11.1.07

Brasil, país do emprego

10/01
10:05 – Entro na agência da Caixa Econômica Federal.
10:06 – Pego a senha 481. O painel indica que a atual situação é senha 473.
10:07 – Percebo que, burramente, não levei nada para ler.
10:40 – Leio pela sétima vez todos os formulários que levo na minha pastinha, além da carteira de trabalho. Analiso minuciosamente a minha carteira de identidade, expedida em 1990.
10:42 – Passeio pela agência bancária.
10:50 – Consigo ser atendida pelo único caixa que atende cidadãos menores de 60 anos.
10:57 – Recebo a notícia: “Seu FGTS está aqui, mas a multa só estará disponível amanhã”.
11:05 – Saio da agência da Caixa Econômica Federal.
12:20 – Ligo para a Ouvidoria da Caixa, para reclamar do tempo de atendimento.
12:22 – Desisto depois de várias vezes ouvir “No momento todos os nossos atendentes estão ocupados. Ligue mais tarde. Toin toin toin.” (Reparou? Não é “Aguarde”, e sim “Desista, vá fazer outra coisa”.)
12:23 – Ligo para a Ouvidoria do Banco Central para registrar uma reclamação sobre o tempo de atendimento na Caixa e sobre o não-funcionamento da Ouvidoria da Caixa. A reclamação é protocolada com o número 2007/005321.

11/01
08:30 – Depois de me certificar que não se trata de uma escola abandonada, entro na IV Região Administrativa para dar entrada no pedido de seguro-desemprego. Não há ninguém à vista.
08:33 – Enfim descubro a porta obscura que ostenta a placa “Ministério do Trabalho”.
08:38 – Saio da IV Região Administrativa com tudo resolvido (sem uso de nenhum computador, apenas caneta e carimbo), sem ter usufruído da revista que levei, esperando uma fila imensa.
09:00 – Chego na porta da agência da Caixa Econômica Federal, na esperança de liberar a multa rescisória. A agência só abre às 10:00, não há ninguém na fila.
09:02 – Sento numa mesinha na loja de sucos a 20m da agência, peço um mate e leio a minha revista.
09:45 – Volto para a porta da agência. Há dezesseis pessoas na minha frente.
09:46 – Repito mentalmente dezenas de vezes “Como pude ser tão tapada e não ver esta fila se formando?!”.
10:00 – Entro na agência.
10:01 – Pego a senha 625. O painel informa: 612.
10:30 – Começo a ler as matérias que não me interessam na revista.
10:55 – Consigo ser atendida pelo mesmo único caixa para menores de 60 anos. Saco a multa.
11:00 – Saio da agência com a notícia de que o seguro-desemprego só pode ser sacado ali, na boca do caixa. Esqueça a comodidade do caixa eletrônico ou das casas lotéricas.

Moral da história: rapadura é doce, mas não é mole.

6 comentários:

Anônimo disse...

Oi Anna,
Qdo recebi seguro-desemprego me falaram a mesma coisa, que só era possível sacar no caixa, mas consegui sacar em uma lotéria a partir da segunda parcela! ;)
Boa sorte!

Anônimo disse...

Da nação é o povo que por ela trabalha (com cacófato).

Alba Regina disse...

como já diria aquela hiena do desenho: oh vida! oh céus! oh azar!!! quem manda ser barsileiro e não desistir nunca?! ;)

Anônimo disse...

Ai, ai(suspiros profundos)...

Anônimo disse...

Anna, eu já precisei sacar multa rescisória, FGTS e seguro desemprego na Caixa Econômica e, acredite-me, você deu MUITA sorte. É uma vergonha, mas é assim...

E torça para nunca - NUNCA - precisar de nenhuma declaração de tempo de serviço ou qualquer burocracia que dependa da Previdência Social... Porque então você terá uma boa idéia de como seria o inferno se ele existisse...

anna v. disse...

Pelo visto todo mundo já passou por esse calvário... Obrigada, camaradas, pela solidariedade. Saber que eu tive sorte é realmente deprimente.