Saber lidar com minha filha sozinha sempre foi, pra mim, uma questão de honra. Muitas vezes vi minhas amigas cercadas de babás 24 horas, empregadas, folguistas etc., e a impressão é que jamais ficavam a sós com seus bebês. E não saberiam o que fazer caso tivessem que. (Questões de classe média alta, dirão vocês. E são mesmo.) Por outro lado, não sou uma mãe-mártir e não quero provar nada pra ninguém. Ajuda é bom e necessário. Então, como já escrevi aqui, arranjamos uma babá/empregada 3 vezes por semana, no horário comercial. Que é uma ajuda imensa para nós dois que trabalhamos em casa.
Porém - ah, porém. No início deste mês, ela tropeçou e quebrou o pé. Está com gesso até o joelho. Pra completar, na semana seguinte ao acidente, a moça que vem de 15 em 15 dias fazer um monte de comida para mim e marido, que a gente congela, ligou no próprio dia para dizer que não vinha. É a primeira vez, em uns 2 anos ou mais, que ela nos dá um bolo. (E a autora de The Putzfrau Chronicles decerto dirá: haha.)
Estou me sentindo como na tirinha em que o Calvin quer brincar lá fora, porque está de férias, mas começa a chover. E ele resolve brincar na marra, mesmo com chuva. E fica falando alto, olhando pra cima: "Estou me divertindo muito na chuva, viu? Isso é o melhor que você pode fazer? Haha!". Até que começa uma tempestade de granizo e ele sai correndo pra casa.
Porque, pra completar, marido vai começar agora uma temporada de muitas viagens. E na próxima semana, por coincidência, me arranjaram uns compromissos importantes e fora de casa todos os dias. Que ralação. Mathilde vai rodar por aí.
Anteontem fui na Previdência com a outra, de pé quebrado, pra ver a coisa do auxílio-doença. E ficamos três horas para conseguir ser atendida pelo médico da perícia. Isso porque eu tinha ligado e marcado dia e hora. Três horas. E aí o médico a examinou e concedeu o benefício por 45 dias. Só que. Por um famigerado problema do sistema, o laudo que saiu do computador não diz nada disso. Diz que a decisão precisa de uma "homologação superior". Dr: "Pois é, está dando esse problema em todos. Mas o benefício está concedido, tá?". Eu: "Mas doutor, como é que a gente vai sair daqui apenas com um papel dizendo que não tem benefício nenhum concedido?". Dr: "Ah, não sei, tem que ver ali com o pessoal do administrativo".
E vou poupar vocês do resto dessa história, porque francamente, me deprime.
5 comentários:
Não poupa não, ana, é pior, minha imaginação só imagina o pior, é melhor contar logo... ela tem o benefício ou não? e a mathilde vai ficar em boas mãos, claro... nem posso me oferecer para ajudar, pq não sei cuidar de bebê pequeno. De todo modo, boa sorte nos trabalhos, que valham muito a pena, literalmente, e tudo de ótimo pra vocês.
abraço,
clara lopez
Meniina, que confusão cabeluda, hein? Eu, na qualidade de autora de The Putzfrau Chronicles (por sinal tristemente atualizado hoje) só tenho algo a dizer: sempre tem uma primeira vez, né? Mas ó, força na peruca, viu. Tá certo que tem aquela coisa que se a gente fosse diferente (em vários $entido$ inclusive) as coisas seriam mais fáceis porque teríamos um batalhão de serviçais full-time e não nos incomodaríamos com coisas desse tipo "ai, o que faço, estudo, trabalho, passo pano na casa ou aproveito pra fazer unha ou durmo, agora que o menino dormiu?". Mas sei lá. Apesar de tudo tudo não acho ruim. Não seria eu. Não sei se você pensa assim também.
Mas ai, tem hora que num é fácil.
Beijo!
Espero que essa fase passe logo e que vcs consigam superar esses transtornos. A parte do laudo é realmente deprimente, mesmo sem saber o resto da história :/. E acho super louvável e diria até, admirável, vc querer e saber lidar sozinha com a Mathilde :).
Não é melhor desabafar,botar pra fora?Não faço a mínima questão de ser poupada.Sabe o que tenho descoberto?Que 90 por cento das dificuldades no serviço público é pura má vontade.Quando dá uma sorte,a gente encontra alguém que resolve em cinco,dez minutos o que outra havia marcado para daí a uma semana.
Que situação descabelante, Anna. A Mathilde rodar por ai vai ser o de menos, acredite.
Bola pra frente!
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