11.6.12

Mulheres, uni-vos e cortai-vos os cabelos!

Tenho cabelos cacheados, e passei a maior parte da vida querendo que eles fossem longos e lindos. Demorei quase 30 anos para finalmente admitir que meus cabelos jamais ficariam assim:


Então em 2006, pouco antes de me tornar Mulher de Trinta, acabei com aquela miséria e mandei cortar, bem curto. Foi uma sábia decisão, da qual jamais me arrependi. Acabou aquele problema de acordar com o famoso bad hair day, acabou a busca pelos produtos ideais, acabou o martírio da queda incontrolável dos cabelos. Enfim, acabou um monte de sofrimentos. A única coisa que criou foi a necessidade de cortar regularmente, à qual eu não estava habituada. Passaram-se os anos, eu feliz com meus cabelos curtos, mas nos últimos meses acabei negligenciando a coisa e ele foi crescendo, crescendo, até que - horror, horror! - já dava para prender num minúsculo e ridículo rabitcho de cavalo.
Mas a média de satisfação capilar estava sendo de 5 dias péssimos, 1 médio e 1 bom, o que, convenhamos, não é lá essas coisas. Então aproveitei o feriado prolongado e na sexta-feira mandei cortar novamente. Ó alívio, ó satisfação, ó júbilo! A proposta é mais ou menos essa:


E, como aconteceu lá em 2006, depois que cortei fiquei reparando nas mulheres na rua: é impressionante como poucas brasileiras usam os cabelos curtos. É fácil de observar a diferença quando viajamos para o exterior, principalmente para a Europa. Lá, é quase tão raro encontrar uma mulher de cabelos compridos quanto um homem de longas melenas. Mas aqui não, a proporção de cabelões é enorme, e o pior de tudo é que, no dia-a-dia, 90% desses cabelões que vemos na rua não estão na sua melhor forma.
Ou seja: a mulherada sua para manter seus cabelos compridos, mas na verdade eles só ficam no auge da sua forma capilar muito raramente, em ocasiões especiais e à custa de muito tempo e dinheiro investido nos salões. O que mais se vê é aquele cabelo mal-ajambrado, preso de qualquer jeito com uma famigerada xuxinha ou um tenebrosa piranha, ou ainda uma caneta Bic emergencial para segurar mal e porcamente um arremedo de coque que se desfaz cinco minutos depois.
Porque a dura e triste realidade, amiga leitora, é que seu cabelo nunca vai ser assim:


As mulheres esclarecidas já percebemos, há algum tempo, que os ideais de beleza e magreza da indústria da moda são inatingíveis - e mesmo discutíveis quanto ao seu teor de beleza, porque, deus meu, veja se isso é algum modelo de coisa remotamente bela:

Mas enfim, já percebemos que não queremos pesar 40kg e ter olhar de peixe morto, e no entanto parece que acreditamos piamente nas possibilidades da indústria dos produtos de cabelo. E não, amiga, esse resultado NÃO é possível para a imensa maioria de nós.


Só que sempre existe aquela vizinha/colega de trabalho/prima/recepcionista que tem o cabelo perfeito, que fica lindo de qualquer jeito. Sim, essas criaturas existem, bem como aquelas excomungadas que comem e não engordam. Elas nos levam a crer que "Yes, we can". Mas a indústria das dietas e dos produtos de cabelo estão aí, gigantescas, para provar que essas tipas são a imensa minoria. No frigir dos ovos, "No, we can't".
Parando para pensar, poucos são os assuntos aos quais as mulheres dedicam tanto tempo, energia, atenção e dinheiro quanto cabelos. Somos capazes de gastar fortunas, ir ao salão uma vez por mês e passar muuuitos minutos diários nos dedicando a eles. E tudo para quê, minha gente? Para esse resultado meia-bomba que está aí nas ruas para quem quiser ver.
Entendo que numa ocasião super especial valha a pena ir ao salão e ficar, por algumas horas, com aquele cabelo deslumbrante, mas pensa bem: a relação custo benefício vale?
É por isso que eu digo, grito até, aos quatro ventos, tal qual rainha de copas: cortem! cortem-lhe os cabelos! Não fique com o fio reto sem graça a vida inteira. Ouse, seja radical, aproveite as múltiplas possibilidades dos curtos, descubra-se. Corte os cabelos!



12 comentários:

Jussara disse...

Muito bom, adorei! Como tenho cabelo crespo/cacheado sempre tentei mantê-lo comprido para não armar tanto. Nunca adiantou muito, vivia preso na maior parte do tempo, até pq moro numa cidade super quente. No final de 2009 vi que o cabelo tinha crescido muito e resolvi começar a "tosa". Fui cortando, cortando, e pegando gosto. Hoje uso na nuca e gosto bastante, resolvi assumir o "armado". Estilo joãozinho não tenho coragem de cortar pq tenho trauma de infância. Acho estiloso mulher de cabelo curto; se eu tivesse cabelo liso a cada 3 meses faria um corte diferente.
Realmente, essa adoração por cabelão, em qualquer idade, é bem coisa de brasileira. Pena que aqui cabelo cacheado é visto como "despenteado". E aí dá-lhe escova, chapinha e progressiva, das quais nunca fui adepta. Esse assunto rende, hein?!
"No frigir dos ovos, "No, we can't"." É bem por aí. :-D

Marcus Pessoa disse...

