São muitos e variados os motivos pelos quais as pessoas hesitam ou adiam a decisão de ter filhos. A mudança de estilo de vida, a falta de liberdade, o compromisso firmado para sempre, a questão financeira, o baque no relacionamento do casal, etc. Passamos por tudo isso, naturalmente. Mas no meu caso ainda se impunha mais uma questão deveras importante.
As festas infantis.
Durante anos, enquanto morava com a minha mãe, convivi com umas festas absurdas num play de um prédio a três ruas de distância, mas que por um infeliz acaso (morávamos num andar alto, e todos os prédios ao lado eram bem baixos, deixando a vista livre) conseguíamos avistar - e principalmente, conseguíamos ouvir. Eram festas histéricas, com equipamento de som, música ruim e "animadores" insandecidos. Traumatizante.
De modos que aqui em casa isso passou a ser uma questão meio problemática. Porque se eu não me animo a freqüentar festas de criança, marido muito menos. E até agora foi virando jogo de empurra quando se trata de eventos "infaltáveis". Batizado de fulana, vai você. Aniversário de beltrana, vou eu. Ir os dois é desperdício.
Porém. No fim de semana tive uma experiência ótima. Festa de 1 ano de C., filha de minha amiga A. Festas de 1 ano são especialmente inquietantes para mim (podem me cobrar depois, caso eu venha a morder a língua em janeiro de 2009). Porque, na boa, a criança aproveita só um pouquinho, né? Pesquisa realizada pelo DataTerapiaZero indica que 53,4% dos aniversariantes de 1 ano dormem a maior parte da festas. Sim, um ano é uma data a ser celebrada, um ano de ser pai e mãe, é importante. Mas, bem, então vamos assumir logo que é uma festa para os pais, e não para o pobre bebê. Melhor deixar de lado os brigadeiros, cajuzinhos e decorações da Moranguinho e fazer logo um churrasco, chamando os amigos e a parentela.
Mas voltando à festa de C. Pra começar, foi na casa dos avós. Porque, é claro, se fosse num desses estabelecimentos medonhos conhecidos como "casa de festas", eu não passava nem perto. Segundo, não tinha 15 mil crianças. Tinha uns 10, 12 bebês, e só. Terceiro, não tinha "quiança"; só tinha "bebê" (
© Joana). Quarto, a festa consistia em umas esteiras na sala onde ficavam os bebês com as mães, um monte de brinquedos e uma moça tocando violão e cantando musiquinhas infantis*.
Quer saber? Foi ó-te-mo. Mais engraçado foi ver a pequena Mathilde, pela primeira vez dividindo um espaço tão pequeno com tantos contemporâneos, tendo que dividir brinquedos inclusive. E sabem o que mais? Ela não se fez de rogada, apesar de ser a menorzinha. Engatinhou pra cá e pra lá, deu seus gritinhos (rrraahhh!!), escalou as pessoas em volta (porque a única coisa que ela quer fazer na vida é ficar em pé) e interagiu à beça com os demais. Muito figura.
De modos que: há salvação para a festinha de 1 ano.
* Estou achando que sou o único ser humano que não sabia que existia uma versão brasileira para "Frère Jacques" chamada "A Baleia". Por favor, alguém diz que também não sabia.