30.4.09

Zica - Dia 3

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A semana do Terror Oftalmológico.


Estou com conjuntivite.

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29.4.09

Zica - Dia 2

Então, o óbvio aconteceu.
Comprei uma armação nova. Mandei fazer lentes novas.
E aproximadamente duas horas depois, meus óculos foram encontrados.
A Anunciação quase acertou. Ela disse que isso ia acontecer. Só que os óculos antigos não estavam no lugar mais fácil do mundo. Estavam dentro do armário da cozinha onde se guardam as grandes bolsas de compras, de lona.
Porque, não sei se já falei pra vocês, na minha casa moram uns duendes.

(Mas olha, no shopping onde comprei os óculos novos, acabei preenchendo 2 cupons para concorrer a um Honda Fit. Sim, porque isso tudo tem de ter um propósito, né? Ah, queria acreditar assim...)
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28.4.09

Zica


Zica é quando você escreve um post sobre como é chato ficar procurando os óculos (o post foi escrito com os óculos), já tarde da noite, e no dia seguinte de manhã simplesmente não encontra os óculos por nada deste mundo.
Sério, gente, perdi os óculos.
Em casa.
E nem dá pra culpar Mathilde, coitada, porque o fenômeno se deu entre depois de ela dormir ontem e antes de ela acordar hoje.
Marido e eu já reviramos a casa e nada. A casa engoliu, literalmente, meus óculos.
Coisa mais estranha eu nunca vi.
E nem vou ver tão cedo, hoho.
É inacreditável, mas meus óculos sumiram dentro da minha casa, e vou ter que mandar fazer um novo par amanhã. Porque não posso passar mais muitos dias trabalhando sem óculos.
Caraca.
Zica total.
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27.4.09

Pensamentos de segunda

  • Como é que ainda não inventaram uma armação de óculos com um localizador que apita, como os de telefone, que você aperta um botão na base e ele começa a piar? Ou como uns chaveiros, que você assobia e ele responde? Eu às vezes tenho a impressão de que passo parte considerável dos meus dias permabulando pela casa procurando meus óculos.
  • O vocabulário da criança: mamãe, papai, vovó, banana, uva, água, sapato. Sendo que sapato foi, de todas as palavras, a primeira. Fico me perguntando por que será... E movimentos vigorosos com a cabeça, para fazer que sim, e principalmente para fazer que não. Dá trabalho, mas é engraçado pacas.
  • Ir trabalhar de bicicleta é uma graça, uma delícia, etc. Mas quando cai um temporal, francamente, é uma m*erda.
  • A tradução que estou fazendo: 78% feitos; 22% por fazer. Vamo que vamo.
  • Men-go.
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24.4.09

Como assim mega-seller?


Estando há alguns anos no mercado editorial, é natural que me interesse pelos grandes campeões de audiência do setor. Parece que agora lhes apetece chamar mega-sellers (ou mega sellers? megassellers, quiçá? Tem no VOLP?). Independente do meu interesse pessoal, procuro ler, como uma atividade profissional. E assim li o Paulo Coelho. Li O Mundo de Sofia. Li o Código Da Vinci. Li o Caçador de pipas. Entre os mais recentes, li A Menina que roubava livros. Li A Cabana, atual topo da lista. E agora li Crepúsculo, o primeiro da série sobre vampiros que emplaca três títulos entre os mais vendidos (Crepúsculo, Lua nova, Eclipse) - absolutamente impressionante. (Os mais atentos talvez tenham percebido que não li Harry Potter. Não tenho explicação para isso. Na verdade, queria ter lido. Não li e não sei por quê. Ainda vou ler. Um dia. Acho.)
Vá lá. Não tenho nenhum interesse especial por vampiros. Li, na adolescência, Entrevista com o vampiro da Anne Rice, achei muito legal aqui do vampiro Lestat, etc. Mas passou, não deixou sequelas. Tampouco tenho aversão especial pelo tema. Se o tema do momento são os vampiros, ok, vamos a eles. E comecei a ler o livro da Stephenie Meyer.
Achei o começo bem devagar. A protagonista, Bella, 17 anos, se muda de Phoenix, onde morava com a mãe, para Forks, no noroeste dos EUA, para morar com o pai, com quem tem pouco contato. Na escola de Forks, sofre com as agruras de ser a garota nova numa cidade onde todos se conhecem. E lá conhece Edward e seus irmãos, todos lindos e esquisitos. Os dois se apaixonam e ela descobre que ele é um vampiro. Mas um vampiro bom, "vegetariano", que apesar de ter sede de sangue humano, procurar se restringir a caçar animais na floresta. Ele e os irmãos vampiros moram em Forks porque lá chove muito, quase nunca sai o sol, e o sol faz a pele deles ficar muito brilhante, chamaria muita atenção.
Até aí tudo bem. Não me parece um enredo tão fascinante, mas vá lá. O problema é que é ruim. Bem ruim. Os diálogos são tão ralos. Os personagens secundários praticamente inexistem, e os dois protagonistas não são assim tão interessantes a ponto de sustentar toda a ação, sem praticamente nenhuma ação além do caso dos dois. Não há como fugir: é muito mal escrito, bobo, desinteressante.
Claro que, mais uma vez, sou eu contra o mundo. "The Twilight Saga" é um fenômeno planetário. Em todos os países só se fala em Edward e Bella. E o que é mais incrível: muita gente que eu conheço leu e adorou. "Li em dois dias", "Não consegui largar", é o que mais escuto dizer. Até aqui no blogroll ao lado, onde só tem gente que eu respeito e admiro. A Deh ficou viciadinha, haha.
Bom, eu não consegui foi continuar. Li umas 230 páginas e capitulei. Não pude mais.
E vocês, já leram? Conhecem alguém que leu -- e não gostou? (Assim, pra me fazer companhia, né?)
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18.4.09

