15.2.10

Meu primeiro B.O.

Custou, mas aconteceu. Depois de quase ter perdido a carteira algumas vezes (aqui, por exemplo), agora perdi de vez. Na verdade não perdi, fui roubada. Ou mais precisamente: furtada.
Aconteceu na quarta-feira, dia 10. Eu havia perdido uma aposta com meu chefe, e tinha que pagar na forma de almoço. Enrolamos por várias semanas, até que marcamos na quarta. Eu estava com uma bolsa de lona, dessas abertas, de compras, sem qualquer tipo de fecho (um prato cheio para punguistas mãos leves). Mas o curioso foi a agilidade e profissionalismo do/a sujeito/a que me roubou. Porque saímos da editora, andamos 3 quadras e sentamos num café logo na entrada do Botafogo Praia Shopping. Pendurei a bolsa no encosto da cadeira, e eu estava sentada de frente para a entrada do shopping e a passagem das pessoas, ou seja, minha bolsa estava totalmente para dentro do restaurante -- sem contar o fato de que meu acompanhante estava de frente para mim. Então realmente não sei se foi no caminho até lá (no elevador, na rua, quando paramos no sinal) ou já no restaurante, mas de toda forma foi uma manobra bem arriscada do/a punguista. O fato é que, quando fui pegar a bolsa para pagar o almoço (afinal, eu estava convidando), a carteira não estava lá. Voltamos para a editora, vasculhamos a sala inteira, e nada. Será que não deixei em casa?, perguntará o leitor investigador. Não, e explico. Naquela mesma quarta-feira, às 10h05, fiz uma compra pela internet*, e necessariamente peguei a carteira, pois não sei o número do meu cartão de crédito de cor. Então a carteira estava comigo na editora, e depois sumiu.
Então comecei meu périplo pelo Bradesco. Já que minha agência fica ali na Praia de Botafogo mesmo, passei lá antes de qualquer coisa, para cancelar os cartões e sustar o único cheque que havia na carteira. Fui tão mal atendida que fiquei com pena de mim mesma. Tudo o que me disseram foi para ligar para o Fone Fácil. Que ótimo. De lá segui para a 10ª DP, na rua Bambina, onde esperei cerca de uma hora no calor (ar? que ar?), mas fui bem atendida pelo inspetor de plantão (que não, não conhecia as histórias do inspetor Espinosa, da 1ª DP, Praça Mauá**). Saí de lá de posse do meu primeiro B.O. (que aliás mudou de nome: agora é R.O., ou Registro de Ocorrência), e com este documento, no dia seguinte passei novamente no Bradesco (era preciso deixar lá uma cópia), e fui tão mal atendida que deixei de ter pena de mim mesma e decidi encerrar minha conta logo depois do carnaval. Registrei o ocorrido no SPC e no Serasa (meu pior pesadelo é que saiam abrindo crediários em meu nome). Depois tive de ir ao Detran para solicitar a isenção do Duda para emissão da segunda via da carteira de habilitação -- e é nessa hora que dá mais raiva de toda a história. Logicamente, no Detran da Av. Presidente Vargas. Claro, fui na hora do almoço. É evidente que estava fazendo 50 graus. Mas, para minha surpresa, o atendimento foi ótimo, rápido e cortês. As instalações são muito precárias, mas a coisa foi incrivelmente organizada. Consegui minha isenção, mas tenho de passar de novo na Pres. Vargas no dia 23 para tirar foto, e dois dias depois para pegar o novo documento.
Então meu carnaval está sendo, digamos, frugal. Porque graças ao Bradesco, meu cartão para movimentar a conta só chega em dez dias. Úteis. E para sacar com minha carteira de identidade (que felizmente não estava na carteira), eu teria que entrar em outra fila imensa -- foi neste momento que mandei tomarem no cu e resolvi procurar outro banco para aplicar os meus milhões. De modos que. Estou sem dinheiro e sem poder tirar -- bancada pelo maridão, after all. Engraçada, a vida.
E bom Carnaval para você também.

*Depois de ensaiar várias vezes pela Amazon, acabei descobrindo que na Livraria Cultura tinha World Without End (a continuação de Pillars of the Earth, sobre o qual falei aqui) em inglês. Agora vejam: uma edição pocket importada, novinha em folha, de 1000 páginas. Preço: R$ 18,43. Sim, amigos, dezoito reais e umas moedas. Paguei dez pilas pelo frete expresso, e o livro chegou em 24 horas. Custo total: R$ 28,43, entregue na minha mão no dia seguinte, sem sair da frente do computador. Preço da edição brasileira: R$ 75. SETENTA E CINCO REAIS. Também conhecido como "o quádruplo do preço". Mesmo trabalhando no mercado editorial e entendendo alguma coisa sobre composição de preço do livro, tem horas em que eu não entendo nada.

