13.5.10

A vida como ela é, foi e pode ser

Klimt, "Árvore da Vida"

Outro dia me peguei lendo uma porção de posts antigos aqui do blogue. Cheguei à conclusão que, ou minha vida era bem mais interessante antes, ou então eu escrevia bem melhor. Ou as duas coisas, sei lá. Os textos eram mais bem estruturados, tinha reflexões um pouco mais extensas e sobre assuntos mais variados, tinha historinhas com começo, meio e fim. Agora a impressão que tenho é que tudo que escrevo aqui é tão fragmentado que mal e mal serve de registro para referência futura, naquela antiga acepção de blogue enquanto diarinho virtual.

Acho que em grande parte isso se deve à drástica redução da minha vida social depois do nascimento da minha filha, o que é normal e esperado. Mas o que eu não contava é que, com essa redução, diminuíssem também os espaços para conversas e debates sobre tudo e sobre nada, aquilo que rola na mesa do bar. Não estou me queixando, apenas constatando. Faz parte dessa opção de vida, e daqui a alguns anos muda outra vez. Não é que não saia mais, porém saio muito menos, e com uma gama bem menor de amigos. Eu que sempre fui gregária, e me vangloriava de transitar bem entre tantos grupos tão diferentes, agora vejo, de quando em vez, apenas alguns mesmos amigos. Amigos estes que, aliás e a propósito, valorizo cada vez mais. No fundo no fundo, quanto mais gente eu conheço, mas eu dou graças ao céus por ter bons amigos com quem realmente tenho afinidade. Porque, na boa, o mundo é cheio de boas gentes, mas essas boas gentes são aquelas com quem você sai para almoçar e, caramba, no meio da refeição nem tem mais assunto.

Também não sei o que cada um entende como "quase não saio mais". Claro que saio -- para jantar fora, tomar chopp, ir à casa de amigos, mais raramente ir ao cinema, shows e talz. Mas é coisa de uma vez por semana, por aí, ao passo que antigamente a movimentação era bem mais intensa, por assim dizer. Sim, aqueles velhos tempos em que decidíamos em cima da hora -- aquela ligação recebida no final do expediente, e aí, vamos ao cinema agora às 19h30? E ia, e emendava em sei lá mais o quê, festas do roque, noitadas na Lapa, lançamentos de discos e livros, enfim, vocês sabem. Mas é que tem por aí aquelas mães loucas que não saem porque sentem culpa de deixar os filhos. (Não estou exagerando.) Definitivamente, não é meu caso.

No mais, hoje fui ao médico ver o bebê na barriga, mas ainda não descobrimos se será Mathilde 2 ou Oliver (nome de outro dos filhos do Freud e pseudônimo bloguístico que já escolhi se for menino -- o nome pra valer ainda não resolvemos, e agora vamos esperar saber o sexo para não quebrar a cabeça à toa). Mas está tudo bem e, GRANDE NOTÍCIA: só engordei 1kg em 1 mês, excelente marca para quem foi a Buenos Aires há menos de um mês e almoçou e jantou fora todos os dias e comeu muitos maxi-alfajores.

Eu ia escrever mais, porque sempre durante o dia me vêm uma porção de ideias para pequenos posts. Mas a hora já vai adiantada e, hoho, amanhã às 6h40 tenho minha hidroginástica -- que estou adorando, exceto pelo papinho mole geriátrico que rola, mas entro muda e saio calada, mais um passo rumo ao zenbudismo cada vez mais necessário para a manutenção das relações humanas.

6 comentários:

Anônimo disse...

Eu estou fazendo hidroterapia, aquela mesma em que os/as velhinhos/as ficam caminhando dentro da água acompanhada pelo fisioterapeuta, e estou só amando. Primeiro, pq é tão facinho de fazer, depois a água é morninha, e tem pouca gente e, incrível, meu joelho melhorou muito. E qualquer coisa dentro de uma piscina morna é bom demais. Também fiz umas sessões de acupuntura salvadoras, e estas duas têm sido minhas diversões nos últimos dias, as melhores.
grande abraço,
clara

Marcus disse...

Por mais que a gente tente, por mais que a gente tenha coisas a dizer, para além da rotina que a gente mesmo escolheu pra nossa vida, não dá: o blogue sempre segue o ritmo da vida.

O que é bom é que, no seu caso, o que você está perdendo na sua vida social/cultural, a Mathilde e o segundinho vão ganhar, com enorme bônus, para as deles.

É um tipo de herança não contabilizada.

Isabella Kantek disse...

Anna, você tá pirando com essa idéia de que os posts estão menos elaborados / interessantes / diversificados. Muito pelo contrário! (Já fiz meu dever de casa e botei em dia todos estes meses sem TZ, hehe).

Gostei do comment do Marcus também.

Bjo.

Carrie, a Estranha disse...

Caraaaaaa! Tô há um tempo sem vir aqui e TCHARÃN! Vc tá grávida de novo?! Vc é minha heroína, definitivamente. Sério. Muito sério. Puxa e eu nem sanei minhas dúvidas sobre o parto normal da Mathilde com vc...e depois desse post fico até s/ graça de tentar combinar algum chopp qdo for ao Rio...sei lá, posso estar tomando espaço de "amigos mais importantes", entende? Rsrsrs

Muito legal. Parabéns e muita saúde p/ Mathilde 2 (não, se for outra menina, tem q arrumar outro pseudônimo pra ela, ancorar sua identidade - ainda q bloguística -em um "número 2" não dá) ou Oliver.

E vc sempre foi um exemplo pra mim de como não ficar apenas como mãe e sempre pensei em "uau, como a Anna ainda consegue manter uma vida social e fazer viagens sem a filha". Em suma, vc é minha meta psicológica de vida! Hahahahaha...

Bjs

anna v. disse...

Carrie, pois é, pra você ver, prenha outra vez. E minha vida social é uma lástima, como tentei dizer neste post, mas tudo bem. (Mas de qq forma, talvez seja o caso de reavaliar suas metas psicológicas...)

Carrie, a Estranha disse...

Anna,

Sua vida social é melhor do q a minha, q não tenho filhos. Muito melhor.

E minhas metas psicológicas são bem modestas.

:)