
Em mil-novecentos-e-bolinha eu cantei, imagine só, em um grupo de música medieval. O repertório era cheio daquelas canções e motetos
ars antiqua, partituras encontradas em códex, cadernos de trovadores, aquelas coisas tudo a ver com o nosso dia-a-dia. Uma das minhas séries favoritas era o "Livro de Montpellier", séc XIII, e uma das peças imitava os pregões de vendedores nas feiras da idade média, oferecendo morangos, amoras, queijos, vinhos etc. Era um moteto a três vozes, e cada uma falava um pregão diferente. Tanto que o nome da música é, na verdade, três nomes, "On parole de batre/A Paris/Frese nouvele" (tipo: três autistas que não se ouvem, cada um canta uma coisa; a versão medieval do samba do crioulo doido).

Mas isso, como tantas coisas, estava guardado numa gavetinha da memória que não era aberta há muito, muito tempo. E que se escancarou quando me deparei com essa feira livre em Le Puy en Velay, na França (pode procurar no mapa, mas é bem pequeninho). Os legumes e frutas eram de uma cor tão forte que fiquei com pena dos transgênicos que comemos por aqui. Pães de todas as qualidades, e umas lingüiças e uns queijos tão funguentos que dava medo de comer, tal era o cheiro de chulé. (E no entanto, que delícia.) Mel, geléia, bolo, carnes de tudo quanto é bicho (inclusive vivos, como os coelhos...).
2 comentários:
HUmmm, fiquei com água na boca...
Que viagem deliciosa, conta mais!
Meg, nem fale. Você ainda não viu a imeeeensa série de fotos de comidas e bebidas. Uma coisa. Bjo.
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