Há pouco tempo saiu uma matéria de capa no Prosa&Verso d'O Globo sobre o centenário do Marques Rebelo. Na verdade, a matéria dizia que a grande notícia era o fato de que nada estava sendo feito para comemorar o centenário deste autor. Eu, que sou fã do Rebelo (e que de quebra gosto de matérias sem muito gancho), adorei. Concordo com o teor geral da reportagem, que dizia que, um pouco inexplicavelmente, depois que morreu, Marques Rebelo caiu numa espécie de limbo. Poucos são os que conhecem a sua obra, ele que foi um grande retratista do Rio de Janeiro da primeira metade do século passado e que, em vida, era incensado por outros escritores. Apenas A Estrela Sobe segue modestamente conhecido, adotado em alguns vestibulares. Na verdade ele tem vários livros disponíveis, simplesmente ninguém o conhece.
Bom. Hoje fui a pé da Glória para a Lapa, por um caminho que nunca tinha feito antes. Andando pela Rua da Lapa, vi uma pequena transversal, a Rua Marques Rebelo. É mínima, tem apenas um quarteirão. E o que é mais triste, de um lado é a parede lateral de uma igreja, e de outro, as laterais de dois prédios antigos e grandes. Tem até umas portas e janelas, mas as entradas principais ficam todas ou na Rua da Lapa ou na Moraes e Vale, paralela. Donde se conclui que, desoladamente, ninguém tem um endereço "Rua Marques Rebelo, número tal".
5 comentários:
me lembrei de duas coisas sobre o Marques Rebelo:
1) ele era uma língua muito venenosa. tá lá no livro da Lucila Soares sobre a Livaria José Olympio, que o escritor freqüentava. 2) morei num prédio, no fim da rua Almirante Salgado, em Laranjeiras, construído por ele. o filho dele ainda vivia lá, no térreo... pelo menos foi o que me contaram
Osvjor, é bom este livro? Eu tenho vontade de ler, vale a pena?
Sim, eu acho que o filho do Marques Rebelo ainda mora lá, sim, em Laranjeiras.
Anna,
Muito bem lembrado, O Marques Rebelo não deveria ser esquecido. O problema, na minha opinião, deve-se à preguiça das editoras. Não conheço turma mais indolente. Jamais trabalham os livros que fazem como um produto que deverá ser vendido. Distribuem mal, raramente anunciam ou fazem algum tipo de marketing, abandonam o produto que teoricamente os sustentam ao Deus dará. As pessoas têm que adivinhar que o livro existe e está nas prateleiras das lojas, se estiverem lá. Assim, não tem escritor que sobreviva.
Beijão
Marques Rebelo foi um grande escritor. Um de seus livros, "A Estrela Sobe", conta a história de Leniza, uma mulher com um passado um tanto "desagradável", que perdeu seu pai com menos de 10 anos de idade e passou dificuldades financeiras depois disso. Trabalhou em vários lugares, até que conseguiu o que queria: cantar em uma rádio. É um livro que eu recomendo.
Oi, eu achei o teu blog super aleatoriamente no google enquanto pesquisava sobre Marques Rebelo para um trabalho da faculdade. Eu faço Letras aqui na federal do Rio Grande do Sul e gostaria muito de usar a frase-título do seu post no meu trabalho, assim como as informações que tu colocou aqui.
Meu e-mail é anacarolinarosa@hotmail.com, caso concorde.
Muito obrigada pela atenção,
Ana Carolina
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