28.5.10

Saia justa

Volto da festeeenha de aniversário das Freeedas (por que a gente tem que escrever assim quando fala das ameeeegas??!) amadurecendo o post no qual passei o dia de hoje pensando. Montes de coincidências, vejam só.
Primeiro, essa semana li partes de um livro cujo título, em livre tradução, é algo como Guia da Mulher Moderna para Situações Delicadas. É um livro de humor, com pequenos textos oferecendo dicas de comportamento para casos do tipo "Você vai casar e sua futura sogra pretende usar um vestido vermelho, justo e ultra decotado no casamento", "O ex da sua amiga dá em cima de você, e você acha ele um gatinho", "Você vai a um jantar de cerimônia e quando vai ao banheiro acaba entupindo a privada" etc. Situações egípcias, como dizem uns amigos meus -- ou saias justas, uma expressão que considero um verdadeiro achado linguístico.
Marido está viajando pela Eurásia, todo mundo se oferece para ajudar com Mathilde, que ontem então dormiu na casa da avó. De modos que: fui tomar um vinho e pôr o papo em dia com M. e G., duas grandes amigas. E M. está passando por uma dessas situações bem delicadas.
Imaginem que ela e o namorado há poucos meses juntaram os trapinhos (no apartamento dela, que ela financiou e vai passar as próximas décadas pagando). Na verdade, o namorido é soteropolitano (como ela), acabou de concluiu o mestrado, e só veio morar de vez aqui depois que o pai morreu, após uma longa e desgastante doença. Ficou a mãe dele lá na Bahia. Eu conheci a nova sogra de M. no início do ano, quando ela veio passar o carnaval aqui no Rio -- e tenho de confessar que fiquei com péssima impressão. Quando a vi, antes de trocarmos uma única palavra, tive convicção: essa mulher é uma bruaca. A cara, o jeito, a postura, o olhar, tudo nela é assim meio desagradável -- o que não combina em nada com o filho, que é um doce de pessoa. Mas enfim, ela passou um carnaval extendido lá na casa deles, uma temporada mais longa do que seria razoável, já deixando M. com a pulga atrás da orelha. Por fim, a (não tão) boa sogra à casa tornou.
Um mês atrás, ela veio novamente se abancar na casa dos dois. E pior: com um diagnóstico clínico de depressão. M., é claro, fez a única coisa possível: acolheu a sogra e a ajudou a tratar-se. A sogra melhorou. Mas não fala em ir embora. (O curioso é que ela tem uma porção de irmãos e sobrinhos no Rio e Niterói, mas nunca fica na casa de nenhum deles, fato em si deveras revelador.) Como ela é viúva, a família mora no Rio, e os filhos são só dois, sendo que o outro mora fora do Brasil, todos concluíram que ela deve se mudar para o Rio.
A-ham. E aí começa uma nova parte do problema. Porque M., que é como eu e quer resolver as coisas rápida e objetivamente (e neste ponto é a pessoa menos baiana do mundo), já está tratando de procurar um lugar para a sogra morar: vê classificados, pesquisa preços, e ficou muito interessada quando eu disse que minha avó tem um conjugado para alugar, no momento vazio. Mas seu marido é justamente o oposto -- vai protelando o máximo possível.
A situação é delicada mesmo, porque ela não pode chegar para a sogra e simplesmente tocar a real, dizer para ela, se manda, se despacha, rala peito. O que ela faz é pressionar o marido que... nada faz. Seu último recurso foi dar (a ele) um ultimato, um prazo de 1 mês para resolverem o imbroglio (ou, em outras palavras, para a dona Fulana sair da casa deles - ir para um apartamento alugado, um hotel, ou a casa de algum irmão/sobrinho, ou então voltar para Salvador). Sinceramente não sei se vai dar certo, não. Morro de pena, porque M., que tem a minha idade e está já no terceiro casamento, realmente não merece uma situação egípcíssima como essa.
Mas aí vem a outra coincidência. M. chegou a ser bailarina semiprofissional. Dançava clássico e até hoje adora balé, tanto que vive me chamando para espetáculos. Quando eu contei a ela ontem que Marido estava em Moscou, a primeira coisa que ela disse foi "Diz a ele para ir ao Bolshoi!" - e todas rimos muito, claro, era uma piada. Mas hoje mais cedo, falando com Marido no GTalk, descubro que ele foi... a um balé em Moscou! Não o Bolshoi (segundo ele, ingressos esgotados há muito tempo), mas um outro teatro, onde assistiu a O Lago dos Cisnes! Portanto hoje à noite, no caminho para o chope das Fridas, liguei para M. para contar essa novidade engraçada. E chegando lá no chope, sento e peço meu primeiro chope e encontro... M.! com o marido! Ela, que conhece muitos dos meus amigos, olha para aquela mesa comportando a fina flor da blogosfera brazuca e me diz: "Esses seus amigos eu não conheço..." Saia justa alert!!
Blogue anônimo, sempre uma nova emoção!
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7 comentários:

Anônimo disse...

Bebendo grávida???

vera maria disse...

Nossa, muitas emoçoes mesmo, e a vida sempre aprontando, sobretudo quando as maes aparecem quando nao convidadas, torço por sua amiga, a mae saira de todo modo, só esperamos que nao leve o filho junto.
grande abraço,
clara

ps. bebendo gravida? :)

la vache qui rit disse...

tava com tanta saudade sua. foi ótimo o chopinho, hein? vou comprar aqueles lances aqui no seu sebinho, querida.
ah, sim, pros aí de cima. um, dois chopinhos ñ fazem mal nenhum ao bebê, seu chatonildos :-)

Anônimo disse...

eu sabia, senhorinha, mas estava zoando com anna...:) Anyway, há controvérsias sobre isso :)
abr,
clara

Isabella Kantek disse...

Feliz a sogra que acredita no ditado "muito faz quem não atrapalha", a minha por exemplo. Hehe. Espero que a situação da sua amiga se resolva logo.

Um chop não faz mal a ninguém. E a Anna já passou as primeiras semanas que são consideradas as mais delicadas. Lembro-me de ter bebido vinho com o David no final da gestação para ajudar a relaxar (ele nasceu duas samanas depois do "prazo").
Bjos.

Isabella Kantek disse...

Oops, quis dizer "feliz a nora cuja sogra..."

Anônimo disse...

Minha filha, a vontade que dá é dizer: sai ela ou saem os dois já. Mas a vida não é assim tão objetiva. Ou eu não sou> Não, eu não faria isso. Que saia!

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P.S.: Tem me dado uma vontaaade de ter sido anônima (risos)...