16.7.08

A possuída


Não sei bem como isso aconteceu. Mas em algum momento das últimas duas semanas o bebê calminho e tranqüilo que aqui neste blogue é conhecido como Mathilde se tornou uma criança elétrica, levada da breca, a mil por hora, impossível. O tumulto começa às 6 da manhã e vai até umas 6 da tarde, com interrupções cada vez mais breves para o soninho de antes ou de depois do almoço. É muita energia. Mais um pouco e vou achar que ela está possuída por um espírito do demônio-da-tasmânia. Não quer mais ficar sentada, quer levantar e ficar em pé, está quase engatinhando, se arrasta para trás e fica injuriada quando se vê encalacrada de bruços, sem poder sair do lugar. Talvez seja precisamente isso: ela percebeu que é possível mover-se de forma autônoma, mas ainda não é capaz, e isso a deixa angustiada. Ou talvez seja apenas o desenvolvimento normal de uma criança de 6 meses e meio. Vocês aí, que sabem mais do que eu, me digam. O que eu sei é que 6 meses e meio é muito cedo para engatinhar, e até para ficar em pé. Ao contrário de outras mães, não me orgulho dessa precocidade, tampouco a estimulo. Tudo tem seu tempo e não há motivo para pressa. Mas não posso, ao mesmo tempo, fechar os olhos para o desenvolvimento que ela demonstra, espontaneamente. Então procuro estimular suas novas conquistas diárias sem querer colocar o carro na frente dos bois. Muitas decisões diárias. Mas maior ainda é o número de alegrias.
Uma das conseqüências ruins de tudo isso é que minha casa agora vive um furacão. Uma bagunça que parece não ter fim. Não que eu seja muito arrumada, nunca fui. Sou organizada, o que é muito diferente. A casa nunca foi um primor de arrumação, mas de tempos em tempos me baixava aquele caboclo arrumador e eu saía recolhendo roupas a seus armários, papéis a suas devidas gavetas, livros a suas estantes e bugigangas diversas a seus pseudo-lugares de ordem. Mas agora não mais. Porque depois que ela dorme, eu tenho uma lista de coisas a fazer, coisas de trabalho, que estão mais pra cima na ordem das prioridades. Acaba que a minha super poltrona vira um Monte Aconcágua de roupas e tralhas e ninguém consegue sentar. Os jornais aparecem pela casa, nos lugares mais improváveis. E os papéis de embrulho dos infinitos presentes que a criança continua ganhando não colaboram para o estado geral das coisas. Isso me deixa um pouco deprimida.
Mas a cura vem fácil fácil. Porque amanhã vamos à praia. De novo. Pela quarta vez na vida dela. E existem, no mundo, poucas coisas melhores do que isso.
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9 comentários:

Isabella Kantek disse...

"Ou talvez seja apenas o desenvolvimento normal de uma criança de 6 meses e meio."
Com certeza!!!
Minha filha engatinhou com 9 meses. Cada crianca tem o seu tempo. Nao acredito que seja cedo engatinhar aos 6 meses - nao eh esperado que se comece nesta idade?
Agora que esta fase (que na minha opiniao vai ate os 2 anos, dependendo da energia da crianca) nao eh facil, isso nao ha duvida.
E no meio disso tudo eh natural a casa ficar de lado.
Caboclo arrumador eh otima, ontem ele baixou por aqui e eu consegui arrumar (apenas) um armario!
Beijo,

Maria Angélica disse...

Não acho cedo engatinhar com essa idade... cada criança no seu tempo! Joana começou a tentar engatinhar (ficar em posição de gatinho balançando pra frente e pra trás) com 5 meses e engatinhou antes de completar 6. Não me orgulho disso porque, tenho que falar a verdade: depois que elas aprendem, bau bau. Nosso sossego (se é que existe algum) acaba MESMO. hohoho Sem querer te desanimar. :-)

Bagunça na casa? HAHAHAHA Eu desisti já. Se já não era organizada antes, agora virou o caos. Tem uma piscina de bolas enorme montada no meio da minha sala, por aí você pode ter uma idéia.

Mas agora, aos 2 anos, realmente a coisa começa a melhorar nesse sentido... ela já entende bem que precisa arrumar os brinquedos, roupas, etc e transformamos isso numa brincadeira também. Não que a casa não continue um caos, mas é um caos mais controlado. Mas acho que se eu fosse uma pessoa arrumadinha e organizada, consegueria, agora, manter as coias mais ou menos em ordem. Confesso que nem tento muito porque tenho outras prioridades.

Praia no meio da semana... que sonho! Praia é programa favorito da Joana também, como elas gostam!!!

beijos

F. disse...

Não entendo nada de idade para começar a engantinhar, andar, etc. Só entendo que a Mathilde deve estar uma fofa mesmo, porque criança nessa idade é uma delícia. Aproveita. Bjs.

Anônimo disse...

A Isabella disse tudo cada um tem seu tempo sua idade Anaís tá assim como Mathilde mas Heitor demorou mais...Agora casa com crianças arrumada... É um mito ou uma empregada muito eficiente que não folgue, pois se ela for dormir ou sair de folga em 5 minutos o caos se estabelece... Na minha sala tem um tapete de EVA e na minha varanda tem um velocípede, um carrinho e uma bicicleta em caráter permanente...
beijos

Anunciação disse...

É isso aí,mana!Eu botava logo era um lençol grande no chão do quarto ou da sala e deixava as criaturas fazerem as tentativas e sempre de olho;não dá pra descansar mesmo.E quando eu estava trabalhando,as fofuras ficavam na casa do vovô sendo bem tratadas e mal acostumadas por um monte de tias e mais 3 tios,além do avô,é claro.E haja energia.Força na peruca e aproveitem bem a praia.

vera maria disse...

beijo na futura corredora de maratonas...:)
clara lopez

Anônimo disse...

Olha só! Garotinha precoce, desde cedo dando trabalho pra mamãe.

Luiza disse...

Anna, meu menino engatinhou com seis meses, e aprendeu a ficar em pé, apoiado no sofá, cadeira ou qualquer outro apoio com sete meses. Aos onze já caminhava.
Isso dá uma noção do que o futuro reserva pra ti...
Minha solução para deixá-lo mais à vontade era colocar um edredon velho no chão (minha casa tem piso frio) e deixar que ele explorasse os espaços.
Ele era agitadíssimo (como é até hoje, aliás), e minha casa nunca foi um primor de organização e arrumação. Paciência. Com o tempo ele aprendeu que pode brincar com qualquer coisa na sala, mas precisa guardar suas coisas quando a brincadeira acaba.
Boa sorte com a menina exploradora!
Abraço!

Anônimo disse...

Anna,
Há tempos acompanho as aventuras de Mathilde, e agora, mais do que nunca, me ocorreu te passar a dica. Conhece "A maldição da moleira", da autora Índigo? Livraço. Impressão de que vc gostará. Dica 2: no site da Livraria Cultura, dá pra ler o primeiro capítulo em PDF. Abraços.