Pra vocês que não me conhecem é importante salientar que eu sou uma pessoa chata. Chata mesmo, na acepção cricri do termo. Cricri também poderia ser crítica-crítica. Comezinha. Detalhista. No mau sentido.
Minha comadre G. uma vez comentou, cheia de razão, enquanto eu praguejava porque o meu armário dos tuppewares vivia bagunçado pela cozinheira, que nunca acertava casar os potinhos com as tampas correspondentes: "sabe, você teria uma certa dificuldade se tivesse que dividir apartamento com um roommate". Teria mesmo. A minha mesa pode ser uma bagunça eterna, mas dentro desse caos sou muito organizada. Meu computador, então, é um brinco, graças à possibilidade de se criar infinitas pastas. Tudo meu é guardado no lugar certo, e todos os arquivos têm nomes bem claros e facilmente identificáveis. Isso, a meu ver, facilita o trabalho em equipe, pois ajuda na busca por informações.
Mas como eu sou cricri, fiquei arrasada outro dia, quando voltei ao escritório onde até o ano passado trabalhava todos os dias (agora só vou de vez em quando e fico trabalhando mais em casa) e vi que o computador que eu chamava de meu estava com o Desktop lotado de ícones de documentos vários. Sabe quando você recebe um anexo por e-mail, abre e tem que "salvar como" imediatamente num lugar conhecido, caso contrário o Windows acha por bem salvá-lo numa pasta chamada C:\Documents and Settings\Configurações locais\Temporary Internet Files\Content.IE5\QSN6PST0 e você nunca mais consegue recuperar as alterações que fez? Então, as pessoas que agora usam o "meu" computador salvaram tudo no Desktop, com nomes estranhos cheios de [1], [2] etc.
Eu não queria que isso me abalasse, mas fico mal, com ânsias de sair arrumando tudo.
E as minhas dificuldades de trabalhar com pessoas não pára por aí. Fico pra baixo quando não respondem os meus emails (se eu tenho uma filha de 4 meses e consigo responder todo mundo, porque os outros não me respondem, se os assuntos são importantes para todos? É, eu sei, pareço uma criança choramingando). Fico muito puta quando rolam reuniões, eu não fico sabendo ou então não posso ir, e depois ninguém me fala o que foi discutido, e eu acabo fazendo papel de idiota por não saber das coisas. E fico ainda mais possessa quando "está todo mundo atrás de mim!" querendo saber uma informação idiota que já foi enviada por e-mail um bilhão de vezes. Ora, se estivessem atrás de mim para pedir uma opinião, sugestão, para decidir alguma coisa, eu ia adorar. Mas para perguntar uma coisa banal! Aí às vezes acabo sendo grossa com quem não merece. Porque seria muito mais fácil se todo mundo fosse como eu, ora. Quer dizer, acho que não.
Tem dias que não dá.
E esse post não merece ser publicado.
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7 comentários:
Como se diz por aí: "o inferno são os outros".
Anna, que inveja: você tem um armário com tupewares e uma cozinheira para misturá-los! (Sorry, eu continuo morando na mochila...)
Quanto aos e-mails, eu a entendo perfeitamente e sou solidário!
quero trabalhar com você. eu professo a mesma fé.
Sou solidária a você;e não é pq sou organizada.É pq acho que existe uma coisa chamada respeito e consideração que anda muito esquecida.Você seria internada se trabalhasse onde eu trabalho.E o mais chateia é que,no meu caso,não são os "pequenos",são os "eguais"e "superiores"que às vezes nem percebem quando se faz algo que vai ajudar todo mundo.
E vc fica pasma ao saber que alguém possa achar que esse jeito de arrumar as coisas não é o melhor que há, ou o único, quiçá...:) Eu sei como é, as pessoas são dífíceis às vezes de aturar...:)
um abraço,
clara lopez
Ai, isso evoca minha terrível série The Putzfrau Chronicles. Que está parada porque a Putzfrau nova até que manda bem. Mas também tem o fator inha-vida-já-tá-um-inferno-então-vou-ignorar.
Num é fácil, né?
Mas ó, se vc olhar minha mesa de trabalho e meu computador vai ter um siricutico. O horror, o horror.
Obrigada a todos por me fazerem sentir um pouco mais normal...
Deh, a diferença é que a Putzfrau trabalha para você, enquanto os colegas trabalham comigo.
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