23.12.10

Quero uma passagem só de ida para Oslo

Começou o verão, a estação mais superestimada do ano. Não sei que diabo as pessoas veem de tão bom no verão do Rio de Janeiro, cidade onde no inverno a temperatura dificilmente vai a menos de 17ºC, de modos que não se pode nem dizer que a alegria de dezembro e janeiro é um reflexo da tristeza provocada pelo frio de junho e julho.

A única coisa que presta no verão é, como descobriu recentemente a Frida Monix, ir à praia no fim de tarde/noite. Isso é bom mesmo.

Mas fora isso, verão carioca é:
  • Acordar no meio da madrugada para entrar debaixo do chuveiro, tomar uma ducha, e depois voltar pra cama - sem se secar muito.
  • Tomar no mínimo 3 banhos diários.
  • Chegar em casa louca pra tomar banho e constatar que a água fria está morna, porque a caixa d'água passou o dia inteiro cozinhando ao sol.
  • Sair do banho e, ainda enrolada na toalha, enquanto penteia o cabelo em frente ao espelho, sentir o suor já escorrendo pelas costas.
  • Sentir o cabelo grudando na nuca.
  • Ficar meia hora sem fazer nada, com o rosto a 3cm do circulador de ar.
  • Sair na rua e sentir que o ar, de tão espesso, pode ser cortado a faca.
  • Entrar subitamente num banco, só pra sentir o ar condicionado.
  • Sair para tomar um chope à noite e constatar que, à uma da manhã, a temperatura é 35ºC.
  • Aprender o significado da palavra canícula.
  • Constatar que a indústria nacional não dá conta de produzir mais ar-condicionados.
  • Ver a conta de luz chegar à estratosfera.
  • Ir ligando os ventiladores de teto conforme muda de cômodo.
  • Conviver com os bichos do calor: baratas, mosquitos da dengue, bichinhos da luz.

No mais, refresquemo-nos assistindo à inesquecível sequência inicial de Do The Right Thing, de Spike Lee -- a do banho de hidrante: