29.2.12

Devagar vou/não vou longe

Não dá para dizer que eu seja uma pessoa sem paciência para projetos de longo prazo. Eu tenho saco e até mesmo disposição para os empreendimentos grandes e sacais, que para mim costumam parecer, polianicamente, desafios. Grandes compilações, sistematizações de itens, organizações de toneladas de dados, de alguma forma eu sempre consigo visualizar a luz no fim do túnel dessas tarefas antes mesmo de começá-las, e sei que neste ponto sou diferente da maioria.

Por outro lado, percebi que não tenho paciência para longos processos. Projetos sim, processos não. Por exemplo, não tenho o menor saco para acompanhar o noticiário político em ano eleitoral, ver as alianças e desavenças se delineando, observar o movimento dos partidos e de seus protagonistas etc. Tem gente que vibra porque justamente consegue visualizar aonde aquilo tudo vai dar, ou pelo menos fechar em algumas possibilidades. Eu não. Mas acho incrível quando chega a hora de eleição e posso vivenciar o resultado de todo o processo. Além disso, adoro ler livros que abordam esse assunto em retrospecto. Livros sobre a política brasileira, biografias de figuras políticas, acho delicioso. Acompanhar de grão em grão, no momento mesmo em que a história está se construindo, não consigo.

Da mesma forma que tenho cada vez menos saco para acompanhar campeonatos de futebol. Todos que acompanham o blogue sabem que adoro futebol, mas francamente, não aguento ter de assistir tantos jogos que vão, de grão em grão, construindo um desfecho. O processo me entedia, ainda que o jogo me fascine. Então fico querendo só assistir jogos decisivos, de vida ou morte. Ou acompanhar torneios muito curtos e intensos, como a copa do mundo. Mas esses campeonatos de meses de duração, não me peça.

Tudo isso deve querer dizer alguma coisa, que no momento preciso me escapa.

28.2.12

Da dificuldade de acreditar no país

Piso nacional do magistério de 2012 é definido em R$ 1.451

Bota um zero à direita deste número, e podemos começar a falar sério.
Meu sonho é ver os recém-formados da elite socioeconomica do país se matando de estudar, fazendo cursinho e talz para fazer concurso público, atraídos pelos ótimos salários e estabilidade no emprego. Mas não para ser procurador do Estado ou fiscal da Receita, e sim... professor do ensino fundamental.

Essa sim seria uma revolução e tanto neste país.

27.2.12

Só tristeza

O namorado do meu cunhado morreu num acidente estúpido na quinta-feira. Caiu do alto de uma cachoeira. Num momento estava lá, curtindo a natureza, no outro não estava mais. O idílio virou pesadelo.
Os dois tinham desfilado numa escola de samba alguns dias antes. Moravam juntos e estavam felizes.

Fiz várias tentativas, mas não saiu nenhum post interessante, inspirador, comovente, nada. Estou tão triste que nem sei.

Quando alguém morre, existe o hábito de dizer "descanse em paz". É curioso que esse desejo de paz seja direcionado àquele que se vai. E para quem fica, diz-se o quê?



23.2.12

iPad 2 x Galaxy Tab 10.1

Tenho planos de comprar um tablet em breve -- que no meu caso pode gradativamente vir a substituir o computador de casa (um laptop) -- e fechei minhas pesquisas nessas duas opções.

Alguém tem depoimentos contra ou a favor para me ajudar a tomar a decisão?

Desde já agradeço.

21.2.12

Nem sempre é maneiro -- mas às vezes é mais que espetacular

Criar filhos nem sempre é maneiro. Vez por outra é absurdamente chato e massacrante, e nem é preciso terapia zero, um ou dois para assumir que tem dias que você gostaria simplesmente que eles sumissem. O pior é que isso não ocorre necessariamente nos momentos óbvios de crise -- um doente e outro perturbando, um sem querer comer e o outro jogando comida longe, uma megapirraça de ambos em local público, ou uma clássica brigagritaria por causa de brinquedo/comida/whatever. Às vezes eles estão só sendo crianças, querendo sua atenção, propondo brincadeiras ou coisa que o valha, e a triste verdade é que você simplesmente não está nem um pouco a fim. Como em qualquer relacionamento, sabemos que é preciso ceder, sacrificar-se e fazer concessões, mas o que pega no caso de crianças é a injustiça: elas nunca estão prontas para fazer qualquer concessão.

Por outro lado, basta uma mudança de perspectiva para que o horizonte mude radicalmente. Poder ficar uma tarde-noite inteira sozinha com o caçula de 1 ano e 3 meses, aquele que quase nunca tem a oportunidade de ser filho único, de ter a atenção total e indivisa, é uma experiência tão maravilhosa que imediatamente faz lembrar por que alguém, em são consciência, resolve ter um segundo filho. Porque poder conhecer essas criaturas tão especiais e poder desfrutar da companhia delas é um privilégio tão grande que eu nem consigo explicar.

15.2.12

Ficção perde

Uma das mais importantes características necessárias para uma boa obra de ficção é a plausibilidade do enredo. Não tem ducha de água fria maior do que uma coincidência grande demais usada para resolver a história. Aquele momento em que você suspira e diz "Ah, não!". Dá sempre a impressão de que o autor ficou com preguiça de pensar numa solução mais engenhosa.

