1.12.11

Duas ou três coisas que eu sei sobre dietas



Aquela dieta de duas semanas sem carboidrato que eu fiz em outubro deu o maior pé, e perdi mais de 2 quilos em 17 dias. Uma beleza. Gostei, continuei e já perdi mais um, mesmo reintroduzindo os carboidratos, em doses bem moderadas. Agora vamos ver se o ritmo se mantém até o natal, apostando nas saladas, comendo menos à noite e consumindo pouquíssimo pão, arroz e massa.

Eu pertenço ao tipo de pessoa que vive de dieta. Como diz minha mãe, "eu não estou de dieta, eu sou de dieta". É por aí. Não que eu seja gorda. Não sou nem nunca fui realmente grande, do tipo que, numa fila, serve de ponto de referência ("ele está ali, logo atrás daquela gorda"). Por outro lado, nunca fui magra. Sempre fiquei ali no normal, vestindo tamanho 40, às vezes descambando para o 42, raras vezes atingindo o olimpo do 38 (no longínquo século 20). E para ficar onde estou, tenho que estar sempre me controlando.

Porque a verdade que poucos gostam de admitir é que gordo é tudo safado, como já dizia a querida Carrie. E por "gordo" não quero dizer necessariamente aqueles que estão muito acima do peso, mas sim pessoas que, como eu, pensam como gordo. Pensar como gordo é já ir imaginando o que tem de bom para comprar e comer no trajeto a pé que você vai fazer, não importa o quão curto ele seja. É não poder ter nada doce em casa. É estar comendo uma comida gostosa e, apesar do prato ainda cheio, ficar de olho na travessa para saber se não vai acabar - porque se é bom, o gordo quer repetir, mesmo estando satisfeito.

O gordo safado vive de dieta e quer perder 5 quilos em 1 semana, o que, se ele conseguir, não será muito saudável. E o pior é que, mesmo se conseguir passar uma semana toda fazendo a dieta certinho, se o gordo sair um pouquinho só da dieta, ele mesmo se autoriza a esculhambar geral e tomar um pote inteiro de sorvete, comer uma pizza toda ou um pacote de biscoitos do início ao fim. Outra pessoa que o legitime, então, é tudo que o gordo quer: aquela pessoa que diz "ah, come um bombonzinho só, não vai fazer mal" (e quem diz isso é sempre um outro gordo safado).

Mas a safadeza maior do gordo é que ele inventa sempre um monte de desculpas. Tem um problema de metabolismo. Ou glandular. Tem uma compleição pesada. Ossos pesados. Questões genéticas. O gordo apela terrivelmente. Ele sempre diz que não come nada, e mesmo assim engorda. O que é, obviamente, mentira. Pode observar quando andar na rua, e veja as pessoas que estão comendo enquanto andam. Só gordo. O magro não compra um croissant de quatro queijos do tamanho do antebraço e sai comendo pela rua. Veja um gordo parado no pipoqueiro. Se ele pede pipoca doce, coloca leite condensado em cima (eca. isso eu não faço). Se pede salgada, manda caprichar no bacon. Se vai tomar um café, pede um mocaccino. Se tem bolo e sorvete, o gordo como os dois. Magro nunca faz isso. O magro é aquele que compra uma barra de chocolate Talento, come 2 quadradinhos e guarda o resto pra mais tarde - ou para o dia seguinte! (eu francamente acho que essas pessoas no fundo não gostam de chocolate, mas isso é outra história). Festa de criança é a maior bandeira. Nada pra fazer, aquele monte de salgadinho e brigadeiro circulando, e quem come sempre? O gordo. Quem levanta para ir atrás do garçom? O gordo. Tiro e queda. Eu tenho tentado me defender como posso. Nas festas de criança, sempre faço um lanche antes, para não chegar lá com fome, e aí durante a festa não como n-a-d-a. E baixei uma regra pessoal de não comer mais nada na rua. Tem funcionado.

Outro dia li uma coisa muito certa num livro bizarro de autoajuda (ossos do ofício). Emagrecer é simples: basta comer menos e se exercitar mais. Mas não é fácil. Gênio! É simples mas não é fácil. E não é fácil porque demora, e porque a gente tem de se privar de comer coisas que adoramos, e porque fica complicado manter uma vida social decente sem comer nem beber na companhia dos outros. Mas é simples, e não adianta ficar inventando desculpas, vestindo roupa preta ou evitando se olhar no espelho sem roupa.

Eu, como boa gorda safada, aproveitei que emagreci e já comprei um monte de roupa nova. Três calças. Justas. Vamos ver se desta vez alegria de gorda dura muito.

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom texto, anna, divertido, verdadeiro, tudo na mosca. Re-enviei para algumas 'gordas', não gordas e esforçadas ::)
beijo,
clara