Não sei vocês, mas tenho a impressão de que os imortais da Academia Brasileira de Letras não têm muita coisa pra fazer. Às vezes parece que o esforço para se eleger foi a última coisa que eles conseguiram realizar. Posso estar errada, mas às vezes acho que eles publicam livros de menos depois que são eleitos.
(H. outro dia foi almoçar no restaurante da ABL e reparou numa coisa interessantíssima: o cardápio, além de ter vários estrangeirismos, tem citações do... Pablo Neruda!)
Bom, enfim, eu tenho uma tarefa para o pessoal da ABL. O assunto é corriqueiro, vive em pauta, e eu mesma neste blogue já fiz referência a ele aqui e, mais recentemente, aqui. São as palavras que faltam na língua portuguesa. Mas no meu caso, penso numa coisa mais urgente, numa utilidade muito prática, que serviria para facilitar as traduções dos muitos, muitos, muitos livros de língua inglesa que consumimos.
Em outras palavras, senhores acadêmicos, vamos pensar em vocábulos específicos para:
to nod - porque não é mais possível tanto "acenou com a cabeça", "respondeu afirmativamente com a cabeça", "disse que sim com um gesto" etc.
whatever, wherever, whoever - essas construções inglesas são realmente geniais. Mas ficam uma droga quando traduzidas por "o que quer que seja que ele tenha dito", ou "onde quer que ele tenha passado", ou "disse para quem quer que estivesse ao seu lado". Péssimo, péssimo.
to afford - uma noção tão básica nesses tempos do consumo e endividamento, e nós nos quedamos aqui com locuções gigantes como "conseguir arcar com os gastos/custos".
4 comentários:
Anna,
Ótima a sua postagem. Me fez pensar. Fui ao dicionário, procurei exaustivamente e nada achei. Conversei com minha mulher, professora de Inglês, e ficamos nos debatendo. Você vai deixar os velhinhos da Academia malucos. Sö se inventarem. Para nod, o melhor que encontrei foi assentiu com a cabeça (ainda péssimo), pro resto... Em compensação temos a palavra saudade.
Beijão
Olá Anna,
não sei se já me apresentei... só sei que sempre venho aqui ler o seu blogue. Adoro.
Eu devo ter lido essa postagem no dia em que você a publicou, me fez pensar também.
Fiz letras (port/ing), mas não me atrevo ... por isso admiro o trabalho dos professores (corajosos), e dos tradutores (artesãos).
Já li e reli um livro da Lispector em inglês várias vezes e cada vez que volto a ele tenho vontade de dar um abraço no tradutor e de escrever uma carta agradecendo pelo belo trabalho.
Abraços,
É porque são imortais... têma eternidade para fazer qualquer coisa e tudo pode ser deixado para amanhã.
Lord, toda hora aparecem novos exemplos, acho que vou colecioná-los.
Isabella, obrigada. Realmente, o ofício da tradução é uma arte. Ao mesmo tempo em que dizem que "não existe tradução, apenas recriação" tem o famoso "Traduttore, Traditore", muito verdadeiro também.
Alena, hahaha, deve ser isso!
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