Mas a verdade é que a dita "vida real" sempre acaba superando as maiores implausibilidades e nos apresentando a coincidências simplesmente inacreditáveis. Por exemplo. Estou terminando de ler a biografia do Steve Jobs -- que por sinal é muito boa, até para quem, como eu, não se interessa especialmente pelo tópico tecnologia/apple/vale do silício. É uma ótima biografia, ponto. Mas como ia dizendo. Jobs era filho adotivo, e lá pelos 30 anos foi atrás dos pais biológicos. Achou a mãe e uma irmã, e através delas descobriu que o pai, um imigrante sírio, era dono de um restaurante. E se deu conta de que já tinha ido ao restaurante do pai, e inclusive o tinha cumprimentado no final. Sem saber de quem se tratava, é claro. E o pai, sem saber que era pai do Steve Jobs, chegou a comentar com a filha que o restaurante ia bem, obrigado, que era muito frequentado por esses novos empresários de tecnologia, e que "até o Steve Jobs" já tinha ido lá. Num romance, eu torceria o nariz.

E eis que na semana passada me chega uma correspondência para o endereço do trabalho. No meu nome, mas com um outro nome na frente. Por exemplo, se meu nome fosse Carmen Miranda, a correspondência estaria no nome de Luisa Carmen Miranda. Mas o endereço estava certo. Aí abri e vi que era um aviso do SPC, no nome da minha quase homônima, e com um CPF diferente, uma cobrança relacionada a uma compra feita em Porto Alegre. Como meu verdadeiro nome é muito incomum, achei logo que era um erro e estava prestes a jogar no lixo quando resolvi dar um google no nome. E aí descobri que a tal mulher com o nome quase igual ao meu de fato existe, e o pior: mora numa rua com o mesmo nome, no mesmo número, em Duque de Caxias, RJ! Ou seja: uma quase-homônima, num endereço homônimo! Como na internet tudo se acha, liguei para a moça -- super simpática, claro, como todas as pessoas que compartilham esse nome abençoado. Ela realmente existe, e também ficou impressionada com a coincidência. Mandei a correspondência para ela, mas estou até agora chocada com essa história.

14.2.12

Downton Abbey


Amigos, regojizai.

Encontrei o substituto à altura para Mad Men (cuja quinta temporada finalmente estreia em março, amém!).
O caminho foi semelhante: um comentário, uma indicação, alguns "você TEM que ver" mais enfáticos... e pronto, viciei.

Downton Abbey é uma série apaixonante. Assim como Mad Men, é uma produção de época com direção de arte deslumbrante. A ação começa em 1912, quando a família do Conde de Grantham recebe a notícia de que os dois próximos na linha de sucessão ao título morreram no naufrágio do Titanic. Como o conde só tem filhas mulheres (três), entra em cena um primo distante, jovem advogado em Manchester, que de uma hora para outra vê-se herdeiro de uma fortuna.

Além da família do conde -- o conde em si, personagem fascinante, sua mãe, interpretada pela fantástica Maggie Smith, que me faz rir em todas as suas intervenções, a condessa, uma americana cujo dote salvou Donwton da ruína, e as três filhas -- a série tem outro núcleo protagonista, os empregados. Literalmente, o "andar de baixo". E como sabe quem viu Vestígios do Dia, filme maravilhoso com Anthony Hopkins e Emma Thompson, os serviçais desses nobres obedeciam a uma severíssima hierarquia, e possuem lealdades cambiantes, entre si enquanto classe mas também em relação à família para a qual trabalham. São ricos os relacionamentos entre mordomo, governanta, cozinheira, ajudantes de cozinha, lacaios e os "assistentes pessoais" do conde e da condessa, que desfrutam de prestígio e são alvo de muita inveja e intriga. Ainda que de cara fiquem marcados os bonzinhos e os vilões, confesso que tive algumas boas surpresas ao longo dos 15 episódios que existem até o momento, que vão do Titanic em 1912 ao pós primeira guerra mundial, em 1920.

Vejam, vejam! E depois me contem o que acharam.

13.2.12

Daqui não saio

Andei pensando em dar um tempo de blogue, por uma questão de prioridades. Blogues como este, meio diarinho, meio reflexões sobre qualquer coisa, têm muito a ver com tempo e prioridades. Tempo de sobra ninguém vai dizer que tem, mas a verdade é diferente. No fim das contas todo mundo lê alguma coisa, vê um filme ou uma série, enfim, encontra algum uso para essas horas extras que se encaixem com as prioridades do momento.

Um dia depois do último post que publiquei, um mês atrás, ocorreu uma reviravolta no meu trabalho, que foi ao mesmo tempo triste - porque meu querido chefe saiu da empresa - e feliz - porque acabou se revelando uma ótima oportunidade para mim. Maior o poder, maior a responsabilidade, e me vi diante de uma chance de meter as caras e fazer algo de relevante para a minha carreira. Daí a mudança nas prioridades, dando uma guinada para o lado profissional, mas claro, sem deixar de lado (nem que eu queira, ha) o front doméstico, que é um consumidor insano de tempo e energia - e justamente por isso uma fonte inesgotável de alegrias.

Por isso o sumiço e o pensamento de realmente dar um tempo e fechar esse boteco por tempo indeterminado. Mas aí hoje, quando marido precisou fazer seu primeiro B.O. pelo mesmo motivo que eu (furto de carteira), fiquei achando que o meu primeiro B.O., que virou post, tinha sido nesta mesma época, dois anos atrás. E foi aqui ao Terapia Zero que eu recorri em primeiro lugar para checar as datas (bingo! foi no dia 10/02/2010), e me dei conta de que não posso abrir mão dessa ferramenta, desse espaço, desse registro.

Dito isto, continuamos abertos.