônica Soft Touch. Esta última eu quase não compro porque só vende um pacote pequeno, e eu prefiro comprar pacotes maiores. A Huggies tem sido difícil de achar no mercado, então tenho comprado mais da Pampers, essa modalidade do pacote verde.

Eu compro as marcas mais caras, mas isso não quer dizer que eu não pesquise para saber onde está mais barato. É por isso que vocês podem me encontrar, na farmácia ou supermercado, com a calculadora na mão, fazendo a conta de quanto custa cada fralda, para decidir se vou levar o pacote Mega, com 48, ou Hiper, com 60 (ao contrário do que pensaria o senso comum, nem sempre o pacote com maior quantidade tem preço unitário menor -- vá entender), ou quanto custa o metro de papel higiênico, para decidir se compro 1 pacote com 16 rolos de 30m ou 2 pacotes com 4 rolos de 50m.

Assim sou eu, tentando valorizar meu dinheiro. E por isso não me furto a andar um pouco mais para chegar à loja mais barata.

Então hoje, na hora do almoço, como em casa o último pacote de fralda já está no fim, decidi que iria até a Droga Raia, que fica a umas 6 quadras do meu trabalho e a umas 12 quadras da minha casa. Porque a Droga Raia não só tem a Pampers verde (a Drogaria Pacheco, por exemplo, não tem, apesar de existir uma filial em cada esquina) como tem uma promoção ótima, caindo o preço de $45 para $32 se você comprar 4 pacotes Hiper (o maior pacote que há, com 60 fraldas, no caso do tamanho G). Eu compro sempre nessa promoção.

Cheguei lá, vi que eles tinham os pacotes Hiper tamanho G, e que a promoção continua de pé. Quando já estava pronta pra pagar, resolvi confirmar que entregavam em domicílio, visto que eu não andaria nem meia quadra, quanto menos 12, carregando 240 fraldas além da minha barriga gigante. "Ah, não. A senhora tem que ligar para a Central e fazer o pedido por telefone", me disse a caixa, estendendo um papelzinho impresso com o número.

Só isso já fez meu humor azedar, pelo desperdício da caminhada. Saí da farmácia e liguei para a Central da Droga Raia. Lá, a atendente confirmou meu nome, CPF, RG, endereço e telefone (!), antes de ouvir meu pedido. "Quero 4 pacotes de Pampers Total Comfort Hiper tamanho G". "Ok... Hmm, senhora, esta fralda está em falta, não tenho no estoque". "Mas eu acabei de sair da loja que fica mais próxima à minha casa, e eles tinham!". "Não importa. Infelizmente não poderei atender seu pedido".

E fim de papo. Ou seja, ninguém fez o mínimo esforço para realizar uma venda de R$128. Nem a loja, nem a Central de Atendimento.

História nº 2

Há alguns meses foi com o laptop do marido. Um Sony Vaio comprado via Amazon numa viagem aos EUA, ano passado. Estava dando um pau, desligando sozinho. Levou na assistência técnica e o diagnóstico foi superaquecimento, causado por um defeito na ventoinha (!). Era um desses defeitos reconhecidos pela fábrica, que portanto nem cobra para conserta. Bem. Lá ficou o computador na assistência técnica uma semana. Duas semanas. Três semanas. E nada da peça chegar, e marido aqui sem computador para trabalhar. Lá pelas tantas entendemos que não havia a menor previsão da tal peça chegar e do conserto se realizar.

Marido então, enfezado com o prejuízo de não poder trabalhar direito, resolveu comprar a peça (um ventiladorzinho) nos EUA, já que um amigo nosso, entendido de computador, estava em Miami e poderia trazer.

Mas na loja da Sony.com a peça estava out-of-stock. Então íamos comprar no E-Bay quando resolvemos, antes, ligar para o SAC da Sony dos EUA para perguntar se isso resolveria o problema ou se continuaria a mesma coisa. Então peguei o telefone e liguei para a Sony nos EUA. Depois de muitos menus "press 2, press 5, press 7, press 8" etc., fui atendida por alguém. Expliquei o problema. Ele me pediu o número de série. Eu dei. Ele me perguntou se eu conhecia um tal Mr [Nome de Marido]. Fiquei assim meio "Oh", tipo cacete-caraca-sinistro, e disse que sim, que ele aliás estava ali ao meu lado. Porque, por algum motivo, eles tinham lá o nome dele associado àquele número de série. (MEDO)

Passado esse choque, o cara me explicou tudo muito bem explicado. Aí eu falei que na loja do site Sony.com a peça constava como esgotada. Aí ele disse "Hold on, senhora, vou lhe passar para o nosso departamento de vendas, talvez eles tenham a peça, sim". E me transferiu. E a ligação NÃO caiu. Aí atendeu outro alguém que me disse "Sim, eu tenho a peça em estoque! A senhora quer comprar?". Eu respondi que sim. Então passei o nome e o número do cartão do marido, o nome e endereço do nosso amigo em Miami, e pedi para realizar a entrega expressa, de um dia para o outro.

E foi assim, amigos, sem ninguém me perguntar o meu CPF, nem confirmar o nome do meu pai e da minha mãe, nem perguntar o nome da primeira escola em que eu estudei. Foi assim, dando um número de cartão e um endereço, tudo pelo telefone numa única ligação, que a peça chegou lá em Miami no dia seguinte, nosso amigo trouxe, ele mesmo instalou a ventoinha nova e consertou o computador. E a cobrança no cartão de crédito veio direitinho.

Aí, caramba, digam o que quiserem, mas isso é saber ganhar dinheiro e deixar o cliente satisfeito. O resto é conversa mole.
.