30.10.12

Oliver 2.0

Meu pequeno, 2 anos hoje.




24.10.12

Berries



Ainda sobre Frankfurt: além da maravilhosa cerveja, desfrutei muito das frutas mais adoráveis dos climas temperados: amoras, framboesas e mirtilos (em inglês, o trio de berries: blackberry, raspberry and blueberry). Como meu hotel era muito phyno, o café da manhã era todo cheio de guéri-guéri. De modos que todo dia de manhã eu começava o dia com essa linda cumbuca acima: melões cantaloupe, melancia, morangos e as três berries, encimadas por um iogurte todo orgânico que vinha em pote de vidro retornável (como tudo lá) e um mel direto do favo. Chyk no último. Tão lindo que tirei essa foto, que na verdade virou um vídeo (fruto da minha incompetência iPhônica).

22.10.12

De Frankfurt


Estive em Frankfurt no início de outubro para a maior e mais tradicional feira do mercado editorial. Como percebi que nem mesmo minha mãe entende muito bem o que eu faço (minha madrinha achou que  eu voltaria da viagem com uma porção de livros na mala), e porque sei que os posts sobre mercado editorial costumam dar ibope neste abandonado espaço, eis aqui um curso relâmpago sobre a Feira de Frankfurt.

Diferente das nossas Bienais, Frankfurt é uma feira de negócios, voltada para profissionais, e não para o público. Nos diferentes halls estão os estandes das editoras e o espaço reservado aos agentes literários -- estes não têm estandes, apenas mesas para conduzir as reuniões. Mesmo nos estandes das editoras, que lembram fisicamente os estandes das nossas bienais, o espaço é ocupado por mesas para encontros, pois não há venda de livros (exceto no último fim de semana).
 

Por ser um evento tão tradicional, a agenda de encontros de Frankfurt é marcada com bastante antecedência. A feira é sempre em outubro, e já em junho começa o frenético agendamento dos encontros a cada meia hora, das 9h às 18h. Oficialmente, a feira funciona de quarta a sábado, e quatro dias de trabalho intenso já estariam de bom tamanho, mas com o crescimento do evento passou a ser praxe marcar encontros também na terça e mesmo na segunda, no lobby de um hotel tradicional no centro da cidade, o Frankfurterhof, que fica apinhado de gente e já é uma tarefa hercúlea você conseguir apenas achar a pessoa com quem marcou, que dirá negociar alguma coisa de interessante. Mas enfim, tradições.

E afinal, de que consistem esses encontros a cada meia hora? Normalmente, os editores de aquisições marcam com os agentes e editores (profissionais de "foreign rights", ou direitos estrangeiros) com quem costumam negociar, ou que porventura tenham interesse em conhecer. Grosso modo, estão ali frente a frente um vendedor de direitos de tradução de diversos títulos, e um comprador, responsável por uma editora que costuma comprar títulos estrangeiros para seu catálogo. O comprador chega e diz o que está procurando e o vendedor então sugere alguns títulos de sua lista, que serão então enviados para análise.


Mas ora, essas listas de títulos disponíveis já são mandadas previamente, e quem faz bem seu dever de casa inclusive já seleciona os títulos que lhe parecem mais interessantes (com base numa sinopse sumária) e durante o encontro já diz o que quer ver. Tudo isso é feito por e-mail, então francamente, qual a necessidade de todo esse deslocamento?

É aí que mora a arte do encontro ("apesar de haver tanto desencontro nessa vida", etc.). Porque no geral, quem trabalha no mercado de livro não foi parar ali para ficar rico. Praticamente todo mundo está ali porque gosta de ler. E naquela meia hora, a conversa pode tomar rumos maravilhosamente inesperados. Um comentário despretensioso pode gerar uma associação de ideias que leva a um negócio inusitado. Ou ainda melhor, a conversa pode migrar para o mais genérico, para o assunto "livros", independente de quem tem os direitos, e descobrem-se afinidades comuns, dicas preciosas são dadas.


Além do funcionamento nos horários comerciais, Frankfurt também se estende pela noite, com uma série de jantares e festas, algumas oficiais e já tradicionais das editoras, outras mais indie, com bandas formadas por profissionais do mercado e outras gracinhas. Ou seja, é uma semana exaustiva, mas muito produtiva, e é sensacional sair da rotina para entrar de corpo e alma no mundo dos livros. Ainda mais na Alemanha, um país tão bacana, onde se bebe uma cerveja de trigo inigualável.


Por outro lado, é bom voltar logo e tomar aquele choque de realidade, com os números ingratos do nosso mercado brasileiro (tantos títulos novos lançados por tantas editoras versus tão poucas livrarias). Com a prolongada crise da Europa, o Brasil continua sendo bola da vez, todo mundo quer vender para os editores brasileiros, e a maior competitividade só faz inflacionar os preços tremendamente. E se a gente se deixa levar demais pela agenda alheia, acaba por pagar muito e esquecer como as coisas funcionam por aqui -- e a notícia de que a Amazon pode vir a comprar a Saraiva logicamente não ajuda em nada, muito ao contrário.

E você, já foi a alguma feira de negócios em outro país? Tenho curiosidade para saber como funciona nas outras indústrias.