12.8.08

Ilariê

São muitos e variados os motivos pelos quais as pessoas hesitam ou adiam a decisão de ter filhos. A mudança de estilo de vida, a falta de liberdade, o compromisso firmado para sempre, a questão financeira, o baque no relacionamento do casal, etc. Passamos por tudo isso, naturalmente. Mas no meu caso ainda se impunha mais uma questão deveras importante.
As festas infantis.
Durante anos, enquanto morava com a minha mãe, convivi com umas festas absurdas num play de um prédio a três ruas de distância, mas que por um infeliz acaso (morávamos num andar alto, e todos os prédios ao lado eram bem baixos, deixando a vista livre) conseguíamos avistar - e principalmente, conseguíamos ouvir. Eram festas histéricas, com equipamento de som, música ruim e "animadores" insandecidos. Traumatizante.
De modos que aqui em casa isso passou a ser uma questão meio problemática. Porque se eu não me animo a freqüentar festas de criança, marido muito menos. E até agora foi virando jogo de empurra quando se trata de eventos "infaltáveis". Batizado de fulana, vai você. Aniversário de beltrana, vou eu. Ir os dois é desperdício.
Porém. No fim de semana tive uma experiência ótima. Festa de 1 ano de C., filha de minha amiga A. Festas de 1 ano são especialmente inquietantes para mim (podem me cobrar depois, caso eu venha a morder a língua em janeiro de 2009). Porque, na boa, a criança aproveita só um pouquinho, né? Pesquisa realizada pelo DataTerapiaZero indica que 53,4% dos aniversariantes de 1 ano dormem a maior parte da festas. Sim, um ano é uma data a ser celebrada, um ano de ser pai e mãe, é importante. Mas, bem, então vamos assumir logo que é uma festa para os pais, e não para o pobre bebê. Melhor deixar de lado os brigadeiros, cajuzinhos e decorações da Moranguinho e fazer logo um churrasco, chamando os amigos e a parentela.
Mas voltando à festa de C. Pra começar, foi na casa dos avós. Porque, é claro, se fosse num desses estabelecimentos medonhos conhecidos como "casa de festas", eu não passava nem perto. Segundo, não tinha 15 mil crianças. Tinha uns 10, 12 bebês, e só. Terceiro, não tinha "quiança"; só tinha "bebê" (© Joana). Quarto, a festa consistia em umas esteiras na sala onde ficavam os bebês com as mães, um monte de brinquedos e uma moça tocando violão e cantando musiquinhas infantis*.
Quer saber? Foi ó-te-mo. Mais engraçado foi ver a pequena Mathilde, pela primeira vez dividindo um espaço tão pequeno com tantos contemporâneos, tendo que dividir brinquedos inclusive. E sabem o que mais? Ela não se fez de rogada, apesar de ser a menorzinha. Engatinhou pra cá e pra lá, deu seus gritinhos (rrraahhh!!), escalou as pessoas em volta (porque a única coisa que ela quer fazer na vida é ficar em pé) e interagiu à beça com os demais. Muito figura.
De modos que: há salvação para a festinha de 1 ano.

* Estou achando que sou o único ser humano que não sabia que existia uma versão brasileira para "Frère Jacques" chamada "A Baleia". Por favor, alguém diz que também não sabia.

14 comentários:

Anônimo disse...

Óia, Alê se divertiu pacas. Recebeu os convivas sentadão em seu tapete de letrinhas, cercado de brinquedos, fez farra à beça, brincou no parquinho com todo mundo (basta dizer que eu mesma só vi meu filho na hora de cantar parabéns, né), quando eu vi tinham dado brigadeiro, bolo, carne, etc, etc, etc. E foi sim festa de adulto, porque só tinha mais uma criança além dele. E foi bão dimais, porque nos recusamos a fazer qualquer coisa naqueles ambientes claustrofóbicos e cheios de monitoras com cara de bunda porque estão trampando de sabadão, sem decoração despersonalizada. Fizemos tudo tudo, foi uma delícia. E o Alê só dormiu no finalzinho mesmo.
Beeeijo!