Vá com calma, senhor Murphy!

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Você sozinha com a criança de 15 meses. Depois de a privada entupir (e desentupir), no dia seguinte a criança aparece com um olhinho produzindo muita secreção. Você manda pra creche assim mesmo, torcendo para que não seja um conjuntivite. Mas quando vai buscá-la de noite, o olho está inchado, tadinha, parece que levou um soco. E muita remela, e o olho quase fechando. Você liga para a pediatra, que manda lavar com soro fisiológico e pingar uma gota de um tal colírio de 4 em 4 horas. 1 gota - deve ser forte mesmo, o tal colírio. Então você liga para a farmácia e pede o colírio. E aí se dá conta: como pingar, sozinha, UMA gota preciosa de colírio no olho de uma criança elétrica de 15 meses? Felizmente sua cunhada mora perto e vem te socorrer. Imobilização disfarçada de brincadeira, e a duras penas conseguimos pingar a gota milagrosa. O problema são os outros pingos. Você sozinha com a pequena, no meio da madrugada, imobilizando-a entre as pernas para poder abrir o olho com uma das mãos e pingar o colírio com a outra.
É a tal coisa: pelo menos de tédio a gente não morre.

Pelo menos hoje, sábado, faz um dia perfeito de outono, e fomos passear às 8h no deslumbrante Parque do Flamengo (no Aterro), onde havia tantos pássaros, e cachorros, e crianças, e cores, e o mar, e tantas árvores e flores, que a manhã foi feliz, feliz. E tomamos café da manhã na rua, e a menina provou geléia, e eu entendi melhor a expressão "quem nunca comeu mel, quando come se lambuza". Ha, são muitas fofices.
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Georges Seurat, "Un dimanche après-midi à l'Ile de la Grande Jatte" (1884-86)
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16.4.09

Bom dia, senhor Murphy

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Você sabe que seu marido e homem-da-casa viajou quando...
Às 8 da manhã, descobre que a privada entupiu.

E eu cheia de costura pra entregar.

Update: receita caseira que funcionou: coloque várias folhas de jornal, esticadas, sobre a abertura do vaso, entre o tampo e a louça, de modo a vedar a passagem do ar. Feche a tampa. Sente em cima da tampa, para vedar mesmo. Dê a descarga. Pronto, a pressão se encarrega de desentupir. É a história do bode no meio da sala. Foi só desentupir para eu passar o resto do dia numa felicidade imensa.
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14.4.09

