28.5.08

Ciclos que não fecham

Há coisa de dois meses caiu da pára-quedas na minha caixa postal uma mensagem perguntando se eu não queria conversar sobre um possível novo emprego. Por acaso na mesma semana eu tinha tido notícias bens ruins sobre o meu trabalho atual - que tem os seus problemas, mas tem grandes vantagens, sendo uma delas o fato de eu ter um horário muito flexível e poder trabalhar de casa. Então aceitei conversar com um cara que até então eu não conhecia pessoalmente. A conversa foi legal, apesar de não ser o trabalho dos meus sonhos, poderia ser interessante. E eu impus um monte de condições, entre elas só começar a dar expediente diariamente a partir de julho, quando minha filha completa seis meses e sai da amamentação exclusiva. (O bom de conversar sobre emprego estando empregada é isso: dá para fazer umas exigências meio chiques.) De todo modo, é sempre bom para o ego saber que o mercado continua pensando na gente. Voltei da conversa muito dividida sobre o que eu queria pra mim profissionalmente, em especial este ano, o primeiro ano de vida da minha primeira filha. Retornar ao mercado editorial é algo que quero e ao mesmo tempo não quero. O cara ficou de me ligar novamente depois. De fato, na semana seguinte ele ligou, e eu marquei de voltar lá dali a alguns dias. No dia marcado, eu estava febril e de peito dolorido, com a minha segunda mastite. Chovia e eu peguei o maior trânsito. Era segunda-feira. Pra completar, na hora de estacionar, bati num carro estacionado na rua. Não se notou nada no outro carro (só o meu arranhou), mas mesmo assim chamei o dono do carro, um garotão que morava em frente, dei o meu cartão e falei para ele fazer o orçamento e me ligar. Nesse dia fatídico, a conversa sobre o emprego foi menos estimulante, apesar de o cara ter dito que queria muito que eu fosse trabalhar com ele, que tinha me adorado e tal e coisa. Ofereceu uma carga horária menor para mim, o que foi um gesto bacana, mas o salário não era muito bom. Eu falei que por aquele salário não ia rolar. Ele ficou um pouco desapontado, mas ficou de pensar e voltar a me falar depois. Alguns dias depois ligou, e pediu mais um tempo, porque estava indo viajar e com a cabeça só nos compromissos da viagem. Eu não tinha pressa mesmo, disse que tudo bem. Enquanto isso, passou um tempo e ligou o garotão do carro batido, dizendo que tinha feito um orçamento de 250 reais. Achei caríssimo para uma batida que nem se via, e pedi, com jeitinho, se ele não poderia fazer um segundo orçamento, para confirmar. Ele foi gentil e disse que sim, tudo bem.
Passaram-se muitas semenas e nunca mais ouvi falar. Nem do garotão, nem do emprego.
Hoje chegou um e-mail do garotão. Disse que fez outros orçamentos, nenhum por menos de 200 reais. Pedi o número da conta dele e fiz logo uma transferência de 200 mangos. Fim do assunto. Sem pendências.
Falta agora voltar a ouvir falar sobre aquele emprego. Para fechar o ciclo daquela segunda-feira.
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2 comentários:

Anônimo disse...

Eu acredito que há energias soltas por aí e a gente acaba trombando com algumas negativas quando está mais frágil, nesse dia elas estavam travando seu caminho, mas já passou, vc fez muito bem em dar um fim ao ciclo da batida. O cara do trabalho vai te ligar, claro.
um abraço,
clara lopez

Anunciação disse...

Eu não me aguento:Que roubo!Ah,eu sei que vc fez o que tinha de fazer,mas esse garoto é um lalau.