11.9.07

11/09, o dia em que ouvi o discurso do comandante

Havana, setembro de 2001
Aproveitando o gancho do 11 de setembro.

M. acabou de voltar de uma viagem de trabalho a Teerã. Pois é, todo mundo fica hein? Teerã? Mas é isso mesmo, Teerã, Pérsia, Irã.
Aí ele contou a seguinte historinha: que Maomé, o profeta, tinha três esposas, porque era o que a lei permitia. Mas aí uma delas morreu, e ele quis casar de novo, para repor a falecida. Mas era proibido. Então ele disse que teve uma visão segundo a qual cada homem podia na verdade ter quatro, e não três esposas. Uma visão? Sei. E aí está, provavelmente, a origem do tapetão. Persa.

E só pra constar: em 11/09/01 eu estava em Havana. E passei a manhã num museu de belas artes, e à tarde fui a um lugar de dançar salsa, que só funcionava assim, à tarde, e que nem tinha turistas, era todo mundo cubano. E dancei muito mesmo. Na hora quase da saída (tipo 8 da noite), me falaram que tinha tido um atentado terrorista em Nova York. Eu disse "puxa", mas claro que não dava para ter a dimensão da coisa. Então fui para a casa onde estava hospedada tomar banho e me arrumar porque à noite tinha uma festa (mais salsa). Mas antes de entrar no banho eu vi na TV o discurso do Fidel Castro sobre os atentados. Peguei no meio, já tinha algumas horas. Mas fiquei sentada na cama, enrolada na toalha, hipnotizada pela fala dele. Eu queria tomar banho, mas não conseguia sair da frente da TV. Impressionante. Mesmo. E depois, de madrugada, depois da festa, no táxi de volta, o rádio do carro transmitia, claro, a reprise do discurso. Perguntei para o taxista quais eram as novidades, se já sabiam quantos mortos etc. Mas ele fez "shhh" e disse: "agora ele vai falar sobre como o povo cubano é solidário ao povo americano neste momento". E bingo, ele falou exatamente isso. Fiquei achando que o discurso vinha sendo repetido em loop na rádio, e que o taxista tinha meio que decorado tudo. Mundo bizarro.
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6 comentários:

Lord Broken Pottery disse...

Anna,
Assim são os ditadores, têm um certo jeitinho com o povo.
Beijão

i disse...

Quem me avisou dos atentados foi um motorista de táxi. Mas ele não me avisou de atentado nenhum. Só falou que "bateram uns aviões". Entendi o que realmente tinha acontecido quando pedi pra ligar o rádio...

Anunciação disse...

Sempre tive vontade de saber o que tanto e como ele fala pra que as pessoas fiquem escutando tantas horas;porque eu,até quando estou na missa torço para o sermão ser curto.Manda teu endereço;assim que os correios pararem a greve,dou um jeitinho de te mandar uma rede(se estiver com vontade mesmo e não foi brincadeira).

Anônimo disse...

Lord, vou te dizer, é difícil resistir.
Osrevni, acho que aqueles que não souberam diretamente pela TV ou pelo rádio tiveram a mesma opinião, que não era assim nada de tão importante.
Anunciação, fofa, fico gratíssima e comovida com seu oferecimento. Mas aqui em casa, para meu desconsolo, não tem lugar para rede. Não tem varanda, não tem assim um cantinho mais despojado. Infelizmente.

Anônimo disse...

Anna, o discurso hipnotizou até você. Sabe que acho pior? Aqui no Brasil: o presidente vai falar no meio da novela, interrompem a programação e as pessoas aproveitam para ir ao banheiro (merda!) ou pegar uma cerveja na geladeira. Mundinho diverso este nosso planeta!

Ahaha!!!Anunciação, manda a rede para mim!

Isabella Kantek disse...

Nossa, assustador essa coisa hipnótica do discurso. Eu assisti pela TV no trabalho (com mixed feelings).