26.11.08

A porca miséria

Dez meses e 3 semanas, e me orgulho de dizer que ainda estamos usando as fraldas do chá-de-fraldas. A maníaca aqui faz uma contagem: já passamos das 1.500 fraldas - o que não me faz nem um pouco orgulhosa, tenho culpas ambientais, mas vamos deixá-las de lado.
O fato é que estou no processo de trocar alguns pacotes de fralda P e M que sobraram para tamanho G, onde estamos no momento. Sei lá por quê, ganhamos menos G do que os demais tamanhos, e de umas marcas piorezinhas.
Até agora não tive problemas em trocar as fraldas. Levo só 1 ou 2 pacotes por vez, peço com jeitinho e os gerentes das farmácias trocam numa boa. Procuro sempre comprar mais alguma coisa, pagar uma diferença, de modo a dar um mínimo lucro a quem, por pura liberalidade, me quebrou um galho. Costumo ir nas farmácias aqui de Botafogo, mais bacaninhas.
Aí hoje andei pelo Catete com 2 pacotes para trocar. Ali na rua do Catete tem um monte de farmácias, tudo meio xumbrega (ou, à moda PC, "de viés mais popular"). Foi uma dificuldade. Consegui depois de várias tentativas. Concluí que:
- Quanto pior o estabelecimento, menos camaradas são as pessoas. Pobre sofre.
- Se for uma gerente mulher, esqueça. Não se consegue. Só funciona quando é homem.

Dá pra se pensar um bocado nessas questões de microfísica de poder e relações de gênero. Tivesse eu a verve de uma Mary W, postaria aqui logo um texto a respeito. Mas como não tenho, e só sei de abobrinhas, aqui vai mais uma: sabiam que Bertha Pappenheim, a verdadeira identidade de Anna O. (aquela que me emprestou a alcunha), foi uma feminista e traduziu Defesa dos direitos das mulheres, de Mary W(ollstonecraft)?

6 comentários:

Anunciação disse...

Prefiro suas abobrinhas,acredite.A propósito,talvez seja o tipo de abordagem,talvez?Para cada tipo de estabelecimento e gênero de gerente,um modo de falar,um tipo de conversa,rs.

vera maria disse...

Uma pena que no bairro onde moro as fraldas da mathilde tenham sido recusadas, mas vc tem razão, aqui tem um público mais lumpem mesmo e talvez isso influencie o atendimento, ou melhor, isso influencia mesmo o atendimento, pobre não precisa de luxo, né mesmo?
um abraço,
clara

Anônimo disse...

Adorei seu blog! lugar comum, né? mas é a verdade. Sua filha é uam gracinha, me lemnrou do tempo que eu tinha que comprar fraldas para a minha, que agora já tem 11 anos!Nossa, como o tempo passa rápido!
Como moradora de Botafogo, me solidarizo com a sua(nossa) situação de alagamento da ruas. E como tem chovido, não?
um abraço!

anna v. disse...

Anunciação, acho que você matou a charada, é isso mesmo, o tipo de abordagem.
Clara, pô, o Catete não é lúmpen, não, que maldade... Acho um bairro muito gostoso e simpático. Legal saber que você mora nele.
Marilia, obrigada! Mais uma vizinha leitora. Agora parece que a chuva foi embora de vez. Os bichinhos de luz chegaram com força total!

vera maria disse...

O catete não é lúmpen não, eu gosto muito de ter tudo, mas tudo mesmo bem perto, mas há uma população extremamente pobre que nos rodeia (e ela está auementando), foi a essa população que chamei de lúmpen.
beijo,
clara

la vache qui rit disse...

pô. meu comentário sumiu :(
há um livro, esgotadíssimo, o Jeitinho Brasileiro, da antropologa Livia Barbosa que analisa o fenomeno e dá conta de pelo menos duas conclusões: o jeitinho é mais fácil entre pessoas de sexo diferente.
...mas nao necessariamente adianta mandar o marido ir trocar os pacotes nas farmácias onde a gerente foi chata. ela tb explica que as mulheres, de modo geral, são menos propensas ao jeitinho ;)