8.3.09

Chega de bobagem

Reparei que só tenho postado bobagens neste blogue. Minha vida não está assim tão boboca, felizmente. Todo tempo livre é dedicado aos meus frilas, em especial a edição de um livro antigo e a tradução de um livro imenso. (São frilas assumidos antes de eu arranjar este emprego atual. Quando terminarem, juro que fico um ano sem pegar mais nenhum.) Então eu posto bobeiras aqui, mas passo minhas noites e madrugadas pensando em coisas muito sérias e importantes, como por exemplo se se deve traduzir "William" para "Guilherme" em personagens reais históricos da Idade Média, "Godofredo" para "Geoffrey", e ainda os reis, né? Edward ou Eduardo? George ou Jorge? Ricardo? Henrique? Jean ou João?!
(Resolvi que sim, traduzo tudo em todos os casos. A partir do Renascimento acho que já dá pra deixar na língua original. Ou não? Que desgraça de critério, esse meu.)
Então, quando não estou escrevendo no blogue, traduzindo livro ou batendo ponto no escritório, saio pra passear com Mathilde de bicicleta, que agora tem cestinha e cadeirinha (nós duas de capacete - as maiores figuras de Botafogo). Como hoje de manhã, quando fomos fazer várias visitas, e ela pintou e bordou tanto que no caminho de volta dormiu (aliás, crianças não dormem: desmaiam), e foi uma dificuldade dirigir a bicicleta com uma mão só e segurá-la com a outra, para não cair.
Ah, sim, e eu estou há dois meses pensando em escrever um post sobre a coisa incrível que é quando a gente vai comprar roupa e só tem tamanho P de tudo, porque os G sumiram logo e os M são rarefeitos, e que isso só pode significar um imenso equívoco da indústria da moda, que é louca se acha que as consumidoras são iguais às moças que aparecem nas fotos usando as roupas, e hoje, 8 de março, era um dia bom pra escrever sobre isso, porque tem essa história boboca de dia da mulher, e seria interessante abordar esse tema, como isso é mais uma forma de opressão etc etc. mas olha, já deu meia-noite e eu estou prestes a fazer como Mathilde e não dormir, e sim desmaiar.
Mas depois prometo voltar com mais temas de imensa relevância nacional e planetária.
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8 comentários:

vera maria disse...

Nossa, imagino vc na bici segurando mathilde, deu aflição..:)
Quanto ao dia 8 acho chatíssimo essa coisa toda, é mesmo uma forma de opressão, enquanto tivermos nosso dia ainda seremos 'especiais', ou seja, ganharemos menos do que eles etc.
beijo,
clara

Anônimo disse...

Eu acho divertidos os posts onde você conta como está difícil escrever os posts que você quer.

Anunciação disse...

Bobagem...adoro o que vc escreve,independente de assunto e,pra falar a verdade,adoro o que vc chama bobagem,adoro quando fala de Mathilde e adoro quando fala essas coisas sérias também.Eu amo você.

anna v. disse...

Clara: é isso mesmo. Tantas coisas ainda por conquistar, não é mesmo? No fundo acho que os homens é que tentam desqualificar o feminismo como assunto démodé.
Marcus: é a agonia do texto escrito às pressas, em oposição ao desejo do texto perfeito, burilado, claro, abrangente e convincente... essas coisas. Mas tem razão, chega a ser meio ridículo, eu sempre faço isso. :-p
Anunciação: oh, que bom, mas agora vou tentar ser menos bocó e mais, hmm, relevante. Eu mesmo estou sentindo essa necessidade, sabe?

osvjor disse...

esse negócio de cadeirinha foi uma das furadas em que embarquei quando minha filha era pequetita. nunca consegui passear de bibicleta com ela, porque ela sempre dormia com uns 20 segundos de passeio e tombava. e, como vc diz, não dormia realmente, desmaiava. eu era obrigado então a desmontar e voltar pra casa segurando a bichinha.

Isabella Kantek disse...

Que revoltante esta história de só encontrar roupa infantil tamanho P. Era só o que faltava... Estes dias, assistindo a um reality show, escutei uma modelo brasileira aspirante a top model dizer que a confiança dela, ou algo assim, se deve ao fato de ela ser brasileira porque "Brazilians are very comfortable about their bodies". Bem, não sei de onde ela tirou isso. Conheço muitas mulheres da minha geração e da geração da minha mãe que não só se sentem frustradas, como desconfortáveis com os seus corpos como um todo.
Eu mesma levei muitos anos para me libertar desta
bobagem toda que permeia a nossa cultura. Enfim...

anna v. disse...

Osvjor: eu uso a cadeirinha para levá-la e buscá-la para e na escolinha, é um trajeto de 5 minutos que não dá para dormir. No domingo é que fomos mais longe e ela não aguentou.
Isabella: na verdade o que eu quis dizer é que não achava roupa G para mim, não para crianças. E no mais, é isso tudo mesmo que você escreveu, mas - acho! - ainda não chegou nesse nivel de neura para bebês (para crianças maiores com certeza sim).
Beijos

Isabella Kantek disse...

Entendi.. é a falta de sono, Anna.