23.3.08

Saia justa

Foi anteontem. Estava em casa, minding my own business, quando Marido perguntou se eu não queria ir na casa de A. e M., conversar sobre o assunto X. Levando a Mathilde, é claro. E ainda por cima estariam lá A., K., e N., que ou ainda não conheciam a pequena, ou só a viram uma vez.
Topei. Afinal, tenho saído tão pouco de casa. E além disso, Mathilde freqüentou muito a casa de A. e M., quando estava na barriga.
Chegamos lá, ela foi aquele sucesso, como sempre. Mais uma sessão de "Cine Mathilde", como eu chamo quando várias pessoas ficam enfileiradas só olhando para ela -- que aliás agora só quer ficar sentada sem apoiar as costas, segurando só pelas mãozinhas. É um azougue, essa criança de dois meses e meio.
Aí comentei da linda sessão de fotos de algumas semanas atrás, fotos com fundo preto, como essa aqui embaixo. Ao que N. vira e diz, naturalmente: "É, eu vi no seu blogue." Minha cara foi de "??!!". E ela, "Eu tenho acompanhado sempre". Mal deu tempo de me refazer. Só aproveitei que estava todo mundo meio falando ao mesmo tempo para dizer alguma coisa do tipo "Ih, me dá um paninho que ela está babando loucamente!", e o assunto morreu.
É a vida. A gente acha que é muito esperta, que tem um blogue que mantém escondido de (quase) todo mundo, mas oh, qual nada. Ha.
Não tenho idéia de como N. pode ter chegado aqui. Nunca comentou nada comigo. Mas afinal, ela não é uma qualquer. É uma samurai. Vai entender.
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17.3.08

Uma imagem vale por quantas palavras?

Sem tempo de escrever, deixo aqui algo muito melhor do que qualquer texto.
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9.3.08

Âp-deite (ou: âp-dente) (ou: trocadilho infamésimo)

O canal no dente já foi. Deu pra terminar num dia só. Nem doeu. (Por enquanto. Toc toc toc.)
Agora falta colocar o bloco.
Ah, filhos...

Pê-ésse: já deu pra perceber. Domingão. Ela está dormindo há horas. Dia de vários posts. Uau.

Helpdesk Skype

Alguém sabe me dar a dica de um bom fone/microfone para Skype? Que não custe uma fortuna?
Obrigada.

