14.4.13

Thatcher e as mulheres no poder

Estou em Londres - afinal, não poderia deixar de perder, in loco, o funeral de Margaret Thatcher!
As muitas reportagens sobre a morte dela trouxeram à tona uma porção de lembranças da minha infância. De assistir ao Jornal Nacional à noite e ver o Cid Moreira falando de vários assuntos marcantes dos anos 80, como "A Guerra Irã-Iraque", "A Seca no Nordeste" e, claro, "A Guerra das Malvinas".
Não apenas no contexto das Malvinas, mas durante todo o tempo em que ela esteve no poder, eu me habituei a ouvir a expressão "a primeira-ministra britânica Margaret Thatcher", que para mim era uma variação de "o presidente americano Ronald Reagan" ou "o presidente francês François Miterrand". E de alguma forma inconsciente, eu passei a achar normal que uma mulher - não apenas uma mulher, mas uma senhorinha que muito se parecia com a minha avó - fosse chefe de estado.
Aqui na Inglaterra só encontro gente que a detestava e quer mais que ela apodreça no inferno. Há também muitas críticas a respeito dos custos milionários do funeral. Mesmo sem conhecer o assunto a fundo, tendo a me colocar ao lado dos que acham que seus onze anos de governo tiveram mais malefícios do que benefícios. Ao mesmo tempo, fico grata a ela por ter inculcado na criança que eu fui a noção de que uma mulher podia chegar ao topo do poder.
*
Claro que vim para Londres por outro motivo (a London Book Fair, que começa segunda). Pude passear no fim de semana, e andei bastante de ônibus. Confesso que tenho vontade de chorar de emoção quando chego no ponto e vejo um letreiro eletrônico dizendo o número e destino dos próximos 3 ônibus que vão parar naquele ponto, e em quantos minutos eles estarão ali. E funciona perfeitamente. As pessoas daqui não entendem muito bem por que não ando mais de taxi, já que posso apresentar o recibo e a empresa paga. Eu respondo que, enquanto entusiasta do transporte público, considero um prazer andar de ônibus e metrô em Londres, mas ninguém parece entender muito bem.

4 comentários:

Marcus Pessoa disse...

Lembrei de um trecho de um livro de Doris Lessing... acho que é do "Golden Notebook"... a moça tá conversando com o líder de um desses movimentos de libertação da África, exilado em Londres.

Ele diz assim: "quando estou na minha terra, me sinto um gigante, um herói. Aqui, me sinto esmagado pelo peso do Império Britânico. São precisos muitos séculos de história para que os ônibus passem no horário".

Cláudia disse...

Anna, você precisa encontrar ruibarbo (será que é época?). Experimenta sorvete de ruibarbo. Geleia de ruibarbo. E conta mais sobre a feira, que esse seu post está me matando de inveja...

anna v. disse...

Marcus, AMEI essa citação, é exatamente este o sentimento. De que, tipo, no ano 2600 teremos um sistema de transporte inteligente e eficiente no Brasil.
Cláudia, sobre ruibarbo eu só falo para atrair visitas para o blog. Tenho um post chamado "ruibarbo" (apenas para dizer que, sem nenhuma relação com a fruta, acho essa palavra horrorosa em português), que é de longe o que mais traz leitores via google. Eu tomei sorvete de raspberry com calda de blackcurrent, que estava bem bom, num restaurante badaladinho (http://www.nopi-restaurant.com/).

Cláudia disse...

Anna, foi justamente porque me lembrei desses seus dois posts que sugeri o ruibarbo!!!! E é gostoso, viu?
Beijos