Tirando um pouco da poeira por aqui. Porque, né. 29 semanas e uma barriga que não tem mais tamanho. E dentro dela, o pequeno kickboxer. Ainda inominado, pobrezinho.
Mas estive em São Paulo, para a abertura da Bienal. Gosto de ficar no estande, vendo quem são as pessoas que compram os livros, conversando com elas. Porque trabalhando em editora a verdade é que temos muito pouco contato com os leitores. Agora até um pouco mais, com as contas no Twitter, Facebook, com os hotsites e blogues e espaço para comentários. Mas mesmo assim, presenciar o momento em que a pessoa se decide a comprar um livro, olha, folheia, escolhe e leva no caixa, é sempre interessante.
E tem os famosos "autores de Bienal", criaturas que chegam no estande com seus livros, seus projetos, e deixam sempre algum material na sua mão. Nessas situações, já entendi que o melhor é aceitar o original, em vez de tentar fazer a pessoa entender que não vai ser possível lançar seu livro pela editora. E, claro, sempre dar um retorno algum tempo depois, porque até mesmo autor de Bienal merece consideração. (E pra quem acha que estou sendo injusta, inflexível, cética, cínica ou tenho a mente fechada a grandes talentos, só tenho a dizer o seguinte: ã-hã.)
Tem também as "editoras de Bienal", das quais nunca ouvi falar, só vejo nesses eventos, com seus pequenos estandes e vários livros publicados. Antigamente diziam que no Brasil há mais editoras do que livrarias. Não sei se é verdade, mas me parece possível.
No mais, Bienal é encontrar os amigos, saber das fofocas do mercado, ver os lançamentos, aproveitar as promoções. Voltei com mais Simenons na mala, inclusive o Burgomestre de Furnes, que fiquei com tanta vontade de ler depois da resenha do Milton Ribeiro. Aliás, no estande da L&PM fiquei conversando com o "L" da editora, sujeito gente fina toda vida, que conheci alguns anos atrás, e achei que, sei lá por que, era como se estivesse conversando com o Milton Ribeiro - que não conheço pessoalmente, nunca ouvi a voz. Aquele sotaque portalegrense, aquele senso de humor gaúcho, e uma boa conversa sobre os livros e a vida... E pelas fotos que o Milton coloca no site de vez em quando (em geral alardeando sua semelhança com o presidente do Irã), os dois são mesmo parecidos. Bah.
Essas viagens a trabalho em geral são chatas no que diz respeito ao "operacional" -- aeroporto, avião, mala, táxi, hotel. Mas se tem uma coisa que eu gosto é de chuveiro de hotel. Aquela ducha forte e super quente, uma pressão d'água que não tenho em casa. Mas se tem uma coisa que eu gosto mais ainda é finalmente descobrir como funciona o chuveiro do hotel. Sempre tão difícil! Desta vez fiquei no soidisant "maior hotel do Brasil" e cheguei às raias da humilhação: chamar uma pessoa da manutenção para me mostrar como eu fazia para que a água saísse do chuveiro normal e não daquela duchinha de mão (estilo "banho europeu"). Acho que, enquanto gestante, a gente perde os pudores de pagar esses micos. Lembrei também de um episódio de Seinfeld em que rola um diálogo sobre por que os lençóis de hotéis são tão desumanamente apertados e presos sob o colchão, a ponto de você se preocupar se não vai deformar os pés caso resolva dormir de barriga pra cima. Mas o mais inacreditável do "maior hotel do Brasil" é o café da manhã. Acho que nunca tinha tomado meu desjejum na companhia de outras mil pessoas. É, digamos, intrigante.
No mais, tenho lido bons livros, sobre os quais pretendo escrever em breve. E os casos do Awful First Dates têm me feito rir quase tanto quanto os do Slush Pile Hell. E adicionei hoje à minha lista de desejos praticamente irrealizáveis o Good Morning Sir Alarm Clock (que tal ser acordado por uma voz de mordomo inglês dizendo It appears to be morning. Very inconvenient, I agree. E outras 120 frases).
Nível de bobagem anda alto, admito. Mas é fruto da necessidade.
4 comentários:
Adoro!Sério.
Oi, anna, acredito que seu trabalho na editora seja com livros para adultos, não sei, mas aproveitando esse 'passeio' pela bienal e considerando a mathilde e o futuro rei que está a caminho, queria te pedir, se vc tiver tempo e paciência e vontade, uma relação de uns 5 livros supimpas para crianças entre 4 e 7 anos, ou simplesmente crianças, pq há tempos não dou livros aos sobrinhos e sei que a Bienal é um celeiro de bons lançamentos. Enfim, fica a sugestão, e meu abraço,
clara
Oi, Clara. Realmente não sou a pessoa mais por dentro de lançamentos de literatura infantil, não. Sei que tem muita coisa boa no mercado hoje em dia, tanto literatura brasileira quanto traduzida. Como Mathilde ainda tem 2 anos e meio, ficamos mais com livros-brinquedos, histórias bem curtas, contos clássicos etc. Para esses mais velhos não sei bem o que indicar. "Flicts" talvez, um clássico atemporal. Uma dica possível é ver os livros da categoria "Altamente recomendável" da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, que é uma entidade super séria: www.fnlij.org.br. Beijos.
Beleza, é mesmo, a FNLIJ é o lugar, merci e um abraço,
clara
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