Fafá e Miguel. Como vocês podem imaginar, foi uma longa noite
A primeira vez que ouvi falar de MST foi como sendo "o filho da Sophia de Mello Breyner Andresen" (Miguel Sousa Tavares x Sophia de Mello Breyner Andresen: 5 sobrenomes, nenhum deles em comum.) Melhor credencial impossível. Depois falaram que ele era "uma espécie de Diogo Mainardi de Portugal". Pior impossível. E foi assim a construção ambivalente da imagem do autor para mim.
Aí veio Equador. Quando me deram Equador para ler, confesso que torci o nariz. Quinhentas páginas de um romance ambientado em São Tomé e Príncipe não me pareceram muito entusiasmantes. Mas li. Li, li, li e não parei. Fim de semana de imersão até chegar à página final. De lá pra cá, Equador se tornou meu romance: dou de presente/empresto a todo mundo. E olha, com 100% de aprovação.
Eu poderia ficar aqui divagando sobre por que Equador prende tanto os leitores. Não tem nada de excepcional, afinal. É um romanção histórico convencional, com trama de romance, sexo, traição e intriga política, e é cair no lugar mais comum remeter a Eça de Queirós pelo estilo. Fica muito claro que no fim de cada capítulo o autor joga uma isca para fisgar os leitores, isca que se abocanha com prazer - a menos que você seja um crítico literário chato mais preocupado em destrinchar as armadilhas de um autor do que em fruir pelo texto e sentir prazer com isso.Enfim, acho que quem acompanhou as venturas e os infortúnios de Luís Bernardo Valença* pela linha média do planeta vai querer saber o que vem agora, nesse novo romance, ambientado no Brasil. Eu pelo menos quero. Porque de vez em me faz falta o conforto da literatura que flui.
*"Tinha 37 de idade, era solteiro e tão mal comportado quanto as circunstâncias e o berço lho permitiam — algumas coristas e bailarinas de fama equivalente a todas as suspeitas, ocasionais empregadas de balcão da Baixa, duas ou três virtuosas senhoras casadas de sociedade e uma muito falada e disputada soprano alemã que estagiara três meses em S. Carlos e de que constava não ter sido o único frequentador. Era, pois, um homem dado a aventuras de saias mas também a melancolias."
(Equador, p. 19. Uma das "aventuras de saias" de Luís Bernardo se chama Matilde, ora ora.)
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4 comentários:
Quantos bons autores ainda não conheço, mas vou :)
um abraço,
clara lopez
Olha, também adorei Equador. Minha mãe trouxe pra mim de Portugal assim que lançaram, mas eu não sabia que o autor era filho de uma das minhas poetisas preferidas! Que legal!
Quanto a esse livro novo, CLARO que eu vou querer ler.
bjocas
Humm, olha só que interessante. Caí aqui sem paraquedas e já começo descobrindo que Sophia e Miguel têm mais afinidades e semelhanças que aparentam... além de perfeitos com as palavras e portugueses, são mãe e filho. Amei saber. Amei o blog também. :)
Beijos, moça!
Clara, você que gosta tanto de leituras, precisa conhecer, sim. Espero que goste.
Meg, sabe que eu acho que mãe e filho não têm NADA a ver um com o outro? Fico pensando quem terá sido o pai.
Camila, oba, que bom, seja bem vinda e volte sempre.
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