Maria Angélica disse...

A baleia é amiga da sereia? hahahaah Já é um CLÁSSICO, menina, você tá por fora mesmo. ;-))

E olha, vou te dizer, eu agora adoro festas infantis. Não sei como isso começou, mas já me acostumei, agora não falto a nenhuma. Até porque a Joana adora, se diverte e brinca demais sempre... mas nem vou mentir dizendo que vou obrigada ou contrariada, eu gosto mesmo, sou arroz de festa. hehehe
E olha, eu não conheço NENHUMA criança que dormiu na festa de 1 ano. Sério mesmo, e olha que já fui a muitas e muitas festas. Eu fiz festa de 1 ano pra mim, lógico, mas me surpreendi com a Joana, que se divertiu e aproveitou a festa todinha... valeu muito a pena fazer!! E o vídeo da festa é um dos favoritos dela, ela não se cansa de assistir.

F. disse...

Baleia? Eu só conhecia a versão do motorista. Aquela em que a gente aprende que o poste não é de borracha. É "Frère Jacques", não?

Ana Valéria disse...

baleia??? hummm, acho que tenho que me atualizar urgente. afinal, minha pequena pilar já frequenta festinhas... ui!
bjs

Tatiana disse...

Nem eu sabia. Que vergonha.Eu que vivo cantando músicas infantis.
Olhe, eu tenho dois filhos já grandes hoje. Mas eu sempre achei um saco aquele negócio de festinha, de " ai que bonitinho".
Ainda bem que passou.
Acho chatérrimo criança pequena, de fralda, mamadeira, aquele negócio de ficar adivinhando o que tá sentindo, querendo. Um trabalho do cacete.
Mas aí eles crescem e eles afloram.
Adorei quando cresceram. E hoje com o mais velho com 19 anos eu olho pra ele e fico impressionada. Que pessoa massa meu filho virou.
Quando eu olho o outro, 13 anos, e me vejo ali, puxa, eu to ali! Meu senso de humor, minha rapidez de raciocínio, meu nariz, as piadas infames, eu sorrio e nem me lembro daquela fase chatérrima.
Eles crescem e isso é a glória!

PS: sou uma mãe atípica por assumir isso sem culpa alguma. Acho que é porque nunca gostei muito de brincar de boneca.

Renata disse...

Anna, concordo com absolutamente tudo que vc disse. De-tes-to, casas de festa principalmente. Mas sem querer te desanimar é difícil escapar...
Pipoca até curte algumas festas, mas como não está na escola ainda, tem algumas em que ela fica meio atordoada. Tipo tampa os ouvidinhos quando toca "POEEEEEEEIRA, POEEEEEEIRA..." muito alto.
As duas festinhas dela foram no meu play, na primeira foi um churrasco (embora eu não, meu marido adora churrascos) e festa de 1 ano é pros pais mesmo. As crianças que vieram eram filhos de amigos, acho que nem 10, sendo que o churras foi pra 50 pessoas. De infantil teve apenas a mesa, com decoração e enfeites que minha tia fez, maçãs do amor e doces que eu encomendei e bolo que minha sogra fez. Claro que teve churrasqueiro e garçons, mas foi só. A segunda foi no salão de festas do condomínio, eu estava "zero a fim" de ter trabalho. Nem ia fazer festa, mas minha mãe contratou tudo com uma casa de festa, que fez a decoração, buffet, música e animação - a decoração acho meio over mas não tinha jeito, a música fui eu que dei e a animação eu escolhi a dedo, as que considero adequadas pra crianças pequenas.Ela curtiu muito, principalmente a musica e algumas brincadeiras.
Minha ideia pra festa de 3 anos, agora no final de setembro, é de fazer na casa de um amigo na Ilha da Coroa, que tem um gramado grande, espaçoso, pras crianças brincarem bastante. Só não tenho certeza ainda porque se chover a festa não vai ter graça, e na época do aniver da Pipoca sempre chove. Estou pensando até em contratar a mesma casa de festas do ano passado pra fazer buffet, música e decoração. Animação acho que nem vai ser necessário, pois o lugar inspira as crianças a correrem, brincarem por conta própria. Isso se nossas crianças ainda são capazes disso, dado as rotinas de festas e brincadeiras que predominam na infância atual...
Beijo
Renata

Renata disse...