Lindo post.

Anônimo disse...

Resolvi aderir ao curto depois que fiz químio, ele foi crescendo e fiquei tão feliz com aquela penugem que depois de algum tempo já achei bom demais. Aí, com o tempo, fui gostando tb do grisalho dele e me senti super liberta por deixá-lo natural, gostei dele muito mais e me achei muito bem com os cabelos grisalhos. Agora resolvi fazer uma ballayage (não sei se escreve assim) e ficou bem natural, só misturou um pouquinho os fios tingidos com os grisalhos (ainda não tenho fios brancos, brancos). Mas a grande sacada pro meu cabelo foi um certo alisamento que meu cabelereiro faz, só na parte de cima, tipo franginha, pra evitar que ele encaracole, ficou muito bom, e faço de mais ou menos regularmente, acho ótimo.
Beijos,
Clara

PS. Já tive, há vários séculos, cabelão à la Gal, tenho fotos e ficava bem, mas no dia a dia dá muito trabalho mesmo.

. disse...

Tenho cabelos curtos há uns anos. Fiz uma experiência meio triste em 99, depois deixei crescer crescer e...há quase exatos 5 anos minha foto com meu bebê recém-nascido mostra uma Madona das Melenas. Fui encurtando progressivamente. Agora estão curtinhos, com franjão, foram vermelhos ou castanhos nos últimos três anos. Mas semana retrasada tive um desses surtos e fui passar 4 horas num salão de onde saí com MUITAS mechas loiras. E gostei do resultado, gosto do desalinho dele ressaltado pelas mechas claras, gosto da praticidade, gosto de tudo. Também já me fiz essa mesma pergunta que você sobre os cabelões brasileiros e já pensei também sobre esse negócio do cabelão descuidado. Não entendo como as pessoas têm um certo pavor de encurtar cabelos - será que é medo de, sei lá, "perder feminilidade"? Gente boba, não conhecem a beleza de um rosto revelado e rejuvenecido por um cabelo curto.

:***

Anônimo disse...

"FRANJINHA" arghh... sorry, esse comment meu tá cheio de erros... clara

anna v. disse...

Como vocês podem ver, o assunto rende e desperta paixões...
No mais, quase acho que a adoração pelo cabelão é mais uma estratégia dominante machista para que as mulheres se oprimam e não prestem atenção ao que realmente importa (= conquistar o mundo).

Camila disse...

Faço coro com a Deh... adoro cabelo curto, tb não entendo o apego que brasileira tem com comprimento de cabelo. Todo poder às mulheres de cabelo curto! :-D

simone disse...

Eu sou o contrário, cabelo curto me irrita. Sempre tive cabelão (metade das costas pra baixo) e, quando preciso estudar e me concentrar, gosto de prender tudo em um coque para trás, já que cabelo voando me distrai. Pior, como meu cabelo é fininho; ainda faz cócegas. Em dezembro, depois de escutar que cabelo curto é "prático! economiza tempo! não dá trabalho", cortei fora 2/3 da juba. Oooooooolha, nunca passei tanta raiva na minha vida. Nada prende esse cabelo. Nada segura. sempre tem mechinhas caindo na minha cara/nuca. Estou contando os centímetros até ele passar do ombro outra vez...

Nessa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Meu nome é Joelma:

Adorei... Estava indecisa quanto a cortar o cabelo agora fim de ano, mas agora TO DECIDIDA!

Sempre tive cabelão e é claro cacheado e nada perfeito e muito irritante por sinal, e agora vou larga de mão e ter mais tempo com meu banho corporal do que passando produtos no cabelo tentando que chegasse até o meio dia comportado! riririrri!!!

Parabéns pela postagem é enconrajadora.

Anônimo disse...

Quando eu era pequena, minha mae me obrigava a cortar o cabelo, bem curtinho mesmo, toda surecada, sofri muito bullying na escola com isso
Aos 15 anos comecei a me revoltar e pintava meus cabelos para ela nao cortar e falava que nao ia cortar, porque ja tinha gastado com tinta.
E meu cabelo e cheio,cheio de ser mais largo que minhas costa. Por isso, sempre tive que usar muita chapinha, pois nem progressiva dava conta dele.
Mas estou radicalizando, estou parando aos poucos de usar a chapinha e estou cortando meu cabelo cada vez mais curto!descobri que quanto mais curto, melhor,ele fica mais forte, mais cheio, mais pesado, mais bonito, alem de aparecer meu rosto. Quando comecei a cortar, ele tinha 80 centímemtros, hoje ja esta com 56 e quero cortar bem mais!
#cabeloscurtos

Anônimo disse...

Gente, largei a chapinha de vez e agora,radicalizei!!suruquei meu cabelo...kkkk.. qdo largui a chapinha e fui cortando aos poucos, fiquei com medo de nao me adaptar, de ficar muito hominho...mas, qdo vi que estava quase desistindo, a tesoura entrou em açao e meus cabelos foram para o chao...agora, nao passam do ombro mais!!!