Bavardage

Existem mil provas científicas de que as mulheres falam muito mais do que os homens, em número de palavras. Sinceramente, não sei por que se gasta tempo e dinheiro para pesquisar e chegar a esta conclusão tão óbvia. Dizem que tem a ver com os lados do cérebro, mais desenvolvido nesse aspecto da linguagem, e que por isso as bebês meninas falam mais cedo do que os meninos etc e tal. Outro dia li um livro que, entre outras coisas, falava sobre isso, e dava um exemplo ótimo. Dizia lá que um dos códigos de comunicação entre mulheres é o elogio mútuo. Essa história de "Seu cabelo ficou ótimo!", "Que blusa linda!", "Amei esse vestido", etc. E aí a autora (mulher, claro) falava que nesses casos ainda aflorava mais uma característica feminina, que é a de prestar um serviço à outra, de como isso faz seu status subir no grupo etc. Então é assim: quando uma mulher diz a outra mulher "Que blusa linda!", há 99% de chance de a resposta ser algo como "Menina, foi baratíssimo! Comprei numa liquidação na loja Tal". Ou coisas do gênero. Jamais um simples "Obrigada". Pode experimentar, é batata.
Mas então. Que as mulheres falam mais que os homens é ponto pacífico. Agora, o quanto falamos mais é uma questão que, a meu ver, tem as estatísticas distorcidas por alguns fatores. Um desses fatores é a mulher mineira.
A mulher mineira é uma falante compulsiva. A mulher mineira fala sem parar sobre qualquer assunto. A mulher mineira não dá chance ao interlocutor. Vem daí, claro, a fama do mineirinho quietinho (homem).
Mas por que estou eu hoje com essa história aqui? Calma, já chego lá.
Desde que comecei no meu novo emprego, em janeiro, estou instalada provisoriamente numa sala de reuniões, enquanto as obras de expansão não ficam prontas. Com isso, a empresa ficou sem sala de reuniões, e vez por outra alguém vem me pedir para usar metade da minha imensa mesa (uma autêntica mesa de reuniões, de 12 lugares) em alguma reunião sem tanta importância (para as importantes, aluga-se uma sala alhures). Agora que tenho a estagiária, o espaço disponível ficou menor, mas mesmo assim é usado de vez em quando.
Eis que desde ontem temos, não sei bem, uma espécie de auditoria acontecendo aqui. Ou fiscalização, sei lá. Sei que são duas pessoas que estão examinando as contas da empresa, e na falta de lugar, vieram parar aqui no meu latifúndio em forma de mesa. Um homem e uma mulher. Uma mulher mineira.
Convivi poucas horas com a mulher mineira. Nem ao menos sei o nome dela. Mas já sei que:
Hoje ela pediu à tia que comprasse banana (madura), porque quer tomar uma vitamina à noite;
Faz faculdade, e fez prova ontem - uma boa prova, ela está confiante;
Vai tirar férias em março de 2011 (!!) porque é quando se forma, e a família vem de Minas para a formatura;
A irmã fez aniversário ontem. Ela ligou para a mãe (pede a bênção quando a mãe atende) para que transmitisse os votos de parabéns. Depois ligou para a irmã aniversariante para dizer que já tinha ligado para a mãe para que esta lhe transmitisse os parabéns (?!)
Fez um exame qualquer e hoje só pode tomar líquidos - almoçou sopa, e é provável que seja por isso a vitamina de banana.
Tudo isso ela conta para o seu colega de trabalho. Que, coitado, não demonstra o menor interesse, não pergunta nada, não responde. Só ouve calado. Será se ele é mineiro também? ("Será se", construção típica mineira)
E eu, cheia de trabalho pra fazer.
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13.4.09

Segunda Pessoa

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Esta obra é pequena. Como pequenas eram as naus e as caravelas, com que nós, portugueses, descobrimos o mundo que há hoje, e criamos a civilização que os outros usam.

Toda segunda-feira, um cadinho de Fernando Pessoa.
Porque sim.
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7.4.09

A estagiária grã-fina

"Vida de estagiário", clássico de Allan Sieber

Nelson Rodrigues criou uma fantástica galeria de tipos arquetípicos geniais: o padre de passeata, o príncipe etíope de rancho, o idiota da objetividade e, entre as mulheres, a grã-fina de narinas de cadáver (que vai ao Fla-Flu e pergunta "Quem é a bola?") e a estagiária de calcanhar sujo, que a certa altura começa a povoar as redações dos jornais sempre fazendo perguntas sem o menor cabimento.
Pois eis que arranjei uma fusão entre essas duas: a estagiária grã-fina. (Até onde pude perceber, não tem nem narinas de cadáver nem calcanhar sujo.)
Conheço bem as lides do estágio. Já fui estagiária (no longínquo século 20) e já tive diversos estagiários. Desta vez, não pedi. O überchefe um dia me perguntou se eu poderia receber uma estagiária - filha de um amigo dele, estágio não-remunerado, tal e coisa. Aceitei. Veio a menina, tem 19 anos, fala inglês impecável, é bonita e razoavelmente interessada no trabalho.
Vi o currículo. Experiência profissional resume-se basicamente a ter trabalhado no credenciamento vip de um desses megashows, em 2008. Não é fantástico? Mas tem muito sobrenome a menina, mora num endereço top e estudou numa escola top top.
Hoje de manhã eu a vi chegando. De táxi. Que mundo é esse em que uma estagiária chega no trabalho de táxi?! E no fundo acho que fiquei aliviada por ela não vir de motorista.
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6.4.09

Segunda Pessoa

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Agir, eis a inteligência verdadeira. Serei o que quiser. Mas tenho que querer o que for. O êxito está em ter êxito, e não em ter condições de êxito. Condições de palácio tem qualquer terra larga, mas onde estará o palácio se não o fizerem ali?

