Eu sempre me emociono quando tenho que votar pra presidente. No momento da urna. O que mais ouvi durante esse período pré-eleitoral era que essa eleição estava desanimada (é verdade -- mas acho que tanto quanto a reeleição do FH, se vocês pararem pra lembrar), e que o Brasil estaria "amadurecendo enquanto democracia" uma vez que eleição se tornava um evento corriqueiro e até monótono. É, pode ser. Mas para mim é sempre um grande acontecimento. Meu olhos marejam. Fico pensando quanto trabalho deu para que hoje em dia todo mundo possa votar pra presidente (e meu alerta para texto piegas começa a acender a luz amarela).
O fato é que esta foi a primeira eleição presidencial em que eu não votei no Lula. E foi meio estranho. Porque era como se eu estivesse mesmo habituada a digitar o 13 naquela hora. Quase uma traição -- seria uma revanche, uma espécie de vingança pela traição que eu julguei sofrer neste último ano, por parte do governo Lula? Um troco por eu ter me despencado para passar uma porcaria de réveillon em Brasília em 2002 só pra assistir à posse do presidente com que tanto sonhei, e depois ter que admitir, morrendo de vergonha, que não era bem aquilo? Será? Analistas e analisados, help!
Enfim, eu quero que o Lula ganhe essa eleição. Quero mesmo. Mas tenho sentimentos ambíguos o tempo todo sobre como deveria ser essa vitória. Ao mesmo tempo em que acho que a vitória de lavada no primeiro turno daria ao governo uma moral que ele não deve ter, temo pelas alianças que serão feitas num segundo turno.
Aí eu vejo que entre os mais pobres o Lula tem uns, sei lá, 70% dos votos. E fico pensando sobre o que isso pode significar. Leio mil coisas boas e lúcidas contra e favor as políticas públicas sociais do governo. Como não entendo nada desse assunto, não trabalho com isso, não estudo esse tema, fico dando tratos à bola para chegar a uma conclusão -- que nunca é muito definitiva (e nossa, como eu invejo as pessoas que têm certezas absolutas quanto a isso). Mas aí toda hora me toca um alarme contra a arrogância. A arrogância de achar que a elite intelectual (na qual nos incluímos eu e você) é que sabe o que é melhor para quem é pobre, sem estudo, e com fome. E que um voto é uma maneira, sim, de todo mundo ter voz (luz vermelha para texto piegas!).
Nessa hora penso de novo no Lula e na história dele, tão incrível e tal. E em como é importante ele ser presidente do Brasil. Depois corta pras imagens dele, outro dia mesmo, conversando pra fazer aliança com o Orestes Quércia. E com o Sarney. E com o Newton Cardoso.
Estou assim, esquizofrenizando.
3 comentários:
Só tenho vontade de chorar. Juro. A garganta está "enguiando".
Hum...
É...
*suspiro*
F*da...
Nossa! Cara, é isso mesmo que eu penso. Exatamente! Sem tirar nem pôr!
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