Heranças literárias

Nesse tipo de herança eu acredito

A matéria de capa do Prosa & Verso (suplemento literário d'O Globo) de ontem foi um desperdício de pauta. O assunto era ótimo: os herdeiros de grandes escritores brasileiros e como eles gerem as obras pelas quais são responsáveis. Mas a reportagem de Miguel Conde e Rachel Bertol (disponível para assinantes) deixou muito a desejar. Eles pegaram depoimentos de herdeiros de Jorge Amado, Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, Cecília Meireles, Monteiro Lobato, Nelson Rodrigues, Manuel Bandeira, Lucio Cardoso e Vinicius de Moraes. E pronto, acabou a matéria. Os depoimentos eram bem curtos (um box para cada um), só era ouvido um dos herdeiros, ou o representante deles, e principalmente, não havia nenhum debate sobre o assunto.
O abre da matéria falava sobre a decisão das filhas de Guimarães Rosa de não entrar mais na justiça pedindo o recolhimento do livro Sinfonia Minas Gerais, de Alaor Barbosa (que conheceu Rosa), publicado pela miúda LGE. (Este livro sim, foi assunto de uma grande e boa matéria do P&V algum tempo atrás. Não comprei, mas fiquei com vontade.) Não havia a opinião de Barbosa ou da LGE. Mas no resto da matéria, faltou abordar as dificuldades colocadas por alguns herdeiros para a circulação de obras artísticas. Onde estavam os depoimentos de todos aqueles que tiveram seus projetos abortados por idiossincrasias de pessoas que por vezes nem leram a obra sobre a qual decidem?
Claro, nem todo herdeiro é biruta, e nem todo mundo que se propõe a fazer um projeto, uma "homenagem", uma citação, até uma biografia, é gente com noção. Extste, é claro, quem queira mesmo se aproveitar do nome alheio. Tem lá um depoimento da agente literária Lucia Riff falando isso: "Tem muita gente que reclama dos herdeiros mas faz pedidos sem nenhum discernimento, com textos errados." Verdade. Tem também aqueles que fazem um projeto inteiro, conseguem patrocínio, marcam estréia, ensaiam etc., e uma semana antes da estréia resolve pedir autorização dos herdeiros -- e ainda ficam putos se e a resposta não for positiva e rápida. Por outro lado, tem gente que fica anos -- anos! -- aguardando uma decisão de herdeiros para incluir um poema ou trecho de prosa em um livro. E tem herdeiro que cobra 15 mil por uma citação numa epígrafe, num livro com tiragem de mil exemplares, e ninguém pode fazer nada, ele tem direito. 15 mil dólares, bem entendido.
É um assunto bem espinhoso, e tenho quase certeza de que ele vai discordar de tudo que escrevo aqui. Paciência. Eu acho excessiva a proteção que dão aos herdeiros. Acho que herdeiros não podem agir sem critério, como bem lhes der na veneta. Tem que ter limite. Acho errada essa noção de propriedade intelectual para quem não criou a obra. E não me parece válida a comparação "se meu avô tivesse uma fazenda ninguém ia contestar meu direito a ela, eternamente". Não comparo obras artísticas com bens materias, e é por isso mesmo que existe o conceito de Domínio Público. Ora, uma fazenda não entra em domínio público. Uma jóia também não. Nem uma empresa. Porque uma fazenda, uma jóia ou uma empresa não fazem parte do corpo de uma cultura. E porque privar as pessoas de determinada obra artística, vetando-lhe o acesso, é crime. No meu mundo ideal, é claro.
Acho também excessivo o prazo de 70 anos após a morte do autor para que a obra caia em domínio público. É muito tempo, e dá margem a distorções. Vejam por exemplo o Dorival Caymmi. Tem noventa e tantos, não morreu ainda, se não me engano já tem bisnetos. 70 anos depois que ele morrer é possível que os bisnetos desses bisnetos ainda estejam não só recebendo royalties mas também podendo vetar a utilização da obra do baiano.
Há algum tempo, eu lembro de uma polêmica envolvendo os direitos das músicas de um dos maiores compositores da nossa música. Era uma questão de músicas inéditas, que um grupo de músicos queria gravar, mas o herdeiro (que, acho, não chegou nem mesmo a conhecer o compositor em questão) queria ouvir o resultado antes de autorizar. O que muito enfureceu os músicos que haviam gravado as peças, porque eram pessoas com décadas de dedicação àquele tipo de música. "Os verdadeiros herdeiros dele somos nós", eu lembro de ter ouvido um dos músicos falar. Arrogâncias e bravatas à parte, dá o que pensar. Quem são os herdeiros de um artista? Aqueles que são legalmente respaldados, ou aqueles que se dedicam à continuação da obra?
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4.3.08

Trivial

Para não pensarem que minha vida é só o mar de rosas da maternidade.
Não é.

Sexta-feira começo um tratamento de canal.
Tô super animada, hein.

Além disso, minha cozinha inundou esses dias, o teto está todo infiltrado, o reboco caindo.
Só delícia.

Mathilde ficou com uma febrinha, reação da vacina dos dois meses.

E Marido viajou ontem, só volta no dia 15.