**Minha última aquisição via TrocandoLivros foi O silêncio da chuva, primeiro do Garcia-Roza (nunca tinha lido nada dele). Consegui que marido lesse (fato raro), e ele gostou. Li também, e gostei. Ótimo personagem, esse policial que transita pelo Rio. Dá outra graça de ler. Então usei outro crédito para pedir Perseguido, outra aventura do inspetor Espinosa, que já chegou, mas ainda não li.

5 comentários:

Anônimo disse...

Nossa, que périplo e que chatíssimo perder documentos, anna. Eu resolvi usar cartões separados de dinheiro, que é separado de cartão de saúde, cada um em seu cada qual. Pode ser que naõ adiante nada, e naõ adianta se a bolsa toda for tomada, mas se enfiarem a mão tenho alguma chance de só perder dinheiro, o que já coisa à beça.

Gostei de terem aberto esse cafeína aí no shopping botafogo, pena que está sempre lotado, eu só fui lá duas vezes e nas duas comprei coisas e trouxe pra casa, acho meio estressante tanta gente.

Eu também gosto do garcia roza, li o silêncio da chuva e outros livros, embora não os tenha comentado todos no linha. Gosto dessa presença do Rio e suas ruas nas histórias dele, e acho que ele escreve muito bem no gênero.
um abraço, bom carnaval e que tudo dê certo,
clara

Ana Paula disse...

Cara, Anna, que merda. Não sei se o pior é o furto em si, aquela hora que vc descobre que alguma coisa errada aconteceu, a perda das coisas, dinheiro cartões, ou se é o inferno de ter que cancelar tudo e emitir segunda via dos documentos todos. Acho que eu sei, sim. Pelo menos, pra mim, o pior é a via-crucis de depois. A gente é roubada e ainda é duplamente penalizada.

Dou a maior força pra cancelar a conta do bradesco. Ô banquinho ruim. Se bem que bom mesmo não tem nenhum. Pelo menos pra gente remediada, talvez pra um milionário o tratamento seja melhor.

Vou ler Garcia-Roza, nunca li nada dele. E O mundo sem fim é bacana, mas não chega no nível dos Pilares da Terra. Boa leitura. Se quiser comentários, tou às ordens.
bjs

Anunciação disse...

Vixe,que ocasião pra ser furtada,quer dizer pra precisar do bradesco;dou a maior força pra sair disso.

Carrie, a Estranha disse...

Há muito tempo atrás eu fui furtada. Tipo isso q vc descreveu. Fui a uma delegacia - do Catete - e o cara me disse q não se registra BO (ou RO) para furtos, só para roubos. Que eu deveria apenas fazer o registro na Cãmara de Diretores Lojistas ou algo do tipo. Foi o q eu fiz. Todo mundo disse q eu era louca, mas o delegado não quis fazer meu BO. Sem ter a identidade e sem cheques, vc não vai ter problemas. Teve um momento na vida em q eu perdia muitas carteiras e tive problemas com cheques.

Desculpe o comentário meio do tipo "foi estuprada pq tava de saia", mas jura q morando no Rio vc ainda usa bolsa sem um zíper ou lacre potente? Eu nem compro bolsa que seja aberta. A não ser pra transportar livros.

E seu chefe ainda deve ter achado q era golpe, né? Rsrsrs...

Meu sonho é o final de Clube da Luta: todos bancos e operadoras de cartão de crédito sendo explodidas. De preferência com gente dentro. Afinal, se vc trabalha nisso, tem culpa.

anna v. disse...

Ana Paula, estou gostando bem do Mundo sem fim. Estou achando muito parecido com Pilares da terra (mesmos personagens!), mas afinal isso é bom. De toda forma, ainda estou nos primeiros 15% do livro.

Carrie, a bolsa era justamente uma sacola dessas de carregar livros. Da Barnes & Noble. Com a cara do Shakespeare. Eu tenho várias bolsas desse tipo, e uso direto. É como escrevi no início do post, custou mas aconteceu. Porque, né. Estava na cara.