Toda segunda-feira, um cadinho de Fernando Pessoa.
Porque sim.
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5.4.09

R.I.P.

Ao longo da minha vida profissional, falei com o Marcio Moreira Alves uma meia dúzia de vezes. Nunca pessoalmente, sempre por telefone, em situações e por motivos distintos. Em todos esses contatos ele foi muito grosso, e me tratou sempre mal, injustificadamente. Acho que era o jeito dele mesmo.
Fica então essa minha singela contribuição para desafinar o coro dos elogios aos mortos.
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3.4.09

Blogues blogues são

"Masks", de Aurelia Fronty

Tive que tirar o link para o blog da Mary W do blogroll aqui ao lado. Porque houve alguma coisa que, cada vez que eu entrava aqui no meu próprio blogue pulava um popup na minha frente pedindo login e senha para eu ler o blog a feminista. Ora, era o que me faltava. Aí fui lá e vi que de fato o site não existe mais com acesso livre. Acho uma pena. Mas ela não é exceção, claro, e, sei lá, deve ter os seus motivos, imagino.
Os blogues têm mil finalidades, cada um no seu quadrado. Mas me corta o coração ver coisas assim, um blogue que nasce para ser troca de ideias entre ilustres deconhecidos, zona de debate, de brincadeiras, grosserias às vezes, alegrias outras tantas, se fechar apenas para "convidados". A Ana Lucia que mora no Canadá também fez isso há algum tempo. Outro dia, a querida S., do Fazendo Gênero, um blogue tão bão, que pena não ser mais aberto para todos.
Por essas e outras sou cada vez mais defensora do blogue anônimo. É divertido, é libertador. Na verdade é uma janela para criar um outro grupo de conhecidos, desvinculado de todos os outros grupos que você já possui. É muito interessante, isso. Não era a intenção original, mas, bem, aconteceu. Uma vez escrevi aqui, a este mesmo respeito, que não estava ainda preparada para encontrar os amigos e ouvi-los dizer "li tal e tal no seu blogue". Continuo não estando. Conto na mesa do bar as mesmas histórias que escrevo aqui, como se fossem novas. E, prestes a completar três anos de Terapia Zero, que eu saiba só meus amigos A. e J., filhos do R., e N., minha amiga samurai, conhecem isso aqui - além do marido, claro. E tudo porque dei uns moles e eles acabaram achando e identificando. Mais ninguém. Meus melhores amigos não sabem. Meus pais não sabem. E não precisam saber, pra mim não faz a menor falta. O nível de cobrança -- vinda de todos os lados -- diminui drasticamente. Porque, na boa, mais uma cobrança é o tipo de coisa de que a gente não anda precisando.

PS: Este é o post nº 500. Apropriado.
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2.4.09

Jornada tripla


For the records:
São dez e meia de noite de quinta e estou sentando agora no computador para ver se termino a tradução de um capítulo sobre as obras históricas do iluminismo escocês.
Isso depois de: sair de manhã para trabalhar com chuva fina e tempo frio, vestindo suéter de lã e gorra rulê por cima de blusa preta, calça jeans, sapato fechado e meia, depois voltar pra casa para almoçar com uma temperatura de uns, sei lá, trinta graus, céu azulíssimo, mas antes passar no supermercado para comprar uva para a pequena, porque, sim, ela aprendeu a falar u-va e eu fiquei com dó de não ter u-va pra ela comer, depois voltar pro trabalho e ficar até as seis, aí sair correndo e pegá-la na creche, apanhar um táxi (com carrinho, bolsas, guarda-chuva, casaco), ir assistir a um show do pai dela, passar o show quase todo sentando no chão e levantando para ir atrás dela (que, diga-se, comportou-se bem, i.e., ficou em silêncio, ainda que em movimento constante), basicamente uma aula de aeróbica, em termos de queima de calorias, depois pegar o carro, voltar pra casa sozinha com ela, com chuva, para o nosso prédio sem porteiro nem elevador nem portão automático na garagem, dar jantar para a mocinha, que comeu metade e depois pediu u-va (oooohh!), colocá-la para dormir, e finalmente conseguir jantar.
Que São Hume me ilumine (com trocadilho)!
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