22.7.07

Ma vie sans rose


Semana passada descobrimos: é menina.
Acabei percebendo que todos torciam para uma menina, menos eu.
De qualquer forma me adaptei muito facilmente à idéia, já estou adorando. (O componente narcisista da maternidade/paternidade é mesmo muito forte. A possibilidade de haver uma euzinha é irresistível.)
O marido disse desde o primeiro dia: é mulher. Depois mudou um pouco o discurso para um mais engraçado: só quero se for mulher. Enfim, está todo contente.
Eu também.
Mas uma menininha atrai automaticamente um monte de gente que quer mesmo é brincar de boneca. A quem posso, eu aviso: por favor evitem o cor-de-rosa.
Não o cor-de-rosa como condição cromática, bem entendido, mas o cor-de-rosa como estilo de vida, com toda a carga simbólica que ele traz.
Explico. Nada contra a estética feminina. Nem infantil. Naturalmente não vou vestir minha filha como um menino, nem decorar seu quarto com design minimalista. Mas tudo contra a estética princesa. Laçarotes, camas com dossel, muitas bonecas e vestidos de cetim, coroas e tiaras, e tudo em cor-de-rosa. Talvez esteja aí, no quarto do bebê (na verdade "da" bebê), a origem dos problemas da mulher moderna -- aquela que, a despeito de tudo, ainda se sente obrigada a ser/estar linda e ainda vive à espreita da figura encantada do príncipe.
Eu bem sei que toda menina, por mais alternativos e cabeças-feitas que sejam os pais, passa por uma fase princesa -- e na mesma época, pela fase cor-de-rosa. É inevitável, praticamente. Toda criança interage, essas influências fazem parte, ora, paciência. Mas daí a estimular isso desde o início vai uma longa distância.
As motherns e fatherns de plantão aqui podem dizer com mais conhecimento de causa do que eu, mas a educação de uma criatura é uma guerrilha: todo dia tem combate.

10 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns, Anna. :)

B. disse...

ah, q bacana! Parabéns!

Anônimo disse...

antes de tudo: PARABÉNS!!!! bem, eu tenho três filhos. duas meninas e um menino. e, diante de muita observação acho q concluí q as meninas são absolutamente diferentes dos meninos. claro. parece óbvio mas não é. enfi, eu travo diariamente três batalhas distintas. e, quando eles dormem (finalmente) olho para eles e penso q esta é a mais valiosa e preciosa e do bem batalha q há! bem vinda ao campo de batalha!!!!! beijos!!!!

Isabella Kantek disse...

Parabéns! E que texto, hein!? Gostei muito. Sempre gosto de vir aqui, são textos são ótimos, inteligentes.

Eu concordo com você sobre o rosa, sobre as princesas e etc e tal. Mas sendo mãe de um menina de três anos e na batalha diária posso dizer que não é fácil. Com o tempo acolhi muitos desejos e aprendi a soltar os meus medos, a não ser tão dura comigo mesma. Quando minha filha ganhou de presente a primeira Princesa Disney fiquei com mil demônios na cabeça, tive altas conversas com o marido sobre o ser/estar linda que você comentou, sobre a sexualidade e príncipes... depois resolvi confiar e deixar. Porque não vou mentir, brinquei de Barbie e não virei uma cabeça de vento ou uma mulher fútil. (rs)

Longo caminho esse. Felicidades.

anna v. disse...

Obrigada a todos pelos parabéns.
:-)
Isabella, você deve ter razão. Antes de as coisas acontecerem toda mãe e todo pai vive cheio de bravatas. "Meu filho isso", "minha filha aquilo outro". Tudo especulação. No fundo a gente não tem a menor idéia, o negócio é ir improvisando à medida que acontece.

Bela disse...

Ai que diliça, Anna!
Eu sou mãe de meninos( a batalha aqui anda engrossando com a entrada do mais velho na adolescência...) e madrinha de duas meninas lindas e fofas, que invariavelmente chegam à minha casa vestidas de cor de rosa, dos pés à cabeça...mas não é nada que cinco minutos de brincadeiras com os meninos não desfaça e transforme as duas em mocinhas de chinelas e bermudas!
Eu não apoio, nem fico dando destaque à corderrozice delas, mas tb, tem uns dias que o cor-de-rosa delas me faz uma falta!
Parabéns! Parabéns!
Beijos duplos

anna v. disse...

Pois é, Bela, a cor é bacana, mas o simbolismo corderrósico é que é uma barra.
Beijos!

Ana disse...

meus parabéns ! Mas olha acho que o negocio da menina é mesmo o fato de você ter mais referências da sua propria infância como menina...se bem que as infâncias como menina também sao diferentes. Muito legal. Beijocas.

Cam Seslaf disse...

Hmmmm, essa é uma das minhas maiores preocupações também.

Anônimo disse...

Minha irmã tem uma ótima metáfora para resumir as suas preocupações: minhas filhas não lerão os contos de fada! Claro que é metáfora, mas abaixo todo o mundo cor-de-rosa. Marisa Monte lembrou: cor-de-rosa... e carvão.

* * *

E agora o meu desejo de que a sua menininha tenha uma vida mais cor-de-rosa. Afinal, tia pode desejar o melhor!