12.6.11

Tirando o mofo

Estou cansada de livros com dicas para criar os filhos que nunca funcionam (as dicas, não os filhos -- ou ambos, sei lá), mas ao mesmo tempo cansada de não saber o que fazer em muitas situações. Mais ainda, cansada de me  preocupar com isso sabendo que não deveria, que filhos são criados assim ou assado e no fim das contas salvam-se todos, as eventuais sequelas são parte da vida. Estou cansada de ser dessa geração que vive meio obcecada sobre esse assunto, que vive tão interessada em saber o que os filhos pensam sobre tudo, e o que é pior, interessada em respeitar tanto os quereres infantis, as vontades de seres humanos cujos anos de vida se contam nos dedos de uma única mãozinha. Queria mesmo era nem ligar, e às vezes não ligo e fica tudo mais bacana, mas aí entram aquelas ocasiões em que uma enorme briga oblitera qualquer esperança de entendimento, e não consigo fugir da dúvida, será que esse castigo está sendo tremendamente injusto? Enfim, os livros, acaba que sempre se tira uma ou outra boa sacada, do tipo: na França não se dá saquinho de lembrança em festa de aniversário, porque não faz sentido recompensar uma criança por ir a uma festa, ela já se divertiu e ainda comeu bolo, ah é, é verdade, ainda mais que quando* eu era criança não tinha nada isso mesmo, e hoje é esse grilo de será que a lembrança vai ser melhor do que o próprio presente que eu estou dando?, então ok, nota mental para cortar saquinho de lembrança (se e quando vier a dar uma festa de aniversário, que na verdade não há qualquer previsão a respeito), mas aí o livro não conta como você trabalha o fator peer pressure de seu filho/filha ser o único entre os amiguinhos a não dar uma lembrança no aniversário. And so on, and so forth.
[*"ainda mais que quando", que diabo de construção horrível é essa.]
Mas está tudo bem, e fomos ao Salão do Livro Infantil ontem, e Mathilde escolheu um livro das princesas que na verdade não é livro, são vários jogos de tabuleiro, e tem um "dado mágico", uma espécie de roleta digital que faz com que o dado de verdade não seja necessário, e eu fiquei uau com o conceito e a tecnologia. E para os jogos, em vez de você escolher um pininho de uma cor, como era na minha época quando eu jogava Jogo da Vida, você escolhe qual princesa quer ser, e eu sempre escolho a Bela, a Jasmine ou a Branca de Neve, que são as não-louras. Porque, né.
E eu comprei um livro para mim, um de Contos de Fadas simplesmente lindinho, de capa dura, formato bolso e algumas ilustrações coloridas. E só comprei porque custava dezenove e noventa, porque se custasse quarenta e dois, como é mais ou menos o preço desses livros em geral, eu não teria comprado. Bem, como é que as pessoas não se dão conta do quanto isso é importante eu não sei tampouco entendo.

(Há tempos não visitava o blogue da Marina W - não atualiza no blogroll ao lado, não sei por quê, e agora mesmo dei uma lida de tudo que estava atrasado, estou com a impressão de estar escrevendo à la ela. Ha. Jura?)

4 comentários:

vera maria disse...

'Ainda mais que quando' parece minha sobrinha falando, e parece correto mas também me soa esquisito.

Oh, anna, não tenho muito o que dizer das suas dúvidas, não sou mãe, como vc sabe, mas acho que as coisas vão mais na intuição mesmo, e castiguinhos são necessários pra criança entender os limites, tenho certeza de que vc não exagera neles porque o amor que se tem não deixa isso acontecer.

Quanto a essa coisa das lembrancinhas, claro que tem de dar lembrancinhas quando houver uma festa pra muitas crianças, lá no saara vc acha tudo de que precisa (caderninhos, maquiagens, muita tralhinha que eles e elas adoram) por preços ridículos, vc sabe disso, claro.

Que mais eu que não tenho filhos posso aconselhar? ::)): nada, vc é uma mãe fantástica, seus filhos vão ser criaturas do bem demais e já são abençoados por terem você na vida deles :))

beijos,
clara

ps. quando vc vier pelo catete, passe ali no sebo beta de aquarius, buarque de macedo 72, eles vendem tudo e coisas ótimas a 10 reais.

Isabella Kantek disse...

Nem fale, Anna! Vejo isso como parte de um fenômeno maior: ter-de-saber-tudo-sobre-tudo (ainda que não te sirva pra nada). É sufocante. Criança devia ser isenta destas pressões e os pais idem.
Na festa da minha filha não dei lembrança. Cada criança levou pra casa a peça de gesso que eles haviam pintado no começo e um pirulito com um cartão escrito: obrigada por ter vindo. Só. Acho que nenhuma criança saiu traumatizada. :)
Sem contar que estas lembranças vão parar no lixo quase sempre por serem bobagens (pelo menos aqui nos States).

Um brasileiro disse...

ola. tudo blz? estive por aqui e gostei do que li. muito interessante. apareça por la. abraços.

Ane Brasil disse...

Cara mãe (quase)neurótica.
Cheguei cá por um acaso, mas, como não acredito em acaso e sim na força maior do universo que nos impulsiona para o nosso destino irrefutável lá vai: sou PhD em psicopedagogia infantil pela FAJUTA (Faculdades de Joselitagens Unidas Trans Amazônica) e, durante o período em que estudei os infantes (3 tardes, pela internet) recebi uma lição do além:
3 chineladas na bunda.
a primeira é pra alertar
a segunda é pra doer
a terceira é pra dar certeza.
heheheh
Sorry, foi impossível não trollar.
sucesso aí nessa aventura insana de ser mãe.
sorte e saúde pra todos!