19.7.10

Um dia na vida de anna v.


Despertador tocou às 6h10, lembrando que é segunda, e tem hidro. O snooze vai até as 6h15, e eu sei que se molengar mais do que isso não chego a tempo para a aula.

Nhé.

Levanto e tenho a casa só pra mim. Marido viajou e Mathilde dormiu na casa da bisavó. É uma sensação especialmente boa, a de estar sozinha em casa desde ontem à noite. Visto o maiô e o roupão, pego a touca, a toalhinha, uma banana e dois cream crackers de gergelim, e saio na rua, quase escura, ainda. Faz frio. Na aula, minhas colegas estão especialmente chatas, e engatam um papo sobre eleições que deus-me-livre-e-guarde. Como sempre, entro muda e saio calada. A arte do guerreiro zen.

Ommmm.

Compro o pão fresquinho no Mercadinho B., e volto para casa, pra tomar café e ler jornal. So-zi-nha. Adoro, adoro. Na ida para o trabalho, passo na feira livre que tem no caminho e compro alecrim, tomilho e manjericão, tudo fresco. Chegando no silviço, guardo os temperos dentro de um armário, que fica impregnado com um cheiro maravilhoso. Às 10h30 tenho uma reunião com meu chefe e mais um monte de mulheres que falam sem parar, todas ao mesmo tempo. Na verdade, não foi ruim. Demos todos ótimas risadas.

Haha, hehe, hihi.

Volto pra casa com os temperos e passo para S. as instruções das novas receitas que quero que ela faça hoje à tarde. Almoço e volto logo para o escritório.

A woman's work is never done.

Tudo bem que eu tinha avisado há uma semana que ia sair mais cedo hoje (16h20) por causa da consulta mensal do obstetra (16h45). Tudo bem que depois do almoço (14h30) eu lembrei, mais uma vez, que ia sair mais cedo. Mas mesmo assim, reunião com über-chefes convocada às... 16h!

Oh, glorious day!

Paciência, saí às 16h35 naquele clima atrasadíssima que não faz bem a ninguém. Consegui chegar ao consultório às 16h50, com a secretária (que também está grávida) dando graças a deus, porque dali a pouco o doutor ia fazer um parto, e eu seria a última a ser atendida. Confesso que, ciente disso, fiquei um pouco desconfortável durante toda a consulta, com uma pressa solidária à parturiente que nem conheço. Mas o doutor é sempre calmo e tranquilo, e a pressa foi toda minha e nada dele. Oliver está super bem, muito ativo e bonitinho.

Hurray!

E eu engordei 2 quilos este mês.

Crap!

Voltei pra casa calmamente, pois S., a babá, ia dormir conosco hoje (marido viajando esta semana), e foi buscar Mathilde na creche. Mathilde chegou calada e ensimesmada, dizendo estar com sono. Mas aí foi só eu vestir o pijama para, do nada, ela ligar na tomada. Não sei bem como, mas acabamos engatando numa brincadeira frenética de pega-pega pela casa antes do jantar. Terminada a comida, a correria foi devida e histericamente resgatada por mãe e filha, enquanto S. falava ao telefone. Aconteceu que a filha mais velha de S. sentiu-se muito mal e estava a caminho do hospital. Liga pra um e pra outro, e S. sem conseguir entender o que estava acontecendo. Claro, mandei ela para o hospital, ficar com a filha, que eu me viro aqui sozinha com Mathilde (e Oliver, né?). Fiquei tranquila aqui com Mathilde, fofa a boazinha. Vimos um DVD até que o telefone tocou, era minha Prima, com quem fiquei mais ou menos uma hora falando, e Mathilde dormiu.

Sweet dreams.

E do hospital S. ligou, às 22h30, para dizer que a coisa estava ruim, a menina está pálida, com febre, sem conseguir se mexer direito, e tem 30 pessoas na frente dela na fila. De modos que. S. não vem trabalhar amanhã. Sendo que também não vem depois de amanhã, porque é o dia da audiência judicial com o ex-marido, para definir o pagamento de pensão para as 3 filhas que ele abandonou depois de quinze anos de casamento (simples assim, ele se mandou para Pernambuco, onde já arranjou outra mulher e está prestes a ter um novo filho, e nunca mandou um tostão para as 3 filhas com quem ele tinha vivido durante toda a vida delas -- nem ao menos telefonou no aniversário das meninas).

Holy shit.

Então cá estou eu -- porque quando marido viaja, tudo acontece -- sem saber muito bem como-será-o-amanhã-responda-quem-puder. Porque 22h30 já é muito tarde para ligar para minha sogra ou minha mãe, então apelei para a cunhada, que mora aqui do lado e sempre se oferece para ajudar. Ela vem de manhã cedo (yay!), mas só pode ficar até umas 11h. Entonces, lá pelas 8h já estarei ao telefone, naquele network familiar básico -- e que sorte poder contar com tanta gente, francamente.

That's all, folks.
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3 comentários:

Isabella Kantek disse...

Wow, Anna! What a day!

Essa vida com filhos sem a ajuda dos outros é muito difícil, sei bem...

Anunciação disse...

Pareceu-me um belo dia apesar dos problemas de s. e das conversas de política.

Helê disse...

Anna, amore, seu texto é sempre uma delícia!Esse aí tem sabor da melhor comida caseira, aquela semples e e saborosa, além de dar certo conforto.
Baideuei, força aí na peruca, pra vc e tb pra S. E eu amay "A woman's work is never done". Never!