Em compensação, tive um sonho de anteontem pra ontem que foi assim:
Cena 1: Eu e meu Primo Querido andando na Av. Atlântica (do lado dos prédios, não no calçadão), e ele comentava, en passant, que o salário dele na empresa de internet em que trabalha era de R$ 399 mil por mês. E eu pensando "Porra, eu tô muito mal mesmo. Que merda isso de não saber negociar salário. R$ 399 mil, caceta!"
Cena 2: Eu em reunião com umas pessoas com quem eu mal tive contato no meu último emprego, eles me oferecendo um novo emprego. Eu perguntava mil coisas, mas qual vai ser o trabalho?, com quem vou trabalhar?, quem vai ser meu chefe direto?, etc. E o salário era R$ 14.500. E eu ainda perguntava, Mas 14.500? Por quê? Tem alguma instrução da diretoria para que os salário não ultrapassem 15 mil? Aí eu dizia, Vejam bem, estou com um bebê de 2 meses em casa, não daria para voltar agora em horário integral, blablabla, e eles diziam que tudo bem. De qualquer forma eu não respondia, ficava de pensar.
Cena 3: Quando eu saía dessa reunião da Cena 2, aparecia a dra. Cameron, de House, e dizia: Não aceite essa oferta de emprego, porque o House vai te oferecer um trabalho. E de fato logo aparecia o dr. House, e a gente caminhava por uma rua aqui perto de casa, e ele dizia que queria que eu fizesse parte da equipe dele (ao lado da Cameron, do Foreman e do Chase). E eu ponderava, Mas eu sou jornalista, não sou médica, nem saco nada de biologia, como é que eu posso ajudar em alguma coisa? E ele: Mas nós precisamos justamente é de um olhar leigo, de fora, para os nossos casos. E em seguida começava a fazer uma conta num pedaço de papel, uma conta de somar com vários números, um debaixo do outro, uma soma enorme, e no fim das contas concluía que podia me pagar R$ 42 mil. Por mês.
E aí acordei.
Sugestões de interpretação?
Pelo sim pelo não, peguei umas cartelinhas da Mega-Sena. Anotaram aí? Combinações com 399.000, 14.500 e 42.000. Se vocês ganharem, me dão um carro novo?
Tenho que ir agora. Tá na hora de House.
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Viva W

Marina W pede para avisar que seu blogue mudou de endereço. Agora é www.marinaw.com.br. Anotaram?
Eu já disse que entrei no mundo dos blogues por causa dela? Já, né? Pois.
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3.3.08

Uma carta

Filha,

Faz hoje dois meses que você nasceu. E agora, o que eu mais queria era que meus olhos fossem filmadoras, para que eu pudesse registrar todas as nuances das suas expressões, as suas carinhas, os seus gestos, os seus barulhinhos, todas essas delícias que fizeram dos últimos 60 dias os mais intensos e felizes da minha vida.
Por mais que eu fotografe e filme, nunca poderei guardar todos os momentos preciosos...

a delícia que é você se espreguiçando depois de uma boa mamada
o seu sorriso maravilhoso todo dia de manhã
a sua carinha quando espirra que nem gente grande -- inclusive quando você se prepara, faz "a-a-a", mas o "tchim" não vem
a cara de conteúdo que você faz no seu carrinho ou no colo, com a mãozinha no queixo e os olhos bem abertos
a sua mãozinha de dedos finos e compridos
o seu pezinho perfeito, com dedinhos redondinhos que parecem grãos de milho de pipoca
quando você morre de rir na sua cadeirinha de balanço
quando você conversa com a gente, na sua língua própria
a sua cara de bico, fazendo dengo, com a boca tão virada pra baixo que parece mesmo esses bonequinhos tristes :-(
quando você ataca o meu peito com uma fúria incrível, e me faz lembrar a campanha do Betinho e o slogan "quem tem fome tem pressa"
o seu chorinho tão educado quando acorda à tarde, como quem apenas diz "oi, estou aqui", sem fazer escândalo
até as suas caretas de dor, quando toma vacina, e faz meu coração ficar deste tamaninho

Ah, minha filha, você não imagina a alegria que é ser sua mãe.