A baleia eu só conheci depois que a Pipoca foi pra natação. Mas antes disso, qdo ela ainda era menorzinha, fui apresentada a uma outra versão:
MOTORISTA, MOTORISTA
OLHA O POSTE, OLHA O POSTE
NÃO É DE BORRACHA, NÃO É DE BORRACHA
VAI BATER, VAI BATER.
E ela ficava corrigindo a tia, na natação, quando cantava a da baleia...até "ensinou" a cantar a do motorista...rs
Beijo
Renata

anna v. disse...

Hmm, tá bem, retiro então o que disse sobre bebês dormindo em festa de 1 ano...
Tatiana, eu também acho um barato explorar meu próprio narcisismo (saudável) me identificando na minha filha - apesar de ela só ter 7 meses, já vejo muito de mim ali, e claro, isso só aumenta com o tempo e a convivência.
E para os desinformados em geral, a letra d'A Baleia é:
A Baleia, a Baleia
É amiga da Sereia
Olha o que ela faz,
Olha o que ela faz,
Tchibum, chuá
Tchibum, chuá

Horrível, não? Mas, se pararmos para pensar, a história do frade que está dormindo enquanto soam as matinas din-din-dom também não é lá grandes coisas mesmo.

Maria Angélica disse...

Anna, não é tão horrível quando sua filha começa a fazer a coreografia do tchibum, como se estivesse mergulhando. Aí entra pra categoria das fofurices. ahhaha

beijos

jayme disse...

Juro! Eu não sabia. Posso imaginar como "A Baleia" continua.
Beijo!

Isabella Kantek disse...

Eu tambem nao conhecia a versao brasileira. =/

Otimo post, Anna. So fizemos festa de 1 ano e 3 anos. O segundo e quarto ano comemoramos em casa, so os tres. Nao me arrependo. As duas festinha que fiz foram em casa, com poucos convidados. Na de tres anos convivei apenas as criancas que eram realmente amigas da filhota. Aqui nos EUA as festas (em casa de festas ou na propria residencia da familia) tem hora marcada para comecar e acabar. Conheco muito brasileiro que torce a boca para este habito, mas eu acho uma maravilha. Era so o que faltava ter que aguentar horas de festa com uma crianca cansada e ainda por cima ter que limpar tudo sozinha depois!
Beijos.

Cam Seslaf disse...

Muito prazer, Baleia. Até hoje, só conhecia o seu colega Motorista.
Eu tinha trauma das minhas próprias festas. Febre todo ano, a coisa mais estranha. Vai entender.
Já hoje eu adoro. Odeio os animadores e as trilhas sonoras, mas las comiditas, hmmmmm... Para a Catarina penso em fazer algo bem low profile, porque acho que ela ficaria mesmo é estressada. Dá pena só de pensar.

Anunciação disse...

Nunca ouvi falar!Sério.

Anônimo disse...

Festa de 1 ano é quase sempre lastimável. Um show de horrores, competições capitalistas, tudo over. Que meda!

Festa em casa de festas, onde é tudo sempre igual e o aniversariante sequer abre os presentes ou recebe os convidados também não dá.

Hoje em dia perde-se toda a afetividade da data, coisa mais sem sentido! Se não contratar o fotógrafo para a hora dos parbéns nem você nem seu filho lembrarão de quem era o aniversário.